quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Alternativas de Esquerda

Portugal está a tentar emergir de grave crise. Apesar das bobagens que o actual governo insiste em cometer, alguns sinais de êxito aparecem no horizonte.
Mas os sectores de esquerda cá neste pequeno retângulo ibérico, depois de muito criticarem a política adoptada, parece que enjoaram disso e resolveram tratar de outros temas que consideram mais candentes.

O Bloco de Esquerda (BE) tratou de levantar a discussão do piropo. Para os brasileiros, diga-se que piropo é o galanteio, aquelas considerações nem sempre muito polidas dirigidas nomeadamente a mulheres, em lugares públicos.
Claro que o piropo pode ser também homossexual. Mas quem tiver a paciência de assistir ao vídeo com a palestra de uma militante sobre o assunto (aqui) constatará que o BE prefere vê-lo como expressão da supremacia do masculino sobre o feminino. Como forma reveladora de domínio. Pois. Se a luta de classes já tornou-se um bocadinho antiquada, que surjam novos conflitos sociais. Afinal, a Revolução tem de resultar de conflitos sociais. Ou não seria dialéctica. Então, denunciemos a supremacia masculina, a opressão racial, a homofobia e tudo o mais que se prestar a combustível da Luta.

Já o Partido Comunista Português (PCP), que não se envergonha de ostentar em seu sítio na Internet a dupla foice-martelo, ou seja, não tem mesmo a mais irrisória noção de ridículo (e aqui é difícil não ser redundante), o PCP, eu dizia, decidiu implicar com uma nomeação feita pelo ministro da Defesa em fins de 2.012.
O PCP questiona o Governo por considerar ilegal a nomeação de um civil para o cargo de vogal no órgão IASFA.

(clique na imagem para ampliar o texto)

Veja a parte do decreto-lei que normatiza o assunto:

(clique na imagem para ampliar o texto)

O item 2 do Artigo 7º diz que "o vogal pode ser designado de entre contra-almirantes e majores-generais dos ramos das Forças Armadas."
Como salienta o ministro da Defesa, se pode ser também pode não ser.
Mais: o item seguinte (item 3 do Artigo 7º) estabelece: "Nos casos previstos no número anterior (...)". Ora, então o próprio decreto-lei reconhece a possibilidade de haver outros casos.

É verdade que a nomeação e o questionamento dela por parte do PCP ocorreram no final do ano passado. Eu é que só soube agora do imbróglio.
Fico a perguntar-me quantos pelos em ovo o PCP já terá denunciado neste ano da graça de 2.013.

2 comentários:

Unknown disse...

Comentarei por partes. O que couber, hoje, o restante a qualquer dia.Ser partidário é já um crime contra a vida. O melhor, i.e, o que me agrada, é termos alguns tesões dispersos em meio à vida. Cito, neste caso, o Camarneiro de memória: somos diferentes dos bichos pq somos capazes de produzir loucuras.O que importa é que "Portugal está a tentar (e aqui até que o gerúndio faz sentido!Ou a ação não será continuada?) emergir da grave crise".Assisti o começo do vídeo e já mandei a mulher se catar, acho melhor vê-lo integralmente e amanhã comentar!

Unknown disse...

Quanto ao imbroglio da nomeação do vogal, não captei o cerne e nem as bordas do problema. Ocorreu-me apenas uma analogia com o conto do Borges (cujo nome me escapa) em que ele classifica os animais: lá estão os animais que pertencem ao Imperador e também todos os que não constam da referida classificação! O incompreensível das esquerdas não está em que procuram pelo em ovo, mas que o façam antes de o ovo eclodir!