sábado, 31 de março de 2007

Questão crucial


Não me interessam os aeroportos.
Não dou a mínima aos mortos.
Não quero saber de etanol,
Pra mim, tudo isso é besteirol.
Só uma questão me angustia:
Será que há bicho-de-melancia?

Da série O Brasil acabou – III


É surrealista esse Waldir Pires não ter pedido demissão até hoje.

Enquanto não se decretar que os controladores de vôo não são culpados pela morte das 154 pessoas do fatídico vôo da Gol, eles vão continuar tentando matar mais gente.

O Lula pediu dia e hora pra acabar com o problema nos aeroportos. Mostrou-se furioso com o absurdo da situação. Ele agora vai fazer o quê. Quase certamente nada. Nada mais nada. Que é o que esse gênio sabe fazer.

Ninguém sabe o que deve ser feito pra resolver o problema.
Ninguém confessa isso. Ninguém pede demissão.
Somos um país de imbecis.
Todos nós.
Ponto.

Talvez a solução seja transformar o carnaval em festa contínua e permanente.

Outra idéia interessante é mandar mais prostitutas e jogadores de futebol para o resto do mundo. Quem sabe diminui mais o risco Brasil.

Somos o país do etanol. Do eta nóis.

Com licença que eu vou vomitar.

P.S.: Voltei. Agora estou melhor. Penso que deve ser formada uma comissão para enfrentar a crise. O diálogo com os controladores deve ser estabelecido. Saber de suas necessidades, carências, aflições. O ministro Paulo Bernardo, maravilhoso planejador do progresso brasileiro, é certamente a pessoa mais indicada para tentar acalmar os ânimos. Quem sabe a turma prefira passar a viajar de ônibus. É menos arriscado. As estradas são esburacadas? Basta andar devagar. Mais ou menos como o crescimento do país.
Em tudo se dá jeito. Não é mesmo, brasileirinho querido que me lê.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Dúvida frutífera


Em melancia. Dá bicho?

Você Sobel de alguma coisa?


O que mais me impressiona nessa história da prisão do rabino Sobel pelo furto de gravatas é o fato de ele negar que tenha sido preso. Se ele dissesse que não foi bem assim, que ele pegou as gravatas mas ia pagar, vá lá. Mas não. Ele simplesmente diz que não foi ele. É tudo invenção de presumíveis inimigos. Do mesmo jeito que os neo-nazistas alegam que também não houve holocausto. Tudo invenção.
Logo em seguida, pede afastamento do cargo que ocupava na Congregação Israelita Paulista.
Ué. Mas se não foi ele. Por que pedir afastamento por causa de um sósia.

Vai daí, temos o católico Lula que não sabia de nada. A falcatrua comia (e come) solta no governo e ele por fora.
O apóstolo e sua bispa – da Renascer – são presos nos Estados Unidos por carregarem uns caraminguás dentro da Bíblia e alegam inocência. Mais: são tidos pelos fiéis da igreja deles como vítimas.
Agora é o curioso rabino de sotaque forçado que é pego com a boca na botija não graças a bravatas, como Lula, mas por causa de gravatas. De grife, claro, que de bobo ele não tem nada.

Nunca me orgulhei tanto por ser ateu.

sexta-feira, 23 de março de 2007

A vantagem da violência


Durante muito tempo acreditei que a violência era uma coisa totalmente ruim. Ledo engano. Ela tem seus méritos.
Vejam o Iraque. É bomba pra lá, bomba pra cá.
Justamente por isso, seus habitantes serão poupados de ouvir - ao vivo - as conversas do senador Suplicy sobre renda mínima. Ele desistiu de ir até lá para falar sobre o assunto, [só assinantes UOL ou Folha] por causa da (ou graças à) violência reinante naquelas bandas.
Se a gente caprichar um pouquinho mais por aqui, quem sabe a gente também se safa dessa?

domingo, 18 de março de 2007

Ladeira abaixo


Bertrand Russell dizia, com seu humor característico, que começou produzindo uma obra matemática (os Principia), depois passou à Filosofia, trabalho menos árduo, mais adiante escreveu sobre costumes (religião, casamento etc) e, já bastante cansado, na casa dos noventa anos, dedicou-se a escrever contos policiais.
Guardadas as gigantescas proporções, desci também minha ladeira. Matemática, Filosofia, Política. Esta última me meteu em enrascadas mas sobrevivi.
Recém saído do presídio, fui morar em um apartamento sem telefone nem TV. Se não me falha a memória, havia um rádio pouco usado. Jornais nem pensar. Computador pessoal não existia.
Mergulhei nos clássicos. Lia todo o tempo disponível. Homero, Heródoto, Platão, Aristóteles e o escambau.
Li Proust, Baudelaire, o diabo.
Cortazar, Onetti, Llosa, Márquez, Borges. Sim, tudo, absolutamente tudo de Borges.
Machado, Guimarães. De Guimarães Rosa também, tudo.
Chegava segunda-feira, volta ao trabalho. Próxima à minha mesa ficava a de um colega, o PT2 (havia dois PT no departamento). Invariavelmente, a primeira indagação dele, depois do bom dia, era:
- Viu o Fantástico ontem?
Muitas vezes me deu vontade de dizer a ele que sim, vira muito fantástico no final de semana. Mais precisamente, imaginara. A partir do que lera.
Acabava simplesmente por explicar que não tinha TV. Essa informação não ficava registrada no colega. Devia ser incompreensível para os códigos cerebrais dele. Semana seguinte lá vinha a mesma pergunta.
Anos mais tarde, três filhos depois, assisti a alguns programas Fantástico, da TV Globo.
Hoje, leio muitos blogs. Assisto a jogos de futebol, tênis, vôlei, basquete. Leio jornais todo santo dia. Desfruto certo prazer em assistir programas trash na TV. Já assisti a trechos de novelas. Reality show é coisa que ainda abomino. Mas isso passa.
Às vezes, ao passar pela prateleira do escritório na qual estão os livrinhos do Borges, dou-lhes uma piscadela cúmplice. Agrada-me pensar que eles me entendem.
Sabem que continuo tendo por eles um carinho enorme.
Apenas envelheci.

sábado, 17 de março de 2007

Direito de ser ateu


A Constituição brasileira garante até o direito à saúde. Ou seja, o governo não pode deixar que eu fique doente.
Já no que se refere à questão religiosa, o inciso VI do Artigo 5º da CF assegura o livre exercício dos cultos religiosos, garante a proteção aos locais de culto e a suas liturgias, mas é um tanto genérico (pro meu gosto) quando afirma que é inviolável a liberdade de consciência e de crença.
Não tenho nada a opor se alguém se despede de mim dizendo Vá com Deus. Nem que alguém deseje que Deus me proteja.
Gostaria, contudo, que me fosse assegurado, mais explicitamente, o direito de não acreditar em deuses, nem de a eles prestar qualquer culto.
Também não me faria mal se quem acredita em algum deus procurasse entender que não acredito em deuses porque entendo ser essa a atitude correta. Não porque tenha algum defeito físico ou mental.
De minha parte, sempre procurei me esforçar para não alimentar o preconceito contrário. Nem sempre consigo, é verdade. Mas tento.

Da série O Brasil acabou – II


A Rede Record (leia-se TV da Igreja Universal – IURD) comprou os direitos de transmissão da Olimpíada de Inverno de 2.010 e da Olimpíada de 2.012, em Londres.
Vai pagar, segundo o Outro Canal (Folha de S.Paulo, só pra assinantes Folha ou UOL), a baba de US$ 60 milhões.
No texto do Comitê Olímpico Internacional, a TV IURD é mencionada como “conhecida no Brasil por ser uma estação de TV a caminho da liderança em seu setor”.
A Globo caiu fora da disputa pelos direitos de transmissão porque não poderia dispor de tanta grana.
Como quase todo mundo sabe, dinheiro é o que não falta para a IURD. O povão vai aos templos e despeja os cobres.
A Globo, por sua vez, é aquela que fingiu durante o tempo que pôde que não existia o movimento pelas eleições diretas no Brasil. Hoje, o seu Jornal Nacional dá aulas de democracia.
Apesar de tudo, um dia – não muito distante – você ainda vai sentir saudade da TV Globo.
Espere só pra ver o que vai acontecer quando o bispo Edir Macedo assumir a liderança.

Da série O Brasil acabou


Já já nosso ministro da Cultura, o inefável Gil, vai dar grana pra pornocultura. Afinal, é - comprovadamente - o que mais atrai o brasileiro.

sábado, 10 de março de 2007

Notícias frias de um sábado quente


- Terminou a visita do presidente dos Estados Unidos ao presidente da Unidos do Estado.

- Já que a discussão é sobre etanol, reafirmo que o mais importante em qualquer debate é a presença de spirits.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Quase lá


A Igreja Católica (ICAR) está discutindo se libera o uso de camisinha para relações entre casais casados nos quais um é portador do vírus HIV.
Devagarinho, devagarinho, a ICAR está quase entrando no século 20.
Eu disse 20.
Século 21 já seria pedir demais.