quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Zambujo e Miguel Araújo

Do cante alentejano a Lupicínio.
Do fadista Max (Rosinha dos Limões) a Nelson Gonçalves (A deusa da minha rua), Chico e Caetano.
A singular voz de Zambujo, a competência musical e o encanto da voz de Miguel Araújo.
Cenário e iluminação inspirados.
Coliseu do Porto abarrotado, a cantar em uníssono.
Experiência inesquecível.




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Amantes, jornalistas e outros bichos

Esse episódio das recentes declarações da ex-amante de Fernando Henrique Cardoso me leva a pensar a respeito de alguns aspectos deontológicos do jornalismo tupiniquim.

No Brasil, os jornalistas costumam evitar a conversão de temas de alcova em matéria jornalística. 



O excelente Carlos Brickmann, por exemplo, entende ser essa atitude essencial a um jornalista:



Diz Ricardo Kotscho, grande jornalista, que foi secretário de Imprensa do presidente Lula: “Tenho por norma de conduta como jornalista não tratar da vida privada de políticos nas análises que faço (…) Limito-me a relatar e comentar fatos de interesse público”. Normalmente, discordo de todas as ideias de meu amigo Kotscho, até quanto a futebol; mas temos o mesmo conceito de jornalismo, o que muito me honra. Quem não tem esse conceito jornalista não é.

(Macaco, olha teu rabo, in Chumbo Gordo, 20/02/2016)

Foi necessário que a ex-amante botasse a boca no trombone para que os jornalistas corressem em peso a declarar que "Até o gramado do Congresso sabia da relação extraconjugal entre o senador e a jornalista." (Augusto Nunes, A ressentida e a vigarista, Direto ao Ponto, in Veja on line, 20/02/2016).

Não vou aqui discutir a validade de tal norma deontológica. Lembro apenas que não se trata de preceito universal.

Que os jornalistas brasileiros obedeçam tal orientação me parece compreensível. Apenas gostaria que deixassem de lado a corriqueira afirmação de que o distinto público está sempre em primeiro lugar. 
Afinal, nesse episódio como em muitos outros do gênero, nós - ouvintes, leitores, telespectadores, internautas - ficamos aquém da grama do Congresso. 
Somos apenas outros bichos.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Antroponímia – do patriotismo pueril ao indigenismo burgesso


Além do Aedes Aegypti, há outra praga que assola o Brasil: a mania de meter nos nomes próprios termos como Kaiowá, Guarani-Kaiowá etc etc.
Ainda bem que o fenômeno se restringe – até onde sei – ao Facebook.

Um curioso trabalho do historiador Helio Vianna (1.908-1.972), publicado no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, a 23/11/1962, dá inúmeros exemplos de algo semelhante acontecido logo após a independência do Brasil, anos 1822 a 1824.
Muitos brasileiros abandonaram seus sobrenomes de origem lusitana para adotar outros pretensamente “nativos”.
Alguns exemplos:
No Rio de Janeiro:
Além dos nomes, hoje diríamos nacionalistas, que publicamente se adotaram, outros permaneceram secretos na Maçonaria e na carbonária Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz, o Apostolado carioca de 1822/1823. Assim, se naquela foi o Príncipe Regente, depois Imperador D. Pedro I, astecamente cognominado Goutimozim (sic), na segunda coube essa designação indo-mexicana (Guatimosin) ao Ministro da Fazenda, Martim Francisco Ribeiro de Andrada.
Seus irmãos, José Bonifácio de Andrada e Silva, “Cônsul” do Apostolado, e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, “Apóstolo”, foram, brasílica e britanicamente, Teberiça (sic) e Falkland, respectivamente. D. Pedro, “Arconte-rei”, romanamente começou como Rêmolo, nome logo corrigido para Rômulo.
Na Bahia:
No jornal O Independente Constitucional, a partir de 1º de março de 1823 publicado na vila da Cachoeira, redigido pelo famoso bacharel Francisco Gomes Brandão Montezuma, futuro senador do Império e Visconde de Jequitinhonha, registraram-se aquelas mudanças de nomes. (…) seu próprio redator declarou que dali por diante seria seu nome Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, curiosa aproximação do prenome português a sobrenomes respectivamente tapuia, tupi e asteca. (…)
(…) Manuel José Milagres, transformado em Manuel José Olandim.
(…) Sobrenomes idênticos a nomes de cidades portuguesas foram especialmente rejeitados pelos nacionalistas baianos de 1823.
(…) Manuel da Silva e Sousa Coimbra passou a Manuel da Silva Caraí; Inácio Joaquim Pitombo Lisboa abandonou a lembrança da capital lusitana; outro Lisboa passou a Antônio Cosme Baiense, José Luís Valença trocou-a por Baitinga. (…)
“Até portadores de antigos e fidalgos sobrenomes, vindos do século XVI, trocaram-nos por outros, aparentemente mais brasileiros. Foi o que aconteceu a José Garcia Cavalcanti de Albuquerque Aragão, que passou a ser José Cavalcanti d'Caramuru (sic) Imbiara. Ou Francisco da Cunha Nabuco de Araújo, transformado em Francisco Cambuí de Itapagipe. (…) Não ficaria esquecido o rio Paraguaçu, por José Pedro Alexandrino de Morais, depois José Pedro Paraguaçu. Topônimo mais longínquo adotou Caetano Pascoal dos Santos, transformado em Caetano de Araújo Mato Grosso. (…)
Reminiscência africana apareceu no novo nome do Padre Manuel José de Freitas, Manuel Dendê Bus. (…)

E muito mais em Pernambuco e Ceará revolucionários de 1824, a confirmar a suspeita de que o festival de besteiras que assola o Brasil tem raízes antigas.


(trechos extraídos de Helio Vianna, Vultos do Império, Companhia Editora Nacional, 1968)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

R. Osvaldo Cruz, 460 - Santos/SP/Brasil.



Meu primo Mauro e sua Rosangela me enviam essa foto (e outras) da casa em que vivi dos 10 aos 16 anos.
Casa em que morreu meu pai. Que, fosse eterno, teria feito agora, - 13/02/2016 - 110 anos.
Casa de cujo telhado eu passava ao telhado da casa ao lado direito de quem olha a foto, habitada à época por um velho casal de italianos. E corria meus limitados perigos.
Aquela barra branca horizontal logo acima das portas servia de referência para meus arremessos de bola a uma cesta imaginária.
De resto, há o episódio um tanto grotesco que protagonizei:
como escravo habitual da casa, fui certa vez encarregado por minha irmã mais velha (Alcely) a ir buscar um pacote de Modess na farmácia da esquina com Epitácio Pessoa.
A mana recomendou-me discrição.
Ao farmacêutico, fiz o pedido em voz baixa.
Mas tive de voltar a casa. Gritei por minha irmã. Ela apareceu naquela sacada lá de cima. Perguntei aos berros:
- Não tem Modess! Serve Miss?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

12 anos

Este Bazar completa 12 anos.
Mas é apenas um fantasma a assombrar seu autor.
Os blogs já não são o que eram.