sábado, 30 de julho de 2016

Imbecilimpíadas

O Jornal da Noite, da TV SIC, apresentou reportagem sobre o assassinato de 11 atletas da delegação de Israel por terroristas palestinianos, em Setembro de 1.972.
Não pude acompanhar detalhes da tragédia à época. Fiquei na cadeia todo o ano de 1.972. Mais tarde, já em liberdade, inteirei-me dos fatos.
Mas esse acontecimento não frequentou muito a imprensa ocidental nos últimos 44 anos. E a razão é simples: a esquerda, em toda parte, era (e é) a favor do grupo terrorista.
A reportagem da SIC, muito bem feita, mostra declarações actuais de atletas da delegação olímpica portuguesa da época. Chocou-me a pouca importância que até hoje concedem à tragédia. Que à época o fizessem é quase compreensível. Jovens empolgados pelo desafio olímpico, teriam encarado a tragédia apenas como um acidente de percurso. Mas 44 anos depois continuam a pensar assim?!
Junta-se à minha perplexidade a surpresa com a actual disposição de atletas de todos os países a quererem competir nas Olimpíadas do Rio a qualquer custo.
Já passou da hora de reconhecer-se o mal que a quase totalidade das modalidades desportivas olímpicas (ditas de alto rendimento) causam ao ser humano.
Indivíduos completamente alheados de tudo que não seja seu preparo para determinado desporto deformam o próprio corpo, suportam dores constantes e intensas, tudo para atingir recordes. Além de se doparem das mais variadas formas.
E todos a afirmarem que "desporto é saúde".
Se eu ainda me interessasse por alguma causa, lutaria pelo fim das olimpíadas.

domingo, 3 de julho de 2016

Recato e memória

Li ontem, no Facebook de uma amiga, a história do assassinato, em 1.957, do pai de Jânio da Silva Quadros, ex-presidente brasileiro.
Na época eu tinha 12 anos.
Por isso fiquei espantado. Como foi possível que eu desconhecesse tal história?!
Aos 12 anos eu lia todo santo dia o jornal A Tribuna. Era o jornal da cidade de Santos.
Primeiro lia tudo sobre esportes. Aliás, quase só futebol.
Em uma das raras vezes em que meu pai me aconselhou de modo simpático, sem ser autoritário, lembro que me disse:
- Não é preciso ler tudo. Leia apenas os títulos e os resumos.
(ainda não se usava "lead"...)
Talvez justamente por ter ele sido simpático, não segui o conselho.
Lia também tudo sobre política. Quando, entretanto, minha irmã assinou o Diário Oficial do Estado de São Paulo, passei a ler os discursos dos deputados na Assembleia Legislativa.
Nomeadamente os discursos do deputado batista João Hornos Filho (ainda não havia "bancada da Bíblia"), cuja propaganda eleitoral aproveitava-se das iniciais de seu nome e perpetrava:
Justiça, Honra e Fé.
Mesmo assim, passou-me despercebido o "caso" Gabriel Quadros.
É verdade que, em casa de meus pais, assuntos de alguma forma vinculados a alcova passavam longe de meus ouvidos. Meus pais não os comentavam diante dos filhos. Ao menos do filho pequeno, eu.
Quem sabe minhas irmãs tenham tido conhecimento contemporâneo do imbroglio. Afinal, já viviam em São Paulo, à época.
Quanto a mim, só agora fico a saber que a loucura de Jânio era hereditária.