terça-feira, 31 de outubro de 2006

Tá tudo andando direitinho


Meus ex-sogros (avós dos meus filhos) eram ambos excelentes vendedores. E tinham em comum uma característica que penso ser própria de todos os vendedores que se prezam. Quando qualquer um deles fazia uma venda compensadora mas fruto muito mais do interesse do comprador do que do esforço deles, comentavam com desânimo:
Não fui eu que vendi. O cliente é que comprou.
Lembro disso a propósito das eleições para a Presidência da República.
Claramente, não foi Lula que venceu. Alckmin é que perdeu.
Afinal, só um surto psicótico coletivo explicaria que 60% do eleitorado votassem a favor de alguém que passou a campanha eleitoral toda a afirmar que Tá tudo andando direitinho.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Antonomásia


Um cearense cometeu uma antonomásia, ao trocar POLíTICO SAFADO por URNA.

ANTONOMÁSIA

{verbete do Houaiss}
Datação
1540 JBarG fº 38v.

Acepções
■ substantivo feminino
Rubrica: estilística, retórica.
variedade de metonímia que consiste em substituir um nome de objeto, entidade, pessoa etc. por outra denominação, que pode ser um nome comum (ou uma perífrase), um gentílico, um adjetivo etc., que seja sugestivo, explicativo, laudatório, eufêmico, irônico ou pejorativo e que caracterize uma qualidade universal ou conhecida do possuidor (Aleijadinho por 'Antônio Francisco Lisboa'; a Rainha Santa por 'Isabel, rainha de Portugal, esposa de D. Dinis'; o Salvador por 'Jesus Cristo'; o príncipe da romana eloqüência, por 'Cícero'; o mantuano por 'Vergílio'; um borgonha, por 'um vinho da Borgonha' etc.), ou vice-versa (um romeu por 'um homem apaixonado'; tartufo por 'hipócrita' etc.)

domingo, 29 de outubro de 2006

IBOPE - o caso Maranhão


O Estado do Maranhão, no nordeste do Brasil, é dominado – há anos – pelo clã Sarney. Quanto mais miserável fica o Estado, mais abastada a família Sarney, cujo patriarca encaixou uma filha no PFL e um filho no PV. Ele mesmo ficou no PMDB velho de guerra.
Como o velho José Sarney viu, há oito anos, que não mais conseguiria eleger-se senador por seu (no sentido de posse) Estado, candidatou-se pelo Estado do Amapá. Ninguém considerou o fato de que José Sarney jamais habitou o Estado do Amapá, nem por alguns dias. Afinal, esta é mesmo uma República Bananeira. Reelegeu-se, agora, pelo mesmo Amapá, que ele continua a conhecer só de passagem. Hoje, por exemplo, como era obrigado a votar em Macapá (capital do Amapá), pra manter as aparências, ele chegou de jatinho particular às 10:19 e caiu fora às 12:15. Não passou nem duas míseras horas no Estado que o elegeu senador.
José Sarney é aquele, figura de destaque nos governos militares, virou casaca em cima da hora, elegeu-se vice de Tancredo Neves, vejam só, pela oposição (!?), acabou Presidente da República com a morte de Tancredo e não recebia em audiência ninguém que trajasse terno marrom. Dava azar.
Pois bem. A filha, a Roseana, é candidata a governadora. Ainda do Maranhão. Talvez, quando mais velha, candidate-se por Roraima, quem sabe.
Seus adversários, no primeiro turno, eram Jackson Lago, do PDT, Edson Vidigal e outros menos cotados.
Como a família Sarney é dona de quase tudo, no Maranhão, inclusive dos órgãos de imprensa, o IBOPE foi na seguinte linha:
Em meados de julho colocou Roseana com 60% das intenções de voto. Lago ganhou 22% e Vidigal 5%.
Em agosto, campanha esquentando, o IBOPE não teve dúvida. Tascou 63% pra Roseana, meados do mês, 66% no final. Pro Lago deixou a merreca de 21% e 20%, respectivamente. O Vidigal, então, coitado, ficou só com 3% e 4%.
Meados de setembro: o IBOPE ainda segurou a onda: 60% pra Roseana, 25% pro Lago e 7% pro Vidigal.
Ao aproximar-se a hora da verdade, final de setembro, o IBOPE tratou de aproximar-se da realidade: Roseana 49%, Lago 32% e Vidigal 11%.
Notem só a desfaçatez: em quinze dias a Roseana despencou de 60% pra 49%, o Lago cataputou-se de 25% pra 32%.
Mesmo assim, a realidade ainda conseguiu ser mais ingrata com o clã:
1º turno: Roseana 32,7%, Lago 23,8% e Vidigal 9,9%.
Vamos ao 2º turno:
IBOPE de meados de outubro: Roseana 51%, Lago 45%.
Agora, na boca de urna, a arrumação pra não ficar muito desonroso:
Roseana 47%, Lago 47% (a combinação com o clã Sarney deve ter especificado que a Roseana não podia aparecer perdendo)
Chegamos, finalmente, ao resultado da eleição (97,44% dos votos já apurados):
Roseana: 33% (dos votos válidos: 48%)
Lago (eleito): 36% (dos votos válidos: 52%)

E tem gente que ainda leva este país a sério.

Antecipando prazeres


Hoje, logo após anular nossos votos, fomos almoçar (a Baixinha, minha caçula (que não anulou) e eu)no Alcatruz, restaurante algarvio em plena São Paulo.
Como não havia no cardápio nada Olhanense, para que eu pudesse homenagear os amigos Asulado e Susana, pedi a Frigideira Portimonense.
Delícia.
Tudo isso pra ir entrando no clima da viagem a Portugal, em dezembro.

Divergência familiar


Entre os dois candidatos à Presidência,

Nunca Neste País
e

Emprego pro moço, pra moça
ficamos em campos opostos, aqui em casa.

A Baixinha anulou o voto digitando 00 Confirma.
Quanto a mim, anulei o voto com 99 Confirma.
Posições ideologicamente irreconciliáveis.

sábado, 28 de outubro de 2006

Porto X Benfica (2º tempo)


Eu não disse que o Quaresma tinha sido o melhor em campo no 1º tempo?
Pois é.
O técnico tirou-o do time.
Vai daí, o Benfica fez o primeiro:




Fez o segundo:


E não sei porque o técnico ficou assim:
[Atualização em 30/10/2006: O Asulado já me esclareceu. Esse aí não é o técnico do Porto, o Jesualdo]
Talvez por perceber que a culpa era sua
Mas - no final - o gol da vitória:

Ufa!
E todos os tripeiros puderam comemorar, aliviados:



O time é bom. Já o técnico...

Porto X Benfica (1º tempo)


O jogo vai começar:

Sorteio de campo
A torcida já está pronta:

À vitória!
Vamos começar?

Pontapé inicial
Pena que o Léo esteja do lado errado.

E os velhos tempos no Santos F.C.?
O gol é lá!

Alguém precisa orientar o time
Pronto. Foi só alguém indicar o caminho e eis o primeiro gol:

Não dá pra ver a bola porque o fotógrafo é péssimo
E os tripeiros comemoram:

Viva!
E Quaresma dá um lindo chute pra marcar o segundo gol:

Chute perfeito
Até aqui, o melhor do jogo:

Excelente, Quaresma
Agora, o segundo tempo.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Elementar


Muita gente não entende porque o Lula só cresce, enquanto o Geraldo só desce.
Fácil: o Geraldo resolveu prometer emprego.
A turma não quer emprego. Quer salário.
O Lula entende bem disso.
E dá-lhe bolsa família.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Os dólares do Dossiê


Carlos Chagas chamou de metáfora uma história por ele inventada e apresentada ao leitor como se fosse verdadeira.
Abaixo, uma entrevista-metáfora com o presidente Lula:

MBI (Meu Bazar de Ideias) – O senhor já soube que os dólares usados na quase-compra do dossiê contra o Serra foram comprados por membros de uma família pobre do Rio de Janeiro?

Lula: Não. Não sabia. Mas isso só vem demonstrar que nunca, neste país, se fez tanto pelo pobre. Agora eles pode até comprar dólar.

MBI: Mas eles foram usados.

Lula: Bom. Aí também já é querer demais. Você queria que eles comprasse dólar novo? Acontece que – não sei se você sabe – dólar usado vale tanto quanto dólar novo.

MBI: Não. Eu disse que os pobres foram usados. Não os dólares.

Lula: Ah, isso sim. No meu governo, pobre é tudo usado. Não tem pobre novo. Porque veio tudo do governo do Fernando Henrique.

MBI: Que medidas o senhor pretende adotar em relação a mais este escândalo?

Lula: Vou criar o Bolsa Dólar. Todo pobre, neste país, vai poder ter seu dolarzinho.
Diz que nota de um dólar no bolso dá sorte.
Porque pobre precisa ter sorte. Ser pobre e azarado ao mesmo tempo é muita desgraça.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

sábado, 21 de outubro de 2006

Vai, vem


Quando era garoto, imaginava o saber como algo cumulativo. Chegaria o dia em que eu teria um conhecimento abrangente, assim como dizem que era o de Leibniz, por sinal o último – também é o que dizem – a saber de tudo.
E foi o avesso. Sei que escrevi um bom poema aos vinte, vinte e um anos. Lembro de ter obtido um resultado inédito em Lógica, citado em algum trabalho publicado em revista especializada. Mas não me lembro do poema. Muito menos do teorema.
Lembro que desenvolvi um sistema computacional de manipulação de Thesaurus que a Editora Abril comprou. Mas não consigo nem mesmo fazer um template caprichado pro meu blog.
Tenho quase certeza de que ninguém no mundo pesquisou mais sobre Cipriano Barata. Hoje não me lembro de quase nada a respeito dele. Restou apenas a vaga convicção de que ele era bem melhor que a Heloísa Helena.
Sei, isso sim, que por mais que já tenho sido feliz, ainda vou ser mais.
Podem esmaecer as lembranças do que fui. Indestrutíveis as esperanças do que serei.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Blogs e Mal de Alzheimer


Já recebi vários e-mails que garantem que certos exercícios simples e caseiros podem reduzir o risco de se contrair o mal de Alzheimer. Coisas do tipo escovar os dentes segurando a escova com a mão que normalmente não usamos para isso. Ou seja, segundo tais e-mails, seria benéfico alternar modos cotidianos de proceder com seus contrários.
Escusado talvez seja dizer que não faço a mais mínima idéia de se isso funciona.
Mas tenho uma sugestão:
Todo dia, leia – um logo depois do outro – o Blog do Zé Dirceu e o Blog do Reinaldo Azevedo.
Se previne o Mal de Alzheimer, repito, não sei.
Mas com certeza você vai ficar, se já não é, doidinho, doidinho.

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Dia do(a) Professor[a]


No programa eleitoral de hoje na TV, financiado pelo governo (ou seja, pago por nós), Lula resolveu homenagear os professores, na figura de sua primeira professora, dona Terezinha.
Primeira e Única.

domingo, 15 de outubro de 2006

Lançamento de candidatura


Não há dúvida. Não há melhor.

Para prefeito de Pinda em 2.008
Geraldo Alckmin
Vai, entre outras coisas, remodelar a pracinha central da cidade.
Vote nele.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Agenda de viagem 2006


Dia 07/12/2006: Embarque para Madrid.
08/12: Chegada a Madrid.
Pega-se o carro e vamos a Vinhais.
Em Vinhais, nos espera um apartamento cedido pra lá de gentilmente pelo Isaías, amigão dono do Restaurante Rossio (e quase primo, claro, claro).
De 08 a 22/12: assassinar as saudades. Visitar todo mundo. Comer e beber as maravilhas da terra.
22/12: dar um pulinho a Madrid para buscar a filha, a neta e o genro, que chegam de Nova Iorque.
23/12: depois de tirá-los do aeroporto, levá-los para almoçar em El Asador de Aranda. Eles merecem. Afinal, minha filhinha, depois de superar os preconceitos contra mulher e contra latinos (e a grande democracia americana está recheada deles), acaba de assumir uma diretoria na empresa em que trabalha, em NY.
Viagem para Vinhais, para apresentar minha terra à minha primeira filha e à minha primeira neta.
24/12: Consoada em Passos.
25/12: Natal em Passos.
26 a 30/12: mostrar a meus hóspedes o Porto, Santiago de Compostela, Coimbra (e Mealhada, por supuesto), Chaves e, talvez, Guarda.
31/12: passagem de ano em casa dos primos de Bragança.
01/01/07: ida a Madrid. Retorno ao Brasil.
O trabalho me espera.

Notícias inutilmente importantes I


Parece que o Dr. Ênio Rubens Silva e Silva queria mesmo era destruir um prédio em New York.
Mas, como não possui avião e mora em Osasco, resolveu dar uma injeção letal em paciente.

Dá na mesma, disse ele, enigmático.

Quanto ao nome dele, há dúvidas: será que é esse mesmo ou ele é gago.

Folclore político I


Quem conhece, (des)confia.

Sobre o prefixo pen


Ao escrever o Último post sobre política brasileira desprezei o conselho de velho amigo:

Nunca diga último isso, último aquilo. Principalmente nunca diga esta é minha última dose.
Diga sempre penúltimo, penúltima.

Isso ele dizia porque pen vem do latim paene (ou pene), que significa quase (por exemplo, paene dixi significa Eu quase disse (Cícero)).
Portanto, quando você disser Vou tomar o penúltimo cálice de cognac, por exemplo, você não estará – pelo menos etimologicamente – a assumir nenhum compromisso mais sério. Você simplesmente estará a dizer que se trata quase do último cálice.
Dito isso, admito que estou em crise de abstinência de comentários políticos, principalmente quanto ao folclore político. Que, no Brasil, convenhamos, é fantástico.

domingo, 8 de outubro de 2006

O professor Figueiredo


1968. Eu dava aulas no CAPI – cursinho preparatório para vestibulares.
Toda noite, depois das aulas, lá pelas 11 e meia, nós, os professores (quase todos) e o Farina, diretor, íamos para algum restaurante, jantar. Quase sempre no Largo do Arouche ou na Maria Antonia.
O detalhe de que às 7 da matina (às vezes às 6) eu já deveria estar novamente dando aula não impedia que ficássemos conversando e bebendo até duas, três da madrugada. Quase todo dia. Juventude serve pra isso.
Discutia-se política, falava-se de costumes, fazia-se muita piada com quase tudo.
Entre os professores que não participavam da turma, havia um de Matemática, o professor Figueiredo. Mais velho que todos nós, andava sempre de terno e ninguém sabia ao certo de onde ele surgira.
Um dia, na saída para o jantar, perguntamos se ele não queria ir conosco. Sujeito calado, pouca conversa, simplesmente aquiesceu.
Íamos à pé pelas ruas do centro de São Paulo, como sempre.
A certa altura ele perguntou aonde iríamos.
Por gentileza, alguém perguntou se ele tinha alguma sugestão de lugar.
Surpresa: ele tinha sugestão.
Seguimos o professor Figueiredo.
Levou-nos até a Galeria Metrópole, Avenida São Luis.
Sem hesitar, entrou em uma boate cheia de mulheres à espera de fregueses.
Nós outros, em fila indiana, constrangidos, agradecíamos a pouca luz do ambiente, que pelo menos nos resguardava do que considerávamos um vexame. Fomos entrando.
No pequeno palco, um grupo musical, sanfonas e coisas assim, distraía a pequena platéia com baiões, xotes e xaxados.
De repente, mais surpresa.
O grupo musical pára de tocar. O líder do conjunto fala ao microfone:
- Estamos recebendo com enorme prazer
PROFESSOR FIGUEIREDO E SEUS AMIGOS!!!!!!
E o discreto dito cujo, despindo abruptamente seu caráter reservado, responde com seu grito de guerra:
SEGUUUURA, BAITOLA!!!
Todos nos perguntávamos por que – nessas horas – a Terra não se abre, acolhedora.

sábado, 7 de outubro de 2006

Último post sobre política brasileira


Vou dizer o que penso dessa eleição. Depois disso, pretendo não tocar mais em política brasileira.
O PT e o PSDB estão manipulando, de modo criminoso, a política brasileira.
O PT sempre foi um grupo de aloprados. Mas, de uns quinze anos a esta parte, transformou-se em grupo mafioso. Justamente por isso, não entro em detalhes. Não tenho provas e sou medroso. É isso. Tenho realmente medo desses caras.
Quanto ao PSDB, nem pensar.
Até os já mortos, tipo Covas, que estão se transformando em heróis – não sei do quê – têm folha corrida. Ou ninguém mais se lembra do filhinho dele. Também não digo nada. Não tenho provas. Tenho medo.
Tenho medo de Zé Dirceu. Tenho medo de Zé Serra.
Na ditadura militar, havia tortura. Agora, pessoas morrem e ninguém fica sabendo como, nem porque.
Não vejo alternativa. São Paulo, por exemplo, elegeu quem elegeu. Voz do povo, voz de Deus.
Como não acredito em Deus, quero apenas ir embora desse país.
Tão logo me seja possível.
Daqui pra frente, só discuto amenidades.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Blog não é Jornal, Jornal não é Bíblia


Minhas caras e meus caros, como diria se fosse candidato. Ou talvez fosse melhor dizer: minhas caras e meus coroas. Sei lá. Ao que interessa.
Recebi vários e-mails denunciando a tal ONG Sociedade dos Amigos de Plutão. No começo não dei muita bola. Cada um faz a ONG que bem entender. Mas quando li que o governo tinha dado 7,5 milhões de reais pra dita cuja, com direito a publicação no Diário Oficial da União e tudo, resolvi conferir.
Claro que é tudo mentirinha.
Mas o interessante é que muita gente ao invés de conferir, publicou. E com indignação.
Além das correntes de e-mail, capazes de tudo e mais um pouco, como quase todo mundo já sabe, os blogs saíram alardeando a denúncia. Só uma consultazinha ao Google e achei isto, isto, e mais isto.
Hoje de manhã, estava lendo este blog (que constava do resultado da pesquisa). Ao dar refresh na página, o post com a patriótica denúncia da tal ONG, que era de quarta-feira, 4/10/2006, sumiu. Foi substituído por este e, logo em seguida, por mais este.
Tive que recuperar o post original com o recurso do Em cache.
Ora, dirão meus doutíssimos leitores, blog é algo sem grandes responsabilidades. Tá bom. Vá lá que seja.
Mas e os colunistas famosos?
Entraram nessa: o Carlos Chagas, o Cláudio Humberto (baixar a página até a nota Mundo da Lua) e sabe-se lá quem mais.
Até no Senado a coisa foi parar, graças à crendice do senador Heráclito Fortes (ver vídeo).
Tudo graças a um segundo turno à vista.
E, aqui entre nós, graças à preguiça de correr atrás e conferir as fontes.
Ah. Por falar nisso, da próxima vez que vocês ouvirem dizer que algo saiu no Diário Oficial, basta fazer uma consulta aqui.

E lembro o conselho de minha mãe: devagar com o andor, o santo é de barro.


Atualização: Bastou publicar este post e percebi: a primeira referência das três que faço a blogs, aí em cima, corresponde ao blog do Moita. O tal Moita simplesmente apagou o post, que pode ser lido aqui, em cache. Esse blog do Moita faz campanha pesada contra o Lula. Sorte do Lula.
Já a segunda referência a blogs, das três que faço aí em cima, reporta-se ao Blog do Ribeiro, cujo comportamento foi correto: manteve o post, inclusive com comentários críticos. Graças a isso, fiquei sabendo que Carlos Chagas retratou-se.
A terceira referência que faço a blogs aponta para o blog Biajoni!, que acrescenta ao post em questão um comentário do autor do blog, dizendo ser imbecilidade acreditar na história da ONG.
Quanto à retratação do Carlos Chagas, julgue você.

Nova atualização (10/10/2006): O Biajoni me avisa que o comentário dizendo ser imbecilidade acreditar na história da ONG não foi dele e, sim, de um leitor do blog dele. Ele tem razão. Meu engano decorreu de haver uma nota sobre o You Tube, assinada pelo Biajoni, logo acima do tal comentário. Peço desculpas pelo erro. A meu ver, o importante foi que tanto o Biajoni quanto o Ribeiro não retiraram os posts equivocados. Ao contrário do tal Moita.

Mordam-se de inveja


Felicidade é passar o Natal em Passos. Ainda por cima com a primogênita e a neta. E tudo isso está para acontecer neste ano da graça de 2.006.
Amém.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Alckmin e seus fios desencapados


O prefeito Cesar Maia, do Rio de Janeiro, aliado de Geraldo Alckmin, pergunta hoje em seu ex-blog:

S.PAULO ANISTIA JUROS E MULTAS DO ICMS !
Hum! Em geral é medida para quem precisa de caixa! O que houve com S. Paulo?


Josias de Souza respondeu a essa pergunta, semana passada, citando a coluna de Mônica Bérgamo, na Folha. Leia aqui.

Tudo indica que o choque de gestão deu curto circuito.

Profeta do passado


Ontem escrevi aí embaixo que tucanos e petistas ainda fariam aliança. E não demoraria muito pra que isso acontecesse.
Não só não demorou como já tinha acontecido.
Vejam o que relata Mônica Bérgamo em sua coluna de hoje na Folha de S.Paulo:


ACORDO ROMPIDO
De um dos parlamentares mais bem votados do PT no país em jantar com empresários, anteontem: “Vamos ser claros. Existia um acordo entre nós [PT] e o PSDB: o próximo governo era nosso, do Lula. O de 2010 seria do José Serra ou do Aécio Neves, sem problemas. Com a vitória do Alckmin, esse acordo será rompido. E o Alckmin vai ter derrotado o Serra, o Aécio, o Fernando Henrique Cardoso, o Lula, todo mundo”. A platéia ouvia, algo perplexa.


Perplexa porque quer. Bastaria ler aqui o Meu Bazar de Ideias.
Tá certo que com algum atraso.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Brahma e Antarctica


Não faz muito tempo, vários amigos e parentes meus tinham preferências bem definidas: uns só tomavam Brahma. Para outros, cerveja que se prezasse era Antarctica.

O tempo passou e eis que de repente surgiu a AmBev, fusão de Brahma e Antarctica.

Tudo bem que os caras tiveram o bom senso de manter as marcas tradicionais. Mas os fanáticos de um e de outro lado ficaram, mesmo assim, com cara de tacho, como se dizia no tempo de minha mãe.

Lembro disso a propósito do início desse 2º turno das eleições presidenciais brasileiras.

Penso que, ao longo dos próximos vinte e poucos dias, a hostilidade entre petistas e tucanos crescerá ainda mais. E olha que a coisa já vinha fervendo.

Quanto mais semelhantes ficam tucanos e petistas, mais a torcida acirra seus ânimos. Meus amigos petistas vêem conspirações das elites em cada esquina. Meus amigos tucanos não se cansam de gritar Fora Apedeuta!, esquecidos de que muito provavelmente aprenderam essa palavra graças ao Lula.

Não se passará esta geração (como já disse Jesus em uma de tantas profecias que não se concretizaram. No caso, falando de sua volta triunfal à Terra) sem que vejamos tucanos e petistas irmanados em prol da manutenção do poder.

E todos, vermelhos e azuis, beberão cerveja da AmBev.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Se a eleição para Deputado Federal fosse majoritária


A bancada de São Paulo, de 70 deputados, foi composta de acordo com os critérios da eleição proporcional, exposto no post abaixo.
Caso a eleição para Deputado Federal fosse majoritária, estado por estado, a bancada de São Paulo sofreria as seguintes modificações:

Os 58 primeiros se elegeriam do mesmo modo.
Isso significa:
PP – 3 deputados
(Maluf, Celso Russomano e Vadão)
PTC – 1 deputado
(Clodovil)
PRONA – 1 deputado
(Enéas)
PSDB – 17 deputados
(Emanuel, Edson Aparecido, Thame, Renato Amary, Walter Feldman, Duarte Nogueira, Julio Semeghini, Trípoli, Arnaldo Madeira, Vanderlei Macris, Silvio Torres, José Aníbal, Paulo Renato Souza, Lobbe, William Woo, Fernando Fuad Chucre e Pannunzio)
PDT – 2 deputados
(Paulinho da Força e Reinaldo Nogueira)
PSB – 3 deputados
(Marcio França, Luiza Erundina e Dr. Ubiali)
PFL – 5 deputados
(Dr. Pinotti, Jorge Tadeu, Silvinho Peccioli, Guilherme Campos e Walter Ihoshi)
PPS – 1 deputado
(Arnaldo Jardim)
PT – 14 deputados
(João Paulo Cunha, Arlindo Chinaglia, Antonio Palocci, Jilmar Tatto, Zarattini, José Eduardo Cardozo, Vaccarezza, Janete Pietá, Paulo Teixeira, Ricardo Berzoini, José Mentor, Genoíno, Vicentinho e Devanir Ribeiro)
PC do B – 1 deputado
(Aldo Rebelo)
PTB – 4 deputados
(Ricardo Izar, Frank Aguiar, Nelson Marquezelli e Arnaldo Faria de Sá)
PL – 2 deputados
(Milton Monti e Valdemar Costa Neto)
PMDB – 3 deputados
(Antonio Bulhões, Francisco Rossi de Almeida e Michel Temer)
PSOL – 1 deputado
(Ivan Valente)

Vai daí, esses estariam eleitos por qualquer dos critérios.

Há 12 candidatos que foram eleitos e não o seriam no esquema majoritário. São:
PV – 5 deputados
(Dr Talmir, Roberto Santiago, Marcelo Ortiz, Toffano e Dr. Nechar)
Acontece que os cinco tiveram boas votações, muito próximas entre si (entre 40 e 60 mil) e um pouco abaixo da votação do 70º colocado (aproximadamente 78 mil). Isolados, nenhum deles se elegeria. Juntos, levaram para o PV uma boa votação que lhe rendeu cinco cadeiras. No critério majoritário o PV não teria representante na bancada paulista na Câmara.
PP – 3 deputados
(Beto Mansur, Aline Correa e Marcelo Mariano)
Esses três foram no vácuo de Maluf e Russomano.
Uma bancada que seria de três, pelo critério majoritário, pulou para seis deputados.
Quatro partidos ganharam um deputado a mais cada um:
PSB (Edinho Montemor)
PDT (Dado)
PSC (Regis de Oliveira)
PTC (Cel Paes de Lira, a menor votação entre os eleitos: 6.673 votos)

Reparem que no PV, do qual se espera maior coesão programática, o critério proporcional gerou uma bela bancada. O critério majoritário deixaria o PV fora.
Já no caso mais gritante, o do PTC, Clodovil arrastou consigo um coronel linha dura, contrário em quase tudo às idéias de Clodovil. Neste caso, como se trata de um partido sem identidade programática, o critério proporcional gera uma anomalia desse teor. Os eleitores de Clodovil elegeram, de quebra, o coronel que é o avesso daquilo em que votaram.

Por fim, os azarados, ou seja: os que seriam eleitos pelo critério majoritário mas ficaram de fora para ceder seus lugares aos acima nomeados:
Os doze são:
PFL – 4 candidatos
(Jorginho Maluly, Bispo Gê, Milton Vieira e Eleuses Paiva)
PMDB – 2 candidatos
(Paulo Lima e Professor Benjamin)
PTB – 2 candidatos
(Pastor Jefferson e Roberto de Jesus)
PT – 2 candidatos
(Telma de Souza e Oswaldo Dias)
PL – 1 candidato
(Souza Santos)
PSDB – 1 candidato
(Jose Carlos Stangarlini)

Um detalhe que me chamou a atenção: dois ex-prefeitos de Santos, Beto Mansur e Telma de Souza, ficaram em situações opostas. O primeiro não estava entre os 70 mais votados e foi eleito (67.447 votos). Telma de Oliveira era um dos 70 mais bem votados (89.637 votos) e ficou fora.

Coisas do sistema proporcional.

Mecanismo das eleições proporcionais


Nas eleições majoritárias, ganha quem tem mais voto. Ponto.
Nas proporcionais, para a Câmara Federal e para as Assembléias Estaduais (e a Distrital, de Brasília), a coisa é diferente.
Você tem de pegar o total de votos válidos (votos em candidatos ou em legenda) e dividir pelo número de deputados que a bancada do Estado deverá ter. Por exemplo: São Paulo tem uma bancada de 70 deputados federais. Então você divide o total de votos válidos por 70. Provavelmente não dá um número exato, mas você despreza o que vem depois da vírgula. Fica só com a parte inteira. Isso é o que se chama de quociente eleitoral.

Aí você começa a distribuir as vagas para cada partido ou coligação de partidos. Essa distribuição é feita assim:
Para o partido ou coligação A, você considera o total de votos válidos que os candidatos de A tiveram, mais os dados à legenda A (sem indicação de candidato). E vê quantos quocientes eleitorais cabem nesse total. Por exemplo, se o quociente eleitoral é 100.000 e o partido ou coligação A teve 520.000 votos, o quociente eleitoral cabe cinco vezes nesse total (e sobram 20.000. Depois a gente vê o que faz com as sobras).
Vai daí, o partido ou coligação A já garantiu 5 vagas na bancada paulista na Câmara.
Isso você faz para cada partido ou coligação. E distribui vagas por esses partidos ou coligações.
Como vão existir várias sobras, nem todas as 70 vagas vão ser distribuídas nessa primeira etapa. Por exemplo, há quatro anos, essa primeira etapa distribuiu 60 vagas. Sobraram dez a serem distribuídas.
Aí você pega o total de votos de cada partido ou coligação e divide pelo número de vagas que ele já garantiu, na primeira distribuição, mais um.
O partido ou coligação que tiver o resultado maior, nessa conta indicada acima, fica com uma vaga a mais.
Repete-se novamente essa operação para distribuir mais uma vaga das que sobraram. Só que, agora, o partido ou coligação que ganhou a primeira sobra, vai ter o seu total de votos dividido pelo número de vagas garantidas no início mais dois, enquanto os demais vão continuar a dividir seus totais de votos pelo número de vagas garantidas inicialmente, mais um. Quem tiver o maior resultado leva a segunda sobra. Isso até distribuir todas as sobras.
No final desse processo, ficaremos sabendo quantos deputados, dos 70 a que São Paulo tem direito, cada partido ou coligação terá.
Exemplo: se os partidos fossem cinco, digamos que a distribuição ficasse assim:
Partido ou coligação:
A – 22 vagas
B – 16 vagas
C – 13 vagas
D - 11 vagas
E - 8 vagas
Só agora você vai se interessar pela votação individual de cada candidato.
Dentro do partido ou coligação A, você pega os 22 mais votados.
Dentro do partido ou coligação B, você pega os 16 mais votados.
E assim por diante.

É por isso que – às vezes – acontece de candidatos com votação pífia se elegerem. O partido E, por exemplo, ficou com oito vagas. Quando você vai olhar os mais votados desse partido pra escolher os oito primeiros, você pode constatar que o primeiro colocado teve quase a totalidade dos votos dados ao partido E. Mas serão oito os eleitos. Portanto, os demais sete vão no vácuo do primeiro colocado, para usar uma expressão típica de corrida de automóveis.
Inversamente, você pode ter um partido com muitos candidatos com votação expressiva. Por exemplo, o partido B, que tem direito a 16 vagas, teve – digamos – 20 candidatos com boa votação. Portanto, quatro deles ficarão de fora.

Deu pra entender?

A idéia por trás desse procedimento todo é a de valorizar os partidos, não os candidatos individualmente. O raciocínio é o de que os votos foram dados aos partidos. Quanto mais votos teve o partido, mais deputados ele terá. Quais os deputados o partido elegerá é o que menos importa.
Mas... como no Brasil a gente sabe que não é assim que a maioria vota, esse critério soa como injusto e despropositado. Na verdade, é a nossa mentalidade política que está fora de foco.