domingo, 29 de outubro de 2006
IBOPE - o caso Maranhão
O Estado do Maranhão, no nordeste do Brasil, é dominado – há anos – pelo clã Sarney. Quanto mais miserável fica o Estado, mais abastada a família Sarney, cujo patriarca encaixou uma filha no PFL e um filho no PV. Ele mesmo ficou no PMDB velho de guerra.
Como o velho José Sarney viu, há oito anos, que não mais conseguiria eleger-se senador por seu (no sentido de posse) Estado, candidatou-se pelo Estado do Amapá. Ninguém considerou o fato de que José Sarney jamais habitou o Estado do Amapá, nem por alguns dias. Afinal, esta é mesmo uma República Bananeira. Reelegeu-se, agora, pelo mesmo Amapá, que ele continua a conhecer só de passagem. Hoje, por exemplo, como era obrigado a votar em Macapá (capital do Amapá), pra manter as aparências, ele chegou de jatinho particular às 10:19 e caiu fora às 12:15. Não passou nem duas míseras horas no Estado que o elegeu senador.
José Sarney é aquele, figura de destaque nos governos militares, virou casaca em cima da hora, elegeu-se vice de Tancredo Neves, vejam só, pela oposição (!?), acabou Presidente da República com a morte de Tancredo e não recebia em audiência ninguém que trajasse terno marrom. Dava azar.
Pois bem. A filha, a Roseana, é candidata a governadora. Ainda do Maranhão. Talvez, quando mais velha, candidate-se por Roraima, quem sabe.
Seus adversários, no primeiro turno, eram Jackson Lago, do PDT, Edson Vidigal e outros menos cotados.
Como a família Sarney é dona de quase tudo, no Maranhão, inclusive dos órgãos de imprensa, o IBOPE foi na seguinte linha:
Em meados de julho colocou Roseana com 60% das intenções de voto. Lago ganhou 22% e Vidigal 5%.
Em agosto, campanha esquentando, o IBOPE não teve dúvida. Tascou 63% pra Roseana, meados do mês, 66% no final. Pro Lago deixou a merreca de 21% e 20%, respectivamente. O Vidigal, então, coitado, ficou só com 3% e 4%.
Meados de setembro: o IBOPE ainda segurou a onda: 60% pra Roseana, 25% pro Lago e 7% pro Vidigal.
Ao aproximar-se a hora da verdade, final de setembro, o IBOPE tratou de aproximar-se da realidade: Roseana 49%, Lago 32% e Vidigal 11%.
Notem só a desfaçatez: em quinze dias a Roseana despencou de 60% pra 49%, o Lago cataputou-se de 25% pra 32%.
Mesmo assim, a realidade ainda conseguiu ser mais ingrata com o clã:
1º turno: Roseana 32,7%, Lago 23,8% e Vidigal 9,9%.
Vamos ao 2º turno:
IBOPE de meados de outubro: Roseana 51%, Lago 45%.
Agora, na boca de urna, a arrumação pra não ficar muito desonroso:
Roseana 47%, Lago 47% (a combinação com o clã Sarney deve ter especificado que a Roseana não podia aparecer perdendo)
Chegamos, finalmente, ao resultado da eleição (97,44% dos votos já apurados):
Roseana: 33% (dos votos válidos: 48%)
Lago (eleito): 36% (dos votos válidos: 52%)
E tem gente que ainda leva este país a sério.
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