sábado, 29 de janeiro de 2005

Correntes, não há como livrar-se delas.


Pois é. O Ordisi me meteu nessa fria. Fazer o quê. Vamos levar em frente a corrente. Se entendi bem, tenho que responder a algumas perguntas. Vamos lá:
1. Você já usou brinquedos ou outras coisas durante o sexo?
Sim, o pênis. Quer brinquedo melhor.
2. Você considera a possibilidade de usar dildos ou outros brinquedos sexuais no futuro?
Considero todas as possibilidades. E isso não quer dizer rigorosamente nada.
3. Qual a fantasia mais esquisita que você ainda não realizou?
Comer um político importante. Pra inverter as coisas, de vez em quando.
4. Quem lhe deu este dildo?

Sei lá. Estranho.
Foi o Ordisi Raluz, nome que ainda hei de decifrar. Que raios de pseudônimo é esse.
5. Quem são os que vão receber de você esta barbaridade de corrente?
a. Jeff Paiva, o jornalista esportivo inteligente. Pois é, existe um.
b. O Nasi/Sérgio. Quero ver se faço pelo menos um desses Veríssimos fazer algo de útil na vida.
c. Asulado, pra levar essa zorra pra Portugal. (de volta?!)
d. Parreira, para zoar de vez com essa corrente.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Hino de Jales


O Luis Ene, o Baeta, o Asulado, estão a discutir o hino que se propõe para o Algarve. Lembrei-me de algo ocorrido há quase cinqüenta anos, na pacata cidade de Santos-SP, rua Osvaldo Cruz, 460, bairro do Boqueirão, perto do cine Caiçara.
Minha irmã mais velha acabara de ser nomeada professora de “Canto Orfeônico” do Estado de São Paulo (aquilo que a gente chamava de "professora de música"). Escolheu a cidade de Jales para dar aulas. Cidade situada no extremo oeste do estado de São Paulo, perto das barrancas do rio Paraná, fronteira com o Mato Grosso (hoje, Mato Grosso do Sul). Eram 24 horas de trem de São Paulo até lá. Só havia vaga lá. Fazer o quê. Lá foi ela.
Escrevia regularmente para a família, a contar suas aventuras de desbravadora do oeste. Líamos suas cartas com avidez, sedentos pela saudade.
Belo dia, ela fez um pedido: haveria festa pelo aniversário da cidade e ela precisava formar um coral de alunos para cantar o hino de Jales. Problema: não havia hino da cidade. Pedia ela que meu pai escrevesse uma letra para que ela musicasse.
Papai folheou uma enciclopédia dos municípios brasileiros que havia em sua biblioteca. Leu sobre Jales. E escreveu os versos a serem musicados. Mandou-os à minha irmã. Ela pôs música naquilo e foi em frente.
Até hoje tenho curiosidade sobre isso. Será que o hino resistiu ao tempo? Será até hoje o hino de Jales? Duvido. Mas se for, é engraçado. É um hino que exalta as virtudes do município. Escrito por alguém que nunca esteve lá. Nem chegou perto. A não ser pelo coração, saudoso da filha.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Da educação dos limites e dos limites da educação


Estava para falar sobre isso qualquer hora dessas. Ao visitar o fábulas encontrei a discussão comendo solta neste post e resolvi colocar minha colher no assunto. Nesta recente viagem de mês e meio a Portugal (dezembro/janeiro), chamou nossa atenção - de minha mulher e minha - o comportamento de pais ao lidar com filhos em público. Nos restaurantes, nos hotéis, víamos crianças de várias idades "deitando e rolando" em cima de pais aparvalhados, cuja única reação diante das estrepolias dos miúdos era um sorriso amarelo.
Ora, penso que uma das características principais de um processo de educação é o gradativo estabelecimento de limites para que as crianças possam aprender a determinar o espaço que lhes cabe no mundo.
Se esse aprendizado inclui, vez em quando, umas palmadas, isso depende das circunstâncias, do momento. Confesso que, nas poucas vezes em que dei algumas palmadas em meus filhos ao longo da formação deles, ficou-me uma sensação de incompetência por ter necessitado chegar a esse ponto. Nem por isso me arrependo de tê-las dado (foram tão poucas que eles alegam não lembrar-se de quase nenhuma). Se eu era incompetente para - em dado instante - determinar limites à ação deles por meios verbais, paciência. O que não se pode é deixar de estabelecer os limites, deixá-los claros para a criança.
Talvez se possa resumir tudo: "menos mal uma palmada que nada".
A propósito, deixa contar a história que ouvi do Armindo Alves, em Vinhais. Para quem leu outros posts deste blog sobre nossa viagem, não é preciso dizer que o Armindo é o dono da casa em que ficámos hospedados na aldeia de Pinheiro Novo.
Ao lado da casa em que estávamos havia um galpão onde ficavam à noite muitos cabritos pertencentes a um casal vizinho. Pela manhã saíam a pastar, voltavam ao cair da tarde.

Cabritos ao sair para pastar
Pois bem. Antes de nós, esteve hospedado na casa do Armindo um casal do Porto. O casal tinha um filho de uns cinco anos. Desde o primeiro dia o miúdo afeiçoou-se aos cabritos. Brincava com eles sempre que possível. No dia de voltarem ao Porto, o menino sumiu.
Perplexidade, procura que procura, até que - depois de mobilizada toda a aldeia para encontrar o puto (aqui serve o português de Portugal e o do Brasil) - eis que ele foi descoberto lá no fundo do galpão dos cabritos, escondidinho.
Até aí, nada demais, fora o susto dos pais. A questão crucial vem agora. O casal, para conseguir convencer o garoto a voltar ao Porto, teve de comprar um cabrito e levá-lo até o Porto junto com o garoto, no automóvel, obviamente com as patas amarradas. Se os donos dos cabritos não quisessem vender um para acompanhar o guri até o Porto, será que o casal mudava para Pinheiro Novo?

Assim como é importante enfatizar a questão do aprendizado dos limites no processo educacional, não se pode esquecer que esse mesmo processo tem seus limites. Há fatores genéticos, ambientais, culturais, que determinam o maior ou menor alcance da educação de alguém. Mas aí, já entramos em conversa mais comprida.

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

Montesinho Vivo


Há em Bragança, Portugal, um jovem advogado – Telmo Cadavez – que dedica boa parte de seu tempo livre, junto com alguns amigos, ao trabalho de resgate do Parque Natural de Montesinho. Mostrou-me – em seu computador – algumas das mais de mil fotos de que já dispõe das aldeias da região.
Como um de meus maiores sonhos é o de encontrar formas de revitalizar aquela área de Portugal, levando para lá gente jovem que inverta a atual tendência de desertificação, só poderia ficar, como fiquei, entusiasmado com a criação do movimento Montesinho Vivo.

Vamos ajudar esse movimento a crescer
Em breve será lançado por esses rapazes o site montesinhovivo.pt.
O Parque Natural de Montesinho é uma das regiões mais inexploradas da Europa. São 700 km² que aliam uma natureza privilegiada à existência de infraestrutura surpreendente (para os padrões brasileiros): há escolas (que estão sendo gradativamente fechadas graças à desertificação) e assistência médica. As estradas são asfaltadas. As aldeias dispõem de redes de esgoto, de água, de luz elétrica e de telefonia (fixa e móvel). E, obviamente, televisão (ah, como os portugueses são viciados em TV). É verdade que, em Pinheiro Novo, eu era obrigado a sair de casa e andar debaixo de neve pra ir telefonar a cem metros de distância, no meio da estrada. Mas nada é perfeito.
Lá é possível viver uma vida de sonho, junto à natureza mais intocada, com conforto e segurança. Além disso, quando a pessoa ficar um pouco entediada de vida tão saudável, são só três a quatro horas até Madrid, pouco mais até Paris.
Aguardo com ansiedade o lançamento do site dessa rapaziada.

(Não resisto à tentação de sugerir ao dr. Telmo Cadavez que, caso decida fazer também um blog pessoal, dê a ele o nome: “Uma coisa de cada vez”.)

domingo, 23 de janeiro de 2005

Rumo à civilização


Trabalho em uma (não tão) pequena cidade satélite de São Paulo: Osasco. Penso que a principal característica de Osasco é ser popular. Explicando: o tom da cidade é dado por seus habitantes de mais baixa renda. Em função disso, Osasco é – pelo menos para mim – um excelente laboratório sociológico, digamos assim. O comportamento da turma de Osasco é o comportamento da maioria dos brasileiros. Se alguma civilização chegar a Osasco, chegará ao Brasil. E terminei por eleger a relação do osasquense com a faixa de pedestre (em Portugal é “passadeira”) como índice do nível de civilização de Osasco.
Por enquanto, a coisa está em zero a zero. O osasquense decididamente não tem a menor noção da utilidade daquelas faixas brancas pintadas no chão. Deve achar que são pra enfeitar o ambiente. De facto, fica bonitinha, a rua, com aquelas faixas brancas aqui e acolá. E é isso. Os carros passam em alta velocidade pelas passadeiras, as pessoas esperam um momento mais adequado para atravessarem a rua em disparada. E a vida segue seu curso.

Não sei a quem dar o crédito desta montagem
Eis que, enquanto o idiota aqui sonha com o dia em que Osasco descobrirá qual a serventia das faixas de pedestre, me aparece um holandês maluco a querer acabar com todos os sinais de trânsito. Parece que o tal de Hans Monderman já anda com essas idéias por aí faz bastante tempo. Só o descobri agora, graças ao texto de hoje, na Folha de S.Paulo, do Clovis Rossi. Mas há bastante coisa na Internet sobre o que ele pretende instituir nas relações entre automóveis e pessoas. Veja isto, por exemplo.
E pronto. Percebo que talvez o fosso de civilização entre Osasco e Europa não acabe jamais. Ao contrário, talvez só se aprofunde. Parece que, no dia em que o osasquense descobrir a utilidade das faixas de pedestre, no dia em que puder atravessar calmamente a rua pelas passadeiras, enquanto os carros aguardam tranqüilamente sua vez, nesse mesmo dia, na Europa, as pessoas – se perguntadas – dirão: passadeira? Que é isso?!

Casamento


Ontem à noite, meu filho disse, como quem não quer nada, que hoje iria se casar. Razões burocráticas, coisa e tal. O casamento mesmo, pra valer, vem mais adiante. Até aí nada demais. O que me surpreende não é a sem-cerimônia com que a coisa é tratada.
Contrário. Nos anos sessenta do século passado, eu era capaz de jurar (e comigo milhões de pessoas) que o casamento – como instituição – não duraria mais dez anos. E, eis senão quando, as pessoas continuam a casar-se. Sem o menor pudor.
Certo que se naquela época eu fosse um pouquinho mais perspicaz já teria desconfiado que a coisa não ia derreter assim, sem mais nem menos. Lembro de um casamento a cuja festa compareci, penso que em 1.969. A noiva era arquiteta, o noivo ator de teatro. Toda a cerimônia foi recheada de pequenas ironias, sarcasmos até. A noiva usava um vestido tão curto que a calcinha era do mesmo tecido do vestido, dado que acintosamente visível. No entanto, no entanto, a cerimônia foi cerimônia, o casamento, casamento. Com direito a celebração religiosa, festa, buquê e – inevitável, naqueles tempos – alguns baseados a circular pelos convivas.
As pessoas – de lá para cá – passaram a separar-se por qualquer dá-cá-aquela-palha, as famílias tornaram-se “famílias generalizadas”, filhos de vários casamentos diferentes a conviver mais ou menos harmoniosamente. E a turma sempre casando. Cada vez mais. E com cerimônia religiosa, festa, aquele desfile kitsch que desafia sempre os limites da minha imaginação.
Enfim, pra encurtar a conversa, já aceitei que casamento sempre vai existir, não tem jeito. Mas assim como dá pra discutir se a noiva deve trocar de vestido a cada meia hora durante a festa, se vale a pena alugar aquele carro antigo pra trazer e levar embora os noivos, se a cerimônia religiosa deve ser ecumênica ou se é melhor só caprichar num ritual zen, se a festa deve ser em um sítio afastado da cidade ou se deve ser mesmo em bufê, com aquele conjunto musical que imita desde os Beattles até Vicente Celestino, também quero discutir os critérios da formação do casal.
É. É isso mesmo. Até agora só falamos de como deve ou não deve ser o casamento do garotão com a donzela. Mas e quanto a esses dois? Como é que eles se esbarraram na vida? Por que decidiram casar um com o outro?
O habitual, no último século, nos países ocidentais, tem sido os dois se elegerem mutuamente. E os critérios do coração sempre são louvados como prioritários. Mas isso é bom? Dizendo melhor: será que não há outro jeito mais eficaz?
Para ser direto, que este post já está a ficar muito extenso, proponho o retorno ao antigo método da escolha dos nubentes (já que é pra ser antigo, vamos usar também o vocabulário de antanho) pelos adultos por eles responsáveis.
Como parece que disse Bernard Shaw, a juventude é coisa muito importante pra ser deixada aos cuidados dos jovens. E isso inclui o casamento.
Parece-me claro, óbvio até, que os pais têm muito mais condição de escolher o par pra seu filhote do que deixar que esse ser imberbe (quase ia dizendo imbecil, mas vou tomar cuidado pra não pegar muito pesado), ou essa moçoila desmiolada, decida algo tão importante pro seu futuro.
Começa que essa história de respeito aos sentimentos, coisa e tal, não cola. A garotada só faz o que o grupo faz. Veste as roupas que a moda impõe, freqüenta os lugares que estão na onda (e essas ondas mudam com uma rapidez espantosa). Resumo: não consigo lembrar de um único exemplo de algo que o garotão ou a moçoila façam seguindo critérios próprios, estritamente pessoais. Por que raios iriam escolher o cônjuge segundo outro método. Vão escolher mal, já se vê. Depois, é aquela confusão pra consertar. E os sentimentos de culpa? Terríveis.
Se os pais escolhem com quem casar o respectivo rebento, não só há chance muito maior de a coisa dar certo. Há também a vantagem de que – se der errado – o casal já terá a quem culpar: os próprios pais. E todo mundo sabe que uma das coisas mais deliciosas do mundo (quase tão boa quanto arroz doce) é jogar culpa nos pais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Ideias sem assento


Resolvi tirar o acento da palavra "Ideias", que compõe o título deste blog. Sugestão da Malu, do Coisas & Loisas.
De facto (ou de fato), as ideias não devem ter assento. Devem circular, espalhar-se por aí, sem tréguas.
Na capa do livro de meu pai (ali ao alto, à direita, em marrom), "Idéias" continuará com acento. Afinal, o livro é dele.

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

Sonho


Hoje acordei às 7 horas e logo percebi que a chuva fina que caía sobre São Paulo não amenizara muito o calor. O ambiente continuava sufocante. Apesar de não gostar nem um pouquinho desse clima, senti-me leve. Adivinhei que havia um esboço de sorriso em meu rosto enquanto tomava o café da manhã. Tudo porque tivera um sonho excelente.
Eu, acostumado a Natais quentes, sonhara que este Natal tinha sido de muita neve, vejam só. Que estivera com meus parentes em Passos, junto ao lume, na consoada e no almoço de 25.

Junto ao lume
Acho que regulei o ar condicionado do quarto para temperatura baixa demais e devo ter sentido frio durante a noite. Talvez, daí, o Natal com neve. Sei lá. O facto é que o sonho continuou e cada vez com mais neve. Tentei ir a Pinheiro Novo pelo norte, pela estrada que leva à Cisterna. Era tanta neve na estrada que senti medo e voltei. O sonho quase vira pesadelo. Mas consegui chegar a Pinheiro Novo passando por Vinhais, Tuizelo, Seixas e Pinheiro Velho. Como continuasse a nevar, resolvemos partir de Pinheiro Novo no dia 28. Descemos para Guarda, se é que se pode falar assim em relação à cidade mais alta de Portugal. Dormimos em um hotel muito simpático, apesar do nome ser um trocadilho de gosto duvidoso: Hotel Van Guarda. Dia seguinte almoçamos na praça da Sé.

Sé de Guarda
Continuamos nosso caminho até Manteigas. Apesar de Manteigas ficar em um vale, a pousada em que nos hospedamos fica bem mais no alto. A visão que se tinha de Manteigas, lá de cima, era essa:

Bonito, né
Há um tempinho atrás, coisa de 18.000 anos, esse vale no qual fica Manteigas e por onde passa o rio Zêzere, era ocupado por um glaciar (um dos sete, acho, que escorregavam serra da Estrela abaixo, por vales semelhantes). Lembrei-me do glaciar Perito Moreno, na Argentina. E me dei conta de que contemplar o Perito Moreno era quase como voltar no tempo na Serra da Estrela e ver um glaciar em lugar de Manteigas, lá embaixo, no Vale. Em sonho, como todo mundo sabe, vale tudo.
A Serra da Estrela quase se pode dizer que divide Portugal ao meio. E, ao olhar para o Norte, era como se víssemos tudo até a fronteira com a Espanha. Exagero de sonho, claro.

Olha lá em cima. Será a Espanha?
A passagem de ano foi muito agradável. Já não havia neve, para desapontamento dos turistas que para lá foram na esperança de vê-la cobrir a Serra de branco. Mas havia, na pousada, um músico para animar a noite de 31. E ele começou a tocar Djavan. À meia noite, sapecou Mamãe eu quero, Me dá um dinheiro aí, Aurora. Tudo música da minha infância. Afinal o sonho é meu. Sei que fica inverossímil, mas em meu sonho – desculpem – toco as músicas que eu bem entender. Dançamos bastante, nesse pequeno carnaval improvável.
E o sonho não acabava mais. Andamos muito pela Serra da Estrela. Almoçamos na aldeia de Sabugueiro, dita a aldeia mais alta de Portugal.

Comida excelente
Noutro dia, o almoço foi em Folgosinho, outra aldeia incrustada na serra. O restaurante Albertino não tem cardápio. Senta-se à mesa e os garçons vão pondo diante da gente pratos e mais pratos de carnes deliciosas. Tudo regado a vinho tinto. Da casa, Ordisi, da casa.

A coisa começa com feijoada
Essa é uma bica junto ao Albertino
Dada por conhecida a Serra (em sonhos, sou mais pretensioso do que quando acordado), partimos em direção a Évora. Cidade deslumbrante, na qual demos folga ao carro e ficamos uns quatro dias a andar a pé. Revisitado o Fialho, conhecemos o Luar de Janeiro (melhor ainda que o Fialho).

Praça Giraldo
Igreja da Praça Giraldo
Templo Romano
Igreja de São Francisco (parte de cima)
Igreja de São Francisco (parte de baixo)
Jardim em Évora
Vista da cidade
Depois de Évora, Olhão. Passeios pelo sotavento algarvio. Um pouco de Espanha: Ayamonte, em particular Isla Canela.

As moradias de Isla Canela
A praia
O mar
E vejam só o que dá ficar a ler blogs muito tempo. Sonhei que me encontrava com Susana Paixão, José Carlos Barros, Luis Ene, Asulado e Antonio Baeta. Pode?
Foi um sábado magnífico. Inesquecível.
Passeamos pela ria Formosa, acompanhados pelas gaivotas. E contemplamos um por-de-sol esplêndido.

Bem acompanhados
Fim de tarde
Na travessia de barco, lembro de alguém dizer: “Alexandre Soares Silva é o maior blogger do mundo”.
Depois de visitar primos em Santiago do Cacem, chegamos a Lisboa. Houve tempo, antes de acordar, de visitar Cascais.

Cascais
Não foi à toa que acordei feliz.
Agora, ao trabalho. Terminado o sonho, restam lembranças a serem saboreadas pelo paladar da memória.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Adeus Portugal


Amanhã, voltamos ao Brasil. De lá, na comodidade de casa, conto o restante da viagem.
Aproveito estes quinze minutos gratuitos que a Câmara de Lisboa me proporciona, cá nas Amoreiras, pra desejar a todos um excelente 2.005.
Acho que ainda é tempo para isso.
Logo, logo, espero estar de volta a Portugal.
Até breve.

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Um dia muito especial


Já agora, em Lisboa, minha intenção era continuar a falar de nossa viagem em ordem cronológica. Mas as ordens do coração são mais fortes que a ordem temporal.
É preciso falar do encontro de sábado, em Olhão, no Algarve. Almoçámos com a Susana (Mitus/Sempre Inocentes), com o António (Local & Blogal), com o Asulado (Asul), com o Luis Ene (Ene Coisas) e com o José Carlos Barros (Um pouco mais de sul).
Pessoas que se conheceram - todas - por meio dos blogs.
E que se reconheceram - pessoalmente - com enormes afinidades.
Agradeço a todos eles pelos momentos de sonho do sábado. Ao almoço seguiu-se um passeio de barco pela ria (que eles não admitem não ser a mais linda do mundo). Depois, a saideira compôs-se de muitas penúltimas doses de bagacinhos.
Nem o facto de haver, logo à noite, um Benfica x Sporting conseguiu prejudicar o clima de perfeita harmonia.
Vejam a que ponto chegou a união do grupo.
Saravá!
Até o próximo encontro. E que ocorra logo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

Adeus Nordeste


Dia 28 de dezembro deixámos Pinheiro Novo em direção a Manteigas, na Serra da Estrela. À guisa de despedida de Pinheiro, ficam aqui os versos de uma canção popular que meu primo Alípio ainda sabe cantar:
Adeus aldeia
que eu levo na ideia
De não mais cá voltar.
Ai Ai Ai
Os velhos são tremelicas,
os rapazes são maricas
e as raparigas vaidosas.

(brincadeirinha, claro)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Reminiscências de Pinheiro Novo


É preciso agradecer ao amigo Armindo (que penso que não lê blogs) pelos incríveis dias na aldeia de Pinheiro Novo. A Boneca, uma cadela imensa e meiga, adotou-nos. Pena que as fotos dela não lhe façam justiça. São fotos pobres. Boneca é linda.

Examinando o ambiente
Foi difícil convencê-la a entrar. Preferia ficar junto à porta.

Começando a enturmar-se
Não resisti a uma foto de contraste entre o antigo e o moderno. Tudo em função de um comentário do Asulado. Mas o ideal seria mesmo se a Internet e o telemóvel funcionassem.

O portátil só servia pra jogar Civilization

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

Detalhes de micropolítica


(ou: de como o sal derrete o Erário)

Dia de Natal: muito frio e muito sol
Essa é a casa da aldeia de Pinheiro Novo na qual ficámos hospedados durante duas semanas. No dia 25 de dezembro ela estava assim, cheia de luz e sol.
No domingo, 26, tudo mudou. Muuuuiita neve. A casa ficou assim:

Haja neve
Da varanda da casa a visão era assim, no dia de Natal:

Bucólico, né
Dia seguinte, domingo:

Branqueou geral
Ao lado da "nossa" casa ficavam os cabritos, dentro desse galpão:

Todo dia nascia cabritinho. Eles choram como criança
No domingo, pensávamos ser impossível alguém chegar até onde estávamos. Ledo engano. Lá pelas duas da tarde lá vem meu primo António, a dirigir seu carro como se nada houvesse de incomum. É. Pra ele não havia mesmo.
Acontece que tínhamos combinado de almoçar em Passos, segunda-feira, em casa de minha prima Maria Tereza (no Brasil deveria escrever-se Treza, que é como se fala em Portugal). Já na noite de 25 havíamos demorado três horas pra voltar de Passos a Pinheiro Novo (normalmente gastam-se quinze minutos) porque já começara a nevar e a estrada estava intransitável. O caminho mais curto entre as duas aldeias passa pela ponte sobre o rio Rabaçal. Desce-se por uma estrada muito íngreme até o rio e depois enfrenta-se uma subida igualmente inclinada. Com tempo bom é fácil. O asfalto é bom. Mas com neve (ou pior, gelo) não é coisa pra amadores.
Estávamos em dúvida se nos seria possível atravessar o rio. A questão era: há gelo na estrada? Vi o taxista da aldeia a lidar com seu carro. Fui consultá-lo. Disse-me que havia gelo na estrada mas se eu quisesse ele se prontificava a acompanhar-nos até a ponte e jogar sal na estrada pra derreter o gelo. Fiquei encabulado e não aceitei a ajuda. Preferi contratá-lo para levar-nos em seu táxi. Na ida, parámos sobre a ponte e ele examinou o piso da estrada na subida, concluindo não ser preciso colocar sal para subir. Apenas na volta, para descer, ele o faria.
Tudo correu bem, ele foi buscar-nos às quatro da tarde e nos levou de volta ao Pinheiro, contra uma contribuição de vinte euros.
Dia seguinte, já em Vinhais, ao devolver a chave da casa de Pinheiro Novo ao proprietário Armindo, comentei com ele sobre tudo isso. Ele então me ensinou que a Câmara de Vinhais fornece sal aos prefeitos das juntas de freguesia para que o joguem nas estradas nos dias em que há formação de gelo.
Comentei: mas então é obrigação do prefeito da junta da freguesia de Pinheiro Novo jogar sal no caminho por onde passei. Por que o taxista é que teve de fazê-lo?
É ele o prefeito, encerrou Armindo.

Passos, o lar

Aquelas árvores lá no alto são espanholas
Esta é a vista que teremos de nossa casa em Passos, caso o Heitor convença a mulher Palmira a vender-nos o terreno do qual essa foto foi tirada.
Diga-se de passagem que é muito difícil comprar terra em Portugal. Parece que vale o ditado: terra não se vende, só se compra. Resta então saber: comprar de quem?
Enquanto nada se decide sobre isso, fica aqui a foto do fumeiro de meu primo Flavio:

Não dá água na boca?

Da morte de minha avó

O que sobrou da casa da vó Amélia
Estas paredes de pedra são o que sobrou da casa em que minha avó paterna viveu em Passos. Antes de viver nessa casa com o marido Zé Grande (que já trouxe três filhos do Brasil e teve mais três filhas com minha avó), minha avó teve meu pai e meu tio Agripino. O pai de meu pai? Bem, meu avô, feitos dois filhos em minha avó, foi-se ao Brasil e é outra história. Meu pai, logo que pôde, mandou-se também ao Brasil. Lá tornou-se evangélico. Virou pastor baptista. Quando o irmão o notificou da morte da mãe, escreveu a meu tio Agripino manifestando seu pesar por ter sido chamado um padre para oficiar o sepultamento de vovó. Contam minhas primas Zelinda e Dora que meu tio Agripino, tomado de perplexidade, comentou:
- Com que caralho queria que a enterrasse!

Enfim, não mais sós


E chegámos a Évora. No quarto do hotel, por teimoso, segui o ritual de sempre. Ligar o portátil e tentar aceder a Internet. Surprise! It works!
Conclusões primeiras: toda a conversa fiada de meus queridos interlocutores da Vodafone foi por terra. Um sugeriu-me que trocasse o Internet Explorer por outro browser (isso em Viana). Mais recentemente (estava eu em Manteigas, em plena serra da Estrela), outra alma piedosa da Vodafone recomendou-me que instalasse a placa em outro portátil, como se portáteis nascessem junto aos pinheiros, nas encostas das montanhas. Acrescentou, com pesar, que não havia sinal descente em Évora (aliás em lugar algum que não fosse Lisboa). Eis senão quando, há - sim - sinal em Évora. E é 3G (384 kbps, superior aos 54 kbps do GPRS disponível até então). E vai daí, cá estou. A placa funciona, queridinhos, desde que haja sinal.