quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Confraternização

Há alguns dias, ainda em Bragança, minha neta Bruna passou certo tempo a ler para mim várias dezenas de sugestões catalogadas em seu iPod para criar situações inusitadas dentro de um elevador.
Agora que estamos em Paris, mais precisamente no Hotel Concorde La Fayette, ela resolveu colocar uma delas em prática.
Acontece que esse hotel tem 34 andares. Os hóspedes são, em uma avaliação assim nada científica, 60% muçulmanos, 19% africanos, 19% orientais e, o resto, ocidentais.
Eis que entramos no elevador no térreo (rés do chão) para ir ao 7º andar, onde estamos instalados.
Elevador cheio. Dos mais variados tipos humanos.
Bruna vira-se para a parede do elevador e começa a miar.
- Miau! Miau! Miau!
Um  senhor que percebeu a brincadeira embarcou na ideia e respondeu:
- Miau!
Uma senhora resolveu imitar pato:
- Quac! Quac!
Quando saímos do elevador, no 7º andar, todos dentro dele faziam algum ruído de animal.

Penso que foi bom para todos.

domingo, 15 de julho de 2012

Prova da inexistência de Deus

Dizem que não é possível provar a inexistência de Deus. Apenas a sua existência.
Data maxima venia, eis uma prova de Sua inexistência:

Sou ateu. Um miserável ateu, com o perdão do pleonasmo.
Minha vida é, a cada dia, mais feliz. O destino me propiciou experiências muito enriquecedoras. E me cumula de alegrias a cada dia que passa.
Caso Deus existisse, tanta felicidade teria de ser creditada a Ele.
Em tal hipótese, Deus estaria a premiar um filisteu. A beneficiar um infiel.
Seria, portanto, injusto.
E um dos atributos essenciais do Divino é a Justiça.
Logo...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Gimonde- freguesia do Concelho de Bragança

Hoje fomos almoçar em O Abel. Lá come-se uma posta de vitela que só o Abel sabe preparar. Servem uma saladinha de entrada, azeitonas e, claro, vinho. Junto com a postinha vem batata ao murro ou batata frita.

Eu disse postinha? Sim, mas dá, folgado, pra duas pessoas. Hoje, graças à presença da neta, pedimos uma posta e meia. Não sobrou nem cheiro. A neta ainda mandou ver uma baba de camelo como sobremesa.

Pra fazer a digestão, fomos dar uma voltinha junto ao rio Onor, ao pé da Ponte Romana. Aí vão algumas fotos:

Um ninho de cegonha:


A famosa Ponte Romana:


Bruna se pergunta se consegue atravessar o rio:


Hesita:


Analisa:


Finalmente, vai!


Conseguiu!



Agora a volta é mais fácil. Ao alto, mais um ninho de cegonha


Até mais!, Gimonde.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Passeio junto ao rio Fervença

Sábado, 7, chegou ao Porto a neta Bruna. No próximo sábado chega o neto Rafael. A Bruna vive em Westport, CT, USA. Rafael vive no Rio de Janeiro, BR. Ambos têm 12 anos. Iremos fazer um passeio, de carro, a Paris. Ah! Vai também a Doga.
Enquanto Rafael não chega, fomos passear ontem, domingo, às margens do rio Fervença, que atravessa Bragança. Aí vão algumas fotos:

Início de passeio. Logo após o almoço:



Eis o Fervença:



Na esplanada, pessoas aproveitam a temperatura amena desse dia de muito sol.


  Algumas vivendas junto ao parque do Fervença:


Equipamentos para crianças:




Já se avista o Centro Ciência Viva...


...com seus computadores de utilização gratuita (primeira hora), com internet, claro:


Tudo, no Centro, é interactivo. Muito bem cuidado e com instrutores excelentes.



Pra terminar, uma visão do Castelo:


Até mais!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

As palavras eram poucas



Essa casa guarda o mistério. O jornal PÚBLICO conta um pouco da história em sua edição de hoje.
Santa Maria da Feira é uma pequena cidade do distrito de Aveiro, um tanto ao sul do Porto. Tem pouco mais de 11.000 habitantes.
A casa amarela da foto fica no seu centro histórico.
Emanuel sempre aí viveu. A família era: pai, mãe, uma irmã e ele. O pai faleceu de cancro quando Emanuel tinha lá seus 15 anos.
Fez seus estudos básicos e começou um curso superior de Economia na Universidade Portucalense. Não chegou a completar o primeiro ano. Trancou-se em casa e nunca mais ninguém o viu.
Tem, hoje, 38 anos. A mãe, funcionária do Registo Civil, agora aposentada, pedia que respeitassem a vontade do filho - a de não ser visto - sempre que os amigos dele o procuravam.
A irmã, pouco mais nova, casou-se e partiu. Emanuel não foi ao casamento nem nunca viu o cunhado.

Um primo da mãe de Emanuel insistiu em vê-lo, sem sucesso. Levou o caso à justiça, ao Ministério Público (MP) e, por fim, à Segurança Social. Foram feitas investigações que a nada levaram.

Agora, parece que alguém conseguiu falar com Emanuel:
"António Espassandim, uma das testemunhas ouvidas ontem pelo MP, contou que esteve com Emanuel no domingo. 'Está muito bem, conversa sobre tudo, política, futebol. É uma pessoa informada, um rapaz inteligente',  revelou ao PÚBLICO".

Um amigo de infância, vizinho, que cresceu quase paredes-meias, não o vê há cerca de 20 anos. “O Emanuel era uma pessoa normal, sociável, estudava, era pacato, não era de se meter em confusões”, garante. De um dia para o outro, deixou de o ver. Tal como os amigos mais próximos, tentou perceber o que se passava. Perguntava por ele à família. “Mas as palavras eram poucas”, diz. “É estranho e alguém tem de fazer alguma coisa, porque é de um ser humano de que estamos a falar.”


Diante de tudo isso, o povo cria mitos ("ele morreu e a mãe o está a velar" etc etc)  e os especialistas derramam possibilidades explicativas ("não [se] descarta a possibilidade de um quadro de esquizofrenia simples, em que se enquadram o desinteresse de experienciar relações sociais, a apatia, o isolamento social ou a incapacidade de experimentar prazer." Etc etc).


Penso que, nessa história, as palavras devem mesmo ser poucas.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A reinvenção da roda

Quando alguém aparece com uma ideia já batida e a apresenta como novidade, costuma-se zombar do proponente com o dito
- Reinventaste a roda!

Pois, segundo um pesquisador britânico, a roda estaria a ser reintroduzida com força na Europa, em particular em Portugal. É o que informa a matéria de Helder Robalo no Diário de Notícias de hoje. Mas trata-se, aqui, da roda dos enjeitados, para a entrega à adopção de crianças indesejadas. É verdade que o pesquisador não apresenta dados concretos, prática, aliás, cada vez mais encontradiça.

Clique nas figuras para as ampliar


O que chamou mais minha atenção foi o facto de a roda dos enjeitados ter sido criação de um papa, no distante século 12.


Mesmo que se considere que a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) foi a principal causa, directa ou indirecta, dos motivos que levavam muitas mães a entregar os filhos à adopção, observo que ao menos buscou paliativo para o problema. Mesmo no Brasil, as tais rodas eram características de conventos e de outras instituições vinculadas à ICAR.

Tudo isso me leva a avaliar que, se em alguns aspectos a ICAR evoluiu (por exemplo, não sustenta mais que é o Sol que gira em torno da Terra; por exemplo, já não faz churrasco de hereges etc etc), em alguns outros temas regrediu e tornou-se cúmplice de verdadeiros genocídios, com sua política absolutamente irresponsável de combate ao métodos de prevenção da SIDA e de outras doenças sexualmente transmissíveis.

Parece que no século 12 havia um bocadinho mais de pragmatismo na Santa Madre Igreja.

Quanto ao Brasil, a roda tem sido profusamente utilizada, nas últimas décadas. Mas apenas nos motéis, para que os funcionários entreguem discretamente aos clientes as comidas e bebidas tão necessárias ao correcto desempenho das funções às quais se destinam tais estabelecimentos.