quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Bagaços de Passos


Janeiro do ano passado, ao voltar de Portugal, trouxe alguns poucos litros de bagaceira de meu primo Alípio. Para guardá-los em garrafas, preparei esse rótulo:

Esta edição está esgotada
Agora, no final de 2.006, aconteceu o seguinte: ao chegar a Passos, meu primo Abílio me deu um garrafão de 5 litros de bagaço.
Bagacinho vai, bagacinho vem, na hora de voltar ao Brasil havia, ainda, uns dois litros. Mas meu garrafão destinado a transportes internacionais de bagaço tem capacidade para cinco litros.
Consultei o primo Alípio que me explicou não haver problema em misturar. Como um terceiro primo, o Arnaldo, já deixara com o Alípio um litro e meio de seu bagaço para que o desse a mim, fizemos assim:
2 litros do Abílio;
1,5 do Arnaldo
e - para completar -
1,5 do Alípio.
Resolvi, então, chamar esse bagaço de Blended Bagaceira.
O rótulo, além disso, abandonou o vermelho do Benfica. Ficou com o azul do F.C. do Porto.

Olha os três aí! (é só clicar)
Estão servidos?

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Se correr o bicho pega,
se ficar o bicho come


Tem uns caras por aí desconfiados da existência de uma forte relação entre baixo índice do mau colesterol (LDL) e o risco de se contrair o mal de Parkinson.
Você. Prefere entupir artérias ou contrair uma doença (ainda) incurável?
Dileminha sem-vergonha, né não?
Pra fugir de tudo isso, vale dar umas voltas por São Paulo e esperar ser tragado por alguma cratera de obras do metrô.

Ah. Você prefere bala perdida no Rio de Janeiro?
Gosto não se discute.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Nova metodologia para medição do IDH


Sugestão minha: para descomplicar a medição do Índice de Desenvolvimento Humano, sugiro que se faça uma rápida pesquisa em cada país, para descobrir quanto custa a contratação de um pistoleiro pra matar algum desafeto.
Quanto maior o valor, maior o IDH do país.
Já antecipo: no Brasil, sai quase de graça, mandar matar alguém.

O valor de um plano


No Brasil, quando você entra em um restaurante, percebe logo um enxame de garçons. Tá certo que, sempre que você precisa de um deles, estão todos olhando pro outro lado. Mas estão lá.
Em Portugal, a quase totalidade dos restaurantes tem um ou dois atendentes, que correm esbaforidos de um lado a outro pra dar conta do serviço.
Pura aritmética: um garçom, lá, vale três ou quatro daqui. Em todos os sentidos, principalmente em termos salariais.
Habitamos um Brasil sem planejamento familiar. Se a novela das oito termina antes de bater o sono, lá vem mais filho.
Mais gente na fila do desemprego, ou – na melhor das hipóteses – mais garçons nos restaurantes, dividindo o mesmo bolo salarial.

Dia desses, conversando com filha e genro que moram em Connecticut, EUA, fiquei sabendo que, lá, todas as residências são obrigadas a ter plano de desocupação da moradia em caso de emergência. A coisa é levada muito a sério. Vez em quando, algum fiscal passa para verificar se o plano está devidamente afixado em lugar visível da residência e se os moradores estão cientes de seus detalhes.
Aqui, São Paulo, século 21, constroem-se linhas de metrô sem plano de evacuação das residências que ficam em cima das obras. Quando a coisa desaba, as pessoas são tragadas pelo descaso total.
Plano?
Ora, ora.
Onde as pessoas valem pouco, qualquer plano pra preservá-las é caro.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Buracos & buracos


Dizem que Sadam Hussein foi a prova definitiva de que sair do buraco nem sempre significa melhorar.
O apóstolo e a bispa acabam de sair de um buraco complicado. Conseguiram deixar uma prisão nos EUA. Vão voltar para o Brasil. Promotores e juízes daqui já deviam estar sentindo falta daquele velho joguinho de prender e soltar. Joguinho valioso, se é que me entendem.
Quanto ao buraco de São Paulo, virou atração turística.
Já no Rio, o buraco é mais embaixo. Foi só o novo governador pedir ajuda federal e descobriu-se que Lula e seu criminalista preferido estavam blefando. Cláudio Lembo e dona Rosinha (ex-governadores de São Paulo e Rio) devem estar roendo as unhas, de raiva. Não aceitaram a ajuda oferecida por Lula. Agora descobriram que a ajuda era ficção.
Lula sabe jogar. Jogo político, claro. Buraco, não sei se ele joga. Mas vai tentar alguma coisa na linha Chavez, pra ver se não vai tão cedo pro buraco da História.
Quanto ao Brasil, caiu de vez no buraco.
Salve-se quem puder.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Desejo de boa vizinhança


Nas aldeias de Portugal, mais do que nas vilas e cidades, o bom relacionamento com os vizinhos é de importância fundamental.
Daí, recolhi em Passos de Lomba este provérbio:

Que não dure mais
O mau vizinho
Do que a neve marcelina.


A neve marcelina é a neve do mês de março. Fraca, vai logo embora.

Ecos da Guerra Civil Espanhola


A aldeia de Passos de Lomba fica muito próxima à fronteira norte de Portugal com a Espanha. Meus primos, lá residentes, lembram-se ainda de trechos de canções relativas à Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939).

Em uma delas, conta-se a saga de dois irmãos (Antonio e Manuel), moradores do Pinheiro, aldeia um pouco acima de Passos, conhecidos como os cuquinhos do Pinheiro, que – por terem auxiliado os comunistas espanhóis (os vermelhos) – foram perseguidos pelos franquistas. Um deles, o Antonio foi logo morto. Manuel fugiu, mas foi alcançado na aldeia da Cisterna e também assassinado. Além disso, a canção o acusa de barbaridades tais como estupro e roubo.
Consegui que meu primo Alípio me ditasse este trecho:

Os cuquinhos do Pinheiro
Oh que grandes figurões.
Por darem de comer aos vermelhos
Fizeram-se dois ladrões.

(...)

Foi no povinho da Cisterna
Onde ele estava escondido
Fez resistência à Guarda
Mesmo nele deu um tiro

Quando chegou à Ponte de Santa Rufina
Já não podia falar
Disse o cabo para a guarda
- Acabai de o matar!

Quando chegou a Vinhais
Todo ensangüentado ele ia.
Disse a criada ao fidalgo
Que ainda o conhecia.
- Foi este homem mesmo
Que a nossa casa roubou.
- Com uma pistola em punho
Ele de mim abusou.


Canções tais como essa eram uma das formas que assumia o marketing político à época.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Pagando mico em espanhol


Dia 22 de dezembro, a baixinha e eu fomos a Madrid para buscar filha, neta e genro, que chegariam de New York no dia seguinte de manhã.
Hospedamo-nos no Preciados, hotel que tem a vantagem de possuir o tradicional bar Varela e de ser exatamente em frente a El Asador de Aranda.
Entregamos o carro ao manobrista, fizemos o check in e fomos passear a pé.
Logo me dei conta de que havia deixado no carro a máquina fotográfica.
Voltamos ao hotel e pedi ao recepcionista que me indicasse como chegar ao automóvel.
- Va a la izquierda (disse ele fazendo um largo gesto com a mão no sentido da sua esquerda). Su coche está en la Plaza 21, piso -3.
Saímos do hotel, descemos a primeira rua à esquerda e começamos a procurar a Praça 21. Como só nos surgisse a Praça San Martin, perguntei a vários transeuntes aonde ficava a Praça 21. Ninguém sabia.
Voltamos ao hotel.
Quando expliquei ao recepcionista que não encontrara a Praça 21, ele corrigiu:
Não. Eu não precisava sair do hotel. Bastava dirigir-me ao elevador à esquerda da recepção, baixar ao Andar -3 e procurar a vaga (Plaza) 21, na garagem do hotel.
Sob as gargalhadas da baixinha, aprendi, para jamais esquecer, que Plaza pode ser Praça mas também pode ser Vaga (em garagem).

domingo, 7 de janeiro de 2007

Que queria eu ser quando fosse grande


Já há muito tempo que conheço a Saltapocinhas e seu blog Fábulas.
Não nos pudemos encontrar, até hoje. Já nos falamos ao telefone, é verdade.
Ela deve-me ovos moles de Aveiro verdadeiros. Parece que os que lá comi não o eram, segundo ela.
Encanta-me o trabalho que ela desenvolve com seus aluninhos. Vale a pena visitar o Blog dos Golfinhos, para conferir.
Por essas e por outras, não posso deixar de atender ao convite dela para que faça este TPC: quando era pequenino, que queria eu ser quando fosse grande.
A dificuldade começa com a sigla TPC.
Deixem-me explicar: acontece comigo algo parecido com o que aconteceu com o zagueiro brasileiro Aldair, quando foi jogar futebol na Itália. Dizem as péssimas línguas que, passados uns poucos anos, ele havia esquecido o Português e não havia aprendido o Italiano. Ficara sem língua, por assim dizer.
Comigo ocorre que estou deixando de ser brasileiro e não consigo ser completamente português. Periga tornar-me apátrida, por pura incompetência.
Quando li que o desafio que a Saltapocinhas me dirigia era um TPC, comecei a procurar que diabos era isso. Logo notei que devia ser algo tão, mas tão banal que ninguém se dignava a explicar.
Salvou-me, como quase sempre, mestre Google e este artigo que, graças a ele, encontrei. TPC, caros brasileiros que me lêem, é aquilo que chamamos lição de casa. Em Portugal, consegui perceber, fala-se Trabalho Para Casa e abrevia-se TPC.
Vamos a ele, ou seja, ao TPC:
Essa questão do que ser quando crescer foi, para mim, a definitiva confirmação de minha falta de imaginação e criatividade.
Belo dia, cheguei para minha mãe e afirmei:
- Queria ser – quando crescesse – inventor. O problema é que já inventaram tudo!

Feita esta confissão um tanto desabonadora, poupo meus amigos. Não passo a ninguém este (como é mesmo?) TPC.

sábado, 6 de janeiro de 2007

Ainda Portugal - o Porto (complemento)


Esqueci-me de postar o símbolo maior do Porto: a Torre dos Clérigos. Aqui vai a foto que dela tirei, desde a frente da Igreja da Batalha, na praça da Batalha.


Por falar em Igreja da Batalha, alguém vai se dignar a restaurar a dita cuja ou vão mesmo deixá-la apodrecer e despencar?

[Atualização: o Tinta Permanente, do blog Folhas da Gaveta, me adverte, neste comentário: a igreja que fica na Praça da Batalha chama-se Igreja de Santo Ildefonso.]

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Ainda Portugal - o Porto


A cidade do Porto vista desde o outro lado do Douro, desde Vila Nova de Gaia.

Clique para ler sobre o Porto

Clique para ler sobre Vila Nova de Gaia
Um pequeno parque com brinquedos para crianças. Nele, é proibido pisar com calçados de tacão fino.

Vila Nova de Gaia
No parque, o avô fotografa a mãe que gira a filha. É a vida a girar. Vida gira (*).

Gira-Vida (ou Vida Gira)

(*) Tanto significa amalucada quanto - em Portugal - bonita, interessante, engraçada.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Brincando de Mr Magoo


Não é de hoje que meu filho diz que a Baixinha e eu somos o casal Magoo.
Desta vez, então, nem se fala. Tomamos o vôo para o Brasil no Terminal 4 do aeroporto de Barajas, Madrid, dois dias depois do ETA ter aberto nele uma enorme cratera com a explosão de um carro bomba.
Se é verdade que o interior do aeroporto ficou quase intacto,



com apenas alguns vidros quebrados,




a cratera que abriram no estacionamento é impressionante:




Ao chegar ao aeroporto de Guarulhos, estranhei o fato do taxista ter se dirigido à Ayrton Senna (e não à Via Dutra).
Fiquei então sabendo que um paiol da Polícia Militar explodira próximo à chegada da Dutra a São Paulo.
De fato, ao passar pela Marginal Tietê, pudemos ver a fumaceira que saía do local.
Assim, de explosão em explosão, voltamos para casa.
Intactos.

(o que - evidentemente - não torna menos estúpida a ação dos militantes do ETA)

Visita a Mirandela


Mapa de Mirandela ampliável (clique)
Dia 26, após o Natal, fomos conhecer Mirandela, com a neta e o genro, enquanto a filha curtia os excessos do dia anterior.

Informações da Wikipedia sobre Mirandela
Clique para informações sobre o Concelho de Mirandela
Clique para ler mais sobre o Concelho de Mirandela
Clique para ver mais fotos

Cada um na sua


O lume produz calor e luz. A neta produz desenhos. Eu, posts.

Enquanto isso, o rebanho atravessa a estrada (CLIQUE)

Contrastes - cenas de Vinhais


Horta em plena avenida:


Final de tarde, é preciso parar o carro para que o rebanho passe (a lateral do carro ficou bem lustrada):

Aos novos governantes


Belo dia, em Passos, descobri a burra Boneca, na casa de Alípio. Perguntei a ele desde quando ele possuía aquela burra. Pensou um pouco e respondeu:
- Trinta ou trinta e um anos.
A surpresa foi grande. Nem sabia que os burros viviam tanto. Logo pensei que esse é mais ou menos o tempo que - tanto tucanos quanto petistas - pedem para resolver os problemas brasileiros.
Quem sabe Boneca os resolveria mais rápido.

Esta é a Boneca

Vamos lá, políticos deste imenso país. Ainda dá tempo.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Passos de Lomba

No caminho de Vinhais a Passos, o gelo que se forma nas pedras à beira da estrada:


Já em Passos, o sol ameniza o frio.


Pessoas da aldeia posam para a foto
O calor humano faz o resto.

Lá ao fundo, a Baixinha caminha abraçada a minha prima Dora