quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Fim de feira


Hoje parece final de feira, em Bragança. Talvez o mesmo se possa dizer em relação a quase todo Portugal. Os emigrantes já se vão. E os comerciantes daqui, em particular os da restauração, fecham suas casas e partem para vinte dias de descanso.
O que havia a facturar, o foi.
Lá para o dia 12 começa o ano lectivo.
Só então, lá para a segunda quinzena de setembro, reinicia-se a actividade em geral.

Quanto a mim, amanhã recebo meu primeiro salário de reformado.

Em Romanos 6:23 consta que o salário do pecado é a morte. Espero que o salário da reforma seja algo menos radical.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Falência da Educação


Não percebo o porquê de ninguém se preocupar para valer com o descalabro da educação nos dias de hoje.
Fico horrorizado ao constatar que há alunos já chegados aos 12 anos de idade e que não sabem nem sequer demonstrar o Teorema de Gödel.
Pior: muitos nem sequer leram a Crítica da Razão Pura, de Kant.
Pergunto-me onde iremos parar se adolescentes mergulham na mais total ignorância do que seja um imperativo categórico.
Mesmo naquelas matérias que os conduzirão a boas colocações no mercado, o desconhecimento é gravíssimo. Muitos rapazitos, já com alguns pelos a despontar no rosto, ignoram solenemente as quatro equações fundamentais do electromagnetismo.
Poderia estender-me em exemplos tenebrosos.
Mas fico por aqui, antes que minha irritação atinja limites indesejáveis.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Abel e Olivier


Hoje fomos almoçar ao Abel, em Gimonde. São menos de 5 minutos de carro até lá.
Durante o almoço, a Baixinha teve o insight: isto aqui é como o L'Entrecôte de Ma Tante, do Olivier Anquier.
É verdade.
O restaurante da Mário Ferraz, em São Paulo, oferece apenas um prato: o entrecôte acompanhado de batatas fritas. Antes servem uma salada verde. Há alguns doces à sobremesa.
No Abel, pode-se escolher entre costeletas de vitela ou de cordeiro e posta de vitela. Tudo na brasa. Tudo feito pelo próprio Sr. Abel.
Servem antes uma salada verde e batatas fritas ou ao murro acompanham a carne.
Há também doces para a sobremesa.

Nos dois restaurantes a comida é excelente. A diferença está no preço. No Olivier a refeição sai R$ 53,00 por pessoa, sem bebida. Uma garrafa de vinho tinto não deve custar menos de R$ 50,00. Um casal gastará, no mínimo, uns R$ 150,00. Ou 65 euros.

Hoje, no Abel, comemos uma posta de vitela dos deuses, tomámos um delicioso vinho da casa. Deixámos lá 13,25 euros.

sábado, 27 de agosto de 2011

Lá se vai o verão


Dizem, cá em Bragança, que o verão acaba aquando da festa da Nossa Senhora da Serra, no início de setembro.
Parece, contudo, que o final do calor antecipou-se, este ano.
Depois de dois dias tórridos, quarta e quinta da semana passada, a temperatura começou a cair e ontem à noite, quando resolvemos sair para deitar fora o lixo, fazia um frio terrível na rua.
Lembrei-me dos versos populares que me ensinou o primo Alípio:

Focinho de cão
e cu de mulher
Não conhecem v'rão

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Luta de Classes, quem diria,
acabou em Boletim Meteorológico


Avacalharam de uma vez por todas as ideologias.
Matéria de Filomena Naves publicada hoje no Diário de Notícias resume as conclusões de uma pesquisa divulgada pela revista Nature: existe uma correlação clara entre o fenómeno climático El Niño e o surgimento de guerras civis nos 90 países que sofrem a influência dele. Explica Filomena: “El Niño é um fenómeno periódico de aquecimento das águas do Pacífico, que ocorre a cada três a sete anos, e que tem repercussões à escala global, afectando os padrões meteorológicos em quase todo o continente africano, no Médio Oriente, Índia, sudoeste asiático, Austrália e Américas, onde vive metade da população do planeta. Nesses anos, a temperatura do solo sobe e as chuvas diminuem muito. No anos de La Niña, em que as águas do Pacífico arrefecem, acontece o contrário.”

Os pesquisadores chegaram mesmo a quantificar a tal influência:
“No estudo hoje publicado na revista Nature – que faz capa do artigo –, a equipa coordenada por Solomon Hsiang, da universidade de Columbia, escreve que os dados ‘ mostram que a probabilidade de surgirem novos conflitos civis nos países tropicais duplica nos anos de El Niño ’. “

Os mesmos pesquisadores fazem uma óbvia ressalva:
“Com prudência, a equipa sublinha que não é o clima apenas que desencadeia as guerras civis. Um mundo de problemas sociais e humanos conjuga-se sempre para que os conflitos aconteçam. Mas o estudo, dizem, mostra que o papel do clima é real e também mensurável. Em tempos de grande tensão, a meteorologia desfavorável pode ser o rastilho que ninguém queria. “

Mas a ressalva chega quando a vaca já se dirigiu ao brejo.

Ouso sugerir aos inefáveis cientistas políticos que passem a dedicar um tempo adicional ao estudo das previsões do tempo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O viúvo


- Como vai essa força?!

Há muito tempo não o via. Talvez por isso, cumprimentou o velho amigo com misto de prazer e surpresa.

Recebeu a resposta habitual para essas situações, a menos do final:

- Minha mulher faleceu há um ano.

Vestiu a expressão de consternado e retrucou:

- Meus pêsames, amigo.

E veio a surpresa:

- Pêsames o caralho!!! Tirei a sorte grande!

E pôs-se a contar como sua vida passara por uma revolução. Como se tornara alegre, feliz mesmo.

Despediram-se pouco depois, não sem que o amigo o convidasse para acompanhá-lo em algumas aventuras. Agradeceu o convite de modo protocolar.

Antes de voltar para casa, sem que isso fosse hábito seu, passou na florista e comprou flores para a mulher.

Ida ao Porto


A viagem de Bragança ao Porto fazia-se em 2 horas e alguns 15 minutos. IP4 de Bragança a Amarante, A4 daí ao Porto.
Com a construção da A4 até a divisa com Espanha, o tempo pulou para 3 horas. Há muitos desvios. Por um lado, é bom: esses desvios passam por pequenas vilas e revelam paisagens lindas. Por outro, fica-se cansado pelo que se assemelha a corrida de obstáculos.
Fomos e voltámos quase que sempre à luz do dia. Pudera: no verão, o dia - aqui - tem 15 horas. A noite nos envolveu já próximos de Bragança, às 21 horas.
Problemas burocráticos resolvidos, fomos revisitar a Adega e Presuntaria Transmontana 2, em Vila Nova de Gaia.
Decepção. O vinho tinto, um Cabeça de Burro, Reserva, 2009, estava excelente, ainda que em temperatura acima da desejável. A comida, contudo, sofrível. Para quem já saboreou um javali ou um polvo nessa casa, ambos decepcionaram. É pena.

Depois de algumas compritas em El Corte Inglés, o retorno a Bragança.

Doga nos recebeu com a cauda a abanar. Seu típico sinal exterior de felicidade.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Castanhas à vista!


Daqui a pouco, em outubro, virá a colheita das castanhas.
Hoje fomos a Passos visitar as primas.
Por já não ser turista, senti-me sem pressa.
Ficámos um bom tempo a jogar conversa fora com a Dora. Maria Tereza não estava em casa (como quase sempre), mas encontrámos Fernanda, que ruminava algum ócio na varanda da casa de amigos. Durante algum tempo conversámos na rua. Por fim, fomos à Zelinda. Por não estar a conduzir, pude tomar algumas pinguinhas. Vinho tinto delicioso preparado na aldeia.
O castanheiro abaixo é mesmo ao pé da casa do Alípio e da Zelinda.

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Também são do mesmo sítio as uvas que comporão futuro vinho.

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Saúde!

domingo, 21 de agosto de 2011

Restaurante Chefe Ruca


Na mesa ao lado, casal com dois filhos de algo como 8 e 10 anos. Crianças civilizadas, raridade nos dias de hoje.
Em mesa próxima, crianças nem tanto.
Restaurante rapidamente lotado. Assim é agosto em Portugal.
Comemos uma excelente posta de vitela, acompanhada de arroz, fritas e batatas ao murro. Estas últimas, deliciosas.
Vinho da casa, tinto. Por estar a uma temperatura um bocadinho alta, foi trocado pelo mesmo vinho, mas fresco.
Toda essa festa custou-nos 15 euros (R$ 34,50).
7,5 euros por pessoa. Nada mau.
Boa semana a todos. Semana que, aliás, começa com feriado em Bragança.

sábado, 20 de agosto de 2011

Salazar e eu


Dia desses fui à Conservatória de Bragança para obter uma via de minha Certidão de Nascimento.
Tenho a mania de querer falar como todo português legítimo. E - óbvio - não consigo.
Ao ser atendido pedi uma via de meu assento de nascimento. Errei. Tinha de ter falado:
- Quero uma via de meu assento de naximento.
É preciso, para ser português legítimo, ou quase, saber que sc pronuncia-se x.
Mas esse não é o ponto.
Acontece que todo português que nasceu (naxeu) fora de Portugal tem sua certidão de nascimento nas Conservatórias Centrais, em Lisboa.
Melhor: tinha.
Um processo de digitalização dos assentos de nascimento foi desenvolvido. Sabe-se lá qual foi o critério. Mas segundo algum critério, os assentos de nascimento foram distribuídos pelas Conservatórias do país para serem digitalizados.
E aconteceu que o meu assento de nascimento foi parar em... Santa Comba Dão!
Alô, meu amigo virtual António Neves. Passei a ser teu conterrâneo!
Mais ainda: passei a ser conterrâneo do Salazar. Que foi eleito recentemente o camarada mais querido (ou algo semelhante) de Portugal.
Nada contra. Pelo menos quanto a meu amigo da Voz do Seven.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Portanto


Na primeira vez em que cheguei a Viana [do Castelo], por ter reservado quarto na Pousada do Monte de Santa Luzia, parei junto ao carro de um taxista e perguntei-lhe:
- Como chego à Pousada do Monte de Santa Luzia?
O homem colocou a mão a segurar o queixo e mergulhou em seu GPS interno.
Nada.
Depois de alguns instantes, pausadamente:
- Monte de Santa Luzia... Portanto...
E prosseguiu, sem saída:
- Portanto...
Mais algumas repetições e - finalmente - veio-lhe à cabeça o caminho.
Agradeci e rumei para a pousada.
Mas portanto passou a ser, para mim, um pedido de tempo para o download de alguma ideia, de algum texto armazenado em lugar recôndito da mente.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Diálogos bragançanos


Na loja PT (tmn, meo, sapo), como é praxe em Portugal, funcionários solícitos dão toda a atenção possível ao cliente que estão a atender. A contrapartida de toda essa gentileza é que os demais clientes aguardam um tempo infindável o doce momento de serem tão amavelmente tratados.
Chegara minha vez. Estava a explicar ao funcionário uma por uma de minhas pendências com a PT quando aproxima-se do balcão uma senhora, lá pelos cinqüenta anos, a carregar uma caixa de papelão.
- Por favor, diz ela ao funcionário, só quero devolver este equipamento.
- A senhora precisa pegar uma senha e aguardar a sua vez.
- Não posso deixá-lo cá em um canto?
- Não! Se fizer isso, vamos deitá-lo ao lixo.
- Então posso eu deitá-lo ao lixo?
- Não, senhora. É preciso devolver o equipamento e levar um recibo. Pegue uma senha e aguarde.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Coração em festa


Chego a Bragança no domingo, 14. Portugal está em festa. Há portugueses aos montes. Explico-me: como se sabe, há mais portugueses no exterior que em Portugal. E quase todos vêm, em agosto, passar férias com os que aqui ficaram. Restaurantes lotados de portugueses, em geral a falar francês.
O sol exagera.
O calor nos envolve.
A paisagem do Parque Natural de Montesinho combina com Rumor, o novo livro de poemas de José Carlos Barros que encontrei na caixa de correio, ao chegar.

Tomei um porre. Pudera. Merecido.

Hoje, 15, dia da assunção da Virgem, quem sobe aos céus sou eu.

Nada virgem. Totalmente vivo.

sábado, 13 de agosto de 2011

Brasil: ame-o e deixe-o


O Brasil, do modo como eu o vejo, resume-se assim: o Artigo 252, inciso I, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece:
Art. 252. Dirigir o veículo:
I - com o braço do lado de fora;
[...]
Infração - média;
Penalidade - multa.

Dia desses eu dirigia na Av. João Dias, São Paulo, capital. A meu lado ia um professor de auto-escola (em Portugal, escola de condução).
Vejam a forma como conduzia o professor.

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Desse Brasil, despeço-me, despacho-me.

Adeus.