domingo, 27 de junho de 2010

O prato frio da vingança


Em 1.966 a Copa do Mundo de futebol foi na Inglaterra. O Brasil teve uma participação pífia e foi eliminado pelo time português de Eusébio. Eu, aos 21 anos, ainda ficava chateado com essas coisas.
Na final, Alemanha e Inglaterra disputaram o primeiro lugar de modo muito equilibrado. Por fim, a Inglaterra mandou uma bola no travessão do gol alemão, a bola caprichosamente bateu no travessão, bateu no chão - em cima da linha do gol (o que, pelas regras do futebol, não configura gol) - e o juiz deu gol para a Inglaterra. Com isso a Inglaterra foi campeã.
Hoje, 44 aninhos depois, a Inglaterra foi eliminada da Copa pela Alemanha, depois de ter empatado o jogo ao final do primeiro tempo com um chute no travessão do gol alemão. A bola caprichosamente bateu no travessão, bateu no chão - 33 cm após a linha do gol - e o juiz não deu o gol para a Inglaterra. Com isso a Inglaterra foi eliminada da Copa.
Se eu ainda tivesse 21 anos, talvez passasse a acreditar em algum tipo de justiça cósmica.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Par ou ímpar


Quase todo mundo já sabe que a equipe da Costa do Marfim precisa golear a Coreia do Norte e esperar que Portugal perca para o Brasil para poder continuar na Copa.
Mas há algumas situações que trarão a necessidade de decidir qual dos dois - Portugal ou Costa do Marfim - continua na Copa por meio de sorteio.
Basta, por exemplo, que o Brasil vença Portugal por 3 a zero e que a Costa do Marfim consiga passar pela Coreia do Norte por 6 a zero.
Pronto. Tudo terá de ser decidido no par ou ímpar.

Classe A, nível Z


Caetano Veloso é que disse algo assim durante um programa de auditório transmitido pela TV, no qual ele foi vaiado:
- Não há coisa mais Z do que um público classe A.

Os moradores do apartamento acima do meu são um casal em torno dos sessenta anos. Ele é, ao que parece, dono de uma construtora ou coisa parecida.
Quando estavam reformando o apartamento, antes de mudarem para ele, deram de meter uma britadeira para tirar o piso da cozinha. Quase colocam a minha cozinha abaixo. Não fosse o zelador correr lá para que parassem com aquilo e não sobraria nenhum copo nos armários aqui de casa. Isso tudo por se tratar de alguém do ramo. Imagine se fosse um leigo.
Nos últimos tempos, deram de orientar a empregada a arrastar a cama do casal para facilitar a limpeza ou lá o que seja. Mas tiveram o bom senso de dizer a ela que fizesse isso sempre depois das 9 horas da manhã.
Pois ontem, pouco depois das 8, a moça resolveu adiantar o serviço e toca a arrastar a cama. A Baixinha, que passara mal durante a noite graças a um almoço fora de casa, resolveu pedir à portaria que solicitasse aos vizinhos que aguardassem as 9 horas para arrastar a cama.

Pra quê.

A vizinha virou fera e foi aos gritos admoestar o porteiro. Gritava coisas do tipo:
- Sou eu que lhe pago o salário!
- Só por causa de uma cama arrastada tenho de ser advertida. Justo eu, que tenho de aturar as brigas e a gritaria do casal do andar de baixo! (eu e a Baixinha)
- Cala a boca! (esse era o estribilho)

Tudo dito de modo discreto, claro, claro. Aqui do alto podia-se escutar tudo nitidamente. Os prédios vizinhos também tiveram a ventura de acompanhar os detalhes do discurso da Casa Grande contra a Senzala.

A Baixinha desculpou-se com o porteiro por tê-lo metido nessa enrascada e eu esperei que o marido da fera chegasse, à noite, para explicar a ele que apenas havíamos pedido que a limpeza fosse postergada por uma hora, já que a Baixinha não estava bem. Sem falar que isso significa simplesmente pedir que respeitem o regulamento do condomínio. Além disso, queria saber dele o que eram as tais “brigas e gritaria” nossas.
Ele desconversou e alegou que tudo que conversávamos no quarto, à noite, ele ouvia nitidamente. Deu como exemplo, uma discussão nossa, na noite anterior, “a respeito do cachorro”.

Evidente: não tinha havido nenhuma “discussão sobre o cachorro” nem naquela noite nem em nenhuma outra. Ele estava blefando.

Demos por encerrado o “caso” e fomos dormir.

Acordei, agora de manhã, com uma ideia:

Não fosse falsa a afirmação dele de que ouve nossas conversas, faria algo assim:

Lá pelas 11 e meia, meia-noite, diria em tom de voz que ele pudesse ouvir:

- Amorzinho, já pedi a você que não deixe seu olho de vidro neste copo. Costumo fazer gargarejo com ele e vou acabar engolindo seu olho por engano.

Ou então:

- Querida, não esvazie essa garrafa de vômito. Vou levá-la ao laboratório pela manhã.

Talvez meu vizinho passasse a usar uns tapa-ouvidos para dormir.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

De volta a São Paulo


O final das férias foi tumultuado. A casa de pernas pro ar, graças às mudanças que resolvemos promover.
No feriado que em Portugal é conhecido como "Corpo de Deus" e no Brasil, como todo mundo fala latim, é chamado de "Corpus Christi" deveríamos ter ido a Passos. Não houve energia para tanto.
Na sexta partimos para o Porto, para embarcar no sábado em direção ao Brasil.

Nesta terça-feira, 8 de junho, aniversário da Baixinha, almoçámos em um restaurante português no Tatuapé, o Bacalhoeiro. Simplesmente perfeito. É verdade que fica um bocadinho longe de minha casa. Demorámos pouco mais de uma hora para chegar lá, de carro, com pouco trânsito. Mas talvez isso seja um defeito meu, ou de minha casa, e não do restaurante.

Agora, bola pra frente. Aliás, durante o próximo mês não se vai falar de outra coisa: Copa do Mundo.

A todos, continuação.