domingo, 30 de julho de 2006

Cultura


Hoje dediquei parte do meu domingo a transpor para cá posts do meu antigo blog no Mblog, todos de maio de 2.004.
Quando transpunha o post Melhor que ambrosia (20 de maio de 2.004), percebi que vários links já não remetiam a sites existentes. Tive de substituí-los. Até aí, nada excepcional.
O surpreendente foi quando cliquei no link referente ao Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. Ele remetia a uma página dentro do site do Teatro Municipal de São Paulo. A tal página já não existe. Mas o endereço

http://www.theatromunicipal.com.br

leva você a contemplar a linda fisionomia do Gabriel Chalita, um camarada folclórico, amigo do peito do Picolé de Chuchu, que era Secretário da Cultura do Estado de São Paulo e, ao que tudo indica, tomou conta do endereço do Teatro Municipal na Internet.
Ele é autor de livros de auto-ajuda, já gravou discos com canções (acho que de sua própria autoria), coisas assim.

Se no link acima não aparecer a carinha dele no primeiro clique, dê refresh até aparecer

Portanto, ficamos assim: se o companheiro Lulla for reeleito, a Cultura Brasileira continuará entregue a Gil, dono de um dos mais rocambolescos blablablás já ouvidos em língua portuguesa.
Caso ganhe o Ai-de-mim, nossa Cultura será supervisionada por Chalita.
Na remota hipótese da vitória de HH...
Paremos por aqui.
Basta a cada dia seu mal.

sábado, 29 de julho de 2006

Sangue


“O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado.” (1º João 1:7)

Parece que os políticos evangélicos fizeram uma interpretação nada ortodoxa desse texto bíblico.

sábado, 22 de julho de 2006

Terra à vista?


Quando o PT revelou ao distinto público seu lado depois-de-tantos-anos-de-luta-a-gente-merece-uma-boquinha, sobrou uma coisa boa, pelo menos na minha opinião: saiu de cena o partido moralistão, cheio de éticas e princípios. Abriu-se espaço pra discutir o que fazer com este país.
Só que tem gente que não desiste. As viúvas do PT-vestal correram pro PSOL, da dona HH.
E dá-lhe discurso moralista. Como interessa aos tucanos inflar HH pra ver se cavam um segundo turno, começaram a jogar azeitona na empada da moça.
Vai ser engraçado (ou trágico, como preferir) se Lolô passar o picolé de chuchu e for pro segundo turno com o Não-sei-de-nada.
Continuamos à deriva.

Querido, vamos matar meus pais?


Todo o bla-bla-bla da sentença que condenou Suzane Richthofen e os irmãos Cravinhos pelo assassinato dos pais dela pode ser resumido assim:

O júri quase absolveu Suzaninha paz e amor. Foi condenada por 4 a 3. Um voto apenas que mudasse e pronto: estaríamos todos autorizados pelo júri a matar pais à vontade.
A pena, então, é uma gracinha. A doce mocinha vai cumprir uns três aninhos mais de tranca e pronto. Aos 26 aninhos, por aí, estará na rua.
Está certo que ela nunca mais matará os próprios pais. Isso eu garanto. Mas, por via das dúvidas, quando ela vier pra rua espero já estar a morar bem longe daqui.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Nojo do Itamaraty


Talvez por estar com uma gripe brava, daquelas de derrubar por mais de duas semanas, estou um tanto iracundo.
O que não significa que tudo que eu diga seja bobagem. Há verdade na raiva. Alguma.
Por exemplo: estou com nojo do Itamaraty. O tal Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Deixa esclarecer o seguinte: quando algum grupo de jovens resolve fazer uma excursão na Serra do Mar e se perde, várias unidades de bombeiros, salva-vidas e o scambau, vão procurá-los. Usam helicópteros, o diabo. Penso que, uma vez sãos e salvos os idiotinhas, o Estado deveria ser ressarcido das despesas pelas famílias dos aventureiros.
Agora. Quando brasileiros (tenham sotaque ou não) estão a visitar parentes no Líbano e surge uma guerra, repentina, penso que o Brasil deveria mandar aviões, navios, submarinos, o que fosse preciso, para garantir a saída incólume desses brasileiros do território libanês e sua volta ao Brasil. Tudo isso muito rapidamente, de preferência antes que morressem vários brasileiros nessa carnificina, como já morreram.
Ao invés disso, o que temos em nossas representações diplomáticas mundo afora é um bando de indivíduos acomodados, que mandam as pessoas desesperadas ligarem na segunda-feira porque a embaixada não funciona aos sábados e domingos.
São tão assassinos quanto os que jogaram as bombas que mataram os brasileiros indefesos que lá ficaram, desprotegidos.

domingo, 9 de julho de 2006

Uma Copa sem vencedor


Itália. Campeã? Pelo regulamento, sim. Meu pouquinho de sangue italiano também fica satisfeito. Mas futebol, futebol mesmo, nada.
Penso que Itália e França deveriam ser proclamadas vice-campeãs.
Zidane expulso por dar cabeçada no adversário, fora do lance. Final fantástico. Chega de heróis, mitos.
Aliás, acrescento: a seleção brasileira, aquela, é a equipe da CBF, Confederação Brasileira de Futebol, entidade de direito privado. Trocando em miúdos, uma empresa como qualquer outra. Aliás, a FIFA exige que as confederações de cada país sejam autônomas em relação a instituições nacionais. Já reparou no escudo brasileiro? Tem CBF escrito. Lá embaixo, um BRASIL, miúdo.
(tente conhecer o Estatuto da CBF. Eu não consegui)

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Déjà vu


Xico Vargas, em No Mínimo: Uma geração de idiotas?

Comentário deste blog: Mais uma?

Dificuldade


Primeiro, eram os escândalos políticos, as CPI, os mensalões.
Aí veio a Copa 2006.
Agora, é a novela das oito, com seu final cheio de truques (portugueses não se animem: o final aí em Portugal será diferente. Até nisso eles pensam).
Em seguida, Eleições.

Como é difícil entrar em contato com a realidade, neste País.

terça-feira, 4 de julho de 2006

Era uma vez - XXXI
A cela dos travestis


Não sei por que, pois nunca tive acesso ao térreo do Pavilhão 2 do Presídio Tiradentes, mas bem embaixo do Xadrez 12, onde eu morava, ficava o Xadrez 14, do Corró. Devia ser alguma diferença na geografia – digamos assim – dos dois andares.
Era nessa cela que ficavam os travestis.
Nada, para eles, era passível de comportamento discreto. Viviam todas as situações com exagero, exacerbação. Afinal eles (ou elas) talvez estivessem sempre entre os mais perigosos habitantes do corró.
Nós, quietos moradores da 12, primeiro andar, tínhamos o privilégio (vá lá, digamos privilégio, sim, em algum sentido) de assistir – por meio das sombras projetadas na muralha próxima às janelas das celas, aos shows de striptease realizados a todo momento. Pode-se ao menos dizer que eram executados com capricho.
Mas também ouvíamos com freqüência gritos de dor e de fúria, resultados de lutas de vida ou morte entre eles. Tenho a forte impressão de que houve mortes ali, talvez várias.
Os travestis ajudavam os carcereiros a aumentarem seus rendimentos mensais. Volta e meia, eram levados ao longo da Ala (corredor das celas), expostos aos olhares de cobiça dos demais presos. Efetuada a venda, o carcereiro levava sua comissão.
Vez ou outra, um carcereiro levava alguns travestis para desfilarem no primeiro andar. Pura diversão, pois sabiam que os presos políticos não fariam negócio. Os travestis desfilavam super pintados, maquiados ao exagero, com roupas esvoaçantes. Legítimos Toulouse Lautrec.



Era – a um só tempo – distração e demonstração do ponto a que pode descer o ser humano.
O mito da caverna, aqui, se invertia: era bem melhor assistir às imagens na muralha do que confrontar-se com a realidade do desfile na Ala.