sábado, 28 de fevereiro de 2004

Camboinhas


Pois é. Acabou. Deixamos Camboinhas pra lá e voltamos a São Paulo. Se você olhar a foto lá em baixo (em "Camboinhas (ou J. Pinto Fernandes)", de 06/02/04), com um pouco de boa vontade você vê uns prédios ao fundo, entre o mar e a lagoa de Itaipu.

A gente estava em um daqueles prédios. Da sacada do apê, a visão do mar era esta:

Já a Lagoa de Itaipu era vista assim:

Ano que vem tem mais. Tomara!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

Cienciarte de pegar/(descer d') o bonde-andando


Nos anos 50, em Santos, o transporte coletivo era feito primordialmente por meio de bondes. Até aí nada. Em São Paulo, nessa época, também predominavam os bondes. Só que em Santos os bondes eram abertos. Em São Paulo também houve bondes abertos mas o bonde característico era o camarão, pintadão de vermelho, fechado. Pra você ter uma idéia, era um ônibus andando em trilhos. Já o bonde aberto era outra coisa

Esse bonde aí é uma restauração feita em 2.000. Mas mostra bem como as laterais eram abertas, mostra os dois estribos em níveis diferentes (o debaixo era mais saliente). Repare no travão (verde) onde as pessoas apóiam o braço e que atravessa toda a extensão do bonde à meia altura. Esse travão podia ser levantado até o alto do bonde e preso lá em cima para liberar a subida e descida dos passageiros.

O bonde que me interessa é esse aí. Repare que há pessoas em pé nos estribos. Podia-se viajar ali. Claro que só os homens o faziam. As mulheres iam sentadas no interior do bonde (será que houve alguma maluca que rompeu esse tabu? Cartas para a redação). O fato é que os estribos tinham forte relação com a masculinidade. Calma que eu explico.

Primeiro o já dito: só os homens viajavam em pé nos estribos. Mas o mais importante: pegar o bonde (ou descer dele) em movimento era algo que um garoto precisava fazer se quisesse ser considerado Homem! E isso implicava o domínio dos estribos e dos balaústres (barras verticais nas quais era preciso segurar) (na foto do bonde restaurado dá pra ver melhor as tais barras. Elas eram metálicas, douradas). E, é claro, como em toda arte, havia várias maneiras e estilos de se subir n'/descer d' o bonde-andando.

Pra pegar o bonde não havia muita variação. Você ficava parado ao lado dos trilhos, olhando para o bonde que vinha em sua direção. Quando ele passava por você era pegar ou largar: você tinha de avaliar se a velocidade do bonde era ou não era excessiva. Essa avaliação era o cerne daquele ato. Se você decidia que dava e segurava no balaústre, das duas uma: ou você estava certo e a vida seguia feliz com o vento batendo em seu rosto e a masculinidade reafirmada ou você avaliara tudo errado e as conseqüências eram variadas, todas desastrosas: roupa rasgada, arranhões, hematomas, sorrisinhos de escárnio dos passageiros etc etc. Se você decidia que não dava e seu amigo pegava o bonde galhardamente, nem preciso dizer mais nada, né!

Pra descer do bonde havia basicamente duas grandes categorias: descer olhando pra frente ou descer de costas, ou seja, virado no sentido contrário ao movimento do bonde. Descer de frente era o feijão-com-arroz. Era saltar e correr pra evitar que a inércia atirasse você de cara no chão. É óbvio que quanto maior a velocidade do bonde mais difícil manter o equilíbrio ao descer. Aqui também havia o momento da avaliação. A vantagem é que dava pra disfarçar um pouco. Se você ficasse com medo de saltar, ninguém precisava saber que sua pretensão havia sido essa...

Descer de costas é que eram elas! Apanágio dos fiscais e grande objetivo a ser alcançado pela garotada, o descer-de-costas exigia uma destreza não muito comum. Era preciso - ao pular ao chão - dobrar o corpo para frente pra impedir que a inércia jogasse você de costas no meio da rua. Os fiscais - que passavam constantemente de um bonde a outro - faziam isso como quem descasca uma banana. Pra nós, pequenos, havia que começar por treinar em velocidades bem reduzidas, que o seguro morreu de velho. Quando se adquiria alguma habilidade na realização do ato, passava-se a caprichar nos detalhes pra mostrar Estilo.

Dos bondes me ficou (além da frase "Tudo na vida é passageiro, menos o cobrador e o motorneiro") o acelerado do coração na hora agá do sobe e desce. É. Quase uma iniciação sexual.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

Passos Santos

Pastor Alberto Augusto
Ele completaria 98 anos hoje. Nasceu em Passos, freguesia de Vilar Seco de Lomba, concelho de Vinhais, distrito de Bragança, Portugal. Partiu para o Brasil em 1920, aos catorze anos. Fixou-se em Santos, São Paulo, onde viveu até o fim. Foi professor. De História, de Latim. Mas foi, sobretudo, pastor. Em um tempo em que ser pastor era diferente do que é hoje (para ser eufemístico). Hoje ele é nome de rua em Santos e nome de escola em São Vicente. Mas, para mim, não é nada disso. É meu pai.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004

Camboinhas (ou J. Pinto Fernandes)


Amanhã vamos pra Camboinhas. Essa praia oceânica de Niterói é pra mim o que J. Pinto Fernandes é para o poema Quadrilha, de Drummond. Ou melhor, era. Agora, já faz parte dos planos.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2004

Elsa Joana de Morais Nunes Ribeiro Alves


Elsinha tem esse nome enorme mas é pequena ainda e tem só onze anos. Escreve desde os oito e já ganhou alguns prêmios. Vive em Bragança, Portugal, com os pais. É neta de minha prima Zelinda. Aí vai uma amostra de seu talento. Aos poucos vou mostrar outros textos. Calma.

A Folha da Árvore Foi Abandonada


Era uma vez uma árvore que tinha muitas folhas. E pensou que não iria aguentar com elas, pois já estava velha demais e disse à sua vizinha:
- Tenho que abandonar uma das minhas folhas, pois pesam-me tanto que não consigo estar direita e o meu tronco já baloiça com o vento.
As folhinhas quando ouviram isto ficaram muito atrapalhadas e comentaram:
- Alguma de nós tem que partir pois a nossa árvore está velha, tem cabelos brancos e já usa óculos.
Chegou a noite e a folhinha verdinha decidiu partir mas não esqueceu o seu perfume. Levada ao sabor do vento passou pelo oceano e foi parar a uma ilha. Nesta ilha havia um restaurante à beira-mar. Ela decidiu entrar por uma panela que estava a fumegar.
Realmente ela deu um jeito naquele prato, pois ela era uma deliciosa folha de louro.

Temperaturas


Hoje a temperatura em Santos é de 29°C.

A temperatura em Passos é de 15°C.

A média é 22°C. Temperatura dentro da cabine do avião que leva daqui lá.

Pena que tudo isso não signifique rigorosamente nada.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004