quarta-feira, 30 de junho de 2004

O Ocaso da Laranja



(Foto de Rita Silva)


Eu acho é pouco,
Eu quero é mais.

Daqui a pouco


Alguém vai morrer.
Daqui a pouco, alguém cansa.
Logo logo, o trem passa,
O cigarro acaba,
Um par dança.

Daqui a pouco, o rei se cala,
O povo sai em passeata,
A bolsa cai, o dólar sobe.
A conjuntura muda,
o nó desata.

Só mais um pouco
e surge a aurora.
Mesmo já já o dom explode,
A arte se incendeia,
Tristeza vai embora.

Não se amofine.
É quase o minuto.
Os sinais já se mostram,
O tempo galopa,
Seu chegar eu escuto.

sábado, 26 de junho de 2004

A próxima vítima


O jogo de hoje entre Holanda e Suécia foi um marasmo (quase) completo. Não fossem duas bolas na trave ao final e - claro - a disputa dos pênaltis, e a coisa toda teria sido muito insossa.
Se hoje eu estivesse em Faro (ah! se estivesse!) ao invés de ir assistir a esse joguinho, acharia mais animado ficar a observar as conversas das velhinhas em "O Seu Café".

Religiões


João Vasco, do Diário de uns ateus, descobriu na Internet uma lista de religiões que parece ser - além de exaustiva - bastante acurada. Pelo menos o teste que fiz (procurei 'Antroposofia') deu excelente resultado.
Pra quem gosta, prato cheio.

sexta-feira, 25 de junho de 2004

Decreto


A partir de agora,
o seleccionador Luiz Felipe Scolari
é promovido a
Luiz Felipe Universitari.

Saída da Missa


Entreouvido de uma mulher cujo marido - ao que tudo indica - dedica-se mais aos assuntos do Senhor que às necessidades da senhora:
Haja sacro!

quinta-feira, 24 de junho de 2004

Portugal x Inglaterra (on line)


Só três minutinhos de jogo e já um a zero?!?!
58% de posse de bola no primeiro tempo não adiantaram...
Mas Portugal está melhor. Não há dúvida.
Veremos o segundo tempo.
Portugal decaiu no segundo tempo.
Quem jogou - e muito bem - foi o Felipão.
Substituições precisas.
Resultado justo.
Vamos à prorrogação.
Qualquer que seja o resultado, Portugal está de parabéns.
Prorrogação: belo gol (golo?) de Rui Costa.
Lampard (quase) estraga a festa.
Vamos às penalidades:
Heróis do jogo: Felipão e Ricardo.
Considerando-se que muitos queriam Vítor Baía e Felipão insistiu com Ricardo, resulta - silogisticamente - que Felipão é o herói.
Amém.
(não quero sofrer assim pelo menos até quarta-feira...)

Sem cabimento


- Morzinho! Que troço é esse que cê comprou pro Bruno?
- Um jogo de cubos, ora.
- Mas como! Você não tinha nada mais deseducativo pra comprar pra ele?!?
- Como, deseducativo! Comprei naquela loja lá, onde a gente esteve outro dia, de brinquedos educativos.
- Mas você não percebe? Com esse jogo ele vai acostumar-se a um universo em que tudo encaixa perfeitamente. Cubo menor dentro de cubo maior, esse por sua vez no cubo maior ainda. E daí por diante. Isso não tem nada a ver com a realidade. Nada a ver. Entende!? Na melhor das hipóteses, é um universo cartesiano. Pão pão, queijo queijo.
- E daí?
- Daí que não é assim que funciona! Era preferível comprar pra ele o disco Saiba, do Arnaldo Antunes. Tem aquela faixa 'Cabimento', lembra? Aí o Bruninho ia começar a sacar a dialética da vida. Que o que cabe em outra coisa também pode conter essa outra coisa. Isso.
- Mas ele só tem três aninhos!!!
- Por isso mesmo! Vamos começar a enganar a criança desde cedo?!?

quarta-feira, 23 de junho de 2004

O que o ser humano não uniu,
Deus nem tente


No meio daquele frio danado, ela chegou. O apartamento era ainda novo, as paredes, dizem, demoram a secar. Faz mais frio em apartamento novo. O fato é que estava gelado. Ela entrou, aquele sorriso enorme, moreno, embrulhada por um enorme casaco.
Marina era um papo pra lá de bom. Divertida, amiga, sarcasmo na medida, carinho na dose certa.
Hoje estava um pouco séria. Fora do habitual, foi logo dizendo: tem que ser com você. É importante. Eu escolhi você.
- Mas Marina. Você não sabe o que está dizendo. Você pensou bem?
Claro que pensei (ela já meio sem paciência). Você é o cara mais bacana que já conheci. Eu tenho que perder a. Você sabe, não dá mais pra ficar assim. Tenho quase vinte anos. Você me inspira confiança. Eu quero.
- Mas, caramba, isso não é assim. Sem mais aquela. Ainda por cima você acabou de ser operada. É até arriscado. Sei lá.
Você não vai dizer que não quer, né. Você não gosta de mim?
- Marina, eu te adoro. Mas.
Então.
Foi quase ridículo, não fosse Marina a coisa mais fofa do mundo. Ele, também, era de uma inexperiência quase total, imperdoável. Foi um puxar casaco pra cá, cobertor pra lá. Cuidado com os pontos!
Depois foi aconchego, tranqüilidade. Com Marina era sempre assim, gostoso de conviver.
Mais tarde, no tempo que se seguiu, as coisas não se encaixaram. Surgiu Elen, Marina não entendeu. Pudera, ninguém entenderia, ninguém entendeu.
Outras vezes, no futuro mais distante, reencontrou Marina. Sempre o sorriso farto, um pouco cansado talvez.
Não sei como é o nome da saudade do que não houve.
Se soubesse diria agora. Como não sei, fica o nome de Marina.

terça-feira, 22 de junho de 2004

Os oceanos e seus engodos


A primeira vez que vi o Oceano Pacífico e senti sua água em minhas mãos foi em Viña del Mar, Chile. Parado ali, naquela praia sofisticada na qual as pessoas passeiam bem vestidas, as mulheres de sapatos de salto alto e vestidos longos, os homens não raro de terno, duvidei da honestidade daquele marzão. Pudera, minha fantasia de criança nascida à beira sul-americana do Atlântico era a de um Oceano Pacífico em que as ondas saíam da praia em direção ao alto mar, a manter a ordem das coisas oceânicas, que não lhe fica bem ao Pacífico deixar que o Atlântico saiba que está a confundir as coisas.
Vi as ondas baterem nas pedras continentais, a areia receber aquela mesma espuma a que me acostumara do lado de lá, de cá, que sei eu. Já não sei mais nada.
Este oceano está a rir-se de mim. Disso não há dúvida.

segunda-feira, 21 de junho de 2004

Da crueldade das mães



Meu amigo Carlos Alberto, psicanalista de cuja convivência sinto saudade (há um tempão não o vejo), estava a disputar comigo um dia a respeito de qual de nossas mães teria sido a mais cruel.
Calma. Diga-se logo que as duas eram boníssimas com seus filhos. Falávamos de galinhas.
Alto lá. Ambas eram senhoras de reputação ilibada. Conversávamos era sobre galinhas mesmo. Aquelas que fazem cócóricó e botam ovos. E discutíamos as diferentes técnicas que nossas respectivas mães utilizavam para matá-las, aos domingos pela manhã.
Está bom. É preciso explicar tudo a estas novas gerações de usuários/utentes de supermercados. Pensam que as galinhas já nascem aos pedaços, sem penas, lavadinhas e ensacadas em bandejas de isopor revestidas de filmes.
Nem sempre foi assim, filhinhos. Fui criado em Santos, em casa com grande quintal onde conviviam girassóis, caramboleiras e bolas de gude. Toda quinta-feira era dia de feira em nossa rua. Entre outras compras, minha mãe quase sempre incluía uma galinha. Mas era galinha mesmo, inteirinha e vivíssima. A penosa passava a viver em nosso quintal, faustamente instalada, tendo à sua disposição minhocas a granel. Bastava pinçá-las da terra, técnica em que todas eram mestras.
Feliz ou infelizmente, durava pouco a alegria da coitada. Domingo pela manhã, antes de irmos para a igreja, minha mãe descia ao quintal, faca e um prato fundo nas mãos. Prosaica e calmamente, raspava as penas do pescoço da supra mencionada, prendia o corpo da mártir com os pés e serrava-lhe o pescoço, não sem cuidar que o sangue derramasse inteiro no prato (que para tanto servia). De resto, eram os preparativos previsíveis. Ao almoço, saboreávamos a falecida, quase sempre acompanhada de farto macarrão ao sugo.
Já não era assim que procedia a doce genitora de Carlos Alberto. Segundo seu insuspeito relato, sua mãe não se utilizava de faca. Catava o pescoço da infeliz com as duas mãos. Bastava, então, efetuar rotações em sentidos inversos com ambas as mãos, de modo brusco. Pronto. Estava estrangulado o futuro almoço.
Qual das duas era mais benevolente?
(ouvi alguém dizer 'benevolente'?!? Isso é porque não sou galinha)

domingo, 20 de junho de 2004

Necessidade e Virtude


Engraçado. Há coisas que por serem necessárias - mas penosas - precisam ser envoltas em aura de virtude. Pra ficarem mais palatáveis, menos assustadoras, incômodas.
Exemplo? Acordar cedo. A maioria das pessoas precisa acordar cedo. Diariamente. Surgiu, em função disso, a tese do 'Deus ajuda a quem cedo madruga'. Há, de um lado, a divinização do cedo-despertar. De outro, abomina-se a pessoa que acorda tarde. Tudo para tornar mais suportável a necessidade de acordar cedo. Agora, que há muita hipocrisia nisso, lá isso há. Já faz tempo que, volta e meia, faço um 'teste': como de vez em quando caio da cama cedo em domingos ensolarados (ou não), pego o telefone lá pelas oito horas e ligo pra algum madrugador conhecido. Nunca deu chabu. A pessoa - invariavelmente - atende com aquela inconfundível voz de sono profundo. E nega (!) que estivesse a dormir. Imagina! Acordei faz tempo!
Outro desses fenômenos de transformação de necessidade em virtude ocorre com a morte. Ela mesmo. Tudo indica que a gente vai morrer um dia. Está certo que não existe prova disso. Mas convenhamos, parece inevitável. Afinal, até hoje parece que as pessoas todas insistem em morrer. Por que escaparíamos? O fato é que - além de inevitável - a morte parece ser uma coisa muito chata. Quase todo mundo gostaria de adiá-la indefinidamente. Daí pra criar toda uma mitologia em torno da própria não dá nem um passo de distância. E tome vida eterna, anjinhos a voar com graciosidade, céus deslumbrantes e o diabo (ops!). Tudo isso pra tornar a perspectiva da morte algo mais digerível.
Tá bom, que seja. Cada um alivia suas dores como pode. Mas algumas coisas não encaixam bem. Exemplo? Enterro de crente. O pessoal fica dividido entre chorar e justificar porque está a chorar. Afinal, se morrer é passar desta pra outra muuuito melhor, pra que a choradeira? Ah! é saudade de quem se foi, dizem. Tá bom. Então vai junto! Qual o problema?
Que nada. Choram de saudade, louvam a maravilha que estará a viver o defunto, mas se agarram com unhas e dentes a esta vidinha vagabunda deste vale de lágrimas.
Li em lugar incerto, em tempo indeterminado, que existiu uma tribo primitiva qualquer na qual a família era enterrada com o patriarca falecido. Deixo aí a sugestão aos fiéis de todos os cultos.
Coerência gente. Coerência. Todos pra cova. E me deixem dormir.

Desejos


É claro que desejo a vitória de Portugal no jogo de amanhã contra a Espanha.
Tenho até o palpite de que o resultado vai ser 3 x 1.
Agora: não sei se é pedir demais, mas desejo que o jogo não seja tão dramático quanto República Tcheca 3 x 2 Holanda.
Sacumé. Coração aos pulos pode tropeçar.

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Comentário pós-jogo: ou o Costinha pára de perder gols feitos ou minha aorta vai dilatar-se uns perigosos milímetros durante essa Euro2004.
Mas... seguimos!

sexta-feira, 18 de junho de 2004

Saiba



Escute pedacinhos das músicas desse CD belíssimo. Aqui.

Desmame



- Mãe, já vou.
Ela olhou sem olhar, nem acreditando.
Ele, apressado. A vida a esperar lá longe, pra onde ia.
Os homens no caminhão já se encaixavam entre os móveis, prontos para a partida. Poucos móveis. Cama, sofá, algumas cadeiras, quase nada.
Pra ela, era tudo que se ia.

quarta-feira, 16 de junho de 2004

Sombra e luz


Deixei o dia escorrer. Preservei a noite. O dia é ação, o sonho é interpretação. Espero que ele role, pra surpreendê-lo. Basta segurar uma pontinha e puxar. O novelo se desfaz, o sentido surge. Aos poucos, confuso. A razão atrapalha, negativa, a razão. Há camadas de sentido, arte. Fluir por elas é satisfação de desejo. Sonho. Emergir dele com um floco de sentido na mão. Ilusão.
Abandonei a noite. Furei o dia, com sua luz indecente de outono. O sono é morte, a vigília ilha. Sobrevivência. Corre-se atrás. Foge-se para. Aproximam-se blocos racionais, cubos de razão. A arte corrompe, co-rompe. Incomoda. Moda.

terça-feira, 15 de junho de 2004

Obviologia


Se você achou as pesquisas do DATAPASSOS, apresentadas ontem, um pouco sobre o óbvias, você ainda não viu nada.
A Folha de S.Paulo de hoje traz algumas conclusões de estudo realizado no Hospital do Câncer de São Paulo. A manchete do caderno Cotidiano é "Baixa escolaridade reduz cura do câncer". Sobre tal descoberta, a epidemiologista Karina Ribeiro comenta: "a baixa escolaridade pode estar relacionada à dificuldade de acesso aos serviços de saúde, à falta de informação sobre os fatores de risco (...)" e por aí vai. Como se não bastasse, vem o diretor do centro de pesquisas do Hospital e bate de voleio: "a baixa escolaridade está associada à pobreza que, por sua vez (...)" etc etc etc.
Vou passar a noite sem dormir, pensando nessas revelações.
E tem mais: dois elefantes atrapalham muita gente, mas três atrapalham muito mais.

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Pesquisas


O Instituto DATAPASSOS pesquisou em quase trinta capitais brasileiras (só não pesquisou em mais porque não tem tanta capital assim) os usos e costumes dos brasileiros e chegou a conclusões interessantes:
1) As camadas menos favorecidas da população (também conhecidas como 'povão') comem menos caviar 'per capita' ou 'per qualquer critério' que a alta burguesia.
2) Os jovens que usam Internet o fazem por meios eletrônicos (parece que em outras faixas etárias esse fenômeno também ocorre, mas isso já é outra pesquisa).
3) Quem vota em candidato a deputado que não se elege, tem memória fraca ou é pouco observador. Diante da pergunta "Como está a comportar-se no Parlamento o deputado em quem votou nas últimas eleições?", invariavelmente respondem que não sabem.
4) Um elefante incomoda muita gente, mas dois elefantes incomodam muito mais.

sábado, 12 de junho de 2004

feijoada


Logo após a derrota de Portugal, a baixinha e eu partimos para o Rubayat da Cidade Jardim. Nada como curar uma decepção com uma feijoada daquelas, acompanhada de caipirinha com cachaça Espírito de Minas (prefiro Coluninha mas acho que no Rubayat não tem). Meu! Que feijoada! Saí de lá a pensar (se é que isso é possível a essas alturas): em Portugal come-se como em nenhum outro lugar do mundo. Mas Rubayat e Fogo de Chão não se encontram a não ser em São Paulo (tá bom, Fogo de Chão já tem até nos EUA, mas você entendeu, né não?). Sabe o que mais? Vou dar uma morridinha temporária e ressuscito daqui a umas horinhas.
Fui!

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Portugal X Grécia


Trata-se de jogo difícil, esse de amanhã. Pior: enganoso. Ninguém dá nada pela Grécia. Afinal, o país não tem tradição no futebol. Daí conclui-se que Portugal vai passear em campo e faturar os três pontos com facilidade. Não é bem assim. A Grécia classificou-se para esta fase final da Euro2004 superando a Espanha. Não é pouco. Além disso, Portugal vai começar a jogar com o peso da responsabilidade de ganhar a qualquer custo. Quem sabe, dado esse nervosismo natural do início da partida, a Grécia não se aproveite para fazer um gol lá pelos seis minutos iniciais da partida. Daí em diante, Portugal pode até evoluir, mas a Grécia terá a seu favor o desespero crescente da equipe de Escolari.
Por falar em Luiz Felipe, claro que ele não vai querer colocar, desde o início, a base do F.C.Porto. Vai que dá certo. O mérito se lhe escaparia das mãos. Mas, no segundo tempo, se o time estiver perdendo, não haverá outra opção. É colocar Deco ou morrer. Mas aí talvez seja tarde. Sem mexer no esquema de jogo, pode ser que Portugal sofra mais um gol. Por ironia - quem sabe? - talvez aos mesmos seis minutos de jogo, agora do segundo tempo.
Nem quero pensar em tal possibilidade. A tensão subiria a graus insustentáveis. Portugal se debateria inutilmente. Mesmo que ao final surgisse um gol - quem sabe de cabeça, em cruzamento da esquerda - nada disso impediria a derrota.
Impossível. Pesadelo tem hora. E não é agora.
(mas brincadeira pode ser a qualquer momento, mesmo depois da decepção de uma derrota como a de hoje, 12 de junho)

quinta-feira, 10 de junho de 2004

Trampólatras


Há algumas discussões que são cronicamente desfocadas. Uma delas é a que versa sobre o tamanho das férias dos deputados e senadores, o número de dias que trabalham por semana, o salário deles e seus benefícios.
Vamos começar por estabelecer algumas verdades elementares, ainda que nem sempre percebidas por todos (sim, há verdades. É raro, mas há). Não há a mais remota possibilidade de um indivíduo chegar a deputado federal ou senador se ele não for um tremendo workaholic. Pra quem não sabe, essa palavra não tem equivalente na língua portuguesa. Um neologismo adequado para traduzi-la - mas quase impronunciável - seria trabalhólatra. Ou seja, estamos falando do cara que é trabalhador compulsivo. Como a linguagem popular registra trampo como sinônimo de trabalho, podemos traduzir workaholic por trampólatra.
Voltando à nossa primeira 'verdade'. Deputados e senadores são todos trampólatras. Pode crer. A quais finalidades é voltado o trabalho deles? Isso é outra coisa. Mas que eles trabalham alucinadamente, lá isso é fato. Portanto, não há nada mais ridículo do que ficar cobrando mais trabalho deles, menos férias, mais dias de trampo por semana etc etc etc. Tudo isso é raciocínio de eleitor que dá duro e sonha em poder ficar no mole, descansando. Políticos odeiam descansar. Pra eles não há feriado, dia santo, fim de semana. Adoram poder dar entrevista pra programa das seis da manhã em uma rádio e terminar o dia em alguma reunião que atravesse a meia-noite. Tudo isso rende voto e bons negócios.
Outra: salários, benefícios (passagens aéreas etc), são preocupação apenas de deputados e senadores que - sejamos eufemísticos - não resolvem seus problemas econômico-financeiros de outra forma. O eleitor deveria prestar atenção nos deputados/senadores que pedem aumento de salário. Isso quase sempre indica que eles vivem disso. Pense na possibilidade de votar nesses. Os que realmente estão esfolando o contribuinte não estão nem aí pra salário, coisas assim. Pra eles isso é varejo.
Chega de verdades por hoje. A verdade cansa. E hoje é feriado de Corpus Christi. Que diabo, eu não sou político.

www.luccks.com


Hoje acabou o ChargesBR, do Luis Tamiosso. Parece que ele volta nesse endereço aí. Vamos esperar. Que não demore.

terça-feira, 8 de junho de 2004

Luiz Gonzaga



Hoje, dia do aniversário de minha amada baixinha, fui às compras pra presenteá-la. Comprei um cd do Arnaldo Antunes, o cd 'a foreign sound' do Caetano e um álbum (três cd's) do Gonzagão.
Fiquei meio desconfiado. Parece que comprei presente pra mim mesmo.
Ela concordou.
Mas, depois de ouvir Luiz Gonzaga, incorporou o presente.
Eu - ao ouvir Luiz - voltei à infância. Aos tempos em que corria pra junto do rádio pra escutar o programa semanal do Lua.
Você que nasceu mais recentemente e quer conhecer melhor o Brasil, ouça, embeba-se de, Luiz Gonzaga.

segunda-feira, 7 de junho de 2004

O mundo está a complicar-se


No tempo em que os animais falavam e eu era jovem, havia três tipos de shampoo: pra cabelos normais, pra cabelos secos e pra cabelos oleosos. Eu usava o último. E tudo corria na mais perfeita ordem.
Hoje você vai comprar shampoo pra cabelos oleosos e o que há é: shampoo pra cabelos secos que vão ficando oleosos ao longo do dia, shampoo pra cabelos secos e couro cabeludo oleoso, shampoo pra cabelos em dúvida existencial quanto a sua oleosidade.
Assim não dá!

domingo, 6 de junho de 2004

Fim de caso


ele - amorzinho, que presente você quer que eu te dê no teu aniversário?
ela - hummmm, presente? Sua ausência.

sábado, 5 de junho de 2004

Mais sobre cotas/quotas


Tanto o assunto é polêmico que até o termo central é passível de preferências: usa-se 'cota' no Brasil, 'quota' em Portugal. Como vou citar matéria de jornal brasileiro, vou de 'cota'. Por hoje.
A Folha de S.Paulo (FSP) de hoje vem com a manchete: "Negro tem menos emprego; branco ganha 105% a mais". Outra matéria de primeira página: "Concorrência é menor para estudante de cotas na UnB [Universidade de Brasília]".
Parece-me, em primeiro lugar, que não se deve ser 'a favor' ou 'contra' cotas de modo geral. Há situações em que a existência de cotas vem se mostrando um excelente fator de geração de equilíbrio onde o desequilíbrio fatalmente se perpetuaria se as coisas fossem deixadas sem a aplicação de tal ação afirmativa. Entendo que seja o caso das cotas para portadores de deficiências nos concursos públicos. Ainda a FSP de hoje, na folha B4, traz a informação de que "os comerciários de São Paulo, a camisaria Colombo e a Têxtil Abril fecharam acordos que estabelecem que 20% das contratações feitas pelos dois estabelecimentos sejam de funcionários negros. São os primeiros acordos trabalhistas que prevêem cotas para trabalhadores negros, segundo as centrais sindicais." Entendo esses acordos como avanços sociais.
Quanto às cotas na UnB: "Candidatos inscritos pelo sistema de cotas para negros na UnB enfrentarão concorrência bem menor do que os outros alunos em 58 dos 61 cursos oferecidos pela instituição no vestibular deste mês. No curso mais concorrido neste exame - medicina -, a média geral foi de 82,41 inscritos por vaga, no sistema de cotas, a taxa ficou em 32,71 candidatos por vaga". Diante disso, "o diretor acadêmico do Cespe (Centro de Seleção e Promoção de Eventos) da UnB, Mauro Rabelo, [afirma que] a diferença no número de concorrentes entre os dois sistemas não significa que ficou mais fácil entrar na universidade. Para ele, a concorrência alta em cursos como medicina e direito, mesmo entre os candidatos negros, aponta que a disputa será equilibrada."
Ô Mauro, não precisa desrespeitar a aritmética pra defender seu ponto de vista. Ficou mais fácil, sim. Entendo que - no campo da educação - as ações afirmativas a favor das minorias (ou de maiorias oprimidas) devam buscar qualificá-las melhor pra enfrentar os estudos. Não ajuda nada dotá-las de diplomas sem a correspondente qualificação.
Voltaremos ao tema.

sexta-feira, 4 de junho de 2004

O gato comeu


Tenho imensa curiosidade acerca do que foi feito com os dólares obtidos com a venda de jogadores pelo São Paulo F.C. nos últimos vinte anos. Como bem sabe quem acompanha (um pouco que seja, como eu) o dia-a-dia do futebol paulista, o SPFC já há muitos anos adotou a estratégia de formar seus jogadores em casa, valorizá-los rapidamente e vendê-los, de preferência para clubes europeus. É uma estratégia que tem méritos inegáveis. O custo é quase zero. O lucro, enorme. É verdade que a frustração dos torcedores é constante. Quando começa a se encantar com algum jogador... pronto. Já lá se vai o dito cujo para a Europa. Passa-se a vê-lo tão somente pela TV, nos campeonatos europeus. Que se há de fazer. As diferenças econômicas entre cá e lá tornam esse fenômeno praticamente inevitável.
Mas pra onde vai essa dinheirama?
Fiz um levantamento superficial e verifiquei que - nos últimos vinte anos - foram vendidos os seguintes jogadores (quase todos para a Europa): Cafu, Oscar, Antonio Carlos, Ricardo Rocha, Bordon, Ronaldão, Beletti, Ronaldo Luis, André Luis, Fabio Aurélio, Nelsinho, Serginho, Sidney, Edmilson, Bernardo, Julio Batista, Leonardo, Válber, Silas, Edu, Juninho, Raí, Kaká, Muller, Dodô, Caio, França, Denílson, Zé Sérgio, Serginho Chulapa, Careca. São 31 jogadores. Provavelmente esqueci de alguns. Só um deles,o Denilson, foi vendido (ao Betis) por trinta e dois milhões de dólares americanos.
É isso aí.

quinta-feira, 3 de junho de 2004

Ainda sobre cotas


Dia 26 de maio escrevi aqui sobre a questão das cotas para negros nas universidades brasileiras. Na ocasião, o que me sugeriu o assunto foi uma foto que vi - acho que na Folha de S.Paulo - na qual uns quatro estudantes eram mostrados como candidatos a vagas em uma universidade na cota para negros. A universidade em questão informava que o critério para admissão de candidatos na cota para negros havia sido a cor da pele. Ora, nenhum deles - pelos critérios popularmente usados entre nós - poderia ser considerado negro a julgar pela cor da pele. Acho até que mesmo nos EUA dificilmente o seriam. Meu comentário voltou-se, então, mais para essa questão de como determinar quem entra em cota, quem não.
Gostaria de pensar melhor a própria existência das cotas. Esse artigo de Antônio Gois, na Folha de S.Paulo de hoje, reconhece as dificuldades de se avaliar adequadamente a questão, mas entende que a simples proposta de um sistema de cotas tira da letargia em relação às desigualdades setores importantes (como a Universidade de São Paulo) que teriam partido para ações afirmativas diante da "ameaça" de um sistema de cotas.
Vou pensar no assunto. Enquanto isso, espero comentários. A Susana Paixão, o Padre Pedro, o Luccks, por exemplo, parecem ter idéias a respeito. Que tal compartilhá-las aqui?

quarta-feira, 2 de junho de 2004

Isso é que é...



Autora: Helena Bonito Couto Pereira


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espanhol
Não consta verbete espanhol neste dicionário.

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Bonito, hein Helena.