sábado, 29 de junho de 2013

Uma esperança


Tenho esperança de que esse novo Papa consiga fazer algo de significativo pela paz mundial.
Se não o matarem antes...


Ele me parece ser pessoa de grande humildade e perfeita compreensão do papel que representa.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Extractos da antologia Poemas Portugueses (Jorge Reis-Sá e Rui Lage)


(clique no poema para ampliá-lo)

Autobiografia

Em 15 de Maio de 1.967, o jornalzinho Ele-trônico nº 4, dos alunos do último ano de Engenharia Eletricista (Eletrônica e Eletrotécnica) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI - USP) publicava alguns poemas meus, um dos quais me parece bastante atual:


Como o original não está lá muito legível:



(clique nas imagens para ampliá-las)

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Elogio da coerência

Ontem, na Câmara dos Deputados, no Brasil, fez-se a votação de Proposta de Emenda Constitucional nº 37 (PEC 37).. Essa emenda foi insistentemente combatida nas ruas nos últimos movimentos de massa que abalaram o país.
Era evidente para qualquer um que a PEC 37 seria rejeitada.
E, de facto, foi. Resultado 430 votos contra, 9 a favor e 2 abstenções.
Quanto às 2 abstenções, apenas entendo como curiosa a postura dos deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR). Assunto político discutido à exaustão nos últimos dias, a tal PEC 37 ainda não obteve um parecer favorável ou contrário da parte desses dois representantes políticos do povo. Haja hesitação.
Quanto à manada, a saber, os 430 votos contrários à PEC 37, não se podia esperar outra coisa. O Congresso dia desses quase foi invadido pela multidão a pedir que se votasse contra essa emenda.
Os 430 surfaram na onda favorável.

Minha surpresa fica reservada aos 9 que votaram a favor.
Ou melhor, 8. O cacique do PSDB, Sergio Guerra, confundiu-se e votou contra suas próprias convicções. Propunha-se a governar o Brasil e mostrou-se incapaz de escolher entre Sim e Não em uma votação.
Melhor retrato não poderia haver de um partido vagabundo como o PSDB.

Pergunto-me o que motivou esses oito bravos.
Sabedores de que a PEC 37 já estava derrotada, sabedores de que a imensa maioria dos eleitores é contra a tal emenda, sabedores de que o quase nada que resta de credibilidade ao Congresso estava pendurado por um fio ao resultado dessa votação, persistiram em defesa da famigerada PEC 37.

Que motivos terão mantido a impavidez desses fortes?

Há quase um século, em 1.922, alguns destemidos saíram do Forte de Copacabana para a morte. A lenda estabeleceu que eram 18 homens. Sabiam que caminhavam para a morte, mas defendiam ideais.

Os oito favoráveis à PEC 37, salvo mais algum deputado tão incompetente quanto Sérgio Guerra, deviam saber que se não caminhavam para uma morte de sangue, buscavam com seu voto o suicídio político.

Em 1.922 tivemos Os Dezoito do Forte.
Em 2.013, os Oito da PEC 37, a saber: Abelardo Lupion (DEM-PR), Mendonça Prado (DEM-SE), Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG), Valdemar Costa Neto (PR-SP), Eliene Lima (PSD-MT), João Lyra (PSD-AL), João Campos (PSDB-GO), e Lourival Mendes (PTdoB-MA).

Louvo-lhes a coerência, ainda que estúpida.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Desafio aos publicitários

Gostaria de assistir a um comercial, na TV, sobre absorventes femininos ou sobre fraldas descartáveis para bebés, em que o sangue da menstruação não fosse azul, nem a urina do pequerrucho também o fosse.
Queria ver menstruação vermelha e mijo amarelo.
Ou isso ultrapassa o limite da criatividade?

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A tia Lúcida

Há os que gostam de afirmar:

- Jamais conheci um ateu no leito de morte.
O que a frase pretende estabelecer como verdade é que na hora de bater com as dez, de partir desta pra melhor, de bater com as botas, o ateu pede penico, entrega os pontos, desiste. Vira crente desde criancinha.
Pode acontecer muitas vezes. Afinal, ser ateu não é pra qualquer um, modéstia às favas.

Ocorre-me, se me for dada a oportunidade, vender ingressos a meu quarto de moribundo. Destarte, muitos poderão ver um ateu em seu leito de morte. E meus filhos receberão uns trocados como herança.

Aliás meu pai, pastor baptista da mais profunda convicção, que era admirador de Manuel Maria Barbosa du Bocage, consta que por ter Bocage se arrependido, nos momentos imediatamente anteriores à morte, de sua suposta vida dissoluta, pretendia dar ao primeiro filho o nome Elmano, homenagem ao pseudónimo Elmano Sadino, do mesmo Bocage.
Feliz ou infelizmente, teve uma filha e viu seu intento frustrado.

Mas o que me traz ao tema é a história de uma tia.
Na época não me interessei muito pelo sucedido. Talvez por isso invente um bocadinho.
Mas sou um tanto como Tim Maia:
- Não bebo, não fumo, não cheiro. Só minto um pouquinho.

Minha tia era mulher profundamente religiosa. Levou quase toda a vida imersa em uma igreja, pois casada com pastor.
Deixem que seja literal:  ela viveu quase sempre nos fundos do templo da igreja do marido.
Teve três filhos. Todos seguiram o pendor religioso dos pais.
Um deles, à falta de melhor emprego, exagerou um bocadinho e também tornou-se pastor.

Ouvi dizer – e isso era comentado em família com certa reserva – que em seus últimos anos minha tia deu para descrer.

Parece que de tudo.

Em família tão cristã, morreu com a discreta fama de maluca.

A meu ver, salvo melhor juízo, atingiu a lucidez.



segunda-feira, 3 de junho de 2013

Quatro Estações

Optimista: Gosto imenso do Inverno. A neve...
A paisagem toda branca!

Pessimista: Lama branca, queres dizer. Aquilo só resulta em cartões-postais.

Optimista: E, quando chega a Primavera, tudo começa a florir. Cores surgem do nada.

Pessimista: E o pólen me dá alergia. Espirro sem parar até a chegada do Verão. Minha pele exige que a coce. Um horror!

Optimista: Mas... e o Verão? Sol, calor, luz. Pode-se nadar no mar, em rios, lagos.
No Verão usa-se pouca roupa. Os corpos mostram sua beleza.

Pessimista: Na praia, aquelas mulheres cheias de celulite. Barbaridade! De dia, as moscas. À noite não se consegue dormir.

Optimista: Enfim, o Outono. Muita fruta, as vindimas.

Pessimista: Mas a alegria dura pouco. Já, já estará aí o Inverno, com seus horrores.