sexta-feira, 26 de julho de 2013

Falsa Ilusão


Agora com calma: "ilusão", segundo os dicionários, é um engano dos sentidos ou do pensamento. Ora: se "ilusão" é um engano, uma "falsa ilusão" é um falso engano. Ou seja, um acerto.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Antes do Amanhecer

Before Sunrise é o primeiro filme de uma trilogia. Rodado em 1.995, tornou-se um clássico cult.
Como não sou espectador assíduo de filmes, só agora assisti ao dito cujo.
Para quem tem Zon (em Portugal), o filme consta do vídeo clube.
Gostei bastante do filme. Mas penso que não se trata de filme. Está mais para teatro. Um casal de jovens dialoga o tempo inteiro. Isso me parece mais próprio para palco.
Acontece que o texto é muito bom. E as imagens são lindas.
Quem quiser saber mais sobre o filme, basta buscar na Internet.



Resolvi falar dele por causa de uma historinha que o rapaz conta à moça:

Diz ele que passeava de automóvel, certa vez, com um amigo ateu.
Durante o percurso avistaram um mendigo um pouco adiante. O ateu tirou da carteira uma nota de cem dólares e pediu ao amigo que parasse junto ao mendigo.
Segurando a nota com o braço estendido para fora do carro, o rapaz perguntou ao mendigo:
- Você acredita em Deus?
O indivíduo olhou para a nota de cem dólares e não vacilou:
- Sim, acredito.
E o rapaz, recolhendo o braço com a nota:
- Resposta errada.
E partiram.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Seguro morreu de medo

Antigamente dizia-se que o seguro morreu de velho.
Não parece ser o caso no Portugal de hoje.

O Bloco de Esquerda (BE) convidou o Partido Comunista (PCP) e o Partido Deixa-Que-Eu-Seguro (também conhecido como Partido Socialista (PS) ) a prepararem o programa de um governo de esquerda.
Resultado: não foi possível nem sequer fazer uma primeira reunião. O PS recusou-se a conversar. Parece que também o PCP fugiu da ideia. Afinal, a esquerda é, antes de tudo, As Esquerdas. Caciques os há sempre aos magotes. Índios são mais raros. Fora o pequeno detalhe de que "programa de governo de esquerda" é círculo quadrado. (Quase) toda gente sabe que o poder é como o violino: toma~se com a esquerda e toca-se com a direita.

O inefável Cavaco clamou, então, ao PS que se acertasse com os partidos que compõem o actual governo (PSD e CDS) para a formação de um governo de "salvação nacional".
Seguro acaba de informar à nação que o entendimento para tanto não foi possível.
Pelo que se viu até aqui, António José Seguro não se sente seguro nem à esquerda nem à direita.

Tudo indica que só lhe voltará a coragem de governar quando lhe derem o governo inteirinho.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

SEI ERRAR SOZINHO

Houve tempo em que os taxistas e algumas outras pessoas grudavam adesivo nos vidros ou no painel dos automóveis com essa afirmação.
Quanto a mim, só não o faço porque não tenho o hábito de colar adesivos em lugar algum do carro.

Comecei por ser educado em uma igreja batista. Fizeram de tudo para que eu aderisse às teses da denominação. Durante um tempo conseguiram.
O lema bíblico recomendava: “Ensina o menino no caminho em que deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22:6)
Traduzido em miúdos, isso significa: se você é católico, faça de seu filho um católico pelo resto da vida; caso seja você muçulmano, faça de seu filho um muçulmano até a morte; etc etc.
Tradução um bocadinho mais livre, mas penso que mais esclarecedora: faça de seus filhos pessoas sem imaginação, sem criatividade. Que eles sejam sua reprodução fiel.

Se eu fosse reescrever os provérbios, diria: ensina teu filho a andar. Ele mesmo escolherá os caminhos quando tiver discernimento para isso.

Aos trancos e barrancos escapei dessa armadilha. Mas outra me esperava: o marxismo.

O destino quis que essa adesão se desse em um momento pelo qual passava o país em que eu vivia – o Brasil - em que ser marxista era anátema. Isso, em mim, reforçou a inclinação teórica e lançou-me a uma prática alucinante que terminou por brindar-me com a rica experiência de uma prisão, em companhia de boa parte da Esquerda da época.

Curado dessa segunda vivência religiosa, passei a conviver, logo a seguir, com os esquerdolóides da universidade. Os da USP, em particular.
Não chego a afirmar que tenha sido minha terceira desilusão porque de desilusão não se tratou. Mas perceber a fragilidade intelectual – para não falar de má fé – das vestais da Universidade de São Paulo, várias delas ainda hoje atuantes e horripilantes, me tirou o tesão em relação à carreira acadêmica. É certo que há aí um bocadinho de “uvas verdes”. Eu queria continuar na USP. A universidade é que – na prática – me empurrou para fora dela ao só permitir que eu lá ficasse apenas na condição de um quase clandestino.

E lá fui eu, ganhar a vida no tal mundo real.

Trabalhei em empresas privadas durante quase vinte anos.
Algumas das empresas em que trabalhei eram (e as que ainda existem são) empresas idôneas.
Mas tive minhas experiências, digamos, heterodoxas.

Na época do governo Sarney (1.985 – 1.990), conheci Brasília, seus ministérios, seus ministros, seus lobistas, seus senadores, seus deputados, seu subterrâneo político.
Aprendi como funciona o mundo político quando não há câmeras de TV ligadas.

Por concurso, entrei na Receita Federal.
Depois de quase vinte anos de trabalho na iniciativa privada, fui viver outros quase vinte no coração do governo.
Em função de minhas atribuições de Auditor-Fiscal, aprendi como funciona o universo do funcionalismo público – ao menos o da Receita Federal – mas aprendi, também, a enxergar a realidade do empresário no Brasil.

Conheço, portanto, alguma coisa a respeito dos agrupamentos cristãos e continuo profundamente interessado nos assuntos religiosos; algum bocado da Esquerda; um tantinho dos militares que abraçaram a tortura e a repressão, alguns dos quais se vangloriam de seus feitos até hoje. Não me é estranha a luta de egos de que é feita uma universidade no Brasil. Sei qualquer coisinha relativa aos núcleos do poder no Brasil. Sei como funcionam nos bastidores os que realmente fazem o mundo girar.
Tenho noções práticas a respeito do empresariado do País.
Não me é estranho o universo do serviço público, com suas mazelas e grandezas, que as há. E muitas.

Digo tudo isso não para vangloriar-me de coisa alguma.
Faço questão de ser um aposentado sem objetivos, a não ser o de apreciar o mundo enquanto os fados mo permitirem.

Digo isso que aí vai para informar aos meus amigos, aos meus inimigos (se é que os há) e aos que me lêem por acaso, que dispenso conselhos a essa altura de meus quase setenta anos.


Grudo no vidro transparente que me separa do mundo e através do qual eu o contemplo com imensa ternura: SEI ERRAR SOZINHO.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Salvação Nacional

O Presidente da República, Cavaco Silva, fez agora há pouco uma comunicação aos portugueses. Falou a respeito dos inconvenientes de eleições legislativas já e propôs um governo de salvação nacional que reúna os três partidos que assinaram o memorando de entendimento com a troika. Além disso, acenou com eleições antecipadas para logo depois do final do primeiro período de ajustamento. Ou seja, Junho de 2.014.
Ficámos todos à espera das reações dos partidos com representação na Assembleia da República.
Os primeiros a manifestarem opinião foram o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda. Ambos lamentaram a não convocação de eleições para já. Só não nos presentearam com a explicação do que esperavam de tais eleições como solução para os problemas do País.
Mas claro! Tais partidos não têm compromisso algum com a governabilidade. São o lado jocoso da política portuguesa.
O PSD falou que vai pronunciar-se logo logo. Ou seja, em linguagem não tão castiça mas mais compreensível, tiraram - por hora - o cu da seringa.
Não me consta que o CDS tenha dito qualquer coisa. Mas deve ter seguido o não dizer do PSD.
Quanto ao PS, cujo líder quer a todo custo assumir maiores responsabilidades, preferencial e unicamente com a assunção ao cargo de primeiro-ministro, disse que não. Não aceita a proposta do Presidente. Mas está aberto ao diálogo.

Quanto a mim, mesmo sem ter assento na Assembleia da República, penso que com este calor a salvação nacional tem algo a ver com algo de fora do País.
Trata-se, se me permitem a opinião, do pêssego paraguaio. Suculento e dulcíssimo.


Nota: Parece (não garanto) que o pêssego paraguaio é da Espanha.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Extractos da antologia Poemas Portugueses (Jorge Reis-Sá e Rui Lage)


A Fénix Renascida foi publicada em Lisboa, por Matias Pereira da Silva, em cinco volumes, entre 1716 e 1728. Anos mais tarde, em 1746, houve nova edição. [...] viria a converter-se numa espécie de vulgata da poesia barroca. [...] o antologiador comete também erros de atribuição e apresenta como anónimos poemas cuja autoria está identificada. (trechos da Nota explicativa de Cidália Dinis)

(clique no poema para ampliá-lo)

Para os que apreciam a Lógica e o estudo das Linguagens Formais: esta definição é do tipo recursiva, pois emprega nela mesma o termo a definir. E ainda mais: de modo deliciosamente contraditório.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Plane(j)amento familiar

Hoje à tarde, em Bragança, reuniram-se em amplo espaço algumas dezenas de cegonhas.
Suponho que participassem de algum congresso de planeamento familiar.


(clique nas imagens para ampliá-las)






Ce pays ne finit jamais?

Em um belo texto de fins de 2004, Janer Cristaldo comenta que a concepção de espaço de uma pessoa depende das dimensões do país que habita.
E exemplifica:
“Para um francês, por exemplo, cujo território tem no máximo mil quilômetros entre as extremidades mais longínquas, Estocolmo fica dans le bout du monde. Para um panamenho em Paris, até Amsterdã está longe. Já para um brasileiro, ir de Lisboa a Oslo é como não ter ainda saído do próprio território.“

E fala de uma viagem de retorno da Europa ao Brasil pelo Eugenio C. Ao passarem pelo Rio de Janeiro, depois de terem abordado a costa brasileira no nordeste do país, uma companheira francesa de viagem lhe perguntou: Ce pays ne finit jamais?

Não, não acaba.

Na Rússia, início do século XX, os bolcheviques e mencheviques lutavam pelo poder. Prevaleceram os primeiros, liderados por Lenine. Deu no que deu.

No Brasil, o partido no poder, o PT, tem várias facções internas. Mas, resumidamente podemos dizer que há – ainda! - bolcheviques mas a maioria, no entanto, é bolsovique.

Quando Lula assumiu a Presidência em 2.003, eu já trabalhava na Receita Federal havia uns 10 anos. A expectativa dos petistas era a de tomar posse do butim. Lembro-me de um funcionário petista que aproximou-se de mim e perguntou:
-  Quem você acha que devemos colocar como delegado desta Delegacia?
Fiquei perplexo (naquele tempo eu ainda ficava perplexo, ainda que raras vezes).

Lula, que de bobo nada tem, fez um raciocínio simples: o governo, todos os ministérios, tudo enfim, é centro de custo. Dá despesa. A Receita Federal é onde entra a grana. Portanto, todo cuidado com ela é pouco. E deixou-a aos cuidados do mesmo grupo que nela imperara durante o reinado de FHC. Sob a batuta de Palocci, petista, chegado a uma bacanal vez ou outra, mas ajuizado.

Resultou.

Moral da história? Os bolsoviques jamais deixarão morrer a galinha dos ovos de ouro.

Enquanto a turma dos intelectuais de gabinete trata de construir justificativas para a espoliação que prossegue, os práticos bolsoviques cuidam para que a fonte não seque.

E se ensopam de privilégios.

Ainda o Papa Francisco

Começou a faxina no Vaticano.

Será que este Papa consegue vencer a Vatimáfia?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Alguém sabe o desenrolar disso?

A segunda-feira escorria sob um calor de mais de 30ºC, cá em Bragança. No conforto do escritório, eu lia uma pequena biografia de Libero Badaró escrita por Augusto Goeta e publicada em 1.944 em São Paulo. Quem ma deu foi o amigo Claudio Giordano, nos idos de 1.982.
Lá pelo meio do livro surge entre as folhas um recorte de artigo da revista Time, de Outubro, 22, 1.979.
Como a letra é miúda, não sei se será legível.


(clique na imagem para ampliá-la)


Trata-se de comentário sobre um livro que havia acabado de ser lançado: O mito do canibal, escrito pelo antropólogo William Arens.
Arens, segundo esse artigo, "acredita que o canibalismo pode nunca ter existido em lugar algum como um costume regular."
"A origem do mito, pensa ele, é a tendência de todo grupo para acusar seus vizinhos de canibalismo."

Será que vou ter de descrer de mais alguma coisa?
Eu, que achava os canibais tão vero(s)símeis!
Terá havido avanço no conhecimento desse tema nesses últimos mais de 30 anos?