quarta-feira, 26 de junho de 2013

Elogio da coerência

Ontem, na Câmara dos Deputados, no Brasil, fez-se a votação de Proposta de Emenda Constitucional nº 37 (PEC 37).. Essa emenda foi insistentemente combatida nas ruas nos últimos movimentos de massa que abalaram o país.
Era evidente para qualquer um que a PEC 37 seria rejeitada.
E, de facto, foi. Resultado 430 votos contra, 9 a favor e 2 abstenções.
Quanto às 2 abstenções, apenas entendo como curiosa a postura dos deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR). Assunto político discutido à exaustão nos últimos dias, a tal PEC 37 ainda não obteve um parecer favorável ou contrário da parte desses dois representantes políticos do povo. Haja hesitação.
Quanto à manada, a saber, os 430 votos contrários à PEC 37, não se podia esperar outra coisa. O Congresso dia desses quase foi invadido pela multidão a pedir que se votasse contra essa emenda.
Os 430 surfaram na onda favorável.

Minha surpresa fica reservada aos 9 que votaram a favor.
Ou melhor, 8. O cacique do PSDB, Sergio Guerra, confundiu-se e votou contra suas próprias convicções. Propunha-se a governar o Brasil e mostrou-se incapaz de escolher entre Sim e Não em uma votação.
Melhor retrato não poderia haver de um partido vagabundo como o PSDB.

Pergunto-me o que motivou esses oito bravos.
Sabedores de que a PEC 37 já estava derrotada, sabedores de que a imensa maioria dos eleitores é contra a tal emenda, sabedores de que o quase nada que resta de credibilidade ao Congresso estava pendurado por um fio ao resultado dessa votação, persistiram em defesa da famigerada PEC 37.

Que motivos terão mantido a impavidez desses fortes?

Há quase um século, em 1.922, alguns destemidos saíram do Forte de Copacabana para a morte. A lenda estabeleceu que eram 18 homens. Sabiam que caminhavam para a morte, mas defendiam ideais.

Os oito favoráveis à PEC 37, salvo mais algum deputado tão incompetente quanto Sérgio Guerra, deviam saber que se não caminhavam para uma morte de sangue, buscavam com seu voto o suicídio político.

Em 1.922 tivemos Os Dezoito do Forte.
Em 2.013, os Oito da PEC 37, a saber: Abelardo Lupion (DEM-PR), Mendonça Prado (DEM-SE), Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG), Valdemar Costa Neto (PR-SP), Eliene Lima (PSD-MT), João Lyra (PSD-AL), João Campos (PSDB-GO), e Lourival Mendes (PTdoB-MA).

Louvo-lhes a coerência, ainda que estúpida.

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