quarta-feira, 16 de junho de 2004
Sombra e luz
Deixei o dia escorrer. Preservei a noite. O dia é ação, o sonho é interpretação. Espero que ele role, pra surpreendê-lo. Basta segurar uma pontinha e puxar. O novelo se desfaz, o sentido surge. Aos poucos, confuso. A razão atrapalha, negativa, a razão. Há camadas de sentido, arte. Fluir por elas é satisfação de desejo. Sonho. Emergir dele com um floco de sentido na mão. Ilusão.
Abandonei a noite. Furei o dia, com sua luz indecente de outono. O sono é morte, a vigília ilha. Sobrevivência. Corre-se atrás. Foge-se para. Aproximam-se blocos racionais, cubos de razão. A arte corrompe, co-rompe. Incomoda. Moda.
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