quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O valor de um plano


No Brasil, quando você entra em um restaurante, percebe logo um enxame de garçons. Tá certo que, sempre que você precisa de um deles, estão todos olhando pro outro lado. Mas estão lá.
Em Portugal, a quase totalidade dos restaurantes tem um ou dois atendentes, que correm esbaforidos de um lado a outro pra dar conta do serviço.
Pura aritmética: um garçom, lá, vale três ou quatro daqui. Em todos os sentidos, principalmente em termos salariais.
Habitamos um Brasil sem planejamento familiar. Se a novela das oito termina antes de bater o sono, lá vem mais filho.
Mais gente na fila do desemprego, ou – na melhor das hipóteses – mais garçons nos restaurantes, dividindo o mesmo bolo salarial.

Dia desses, conversando com filha e genro que moram em Connecticut, EUA, fiquei sabendo que, lá, todas as residências são obrigadas a ter plano de desocupação da moradia em caso de emergência. A coisa é levada muito a sério. Vez em quando, algum fiscal passa para verificar se o plano está devidamente afixado em lugar visível da residência e se os moradores estão cientes de seus detalhes.
Aqui, São Paulo, século 21, constroem-se linhas de metrô sem plano de evacuação das residências que ficam em cima das obras. Quando a coisa desaba, as pessoas são tragadas pelo descaso total.
Plano?
Ora, ora.
Onde as pessoas valem pouco, qualquer plano pra preservá-las é caro.

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