A dor é totalitária.
Li isso, pela primeira vez, em Vilém Flusser. Mas nem precisaria dessa leitura. Qualquer dor de dente nos leva a essa conclusão.
Há dor para todos os órgãos. Os materiais, os anímicos.
Volta e meia me lembro das dores de meus vinte anos. E me pergunto por que sofria tanto, aquele garoto que tudo tinha ao alcance da mão.
Talvez toda a dor resultasse da dificuldade de esticar as mãos para alcançar o alívio.
E eis que retomo, quase aos setenta, as mesmas dores de meus vinte anos.
Consigo suportá-las melhor. Os cinquenta anos de intervalo não foram em vão.
Mas como dói.
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