segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O caiçara saloio

O Houaiss dá o sentido (apenas o 16º...) de praiano, natural ou habitante de localidade litorânea, ao substantivo caiçara, de dois gêneros. Como substantivo apenas masculino, caiçara vem a ser homem ordinário, malandro, vagabundo.
Quanto a saloio, o Priberam diz ser que ou quem trabalha ou vive no campo. Mas se esse é o segundo sentido da palavra, os terceiro e quarto sentidos são: que ou quem é grosseiro, revela falta de educação (...) e que ou quem age de forma desonesta.
Começa por ser curioso que, no Brasil, associe-se praiano a malandro. E, em Portugal, agricultor, camponês, a desonesto.
Talvez porque os dicionários sejam feitos por pessoas que nem do campo nem da praia são. Ou não?
Aliás, no Brasil o termo agricultor vem sendo substituído por ruralista. Proprietário rural. Esse indivíduo, o ruralista, é associado a Satanás. Embora seja responsável pelo pouco de desenvolvimento que apresenta a economia pátria. Talvez quando conseguirem acabar com os ruralistas, os militantes da Esquerda consigam substituí-los com vantagem na produção de riquezas.
Mas vamos voltar à vaca fria.
Hoje saí de Bragança, a cidade (talvez) mais saloia de Portugal, em direcção ao Porto. Mais especificamente, Matosinhos. Cidade praiana.
Troquei o skyline da Serra de Sanabria pelo horizonte do Oceano Atlântico.
Troquei o desonesto pelo vagabundo. O saloio pelo praiano.
A julgar pelos santos que conheço, prefiro ser malandro e ordinário.

Comecei minha permanência junto ao mar a saborear muito malandramente umas magníficas costeletinhas de porco preto no Ribs.

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