sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sinceridade é mesmo desejável?

Canso-me de ler, no Facebook e em blogues, louvores à sinceridade. Tanto mulheres quanto homens gostariam de ter por companhia pessoas antes de tudo sinceras.
Mas será a sinceridade realmente virtuosa?
Como quase tudo, depende da dose.
A Baixinha, por exemplo, é fantástica por me dizer, sempre que cabível, que estou com mau hálito.
Isso me conforta muito, pois quando ela nada diz, significa que ou ela necessita de ir com urgência a um otorrino ou eu estou com hálito agradável (ou pelo menos aceitável).
Mas, durante bastante tempo, ela insistia em alertar que meu cabelo precisava de corte. Ora, acho uma das injustiças deste vale de lágrimas o facto de um quase-totalmente-calvo ter de frequentar o barbeiro com grande frequência. Assim penso e de acordo com isso sempre agi. Ou seja: só frequento o barbeiro quando nem mais euzinho mesmo suporto aquelas pontas capilares que só crescem para baixo.
Nesse segundo caso, a sinceridade dela me incomoda. Melhor, me incomodava. De um tempo a esta parte ela miraculosamente parou de fazer comentários sobre o comprimento de meu cabelo. Resultado: estou a transbordar tufos de cabelo nuca abaixo. Amanhã, como volto a Bragança (estou em Matosinhos), farei uma visita a meu barbeiro. Que melhor designado seria se o fosse como promotor de striptease de couro cabeludo. E logo em mim, cujo couro cabeludo já vive despudoradamente com pouquíssima roupagem.
A sinceridade também já me trouxe não poucos dissabores no lidar com amigos e conhecidos (como quase toda gente sabe, há conhecidos que não chegam a ser amigos. E, cuidado!, há amigos que pouco são conhecidos).
Já contei aqui, faz quase 7 anos, a história da psicanalista que me pediu que dissesse a primeira palavra que me ocorresse ao pensar nela. Eu disse. E meu relacionamento com ela acabou. Leiam.
Há aquele filme com Jim Carrey (que eu não suporto), o LiarLiar, em que o indivíduo - justo um advogado! - é impedido de mentir e gera as maiores confusões.
Há, também, vídeos do Gato Fedorento e da turma da Porta dos Fundos sobre os inconvenientes da sinceridade absoluta.
Uma mentira pode ser de utilidade indispensável. Diria que na maioria dos casos.

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