Seria melhor dizer: meu pensamento de vitória.
Quando era menino, passava todas as noites de Domingo na igreja, no culto.
Meu pai, que era o pastor, era muito rigoroso com os horários (aliás, não só com os horários. Com tudo).
Graças a ele, os cultos sempre terminavam às 21 horas. E eu achava isso ótimo.
Mas uma vez por mês, servia-se a Ceia, no final do culto. Isso sempre prolongava um bocadinho a cerimônia.
Distribuía-se o pão, depois o suco de uva.
Parêntesis: até hoje não consigo aceitar essa recusa de servir vinho na Ceia. Pois se Jesus chega a dizer, na celebração da Páscoa com seus discípulos, ao beber o vinho, que só voltaria a beber do fruto da vide quando estivesse no Reino de Deus. Tradução: há vinho no céu. Aliás, em minha nada modesta opinião, sem vinho esse lugar seria tudo menos céu.
Mas enfim, na igreja baptista de Santos servia-se suco de uva no lugar de vinho. Penso que isso beira a blasfêmia. Fecha parêntesis.
Ao final desse ritual, meu pai recitava Marcos 14:26:
E tendo cantado o hino, partiram para o Monte das Oliveiras.
E o coral iniciava um cântico maravilhoso, com destaque da inesquecível voz de Daniel Bispo.
Pronto! Eu estava liberado!
Durante toda minha vida, até hoje, sempre que me saio bem de alguma empreitada, digo em meu interior:
- E tendo cantado o hino, partiram para o Monte das Oliveiras.
E me invade uma deliciosa sensação de paz.
3 comentários:
nunca tinha pensado no céu ter vinho ou não. Interessante. Mas os do inferno devem ser de melhor qualidade...
Com aquela temperatura de lá, não sei não, Maray...
Já a tia Olinda achava que, sem coca-cola, o céu não seria o Céu! E eu fiquei muito preocupada quando o papai confirmou o que eu ouvira de um pastor que o céu poderia ser um estado de espírito. E eu que estava sempre esperando ver as "paredes de jaspe luzente" ... Ainda acho que vou vê-las, tomando vinho, suco de uva, água ou mesmo coca-cola, mas quero as paredes de jaspe!
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