quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Chegada


Avião na cabeceira da pista do aeroporto de Guarulhos, pronto para decolagem. A imagem é de uma câmera instalada na cauda do monstrinho, um magnífico Airbus-não-sei-das-quantas.
Levei bronca da comissária por tirar esta foto
E São Paulo vai ficando para trás, com sua enormidade assustadora:

A viagem até Madrid é magnífica. Nenhuma turbulência. Tudo certinho. Só não digo que tenha sido agradável sair andando pela rua, sete e meia da manhã, em Madrid de quatro graus Celsius negativos. Mas já dentro do carro, novamente um calorzinho agradável.
E pé na estrada, rumo a Bragança. Sol lindo, céu azul, mas a temperatura insiste em continuar negativa. Só foi positivar-se já à chegada em Bragança, lá pelo meio dia.
Trecho de Zamora a Bragança
Esta é a melhor maneira de entrar-se em Portugal: pelo Parque Natural de Montesinho (e que venham os protestos dos portugueses das demais regiões...)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Partida


Aeroporto, Guarulhos, 16:06

E não é que o wi-fi está funcionando?
Daqui a pouco chamam pra embarque. Lá vamos nós pra Madrid.
E, de lá, pra Bragança.
Sai o calorão de São Paulo.
Entra um friozinho de uns 5ºC.
Até breve.

Poetinha absolvido


Vinicius de Moraes escreveu o Soneto de Fidelidade no Estoril, em outubro de 1939. Não vou cometer o exagero de dizer que o soneto é perfeito graças ao lugar em que foi escrito. Mas que o local ajudou, não tenha dúvida.
Acontece que três anos antes morria Henri de Régnier (1864-1936). E daí?, dirás. Que tem o U a ver com as alças?
Tudo.
Acontece que o Régnier escreveu, em 1928, em Lui ou les Femmes et l'Amour :

L'amour est éternel tant qu'il dure.

Onze anos depois, o poetinha vem com os versos:

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Plágio? Entendo que não.
Régnier é irônico. Diz que o amor é eterno, enquanto dura (e não me venham com piadinhas de duplo sentido).
Já Vinicius não é nada irônico, neste poema. Ele deseja, ardentemente, a intensidade para seu amor (seja infinito), sem preocupar-se com a duração desse amor, ou melhor, reconhecendo a impossibilidade da duração eterna do amor (que não seja imortal).
Tanto os textos e seus contextos são diferentes, que a frase de Régnier faz sentido pleno, enquanto o último verso de Vinicius, muitas vezes erradamente citado como

Mas que seja eterno enquanto dure

fica de um non sense absoluto.

Claro que Vinicius havia lido Régnier. O Henriquinho, na época, era badaladíssimo. Alguma coisa ficou lá no fundo da massa cinzenta do nosso poeta. Mas daí a falar-se em plágio, vai uma distância intransponível.
Mas tudo isso serviu pra me aproximar de Régnier. Eu, mergulhado em minha ignorância insuperável, jamais havia lido uma linha sequer do acadêmico francês.
Agora, mesmo antes de comprar uns livrinhos dele pra ler, já fiquei fascinado por algumas das suas finas ironias. Fica esta como brinde:

As mulheres só se lembram dos homens que as fizeram rir. Os homens lembram-se apenas das mulheres que os fizeram chorar.


Tem muito mais coisa boa do Henriquinho aqui.

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Feliz Natal


Não tenho com o Natal uma relação muito cordial. A começar pela data, que não entendo. Como já disse Millôr, Cristo parece ter nascido seis dias antes de Cristo.
Até aí, tudo bem. Mas essa história de Papai Noel, ou Pai Natal, ou Santa Claus, enfim, fazer o quê. Tem gente que também acredita no Lula, no Zé Dirceu, coisas assim.
Mas não custa aproveitar o clima e desejar que todo mundo se dê bem, agora e sempre.
Feliz Natal procês.
Vou atrás de um pouco de neve pra dar mais realismo pro Natal. Ano passado, lá em Passos, caiu tanta neve que quase fico atolado na estrada.
Esse ano, deixo meu primo dirigir. Afinal, ele tem bem mais experiência com neve e gelo. Nisso, sou novato.
(É bom ser novo em alguma coisa.)
Mais adiante, quem sabe daqui a uns dois ou três anos, consigo arrastar minhas duas irmãs prum Natal em Passos.
Quando conseguir isso, juro que pago o mico de cantar Jingle Bells entornando um bagacinho sob a neve.

domingo, 18 de dezembro de 2005

Essa minha falta de imaginação...


Danuza Leão, em seu artigo de hoje na Folha de S.Paulo (só para assinantes), fala sobre as formas que ela considera as mais comuns de encarar a velhice.

Existem diversas maneiras de encarar o tempo: muitos vão para o campo ficar mais próximos da natureza, outros viram budistas, alguns juntam um dinheirinho e mudam de país, uns passam a beber três uísques por dia, regularmente, uns vêem televisão, uns jogam biriba, uns contam histórias do passado e usam muito a expressão "no meu tempo", outros andam na praia para manter a forma, enfim: cada um inventa uma maneira.

E eu, que não sabia que já virara um tipo.
(Ainda estou juntando o dinheirinho pra mudar de país.)
Não foi à toa que um dia, ainda garoto, reclamei com minha mãe:

Queria ser inventor, mas já inventaram tudo!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Livros e Blogs


Na Folha de S.Paulo de hoje, Élio Gaspari escreve sobre três personagens que, na opinião dele, representaram adequadamente suas épocas de apogeu: La Close (Roberta Close, ou Luis Roberto Gambine), ex-Luis Roberto Gambine







a Tiazinha (Suzana Alves) Suzana Alves






e Bruna Surfistinha (que acaba de lançar um livro de sucesso, na esteira do êxito de seu blog).
Bruna surfistinha

Close representaria o momento da transição da ditadura militar para Tancredo/Sarney, via Colégio Eleitoral. Tiazinha o período da reeleição de FHC, com seus truques do real valorizado. Bruna Surfistinha é o contraponto para o PT de hoje e seu imbróglio de mensaleiros.
O artigo, infelizmente só disponível para assinantes, termina observando:

(...) há algo de novo no céu. São os blogs, com sua maravilhosa capacidade de levar qualquer um para qualquer lugar, empurrado apenas pela curiosidade, pelas próprias idéias e pela certeza de que pode dar sua opinião, pois alguém haverá de lhe dar atenção.

Por essas e por outras, sempre que alguém me sugere que publique um livro fico feliz pelo elogio embutido mas penso:

Pra quê, se já escrevo no blog?

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Do já engolido, do a engolir


Pois é. Dia 13. Faz 13 anos que minha mãe morreu. O nome completo dela tem 13 letras. Isso, claro, me lembra o Zagallo. Que, aos 13 anos, tive de engolir como ponta esquerda da seleção brasileira. E José Macia, o Pepe, na reserva.
Também, Feola, o técnico, deixou na reserva – além do Pepe – apenas Pelé e Garrincha. Depois, pressionado, colocou os dois últimos. Mas Pepe não entrou. Continuou Zagallo, que tinha o santo forte, ou seja, sabia puxar saco como ninguém.
Tanto sabia que em 70 substituiu o Saldanha, que não era bem visto pelos militares. Ainda bem que os jogadores não deixavam que ele escalasse o time. Ao menos é o que dizem.
Continuo engolindo o Zagallo até hoje, quase 13 vezes 4 anos depois.
E foi num dia 13 de dezembro, em 1968, que a situação começou a ficar afro-descendente.
Eu dirigia um cursinho pré-vestibular situado no Vale do Anhangabaú, esquina com Av. São João, coração de São Paulo. Junto com o Farina, um sujeito maravilhoso que a vida me levou a perder de vista.
Estávamos na correria de início do curso intensivo de final de ano. De repente, o prédio começou a tremer. Terremoto não devia ser. Mas, da rua, vinha um ronco estranho. Farina entreabriu uma cortina e colocou a cabeça pra fora.
Rapidamente recolheu a cabeça, soltou a cortina e – com olhos arregalados – exclamou:
- TANQUES!
Eram os militares desfilando sua prepotência. Para deixar claro quem mandava.
Pouco depois chegava Ricardo Maranhão, jornalista que lecionava História no cursinho, trazendo cópia de Instituições em Frangalhos, editorial de O Estado de São Paulo que causara a apreensão da edição do jornal do dia em que havia sido publicado.
A partir de então, tenho engolido militares e civis.
Haja goela.

Eles que são broncos que se entendam


O site do PT traz, com data de ontem, artigo de Tarso Genro no qual o ex-ministro da Educação e ex-presidente do PT comenta a cassação de José Dirceu.
Resumindo: ele desce o pau no ex-homem forte do PT.
Sei lá quem tem razão. Provavelmente todos eles, quando se xingam mutuamente.
Nunca tive simpatias pelo tal de Zé Dirceu. Por outro lado, como tive de conviver – durante minha militância política – com vários gaúchos da chamada esquerda revolucionária, sei que não é fácil, essa convivência. Mas, por não gostar de generalizações, não direi que o Tarso Genro é osso duro de roer, mesmo porque me parece que o simples fato de ter Luciana Genro como filha já é castigo suficiente pra todos os pecados que porventura o homem tenha cometido.
Estou mencionando o tal artigo por outra razão.
Zé Dirceu já afirmara, antes de toda a crise provocada pelas denúncias do Bob Jefferson, que "este governo não róba, nem deixa rôbar". Noves fora o risível do conteúdo dessa afirmação após todas as descobertas que se seguiram, não custava muito um ministro da Casa Civil falar um pouquinho menos toscamente.
Mas essa afirmação foi feita a aflitos microfones de afoitos jornalistas, em algum corredor da vida. Dá pra desconsiderar.
Agora, escrever errado do jeito como escreve um ex-ministro da Educação, o tal de Tarso Genro, faça-me o favor.
Tô quase achando que ele merece a filha que tem.
Bem feito.

sábado, 10 de dezembro de 2005

Antes e Depois



Minha vida se divide em antes e depois

- da morte de meu pai

- da descoberta de que – para sobreviver – era preciso trabalhar, sem parar

- da grande transa com ela, que não quis ficar comigo e preferiu o velho de 45 anos

- da tortura

- de ser pai

- de ser pai

- de ser pai

- da análise

- de me tornar português

- de encontrar a paz

- de morrer de rir com essa história de antes e depois

Afinal, só há o depois. Ou nem isso.

Goteira


Havia uma goteira em minha vida.
Troquei as telhas, ela sumiu.

Havia uma alegria a ser vivida.
Abri as portas, ela surgiu.

Havia uma dor a ser banida.
Rompi neuroses, ela ...

Não. Ela ficou como anestesiada, mas de alguma forma está lá.
Está aqui.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Dúvida e sugestão


Combinei, com uns amigos, encontro num bar da rua Aspicuelta, Vila Madalena, São Paulo. E aí nasceu a dúvida. Aprendi no primário que o cara se chamava Aspilcueta. Fui ao Google e consultei "aspilcueta". Não deu outra:
Quem primeiro entendeu a língua que os índios falavam, abanheenga ou tupi — conhecida hoje como nheengatu, foi o padre João de Aspilcueta Navarro, que veio com o padre Manuel de Nóbrega.
Aí fui ao site História das Ruas de São Paulo e achei o que segue:
No ano de 1937, através da Lei 3.650, este logradouro foi considerado oficial pela Prefeitura e teve o seu leito incorporado ao domínio público (em conjunto com as Ruas Fidalga, Girassol e Harmonia). Na citada Lei, uma curiosidade: a Rua Aspicuelta é citada com a denominação de "Haspica". Em 1948 (Lei 3.694) a sua denominação já é citada corretamente como "Aspicuelta". Durante um curto período (no ano de 1940), ela foi conhecida também como "Rua Aspicuelta Navarro". A homenagem refere-se ao padre jesuíta João de Aspicuelta Navarro que, em companhia dos padres Leonardo Nunes, Antonio Pires e os irmãos Diogo Jacome e Vicente Rodrigues, integrou o grupo chefiado por Manuel da Nóbrega que veio ao Brasil na expedição colonizadora de Tomé de Souza. Saindo de Lisboa a 01/02/1549, chegou ao Brasil a 29/03/1550. Aspicuelta Navarro foi enviado para Porto Seguro, onde estavam os melhores intérpretes da língua Tupi, como escreveu o historiador Varhagem. Navarro aprendeu a língua da terra com facilidade por ser conhecedor do Euskara. Em carta de 28 de maio de 1550, ele informou já ter traduzido a "Criação do Mundo", a "Crença" e os demais artigos da fé e outras orações, especialmente o "Padre Nosso". Aspicuelta Navarro faleceu no dia 30 de abril de 1557.
Vai daí, como os caras não entram em acordo se o dito padreco era Aspilcueta ou Aspicuelta, sugiro ficarmos com a denominação anterior a 1948: Haspica. Parece-me que tal nome resulta do fato de que se tratava de rua onde muitos homens se encontravam pra bater papo e pra pegar mulher. Como desde aquele tempo os paulistas já comiam os esses, eles falavam As pica, ao invés do correto As picas.
Fosse essa rua lá na minha terra, seria Os Car@%$&%.. Deixa pra lá.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Descobertas


Foi em agosto de 1.999 que fiquei sabendo da existência de duas primas minhas em Passos. E eu, que já desejava conhecer Passos por ser a terra de meu pai, desejei mais ainda conhecer minhas primas e seus maridos e seus filhos e seus netos.
Aí vão fotos dessa época.
As ruínas da casa de minha avó:


A casa de minha prima Dora:

A casa de minha prima Zelinda:

E, enfim unidos, eu e minhas primas:

A Baixinha e minhas primas:

Agora, todo ano passamos o Natal com elas.

domingo, 4 de dezembro de 2005

Corinthians campeão brasileiro?


Depende da justiça. Assim como a cassação do Zé Dirceu dependeu. Assim como a colocação em liberdade daquela velhinha traficante que tem doença terminal.
Marcos Valério e Delúbio e Duda não. Esses são réus confessos. Pra quê prendê-los? Aliás, quem tem peito pra isso que se apresente.
Por enquanto, a massa comemora.
Coringão campeão.
E o país rola escada abaixo.


De roubos e roubos


A Maray, do Che Caribe, está com problemas de servidor. Resolveu postar no fundo do quintal, ou seja, nos comentários. Tudo bem, a não ser pelo facto de não se poder referenciar diretamente seus posts.
Ontem ela escreveu um post chamado FOI MAL em que confessa o roubo de um tupperware. Vão lá ler. Como tudo que ela escreve, muito bom.
Mas cito esse post aqui para falar sobre outros roubos.
O tal tupperware surge no contexto dos esforços iniciais para fazer crescer o PT, o Partido dos Trabalhadores. E fica evidente o desconforto atual da Maray. Fala do PT de então com a ressalva de que era outra coisa, não era o de hoje.
Sei o que é isso. Como sou filho de pastor baptista, fico constrangido sempre que sou levado a mencionar esse detalhe da minha biografia. E o que é pior: meu pai foi sempre de uma honestidade absolutamente radical. Já hoje, falar-se em pastor de qualquer seita religiosa é resvalar na mais completa sacanagem. Como explicar a um jovem que em outros tempos havia pastores decentes?
Como explicar a um jovem que houve gente decente que construiu o PT, esse atual ninho de ratazanas?
A Folha de S.Paulo, hoje, no Painel(só para assinantes), informa que o PT está lutando contra certas nomeações de protegidos do ex-deputado Waldemar Costa Neto (PL) porque “do jeito que a coisa vai, só o PL vai ter dinheiro para fazer campanha no ano que vem”, no dizer de um petista. Ou seja, a festa continua.
O PT pode ludibriar e vai ludibriar grande parte dos eleitores. Seus caciques têm larga experiência em engodo.
Quero ver é convencer pessoas como a Maray, que ofereceram parte de suas vidas para tentar construir algo decente.
E que se constrangem hoje, ao tentar entender porque foram misturar-se a essa gangue.

sábado, 3 de dezembro de 2005

Em memória de Carolina Fernandes


Fez vinte anos, este ano, que morreu minha tia Carola. Carolina de nascimento, achava o nome horrível e tornou-se Carola (vejam como a moda muda). Meia irmã de meu pai, foi uma das pessoas mais marcantes em minha vida.
Há poucos meses, estivemos – eu e a Baixinha – no sítio de meu primo Mauro, filho único da tia Carola. Lugar paradisíaco, nas vizinhanças de Gonçalves, Minas Gerais. Ele teve a brilhante idéia de construir lá um mirante dedicado à memória da mãe.
Vejam as fotos:
Mauro explica o mural
Ro, Baixinha, eu e meu tio Paulo
Tio Paulo e a Baixinha descansam no miranteA chácara onde fica o mirante é deslumbrante:

Tyson toma conta da casa
Algum português saudoso da terrinha deu esse nome a seu sítio:
Refúgio do MarvãoA alguns quilômetros da casa de meu primo fica seu sítio, onde ele plantou uma figueira vinda de Vinhais. Vingará?
Que ela está a crescer, lá isso está

Atavismo

Isto é Passos de Lomba

Faz dois anos, hoje, que me tornei português.
Ou serão mais de sessenta?
Ou séculos?

Fluência em português


A cada dia fico mais fluente em português. Aprendi, hoje, que dar uma banana é, em Portugal, fazer um manguito. Muda a fruta. O gesto é o mesmo.

Aprendi aqui.

Transfusão de línguas


Rêver é sonhar

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Entreouvido por aí


Não, ele não tinha segundas intenções.
A intenção era uma só.

Ansiedade


Começou dezembro. Aqui em São Paulo a primavera se prepara para travestir-se em verão. Lá, no meu canto transmontano, o inverno chegou antes. Invadiu o outono.
Chego lá no dia 24. Consoada. Vou ocupar Bragança até 15 de janeiro. Preparem-se, ó bragançanos.

terça-feira, 29 de novembro de 2005

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Minhas manchetes


O blog do Josias de Souza reúne em um post, todo dia, as manchetes dos quatro principais jornais do eixo Rio – São Paulo (JB, Folha, Estadão e Globo).
Para não repeti-lo, forneço aqui manchetes que eu gostaria de ver publicadas:

Público:

Papa Bento XVI renuncia por ter se apaixonado por Elton John


Correio da Manhã:

Mario Soares é eleito presidente de Portugal
e Felipão convoca Eusébio


O Globo:

Partido dos Trabalhadores encerra atividades
com a publicação do panfleto “Desculpem qualquer coisa”


Diário do Grande ABC:

Lula garante que assassinato de Trotsky foi crime comum

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Penso? Existo?
(ou: Criador e Criatura)


Dia desses, meu criador levou uma amável bronca de um primo: como um indivíduo, esse Santos Passos, diz ter 44 anos e foi preso em 1.971, aos dez?!
Tem toda razão. Assim fica estranho. Vamos, então, lavar essa louça, deixar tudo em pratos limpos.
A história começa no início de 2.004, há quase dois anos. Meu criador tinha acabado de voltar de Portugal, cheio de fotos. Pretendia mostrar as fotos aos parentes. Perguntou ao filho: não há uma forma de se colocar essas fotos na Internet, pros parentes e amigos poderem ver? O filho sugeriu: por que você não faz um blog?
Foi aí que começou a funcionar este espaço aqui. Primeiro, por meio do fatídico Mblog. Mais tarde, no Blogger.
No início, ele assinava Beto, a alcunha dele desde pequeno. O nome do blog surgiu da junção de Santos (cidade natal, no estado de São Paulo, Brasil) e Passos (aldeia de origem, no concelho de Vinhais, distrito de Bragança, Portugal).
Ao passear pela blogolândia, começou a ser chamado Santos Passos pelos outros blogueiros. Confundiam o blog com o autor, caso banal de metonímia.
Quando da mudança para o Blogger, pareceu natural adotar como nome o tal Santos Passos. Num acesso de inventividade, meu criador tascou-me o pré nome Renato, sob pretexto de um duplo nascimento, esquecido de que se tratava apenas de dupla nacionalidade. Mas o homem é passional. Fazer o quê.
Por ter se esgotado a criatividade do tal Beto, eis que o dito cujo foi buscar nas obras do pai um novo nome para o blog. Foi quando virei definitivamente criatura, Renato Santos Passos. O blog passou a ser Meu Bazar de Ideias (primeiro com acento, como se grafa no Brasil. Depois, sem ele, como é o uso em Portugal).
Problema até hoje não resolvido foi a questão de meu nascimento. O Beto nunca se decidiu. Uma hora diz que nasci em 03 de dezembro, data do registro dele como português. Outra hora me faz nascer em 26 de junho, data da morte do pai. Enfim, mais confuso que o governo Lula. Quanto ao ano de nascimento, então, nem se fala: ora nasci em 1.961 (ainda graças à data da morte do pai) e tenho, portanto, 44 anos. Ora nasci junto com ele, em 1.945. O homem não sabe o que fazer.
Meu criador é assim mesmo: confuso. Além do mais, como acostumou-se, durante a militância política, a ter codinomes, vai criando personagens assim, sem muito planejamento. Qualquer dia falo sobre os codinomes que ele tinha nos tempos da ditadura militar.
Por enquanto (pelo enquanto, como ele falava quando era pequeno), ficamos assim: real, real mesmo, é o Beto (será?). Sou um personagem, um avatar do Beto. Temos, ele e eu, diferenças e semelhanças: ele, no Brasil, é torcedor do São Paulo F. C., eu, do Santos F. C. . Já em Portugal, somos – ambos – F. C. do Porto. Ele é agnóstico. Eu sou ateu, mesmo. E por aí vai.
Qualquer dia volto ao assunto. Se ele deixar.

sábado, 19 de novembro de 2005

Pequenos prazeres


Já que ainda estou derrubado, olhos vermelhos, sem poder ler A Entrega - memórias eróticas, de Toni Bentley, vamos a um Real Madrid x Barcelona.
Sem esquecer a Grappa, como digestivo.

Saúde!








* * * * * * * * * * *


Ontem, lenços de papel de um lado, colírio do outro, assisti ao filme Depuis q'Otar est parti...Sei que é um filme de 2003. Se você é ligadão em cinema já assistiu. Caso seja como eu, que não me apresso em assistir aos filmes, não deixe de ver.
De uma ternura acima de qualquer ironia.

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Pílulas Paloccianas


No momento em que o ministro da Fazenda está pela bola sete, cabe fazer duas observações:

1. Nunca entendi esse negócio de auto-crítica. Eu, por exemplo, quando me dei conta de que tinha feito tudo errado em política, simplesmente enfiei a viola no saco e fui cuidar da minha vida. Já os Genoínos et caterva não. Eles fazem as besteiras, aí fazem auto-crítica e continuam a fazer besteiras.
Agora, Paloccinho meu querido, ter sido da Libelu não dá direito a auto-crítica. É ridículo demais. Parodiando Nicolau, ninguém foi da Libelu impunemente.

2. Palocci me lembra um outro político do meu tempo de infância: o ex-goleiro do Santos F.C., Athiê Jorge Cury. Athiê foi goleiro do time do Santos campeão paulista de 1.935. O futebol era ainda amador. Então, quando os jogadores encerravam a carreira, arrumavam pra eles uns empregos excelentes, tipo conferente das Docas (naquele tempo era bom).
Athiê enveredou pela política e se deu bem. Durante muitas eleições foi o deputado federal mais votado no estado de São Paulo. Foi prefeito de Santos.
Conta a lenda que sua mãe, já anciã, ao ver o filho tornar-se tão proeminente, teria afirmado:
- Se soubesse que o Athiê ia ser tão importante, eu o teria obrigado a aprender a ler e escrever.
Palocci: aqui entre nós, se você soubesse que ia tornar-se o Ministro por excelência do governo federal, herói dos mercados financeiros, não teria aprontado as lambanças que aprontou em Ribeirão, né não?
(o diabo é que – nesse caso – não teria chegado lá)

Vestidos


Se fosses um vestido pendurado em um cabide no closet de tua dona: preferirias que ela te esquecesse pra ficares quietinho em teu canto ou gostarias que ela te usasse com freqüência, para passeares por lugares lindos (e envelhecer depressa)?

sábado, 12 de novembro de 2005

sábado, 5 de novembro de 2005

Poesia pura


Não faço a mínima ideia de se a ALCA é algo bom ou não para os países cucarachas. Mas gostei do quase hai kai do Hugo Chaves:

ALCA, ALCA,
Al carajo!

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Imaginários


Subo na esteira (/passadeira) e começo a caminhada. Da varanda de meu quarto vejo o skyline do Morumbi, ao norte.


Ritmo constante, pensamento solto, lá vou eu, nesse passeio imaginário que a tecnologia me proporciona.
Aos poucos, a esteira se prolonga. Estou na Promenade des Anglais, Nice.


Na baía des Anges, as praias se sucedem: Galion, Ruhl, Lido, Sporting, Blue beach. Ultrapasso o Hotel Negresco. E continuo: Neptune, Forum, Voilier, Florida, Bambou, Miami, Régence. Os aviões não param de subir, descer. O aeroporto é logo ali.
Logo ali, depois da pequena ponte que me leva da margem direita do riacho ao lado de lá, à margem esquerda.


E as árvores da Promenade de la Rivière de l’Arc me protegem do sol, esse sol que enche Aix-em-Provence de luz e cores.


Agora o piso é acidentado. É preciso tomar cuidado com os seixos que se espalham pelo caminho de terra batida.
Por esse chão de terra chego até a estrada que corta Passos, estrada de asfalto da qual avisto a montanha que limita o vale. E lá no alto do monte já é Espanha.


Bem perto, pra lá dos edifícios do Morumbi. Pra lá desse horizonte recortado de prédios.


Morumbi, Nice, Aix, Passos, Espanha. Tudo real, tudo imaginário. Categorias que a navalha de Ockam há muito deveria ter destruído. Conceitos de que a filosofia se utiliza pra tentar inutilizar nossas vidas. Este skyline, estes aviões indo e vindo, esta Espanha próxima, este burburinho de água do riacho, estes ancestrais vivos na memória. Imaginários. Reais.
Aqui. Em mim.

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Adeus


Enfim, sexta, 14 de outubro, dez da noite, aeroporto Malpensa, Milão, avião manobrando pra partir pra São Paulo.

com direito a arco-íris
Lá vamos nós.


Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.

domingo, 30 de outubro de 2005

Milano - 6
O turismo comme il faut


Nas avenidas, você vê prédios residenciais. Como entrar neles? Há portões que dão acesso a pátios internos, dos quais se acessam os apartamentos.
Esses pátios, tão próximos ao burburinho comercial da avenida, surpreendem pelo bucólico inesperado:




Sentar em um bar da Galeria Vittorio Emanuele é instigante. A arquitetura à sua volta, os tipos humanos que circulam, tudo encanta e surpreende. Mas é muito turista. É tudo feito pra turista.
Melhor é sentar do lado de fora do Bar Olímpico, mesas na calçada, esquina de Spallanzani com Omboni. Ali não há turistas. Os avós voltam das escolas nas quais foram buscar os netos, os jovens executivos que saem do trabalho sentam para uma conversa.





Na foto do meio, aí acima, aqueles dois senhores à mesa atrás da baixinha conversam sobre arte. Consigo entender muito pouco, mas admiro o que adivinho ser um papo pra lá de erudito, embora definitivamente cotidiano.
Há o garotão escravo da moda, com a calça jeans no meio da bunda, o carro estacionado na calçada, bem à italiana, a arquitetura magnífica jogada displicentemente num lugar qualquer da metrópole.





Há outros lugares na cidade ao resguardo dos turistas.
Neles você come bem


toma grappa


vê que inglês macarrônico é expressão que também se usa em italiano (ou seria melhor dizer que também se usa em português?)