quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Penso? Existo?
(ou: Criador e Criatura)


Dia desses, meu criador levou uma amável bronca de um primo: como um indivíduo, esse Santos Passos, diz ter 44 anos e foi preso em 1.971, aos dez?!
Tem toda razão. Assim fica estranho. Vamos, então, lavar essa louça, deixar tudo em pratos limpos.
A história começa no início de 2.004, há quase dois anos. Meu criador tinha acabado de voltar de Portugal, cheio de fotos. Pretendia mostrar as fotos aos parentes. Perguntou ao filho: não há uma forma de se colocar essas fotos na Internet, pros parentes e amigos poderem ver? O filho sugeriu: por que você não faz um blog?
Foi aí que começou a funcionar este espaço aqui. Primeiro, por meio do fatídico Mblog. Mais tarde, no Blogger.
No início, ele assinava Beto, a alcunha dele desde pequeno. O nome do blog surgiu da junção de Santos (cidade natal, no estado de São Paulo, Brasil) e Passos (aldeia de origem, no concelho de Vinhais, distrito de Bragança, Portugal).
Ao passear pela blogolândia, começou a ser chamado Santos Passos pelos outros blogueiros. Confundiam o blog com o autor, caso banal de metonímia.
Quando da mudança para o Blogger, pareceu natural adotar como nome o tal Santos Passos. Num acesso de inventividade, meu criador tascou-me o pré nome Renato, sob pretexto de um duplo nascimento, esquecido de que se tratava apenas de dupla nacionalidade. Mas o homem é passional. Fazer o quê.
Por ter se esgotado a criatividade do tal Beto, eis que o dito cujo foi buscar nas obras do pai um novo nome para o blog. Foi quando virei definitivamente criatura, Renato Santos Passos. O blog passou a ser Meu Bazar de Ideias (primeiro com acento, como se grafa no Brasil. Depois, sem ele, como é o uso em Portugal).
Problema até hoje não resolvido foi a questão de meu nascimento. O Beto nunca se decidiu. Uma hora diz que nasci em 03 de dezembro, data do registro dele como português. Outra hora me faz nascer em 26 de junho, data da morte do pai. Enfim, mais confuso que o governo Lula. Quanto ao ano de nascimento, então, nem se fala: ora nasci em 1.961 (ainda graças à data da morte do pai) e tenho, portanto, 44 anos. Ora nasci junto com ele, em 1.945. O homem não sabe o que fazer.
Meu criador é assim mesmo: confuso. Além do mais, como acostumou-se, durante a militância política, a ter codinomes, vai criando personagens assim, sem muito planejamento. Qualquer dia falo sobre os codinomes que ele tinha nos tempos da ditadura militar.
Por enquanto (pelo enquanto, como ele falava quando era pequeno), ficamos assim: real, real mesmo, é o Beto (será?). Sou um personagem, um avatar do Beto. Temos, ele e eu, diferenças e semelhanças: ele, no Brasil, é torcedor do São Paulo F. C., eu, do Santos F. C. . Já em Portugal, somos – ambos – F. C. do Porto. Ele é agnóstico. Eu sou ateu, mesmo. E por aí vai.
Qualquer dia volto ao assunto. Se ele deixar.

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