terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Do já engolido, do a engolir


Pois é. Dia 13. Faz 13 anos que minha mãe morreu. O nome completo dela tem 13 letras. Isso, claro, me lembra o Zagallo. Que, aos 13 anos, tive de engolir como ponta esquerda da seleção brasileira. E José Macia, o Pepe, na reserva.
Também, Feola, o técnico, deixou na reserva – além do Pepe – apenas Pelé e Garrincha. Depois, pressionado, colocou os dois últimos. Mas Pepe não entrou. Continuou Zagallo, que tinha o santo forte, ou seja, sabia puxar saco como ninguém.
Tanto sabia que em 70 substituiu o Saldanha, que não era bem visto pelos militares. Ainda bem que os jogadores não deixavam que ele escalasse o time. Ao menos é o que dizem.
Continuo engolindo o Zagallo até hoje, quase 13 vezes 4 anos depois.
E foi num dia 13 de dezembro, em 1968, que a situação começou a ficar afro-descendente.
Eu dirigia um cursinho pré-vestibular situado no Vale do Anhangabaú, esquina com Av. São João, coração de São Paulo. Junto com o Farina, um sujeito maravilhoso que a vida me levou a perder de vista.
Estávamos na correria de início do curso intensivo de final de ano. De repente, o prédio começou a tremer. Terremoto não devia ser. Mas, da rua, vinha um ronco estranho. Farina entreabriu uma cortina e colocou a cabeça pra fora.
Rapidamente recolheu a cabeça, soltou a cortina e – com olhos arregalados – exclamou:
- TANQUES!
Eram os militares desfilando sua prepotência. Para deixar claro quem mandava.
Pouco depois chegava Ricardo Maranhão, jornalista que lecionava História no cursinho, trazendo cópia de Instituições em Frangalhos, editorial de O Estado de São Paulo que causara a apreensão da edição do jornal do dia em que havia sido publicado.
A partir de então, tenho engolido militares e civis.
Haja goela.

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