domingo, 28 de novembro de 2004
Letícia:lat. laetitìa,ae 'alegria, ledice; fertilidade'
Minha filha mais velha faz hoje 29 anos. Não lhe dou parabéns, isso vai de si. Digo-lhe que aquele instante - onze horas e poucos minutos de vinte e oito de novembro de 1.975 - foi o momento mais significativo de minha vida.
E mais não digo. As palavras não chegariam lá, onde quero.
sábado, 27 de novembro de 2004
A fumaça de Lulla
Em Smoke, o personagem de William Hurt explica como é possível pesar a fumaça de um charuto: coloca-se o charuto no prato de uma balança. Anota-se o peso. Em seguida, acende-se o charuto e começa-se a fumá-lo. Toda cinza é depositada no prato da balança. Ao final, a diferença entre o peso inicial do charuto e o das cinzas restantes é o peso da fumaça.
Sugiro esse critério para pesarmos o conjunto de princípios e ideais do governo Lulla. Colocam-se no prato da balança, primeiro, todas as manifestações antigas dos petistas a favor do povo. Pesa-se, enfim, o conjunto de medidas que o governo tem tomado a favor da banca e das elites do país.
A diferença é o peso do ideário petista.
(Se o valor resultante der negativo, o peso a ser considerado é zero).
Do vagar
Calma. A vida vem pelo atravessado. Não é de frente. Os caminhos estão desenhados, seus contornos ali, prontos. Pelo certo há encruzilhadas. No que nelas, a alma ferve. Pudera. Escolha é perda. Vai-se por cá, ficam outros fios pendentes, sem experimentação. É assim, funciona do jeito.
Vê o amor. Escambo, dádiva mútua. Ganho. Perda. É jogar-se no inclinado.
Ninguém volta do pra onde foi. Tudo é sempre depois. Enviesado.
Não há escolha. É preciso escolher. Vai-se, não há outra possibilidade. O começo pôs em movimento a roda. É seguir. Sentir o vento no rosto. Única permissão. Parar não pode.
Isso é tempo. Que o lento, rápido, depressa, devagar, são sempre em frente. Na diagonal dos desejos. Não do que seria certo. Nem errado. Na direção da surpresa. Do que não era pra ser mas é.
Devagar. Não há um destino. Ninguém vai chegar a lugar algum. O devir não é trem de uma estação a outra. Desliza no incerto. Mora no agora. Atravessa em direção a nunca.
sexta-feira, 26 de novembro de 2004
Um de meus vícios
quarta-feira, 24 de novembro de 2004
Palavras que fazem sofrer
Dado meu estado de profunda consternação, terrível abatimento pelo simples imaginar da enorme gama de problemas que a vida reservou a esta senhora, vou ser suscinto. Já há palavras de sobra a atormentar a vida de certas pessoas. Não quero agravar a situação. Vamos, portanto, às instruções. Siga-as rigorosamente e depois me diga: não é uma tragédia?
1. Acesse a página da Receita Federal (Brasil).
2. No alto da página, bem ao centro, aponte o mouse para Pessoa Física.
3. No menu que se abre, vá à terceira linha, onde se lê CPF - Cadastro Pessoa Física.
4. No sub-menu que se abre, vá até a terceira linha: Situação Cadastral. Clique.
5. Na página que se abre, forneça o CPF 877.841.068-15, sem pontos nem traço.
6. Reproduza o texto da figura que aparece à direita da página e clique Consultar, mais abaixo.
Grave ameaça de colapso no turismo em Portugal
Já mencionei aqui meu intenso intercâmbio e-pistolar com Maria João, a propósito de reservas para a passagem do ano na Pousada de Manteigas.
Pois bem. Dia desses, lá fui eu solicitar reserva para a Pousada de Viana do Castelo. Respondeu-me a senhora Celeste Pereira. Perguntou algumas coisas. Respondi. Hoje chegou a confirmação de minha reserva.
Assina a confirmação a já agora ilustríssima Maria João Henriques.
Confesso que fiquei um tanto sobressaltado. E se Maria João ficar doente? Qualquer probleminha de saúde que a tire de circulação por alguns poucos dias? Quem cuidará do turismo em Portugal?
E - Deus nos livre!!! - se Maria João (bate na madeira três vezes) for vítima de algo mais grave? Se - vade retro Satanás!!! - vier a, digamos, passar desta para melhor. Falecer. Bater com as dez.
Como fica o turismo em Portugal?
terça-feira, 23 de novembro de 2004
Isso são outros quinhentos
Quem sabe o mundo blogueiro me resolve esse problema. Tive, hoje, a idéia de perguntar aqui.
É o seguinte: há muitos anos, usava-se, pelo menos no Brasil, a expressão "isso são outros quinhentos". Tinha o sentido de "isso é outra história".
Em algum momento de minha vida minha mãe contou-me a origem dessa expressão. Tratava-se de uma pequena cidade do interior. Havia a figura do prefeito, do padre, do delegado. Surgia na cidade um espertalhão vindo da cidade grande, viajado. Armava um rolo e, no final, alguém emprestava quinhentos mil réis ao maroto. O espertalhão, além de escapar de devolver os quinhentos mil réis, conseguia a cumplicidade do padre. Sabe-se lá porque, o padre, em uma conversa entre todos os personagens, defendia o forasteiro, afirmando que ele, padre, é que ficara a dever os quinhentos mil réis. De pronto, o sacana aproveita e tasca a expressão: "Esses são outros quinhentos". E ganha mil.
Quando, já nos anos últimos de minha mãe, pedi a ela que me repetisse a história, já ela também não a recordava.
Fiquei na curiosidade.
Alguém aí sabe recontar essa história?
segunda-feira, 22 de novembro de 2004
Viagem - 3
E vamos lá à conclusão (quase) definitiva deste planejamento de viagem. Caso contrário, o Asulado me esgana.
Sejamos objetivos (detesto isso):
03 dezembro 2.004: saída de São Paulo em direção a Lisboa. Vôo Varig.
(espero que a Varig não peça falência antes disso).
04: chegada a Lisboa. Pegamos o carro e vamos à Serra do Buçaco. Por mim, parava em Leiria e almoçava no Tromba Rija. Minha mulher - não sem razões - entende que o clima de decadência que constatámos lá ano passado não o recomenda. Só garanto uma coisa: em algum lugar eu almoço. Ah, isso não é dúvida.
de 04 a 07: instalados no Hotel Palace de Buçaco, vamos conhecer Figueira da Foz, comer uns leitõezitos em Mealhada, visitar Ílhavo e Aveiro, com seus ovos moles.
08: rumo a Viana do Castelo. Lá, ficaremos na Pousada Monte de Santa Luzia.
09 a 12: passeios à Espanha, a Braga e Guimarães. Enquanto a baixinha sobe pelo elevador, vou enfrentar os degraus do santuário de Bom Jesus do Monte. Ateu dos bons é assim.
13: para Vidago, no Palace Hotel. Essa dica eu obtive no blog do Pedro Malheiros.
14 e 15: visitas a Boticas e a Chaves.
16: toca pra Vinhais, encontrar o Armindo Alves. Ele vai nos levar a Pinheiro Novo, onde tem uma casinha de turismo rural. Lá vamos nos instalar e começar a procurar terreno pra nossa casa em Passos.
16 a 28: muitos passeios pelas aldeias da região da Lomba. Consoada na casa de Zelinda e Alípio. Natal idem ibidem. Com todos: Dora, Arnaldo, Abílio etc etc.
A baixinha já quer começar a construção de uma edícula, para lá nos instalarmos nos próximos anos, nas futuras visitas. Antes da mudança definitiva, quando então construiremos a casa.
29: despedidas, partida para Manteigas. A menos que Maria João me mande - antes disso - e-mail cancelando tudo. Caso essa catástrofe não ocorra, entraremos em 2.005 refestelados na Pousada de Manteigas.
30 a 02 janeiro: repimpados em Manteigas.
03: rumo a Évora.
Ainda não sei se ficaremos em Évora, Beja ou algo por ali. Só sei que serão dois dias inteiros alentejando.
06: e, antes que surja a África, Algarve.
Ainda não sei onde ficaremos. Mas vamos tentar encontro com Asulado, Susana e demais blogaholics. Talvez fundar, em Olhão, a Blogólicos Anônimos. Ficaremos no Algarve até 10 de janeiro.
10: vamos a Santiago do Cacém, visitar primo José Carlos, a Utília e a Sofia. De lá só saímos dia onze, em direção a Lisboa.
De 11 a 15, bundaremos em Lisbon City.
Dia 15, Varig novamente. Desta vez, com escala no Rio de Janeiro, pode?
Dia 16, domingo, rearranjo cerebral.
17: volta ao trabalho. Trabalho? Onde? Quando? E, principalmente, COMO?
domingo, 21 de novembro de 2004
Meus blogs preferidos - Portugal
Há, ainda, muitos blogs por conhecer. Mas fico feliz ao constatar que em menos de um ano consegui estabelecer relações (virtuais) com pessoas de grande parte do território português.
Claro que há nuances: não é com todos que tenho o mesmo grau de afinidade, de proximidade. Ali em Olhão estão os mais próximos (e eu tinha certo distanciamento do Algarve, vejam só). Acima de tudo o Asul e o Mitus. Mas os alfacinhas filosófico-etílicos do Saca, da Arca, do Antes, me são bastante afins.
Penso que o Manuel, do Gasolim, é o mais surpreendente. E adoro surpresas. Uma delas, foi saber que o Eubozeno, do nese-nese, é de Bragança. Maravilha.
Há os blogs temáticos, por exemplo o renas e o Diário. Magníficos. Por falar em magníficos, não incluí Os Animais Evangélicos porque não me responderam ainda.
Note-se, por fim, a diversidade de posturas (políticas, sociais, de visão de mundo). Adoro ver o circo pegar fogo. Fascina-me o confronto de idéias.
quarta-feira, 17 de novembro de 2004
Era uma vez - XVI
Teoria do Prazer Relativo
No Presídio Tiradentes, sábado era o dia de visitas. Qualquer hora falo sobre isso. Agora, quero contar detalhes de outra visita. A de terça-feira, a visita de casais. Eu era um dos poucos que tinha mulher presa também. No mesmo presídio. Esses bem ou mal aventurados que faziam parte de um casal-preso-no-mesmo-presídio podiam visitar-se às terças, das nove às onze da manhã.
Era uma maravilha. A gente acordava cedíssimo e se arrumava debaixo da inveja indisfarçável dos companheiros de cela (que não tinham o “privilégio” dessa visita). Fazíamos barba, púnhamos perfume, caprichávamos ao máximo. Até a roupa era caprichada, dentro dos limites do nosso parco guarda-roupas.
A já citada e malfadada ALN via com maus olhos essa coisa de visita de casal. Nada menos revolucionário. Nada mais pequeno-burguês.
Nós (Altino Dantas, o baiano Sarno, eu e alguns outros) adorávamos aquele momento inigualável, aquelas duas horas em que podíamos tocar nossas mulheres e com elas conversar de amor. Já o Alcides (ALN, futuro vereador em Campinas, pelo PT) e demais revolucionários iam a esses encontros constrangidos, divididos internamente. E racionalizavam: já que não é possível ter uma relação completa, adequada, nada de toque. Deve-se permanecer à distância da mulher, conversar (de preferência sobre temas de interesse da revolução etc etc, ad nauseam), trocar idéias.
Foi nesse contexto que o baiano Sarno, que já tinha uma “teoria da baianidade”, teoria que abarcava da rede ao acarajé, chegou com a “Teoria do Prazer Relativo”. Fácil de explicar, prazerosa de se pôr em prática: o que for possível, a gente faz. Deu chance, a gente avança. Melhor alguma coisa que nada.
E as meninas, as nossas, passaram a confeccionar ponchos, peças de lã que se encaixavam no pescoço e desciam, rodadas, abaixo da cintura. Sentávamos nos bancos do pátio feminino (no qual se dava a visita de casais) e “entrávamos” nos ponchos. Até que algum brucutu chamado “carcereira” viesse chamar nossa atenção, a ordenar moderação, já muito prazer tinha sido gerado e consumido.
Deus seja louvado.
Era uma maravilha. A gente acordava cedíssimo e se arrumava debaixo da inveja indisfarçável dos companheiros de cela (que não tinham o “privilégio” dessa visita). Fazíamos barba, púnhamos perfume, caprichávamos ao máximo. Até a roupa era caprichada, dentro dos limites do nosso parco guarda-roupas.
A já citada e malfadada ALN via com maus olhos essa coisa de visita de casal. Nada menos revolucionário. Nada mais pequeno-burguês.
Nós (Altino Dantas, o baiano Sarno, eu e alguns outros) adorávamos aquele momento inigualável, aquelas duas horas em que podíamos tocar nossas mulheres e com elas conversar de amor. Já o Alcides (ALN, futuro vereador em Campinas, pelo PT) e demais revolucionários iam a esses encontros constrangidos, divididos internamente. E racionalizavam: já que não é possível ter uma relação completa, adequada, nada de toque. Deve-se permanecer à distância da mulher, conversar (de preferência sobre temas de interesse da revolução etc etc, ad nauseam), trocar idéias.
Foi nesse contexto que o baiano Sarno, que já tinha uma “teoria da baianidade”, teoria que abarcava da rede ao acarajé, chegou com a “Teoria do Prazer Relativo”. Fácil de explicar, prazerosa de se pôr em prática: o que for possível, a gente faz. Deu chance, a gente avança. Melhor alguma coisa que nada.
E as meninas, as nossas, passaram a confeccionar ponchos, peças de lã que se encaixavam no pescoço e desciam, rodadas, abaixo da cintura. Sentávamos nos bancos do pátio feminino (no qual se dava a visita de casais) e “entrávamos” nos ponchos. Até que algum brucutu chamado “carcereira” viesse chamar nossa atenção, a ordenar moderação, já muito prazer tinha sido gerado e consumido.
Deus seja louvado.
terça-feira, 16 de novembro de 2004
A República e Maria João
Dia desses escrevi aqui sobre a reserva de quarto em pousada de Manteigas e os mil e um e-mails da minha Scheerazade portuguesa, a Maria João.
Pois bem. Este final de semana, no Brasil, foi prolongado pela comemoração da Proclamação da República na segunda-feira. Como é praxe no Brasil, as coisas são feitas sempre no chute e de modo enviesado. Não é à toa que o Roberto Carlos, do Real Madrid, cobra tão bem os tiros livres diretos. A República, no Brasil, foi proclamada (aqui as coisas são proclamadas. Não instauradas, implantadas ou estabelecidas) por um marechal monarquista. E eu, como genuíno brasileiro, fui passar a data em um sítio em Petrópolis, cidade na qual nossos Pedros, imperadores, repousavam seu cansaço. Meu cunhado e minha irmã têm lá um sítio de proporções - para mim - latifundiárias. Foram três dias de silêncio quase absoluto, não fora o canto das maritacas e poucos latidos de um cachorrinho que circula por lá.
Minha felicidade ficou completa quando, ao chegar de volta a casa, percebi que recebera mais um e-mail de Maria João. Diz ela que está prestes a debitar as diárias em meu cartão de crédito.
Pois bem. Este final de semana, no Brasil, foi prolongado pela comemoração da Proclamação da República na segunda-feira. Como é praxe no Brasil, as coisas são feitas sempre no chute e de modo enviesado. Não é à toa que o Roberto Carlos, do Real Madrid, cobra tão bem os tiros livres diretos. A República, no Brasil, foi proclamada (aqui as coisas são proclamadas. Não instauradas, implantadas ou estabelecidas) por um marechal monarquista. E eu, como genuíno brasileiro, fui passar a data em um sítio em Petrópolis, cidade na qual nossos Pedros, imperadores, repousavam seu cansaço. Meu cunhado e minha irmã têm lá um sítio de proporções - para mim - latifundiárias. Foram três dias de silêncio quase absoluto, não fora o canto das maritacas e poucos latidos de um cachorrinho que circula por lá.
Minha felicidade ficou completa quando, ao chegar de volta a casa, percebi que recebera mais um e-mail de Maria João. Diz ela que está prestes a debitar as diárias em meu cartão de crédito.
sexta-feira, 12 de novembro de 2004
About me
Hoje aconteceu algo engraçado. Curioso, intrigante. Edipiano, talvez.
O facto é que, ao olhar mais uma vez pra essa foto minha que fica aí no perfil (agora aí ao alto - atualização em 16/11/2009), percebi que gosto muito desse garoto. Mas muito, muito mesmo. Gostaria que ele fosse meu filho. E olha que tenho filhos maravilhosos, desses que deixam todo mundo babando. Mas gostaria de ter esse moleque como filho. Sinto enorme atração por ele. E sei que o pai dele não aproveitou o privilégio de tê-lo como filho. Talvez tenha aproveitado. Mas pouco. Se tivesse sido amigo, confidente, teria saído enriquecido dessa cumplicidade.
Vai saber.
Vou me aproximar dele. Conquistá-lo aos poucos. Seduzi-lo, mesmo. Quem sabe comigo ele estabeleça essa relação de cumplicidade que não teve com o pai.
Quem sabe.
(desconfio que Luiz Meyer, que teve o saco de me psicanalisar durante cinco anos, gostaria de ler este post)
Viagem - 2
Então. Chego a Lisboa dia quatro, sábado. Nem vamos parar lá. Vamos direto pra Figueira da Foz. Quer dizer. Íamos. Desde que a baixinha descobriu o hotel lá da Serra do Buçaco, ficou a vontade de desviar pra lá. Só não sei se ainda há quartos disponíveis. A ver. Certeza, mesmo, é ir a Mealhada comer um leitãozinho. Por falar em comida, ainda no sábado a idéia é almoçar em Leiria, adivinha aonde: Tromba Rija, claro, claro. O leitãozinho fica pra domingo.
Depois, seguir pra Aveiro. Quero conhecer também Ílhavo. Pela simples razão de que meu processo de cidadania portuguesa deu entrada pela Conservatória de lá. Por razões que não cabe agora explicar.
Dia nove, direto a Viana do Castelo. Talvez uma paradinha no Porto, sob pretexto de visitar o Museu da Moeda. Na verdade, pra dar uma chegadinha no Majestic.
Dia 12, Braga, Guimarães.
Dia 14, Chaves, Boticas.
Dia 16, finalmente, Passos. Vamos ficar, pra ser exacto, um pouco pra cima, em Pinheiro Novo, em uma casa de turismo rural do Armindo, de Vinhais. Mas, de carro, em dez, quinze minutos se chega a Passos.
Que venham as matanças, a consoada, o Natal.
Sei que muitos odeiam as matanças. Não é o meu caso. Mas discutir esse tipo de coisas é mais chato que tarde de sábado na casa da sogra. Então, ponto.
Dia 29, adeus a Passos. Rumo a Manteigas. Lá passaremos a entrada de ano, claro que depois da necessária saída deste atual.
Por falar em Manteigas. Todos sabem que, no Brasil, considera-se que português é burro. Muito bem. Começo a desconfiar que, em Portugal, pensa-se o mesmo em relação aos brasileiros (eu, então, devo ser burro ao quadrado).
Toda vez, em Portugal, que peço explicação a alguém sobre que caminho tomar para chegar a algum lugar, a pessoa a quem pergunto repete – digamos – umas dez vezes a explicação. Chega um momento em que tenho de agradecer e colocar o carro em movimento devagarzinho. O que se chama “sair de fininho”. Primeiro, achava que era mania de português, essa de explicar interminavelmente. Depois, comecei a desconfiar que isso era função de perceberem que falavam com brasileiro.
Pois bem. Mandei e-mail pra reservar quarto na pousada de Manteigas. Uma simpática senhora Maria João me respondeu. Fiz a reserva com bastante antecedência. Já faz uns dois ou três meses. Pois até hoje Maria João me manda e-mails a solicitar confirmação, concordância, assentimento, reafirmação, o diabo. Minha reserva já tem número, código, o scambau. Mas, hoje mesmo, Maria João mandou-me mais um e-mail. Já respondi. Maria João deve achar que com brasileiros é preciso ser redundante.
E bota redundância nisso.
Depois, seguir pra Aveiro. Quero conhecer também Ílhavo. Pela simples razão de que meu processo de cidadania portuguesa deu entrada pela Conservatória de lá. Por razões que não cabe agora explicar.
Dia nove, direto a Viana do Castelo. Talvez uma paradinha no Porto, sob pretexto de visitar o Museu da Moeda. Na verdade, pra dar uma chegadinha no Majestic.
Dia 12, Braga, Guimarães.
Dia 14, Chaves, Boticas.
Dia 16, finalmente, Passos. Vamos ficar, pra ser exacto, um pouco pra cima, em Pinheiro Novo, em uma casa de turismo rural do Armindo, de Vinhais. Mas, de carro, em dez, quinze minutos se chega a Passos.
Que venham as matanças, a consoada, o Natal.
Sei que muitos odeiam as matanças. Não é o meu caso. Mas discutir esse tipo de coisas é mais chato que tarde de sábado na casa da sogra. Então, ponto.
Dia 29, adeus a Passos. Rumo a Manteigas. Lá passaremos a entrada de ano, claro que depois da necessária saída deste atual.
Por falar em Manteigas. Todos sabem que, no Brasil, considera-se que português é burro. Muito bem. Começo a desconfiar que, em Portugal, pensa-se o mesmo em relação aos brasileiros (eu, então, devo ser burro ao quadrado).
Toda vez, em Portugal, que peço explicação a alguém sobre que caminho tomar para chegar a algum lugar, a pessoa a quem pergunto repete – digamos – umas dez vezes a explicação. Chega um momento em que tenho de agradecer e colocar o carro em movimento devagarzinho. O que se chama “sair de fininho”. Primeiro, achava que era mania de português, essa de explicar interminavelmente. Depois, comecei a desconfiar que isso era função de perceberem que falavam com brasileiro.
Pois bem. Mandei e-mail pra reservar quarto na pousada de Manteigas. Uma simpática senhora Maria João me respondeu. Fiz a reserva com bastante antecedência. Já faz uns dois ou três meses. Pois até hoje Maria João me manda e-mails a solicitar confirmação, concordância, assentimento, reafirmação, o diabo. Minha reserva já tem número, código, o scambau. Mas, hoje mesmo, Maria João mandou-me mais um e-mail. Já respondi. Maria João deve achar que com brasileiros é preciso ser redundante.
E bota redundância nisso.
quinta-feira, 11 de novembro de 2004
Memória da dor
Por razões profissionais, quase todo dia atravesso a ponte do Jaguaré, sobre o rio Pinheiros, em São Paulo. Não sou engenheiro civil, mas sei que as pontes e viadutos têm, nas extremidades, folgas pra dilatação, algo por aí. Por causa disso, há quase sempre pequenos desníveis na entrada e na saída do leito carroçável dessas estruturas.
Ao passar cotidianamente por esses desníveis da ponte do Jaguaré, lembro de quando - lá por 1.992 - levava freqüentemente minha mãe para fazer radioterapia em um hospital da cidade. O caminho incluía a ponte do Jaguaré. Minha mãe, já com metástase de um câncer, sofria muito com as dores que lhe percorriam todo o esqueleto. Eu ficava sem saber como passar por esses desníveis. Parecia que passar muito devagar aumentava o sofrimento de minha mãe. Mas ao passar rápido, a pancada a afetava bastante também. Enfim, não tinha jeito.
Era sempre um suplício passar pela ponte. Tanto na entrada quanto na saída, sabia que minha mãe sofreria dores agudas em algum ponto da ossatura.
Hoje, os pequenos solavancos dóem em mim. Em algum lugar que não é corpo.
Ao passar cotidianamente por esses desníveis da ponte do Jaguaré, lembro de quando - lá por 1.992 - levava freqüentemente minha mãe para fazer radioterapia em um hospital da cidade. O caminho incluía a ponte do Jaguaré. Minha mãe, já com metástase de um câncer, sofria muito com as dores que lhe percorriam todo o esqueleto. Eu ficava sem saber como passar por esses desníveis. Parecia que passar muito devagar aumentava o sofrimento de minha mãe. Mas ao passar rápido, a pancada a afetava bastante também. Enfim, não tinha jeito.
Era sempre um suplício passar pela ponte. Tanto na entrada quanto na saída, sabia que minha mãe sofreria dores agudas em algum ponto da ossatura.
Hoje, os pequenos solavancos dóem em mim. Em algum lugar que não é corpo.
Viagem - 1
Enquanto essa porcaria de blog não consegue receber imagens, vamos conversar um pouco sobre minha viagem. Pra falar a verdade (de vez em quando é bom, né), eu já estou em ritmo de viagem. É certo que estou a trabalhar feito um louco. Parece que quando as férias se aproximam o trabalho vai aumentando, aumentando. Além disso, estou nessa tentativa de fazer as imagens aparecerem aqui. É chato, porque bastava estudar um pouco e pronto. Mas eu já não tenho muito saco pra isso. Já programei em assembler, cobol, fortran, algol, pascal, basic, spl (você nem sabe o que é isso, nem precisa saber), já fiz compilador de linguagem que eu próprio desenvolvi, já fiz o diabo (principalmente). Agora, chega. Quero resolver problemas localizados e pronto. Nada de grandes estudos informáticos. Já me enchi.
Mas a viagem. Ah, a viagem. Isso sim, é bom. Desabo em Lisboa dia 4 de dezembro, sábado. Por falar nisso, lembrei da primeira vez em que cheguei a Lisboa. Do aeroporto tomei um táxi, não sem antes trocar dólares por uns escudos. Nunca tinha visto notas de escudos na minha vida. Cheguei ao hotel. Paguei o motorista do táxi com uma nota alta. Ele me deu um monte de notas de troco. Tinha várias de 200 escudos, 100 escudos, coisas assim. Registrei-me no hotel e um garoto de uns catorze, quinze anos me acompanhou até o quarto. Fiquei impressionado porque o menino trajava terno, com gravata e tudo. Super bonitinho. Colocou minha mala no lugar adequado, deu as dicas sobre o funcionamento do quarto e já ia embora. Dei-lhe uma nota de 200 escudos (naquela época isso devia ser algo tipo 2 ou 3 dólares). Ele olhou a nota, olhou-me e sentenciou:
- Esta nota já nada vale.
E eu:
- Mas acabo de recebê-la do motorista do táxi.
Com um sorriso meio zombeteiro e em voz cantada, ele completou:
- Então o senhor foi enganado.
E eu, justo eu, que me achava o rei da cocada preta. Sabia tudo de malandragem. Chego a Lisboa e já me passam a perna logo de cara?!?
Mas desta vez já não me enganam.
Será?
Mas a viagem. Ah, a viagem. Isso sim, é bom. Desabo em Lisboa dia 4 de dezembro, sábado. Por falar nisso, lembrei da primeira vez em que cheguei a Lisboa. Do aeroporto tomei um táxi, não sem antes trocar dólares por uns escudos. Nunca tinha visto notas de escudos na minha vida. Cheguei ao hotel. Paguei o motorista do táxi com uma nota alta. Ele me deu um monte de notas de troco. Tinha várias de 200 escudos, 100 escudos, coisas assim. Registrei-me no hotel e um garoto de uns catorze, quinze anos me acompanhou até o quarto. Fiquei impressionado porque o menino trajava terno, com gravata e tudo. Super bonitinho. Colocou minha mala no lugar adequado, deu as dicas sobre o funcionamento do quarto e já ia embora. Dei-lhe uma nota de 200 escudos (naquela época isso devia ser algo tipo 2 ou 3 dólares). Ele olhou a nota, olhou-me e sentenciou:
- Esta nota já nada vale.
E eu:
- Mas acabo de recebê-la do motorista do táxi.
Com um sorriso meio zombeteiro e em voz cantada, ele completou:
- Então o senhor foi enganado.
E eu, justo eu, que me achava o rei da cocada preta. Sabia tudo de malandragem. Chego a Lisboa e já me passam a perna logo de cara?!?
Mas desta vez já não me enganam.
Será?
quarta-feira, 10 de novembro de 2004
DESCULPE.
BLOG EM OBRAS.
(A montagem acima é do Parreira, do blog PPC)(não, não é do Parreira. Ele recebeu por e-mail. Deve ser do Gianotti, ou da Marilena Chauí, sei lá. É de alguém. Isso pode ter certeza)
Estou a testar inserção de imagens. Um dia eu consigo. Ou enlouqueço antes. Algo assim.
Atualização (16/11/2009): A imagem que estava no alto deste post, a de Fernando Henrique Cardoso fazendo o famoso gesto top-top, estava sediada no Geocities do Parreira. Parece que o Geocities deixou de existir. As minhas fotos armazenadas lá eu as estou repondo aqui no blog. Esta, como não estava em minha área do Geocities, eu a perdi.
segunda-feira, 8 de novembro de 2004
O que realmente interessa
Deixa pra lá o Bush. Com mais razão, deixa pra lá também o Kerry.
Eles não apitam grande coisa.
O que realmente faz a diferença é a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano da elipse que ela percorre em torno do Sol. Se esse eixo ficasse perpendicular à tal elipse, adeus estações do ano, adeus existência humana.
Mas, pra nossa sorte, por um monte de motivos que não vêm ao caso, o bendito eixo fica inclinadinho 23 graus e uns picos em relação ao eixo vertical.
E nascem as flores, os passarinhos cantam e o ser humano faz merda.
Só me assusto pra valer quando aparecer político que prometa endireitar o eixo da Terra.
Voto contra.
sexta-feira, 5 de novembro de 2004
Criadores e Criaturas
Recebi ontem, pelo correio, o livro Contos, de vários autores, entre eles ela: Ane Walker (no livro com seu nome da vida real, Rosane Netto de Aguirre). À página 153, início de sua parcela do livro, ela – com bela caligrafia (devo dizer só “cali-grafia”?) – confessa: “Depois de tudo, peço licença para voltar a assinar o nome que escolhi. Ane Walker não se encaixa com perfeição em passos ensaiados... mas eu a prefiro mais livre”). Qualquer hora dessas vou falar sobre o livro aqui. Como não li ainda, só me refiro a ele pra comentar essa duplicidade/cumplicidade de nomes reais e virtuais:
Ao passar meu endereço pra Ane, por e-mail, esqueci de colocar meu nome verdadeiro. Ontem, em alguma hora da tarde, toca o interfone em casa. Minha mulher atende e o porteiro do prédio pergunta:
- Tem algum Renato Santos Passos aí?
E ela:
- De certa forma. Sim.
Ele não deve ter entendido nada.
Mas mandou entregar o livro em casa.
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