Então. Chego a Lisboa dia quatro, sábado. Nem vamos parar lá. Vamos direto pra Figueira da Foz. Quer dizer. Íamos. Desde que a baixinha descobriu o hotel lá da Serra do Buçaco, ficou a vontade de desviar pra lá. Só não sei se ainda há quartos disponíveis. A ver. Certeza, mesmo, é ir a Mealhada comer um leitãozinho. Por falar em comida, ainda no sábado a idéia é almoçar em Leiria, adivinha aonde: Tromba Rija, claro, claro. O leitãozinho fica pra domingo.
Depois, seguir pra Aveiro. Quero conhecer também Ílhavo. Pela simples razão de que meu processo de cidadania portuguesa deu entrada pela Conservatória de lá. Por razões que não cabe agora explicar.
Dia nove, direto a Viana do Castelo. Talvez uma paradinha no Porto, sob pretexto de visitar o Museu da Moeda. Na verdade, pra dar uma chegadinha no Majestic.
Dia 12, Braga, Guimarães.
Dia 14, Chaves, Boticas.
Dia 16, finalmente, Passos. Vamos ficar, pra ser exacto, um pouco pra cima, em Pinheiro Novo, em uma casa de turismo rural do Armindo, de Vinhais. Mas, de carro, em dez, quinze minutos se chega a Passos.
Que venham as matanças, a consoada, o Natal.
Sei que muitos odeiam as matanças. Não é o meu caso. Mas discutir esse tipo de coisas é mais chato que tarde de sábado na casa da sogra. Então, ponto.
Dia 29, adeus a Passos. Rumo a Manteigas. Lá passaremos a entrada de ano, claro que depois da necessária saída deste atual.
Por falar em Manteigas. Todos sabem que, no Brasil, considera-se que português é burro. Muito bem. Começo a desconfiar que, em Portugal, pensa-se o mesmo em relação aos brasileiros (eu, então, devo ser burro ao quadrado).
Toda vez, em Portugal, que peço explicação a alguém sobre que caminho tomar para chegar a algum lugar, a pessoa a quem pergunto repete – digamos – umas dez vezes a explicação. Chega um momento em que tenho de agradecer e colocar o carro em movimento devagarzinho. O que se chama “sair de fininho”. Primeiro, achava que era mania de português, essa de explicar interminavelmente. Depois, comecei a desconfiar que isso era função de perceberem que falavam com brasileiro.
Pois bem. Mandei e-mail pra reservar quarto na pousada de Manteigas. Uma simpática senhora Maria João me respondeu. Fiz a reserva com bastante antecedência. Já faz uns dois ou três meses. Pois até hoje Maria João me manda e-mails a solicitar confirmação, concordância, assentimento, reafirmação, o diabo. Minha reserva já tem número, código, o scambau. Mas, hoje mesmo, Maria João mandou-me mais um e-mail. Já respondi. Maria João deve achar que com brasileiros é preciso ser redundante.
E bota redundância nisso.
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