sábado, 27 de novembro de 2004

Do vagar


Calma. A vida vem pelo atravessado. Não é de frente. Os caminhos estão desenhados, seus contornos ali, prontos. Pelo certo há encruzilhadas. No que nelas, a alma ferve. Pudera. Escolha é perda. Vai-se por cá, ficam outros fios pendentes, sem experimentação. É assim, funciona do jeito.
Vê o amor. Escambo, dádiva mútua. Ganho. Perda. É jogar-se no inclinado.
Ninguém volta do pra onde foi. Tudo é sempre depois. Enviesado.
Não há escolha. É preciso escolher. Vai-se, não há outra possibilidade. O começo pôs em movimento a roda. É seguir. Sentir o vento no rosto. Única permissão. Parar não pode.
Isso é tempo. Que o lento, rápido, depressa, devagar, são sempre em frente. Na diagonal dos desejos. Não do que seria certo. Nem errado. Na direção da surpresa. Do que não era pra ser mas é.
Devagar. Não há um destino. Ninguém vai chegar a lugar algum. O devir não é trem de uma estação a outra. Desliza no incerto. Mora no agora. Atravessa em direção a nunca.

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