Por razões profissionais, quase todo dia atravesso a ponte do Jaguaré, sobre o rio Pinheiros, em São Paulo. Não sou engenheiro civil, mas sei que as pontes e viadutos têm, nas extremidades, folgas pra dilatação, algo por aí. Por causa disso, há quase sempre pequenos desníveis na entrada e na saída do leito carroçável dessas estruturas.
Ao passar cotidianamente por esses desníveis da ponte do Jaguaré, lembro de quando - lá por 1.992 - levava freqüentemente minha mãe para fazer radioterapia em um hospital da cidade. O caminho incluía a ponte do Jaguaré. Minha mãe, já com metástase de um câncer, sofria muito com as dores que lhe percorriam todo o esqueleto. Eu ficava sem saber como passar por esses desníveis. Parecia que passar muito devagar aumentava o sofrimento de minha mãe. Mas ao passar rápido, a pancada a afetava bastante também. Enfim, não tinha jeito.
Era sempre um suplício passar pela ponte. Tanto na entrada quanto na saída, sabia que minha mãe sofreria dores agudas em algum ponto da ossatura.
Hoje, os pequenos solavancos dóem em mim. Em algum lugar que não é corpo.
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