Gosto muito de dormir. Mesmo em viagens. Já conheci brasileiros que diziam dormir pouquíssimo quando vinham à Europa.
- Estás louco!? Não vou dormir em euros!
Quanto a mim, durmo em qualquer moeda.
Nem sempre foi assim.
Faz quase 13 anos que parei de fumar. Foi parar de fumar e começar a engordar. E começar a roncar. E começar a ter apneias durante o sono.
A Baixinha não conseguia dormir nem tanto pelo meu ronco mas mais pela aflição de perceber que, ao longo da noite, eu volta e meia parava de respirar. E ela a esperar que eu ressuscitasse...
Em 2.002 fui ao Instituto do Sono, em São Paulo,fiz o exame e comecei a utilizar a maquininha para dormir. No início foi uma Resmed Autoset Sullivan 2000:
Era um trambolho e eu, para maior dos males, não comprei o humidificador.
Em 2.007, quando fui à Austrália conhecer o neto recém nascido, o Taj, comprei a Resmed S8, com humidificador H3i. Muito mais compacta e confortável.
Um belo dia, levei um susto que me acordou e me fez sentar abruptamente na cama. Resultado: como o criado mudo era alto, o S8 desabou, espatifou-se no chão e pensei que havia morrido (o S8, não eu). Ele era resistente e sobreviveu ao tombo. Mas, aos poucos, começou a produzir um chiado agudo. Fraco, é verdade, mas que - no silêncio da noite - incomodava. Aqui em Portugal, voltei a utilizar o Sullivan 2000 enquanto tentava descobrir quem poderia resolver esse problema para mim. E descobri a D'Ar Saúde, na Maia. Empresa que vende, aluga e dá assistência técnica a aparelhos Resmed. Lá vai a propaganda gratuita: R. de Montezelo, 105A, na Maia, perto do Porto. Telefone: 229 287 800. Mandei para o conserto a minha Resmed S8 e adquiri uma Resmed S9, com humidificador também:
Na época pré-maquininhas, eu conduzia meu carro na Marginal Pinheiros, ao voltar do trabalho, dando tapas no rosto pra não dormir ao volante. Se ia assistir a um concerto ou a uma peça de teatro, tinha de fazer um enorme esforço para não dormir durante a apresentação. E por aí vai. Já vários médicos me disseram que a maquininha do sono nos fornece mais dez anos de vida. Não sei como se pode saber uma coisa dessas. Mas posso dizer que a vida volta a ficar maravilhosa depois que você passa a usar a dita cuja (a maquininha, não a vida).
Bom. Já dei minha dica. Agora cabe a você acordar (?!) e correr atrás. Isso, é óbvio, caso você tenha os sintomas do sono ruim: não sonhar, viver com sono etc etc. Caso não os tenha, boa noite!
sábado, 5 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
Tu pisavas nos astros, distraída
Ontem comprei meu último (the lastest, not the last one) sonho de consumo: uma Canon 5D Mark III. Só falta aprender a fotografar... Não gostaria de fotografar o óbvio. Queria, por exemplo, fotografar a mulher do morro, a pisar, displicente, o chão do barraco, no qual a lua projectava luzes que recriavam astros.
A música é do próprio intérprete, o imortal Sílvio Caldas. A letra, clássico da poesia brasileira, de Orestes Barbosa.
sábado, 28 de abril de 2012
Cães e estudantes
Hoje foi um dia especial. De manhã, fomos ao mercado municipal para ver o concurso de cães de gado transmontanos.
Como ainda não comprei minha nova máquina fotográfica, meu actual sonho de consumo, aqui vai uma referência e uma foto só para ilustrar.
Quando resolvemos almoçar, nos deparámos com uma situação inusitada: não havia vaga em restaurante algum.
Por sorte, conseguimos uma mesa em O Javali, de meu homónimo, Alberto Augusto.
É que, além do concurso dos cães de gado, havia a festa da queima das fitas. Hotéis, restaurantes e sabe-se lá mais o quê, estão todos lotados com os familiares dos estudantes que comemoram a tal Queima das Fitas.
Quando eu era estudante, era avesso a comemorações desse tipo. Até me saí bem, por isso. Quando se aproximava o fim do curso de engenharia electrónica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, meus colegas começaram a recolher contribuições para compor com as fotografias de todos o quadro dos formandos de 1.967, que ficaria exposto na entrada principal da Escola, na Cidade Universitária. Recusei-me a contribuir, por não querer aparecer no tal quadro. Não sei se fui o único entre todos os formandos. Em minha turma de electrónicos sim, fui.
Resultado: o fotógrafo sumiu com as fotos e com o dinheiro e até hoje não há quadro com a turma de 1.967 (constatei isso quando lá dei aulas no início dos anos 70).
Hoje, melhorei um bocadinho. Entendo ser pertinente comemorar as etapas todas da vida académica. E que venham mais queimas de fitas! Afinal, fazer um curso qualquer que seja, em alguma universidade, não é fácil. Exige esforço. Esforço do aluno e, o mais das vezes, da família. Comemoremos, portanto.
É certo que, graças à crise que cobre os céus de Portugal, o formando de hoje é o desempregado de amanhã. Mas paciência. Problema adiado é problema resolvido.
E, acrescente-se, os festejos da queima das fitas só faz movimentar a economia. O restaurante em que almoçámos, por exemplo, estava repleto de espanhóis.
De volta aos cães de gado: a Doga que me desculpe, mas ela não dá, em peso, nem uma pata daquela turma. Que coisa linda!
Como ainda não comprei minha nova máquina fotográfica, meu actual sonho de consumo, aqui vai uma referência e uma foto só para ilustrar.
Quando resolvemos almoçar, nos deparámos com uma situação inusitada: não havia vaga em restaurante algum.
Por sorte, conseguimos uma mesa em O Javali, de meu homónimo, Alberto Augusto.
É que, além do concurso dos cães de gado, havia a festa da queima das fitas. Hotéis, restaurantes e sabe-se lá mais o quê, estão todos lotados com os familiares dos estudantes que comemoram a tal Queima das Fitas.
Quando eu era estudante, era avesso a comemorações desse tipo. Até me saí bem, por isso. Quando se aproximava o fim do curso de engenharia electrónica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, meus colegas começaram a recolher contribuições para compor com as fotografias de todos o quadro dos formandos de 1.967, que ficaria exposto na entrada principal da Escola, na Cidade Universitária. Recusei-me a contribuir, por não querer aparecer no tal quadro. Não sei se fui o único entre todos os formandos. Em minha turma de electrónicos sim, fui.
Resultado: o fotógrafo sumiu com as fotos e com o dinheiro e até hoje não há quadro com a turma de 1.967 (constatei isso quando lá dei aulas no início dos anos 70).
Hoje, melhorei um bocadinho. Entendo ser pertinente comemorar as etapas todas da vida académica. E que venham mais queimas de fitas! Afinal, fazer um curso qualquer que seja, em alguma universidade, não é fácil. Exige esforço. Esforço do aluno e, o mais das vezes, da família. Comemoremos, portanto.
É certo que, graças à crise que cobre os céus de Portugal, o formando de hoje é o desempregado de amanhã. Mas paciência. Problema adiado é problema resolvido.
E, acrescente-se, os festejos da queima das fitas só faz movimentar a economia. O restaurante em que almoçámos, por exemplo, estava repleto de espanhóis.
De volta aos cães de gado: a Doga que me desculpe, mas ela não dá, em peso, nem uma pata daquela turma. Que coisa linda!
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Serviços consulares
Parece que consulados e embaixadas, mundo afora, têm especial prazer em humilhar seus utentes(/usuários).
Ontem fomos ao Porto. Mais um Ministério lá do Brasil quer que os documentos que devo enviar a ele sejam chancelados pelo Consulado brasileiro.
E não adianta argumentar que a Junta de Freguesia à qual pertenço, cá em Bragança, pode fornecer chancela muito mais pertinente do que a do Consulado. Por exemplo, um comprovativo de residência: a Junta de Freguesia da Sé, em Bragança, sabe quem sou e onde moro. No Consulado brasileiro, para fornecer-me um comprovante de residência (como se diz no Brasil) eles me exigem... o comprovativo fornecido pela Junta de Freguesia. Eles mesmos não têm a mínima ideia de onde resido.
Da última vez em que tive necessidade de solicitar tais chancelas, fui ao Consulado em horário de gente e consegui - é verdade que depois de longa espera - aquilo que buscava.
Desta vez, ao chegar pouco antes das dez da manhã ao Consulado, fui informado que as senhas já se haviam esgotado. Antes, senhas para esse tipo de procedimento não tinham limite. Agora têm. E o funcionário nos dispensa com indisfarçável sorriso de satisfação. Aquela conhecida satisfação do exercício do poder. Quando alegámos que vínhamos de longe, de Bragança, retrucou:
- Há os que vêm de Lisboa...
Ao argumentarmos que não era necessário ir de Lisboa ao Consulado do Porto (há, em Lisboa, a Embaixada do Brasil), grunhiu algo ininteligível e pronto.
Terei de voltar outro dia ao Consulado, chegar lá pelas 3 da madrugada, ficar à espera da distribuição de senhas, às oito e trinta, para - tendo sorte de ser um dos agraciados com senha - ser atendido a partir das nove.
Nada que não tenha enfrentado no Consulado português em São Paulo, nos tempos em que buscava minha dupla nacionalidade. É verdade que, hoje, o Consulado português em São Paulo está muito mais amigável e organizado do que naqueles tempos (lá por 2.002). Mas parece que o Consulado brasileiro do Porto terá de aguardar mais algumas décadas até civilizar-se.
Resolvemos, para salvar nossa ida ao Porto, ir até aos consulados de EUA e Canadá. Como queremos ir a esses países no final do ano para visitar os filhos, precisamos saber como obter visto para a Baixinha em seu passaporte brasileiro.
Eu anotara, nos sites da Internet das embaixadas desses países, os endereços dos respectivos consulados no Porto.
O do Canadá constava ficar no hotel Meridien, na Av. Boa Vista, 1.466. Quando lá chegámos, constatámos tratar-se do Hotel Tiara, no qual já ficámos algumas vezes (eles aceitam cães). O porteiro nos informou que o consulado jamais funcionou lá (penso que, ao menos, desde que o hotel passou a ser o Tiara). Mais: não há mais consulado do Canadá no Porto.
Partimos para o consulado dos EUA: av. Boa Vista, 3.523. O porteiro que nos atendeu no edifício comercial com esse número nos sugeriu que fizéssemos uma reclamação junto à embaixada dos EUA:
- Quase todo dia vêm cá pessoas à procura do consulado americano, orientadas pelo endereço que consta na Internet. Acontece que o consulado já não é aqui há mais de dez anos.
E, agora, onde fica o consulado?
- Já não há consulado dos EUA cá no Porto.
Vou acabar por concluir que embaixadas e consulados têm por função evitar que pessoas de outras plagas consigam aproximar-se dos territórios dos países que representam.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Jeitinho brasileiro
Quase toda a gente sabe que o Brasil pratica os juros mais altos do mundo.
Portanto, quando alguém é forçado pelas circunstâncias a utilizar-se de empréstimos bancários já pode esperar por dias difíceis pela frente.
Mas os brasileiros são dados a jeitinhos. E descobrem mil maneiras de amenizar seus infortúnios.
Aí vai um exemplo:
Lá pela década de 70 comprei um terreno em Cotia, arredores de São Paulo. Por muitas e variadas razões, o loteamento em que fica o dito cujo terreno desvalorizou-se. Como se diz no Brasil: micou.
Há uns dois anos, comecei a tentar vendê-lo. Nada. O terreno foi avaliado em 30 mil reais (uns 12 mil euros) mas ninguém se prontificava a pagar qualquer coisa semelhante para ficar com ele.
Até que no início de 2.011 lá se foi o terreno, vendido a alguém que acabou por pagar uns 34 ou 35 mil reais. Algo assim.
Quando eu já me aprontava para mudar de mala e cuia para Portugal, chegou-me o imposto anual que se deve pagar por imóveis (IPTU). Tratei de ir a Cotia para mostrar à Prefeitura que já não era mais eu o proprietário. Para fazer prova disso, passei pelo Registro de Imóveis e tirei uma Certidão. Nela constava todo o histórico de transações referentes ao terreno.
Soube, então, que o terreno que eu vendera em Janeiro fora, logo a seguir, em Fevereiro, vendido a outra pessoa. Por 150 mil reais.
Moral (?) da história: o cidadão precisa de dinheiro. Por exemplo, para tocar seu negócio. O empréstimo para aquisição de imóveis é muito mais camarada do que um empréstimo para capital de giro ou outra coisa qualquer. Evidentemente com a conivência do gerente da instituição financeira (que leva algum troco), faz-se a venda do terreno por um valor irreal, levanta-se um empréstimo no banco para esse fim e usa-se a maior parte dele para outra finalidade.
Convenhamos que é bem bolado.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Meus três espantos
A revista Sábado desta semana conta o seguinte:
Tão acusada é a Igreja Ortodoxa Russa de riqueza e ostentação que levou ao extremo os esforços para disfarçar os seus luxos. (...) Esta semana, a Igreja admitiu ter usado o programa de tratamento de imagem Photoshop para apagar um relógio Breguet de dezenas de milhões de euros usado pelo patriarca Kirill durante uma reunião em 2009 com o ministro da Justiça. A manobra só foi detectada quase ao fim de três anos porque um bloguista descobriu na fotografia tratada que se tinham esquecido de apagar o reflexo da mão do patriarca no tampo de vidro da mesa. Nesse reflexo, o Breguet estava no pulso. (...)
Primeiro espanto: relógio de dezenas de milhões de euros?!
Segundo espanto: o tal patriarca perdeu completamente o pudor?!
Terceiro espanto (e o maior de todos): o medo da morte é assim tão terrível que torna milhões e milhões de pessoas reféns desses escroques travestidos de sacerdotes?!
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Bandido sim! Bicha jamais!
O cangaceiro Lampião, figura famosa na história brasileira da primeira metade do século passado, que aprontou poucas e boas pelo interior do Brasil, é apresentado como homossexual na obra Lampião o Mata Sete, de Pedro de Morais.

O juiz de Direito Aldo de Albuquerque Mello, da 7ª vara Cível de Aracaju/SE, proibiu que o livro fosse lançado. A obra sustenta a história de que o conhecido "rei do cangaço", Virgulino Ferreira da Silva, em razão de sua incapacidade de erecção, resultado do esfacelamento do saco escrotal por uma bala, mantinha um triângulo amoroso com Maria Bonita e o cangaceiro Luís Pedro.
A mim, o que surpreende - mas nem tanto - é dar-se importância ao ser ou não ser paneleiro/boiola do bandido. A opção sexual do cangaceiro não deve ter modificado em nada o sofrimento de suas vítimas.
Lá pelo final da década de 50, o jornal A Tribuna, de Santos, publicou uma série de relatos de um cangaceiro sobrevivente. Eu lia aqueles textos com a avidez compreensível em um garoto em início de adolescência. Uma das historietas de que nunca me esqueci:
Em várias fazendas, o bando de Lampião, depois de matar, de roubar o que podia, de estuprar as mulheres etc etc, deixava apenas o chefe da família em uma sala, nu, com a bolsa escrotal pregada em uma mesa por dois pregos cuidadosamente pregados para só atingirem as peles. A seu lado deixavam uma faca afiada. E partiam.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
O maravilhoso Livro Amarelo
Essa minha natureza dócil ainda acaba comigo!
Não faz muito, escrevi o post abaixo, disposto a divergir, a terçar lanças com algum rival.
E já me vejo a escrever um post de... elogio.
Acontece que, antes de vir morar em Portugal, tanto eu quanto a Baixinha tínhamos telemóveis pré-pagos.
Em Agosto do ano passado, ao aportar definitivamente em Bragança, fomos a uma loja tmn para converter nossos telemóveis em pós-pagos. Lembrámos, então, ao atendente, que nossos telemóveis tinham créditos. Como seriam aproveitados esses créditos?
- Ora, meu senhor. Serão abatidos na(s) próxima(s) factura(s).
Muito bem.
Ao chegar a primeira factura, surpresa (nem tanto...): nada de créditos.
Lá fomos nós à mesma loja tmn (são agora chamadas de blue stores. Parece que a língua portuguesa está a tornar-se, a cada dia, mais insuficiente.).
Isso já se deu em Setembro do ano da graça de 2.011. Fizeram-nos assinar duas cartas nas quais reclamávamos o reconhecimento dos tais créditos. Meu telemóvel tinha poucos: algo em torno de 15 euros. O da Baixinha era o feliz possuidor de algo em torno de 60 euros, em créditos. Esses créditos, com seus exactos valores, constavam do sistema informático da loja.
O tempo passou e nada.
Voltámos umas 2 ou 3 vezes à mesma loja. Sempre nos diziam que era preciso aguardar.
Foi o que fizemos. Até Março deste ano.
Ao comentar o caso com uma amiga bem mais calejada de vida portuguesa, ficámos a saber:
As lojas têm a obrigação de manter Livros Amarelos (Complaint Books) à disposição de seus clientes. Feita, por escrito, uma reclamação, via Livro Amarelo, a dita cuja reclamação vai directamente para o órgão regulador da actividade correspondente. Isso não é muito divulgado.
Voltámos à mesma loja. Comecei por expor o caso à atendente e, ao ser informado de que nada constava do sistema informático da tmn, concluí por afirmar que pensava só existir uma última medida cabível: dar queixa de furto à polícia.
A atendente nem piscou. Achou tudo aquilo mero desabafo de utente insatisfeito.
Foi quando a fantástica Baixinha lembrou-se do Livro Amarelo. Só errou porque pediu o Livro Vermelho. Mas foi compreendida de pronto.
A atendente sumiu. Voltou pouco depois com a gerente. Gerente que já carregava o Livro Amarelo (que, de facto, tinha capa vermelha...). Sentimos que havíamos acertado um certeiro golpe no fígado da tmn, para usar uma metáfora do boxe.
Mas, feita a reclamação, por escrito, voltámos para casa com poucas esperanças de ter realizado algum progresso.
Dois dias depois, telefonema. Primeiro para mim.
- É da tmn. Quantos eram os créditos que o senhor tinha?
- Não me lembro, exactamente. Era algo em torno de 15 euros.
- Pois vamos creditá-lo em 15 euros.
Em seguida, telefonema para a Baixinha:
- Algo em torno de 60 a 70 euros? Pois vamos creditá-la em 60 euros.
Não é fantástico, esse Livro?
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Viva a polêmica!
O blogueiro brasileiro Reinaldo Azevedo costuma polemizar com seus adversários por meio do que ele chama "vermelho e azul" (veja um exemplo aqui): ele vai citando fatias do texto do adversário, letras em vermelho, e comentando fatia por fatia, em azul.
Vermelho atribuído ao adversário deve ser decorrência da ojeriza que nutre por comunistas, petistas e outros clubes do gênero. Ojeriza de resto compreensível para quem, na adolescência, deixou-se encantar pela IV Internacional.
O azul reservado a seus próprios comentários deve ser homenagem a algum riacho lá de sua terra de origem: Dois Córregos.
Pois bem. Quero tornar-me também um blogueiro polêmico. Afinal, Reinaldo Azevedo, com seu combate a tantos moinhos de vento da cena política brasileira, consegue que seu blog seja lido por milhares de pessoas todos os dias. Já o meu blog se assemelha àquelas cidadecas de interior: até que por lá passam alguns viajantes. Mas sempre em busca de outras paragens.
Como não tenho a sutileza, elegância e finesse do blogueiro da revista Veja, o vermelho-e-azul dele, aqui, passará a ser o castanho-e-verde.
Os adversários em castanho para não restar dúvida de que só escrevem merda.
Meus comentários em verde, homenagem à bílis que me dá energia para escrevê-los.
Vou começar a procurar adversários.
sábado, 7 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Salpicões e chouriças
Ainda me surpreende a enxurrada de crenças que amigos e conhecidos meus carregam vida afora.
Uns se agarram a salvadores, como aquele de Nazaré, por exemplo. Outros, menos exigentes, se satisfazem com Chico Xavier, Kardec, curandeiros e vigaristas de todo quilate. Pra não falar nos que se entregam à sanha arrecadadora das Universais, Mundiais etc etc.
E há os crentes nas salvações vindas do reino da política. Se já não é mais elegante glorificar Stalin, Lenin, Trotsky etc etc (mas ainda há muitos que o fazem), agarram-se aos que não tiveram tempo e oportunidade de mostrar a que vieram: Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e outros anjinhos enterrados em caixões brancos.
Minha vinda para o nordeste trasmontano teve o mérito - mais um! - de me afastar desse mundo de crenças as mais variadas. Convivo com elas, agora, apenas por meio da internet.
Ora, dirá alguém. Trás-os-Montes é terra profundamente católica.
Sim e não, digo eu.
Aqui, de facto toda aldeia tem seu santo de estimação, respeitam-se as festas dos santos. Mas atenção! Tudo isso se efectua no mesmo diapasão das matanças, do cuidado com o fumeiro, da feitura das chouriças e dos salpicões e das alheiras, da caça ao javali e da pesca à truta.
É parte da tradição que pontua a passagem do tempo e lhe confere densidade. É parte de uma liturgia do real.
Para o trasmontano, o Além é o logo ali, depois daquele monte.
domingo, 1 de abril de 2012
Apesar da seca...
sexta-feira, 30 de março de 2012
Amigos
Um ex-amigo meu costumava dizer:
- É preciso chegar ao fim da vida com, ao menos, seis amigos. Esse é o número de alças do caixão.
Pois é. Como não pretendo ser enterrado, e, sim, cremado, não vai ser preciso carregar solenemente meu caixão até a sepultura. Vai daí, dispensei esse amigo.
Claro que não foi pela frase dele. Foi por falta de respeito mesmo.
Afinal, se alguém não te respeita, qual a razão pra que o tenhas como amigo?
Há, por outro lado, amigos que te acompanham vida afora. Esses valem ouro.
Por isso mesmo, quando percebes que um deles se afasta, e - parece - de modo inexorável, uma dor inevitável se instala.
Se ao menos fosse possível entender essa perda...
quarta-feira, 28 de março de 2012
Millôr (1.923 - 2.012)
Lá se foi Millôr, ou Milton Fernandes, filho de Viola Fernandes.

Pro meu gosto, o maior intelectual que o Brasil produziu no século 20.
Um detalhe que só interessa a mim: ele tinha, de carreira, o mesmo que eu tenho de vida. Em 1.975, ganhei de meu primo Mauro o livro que Millôr acabara de publicar: Trinta anos de mim mesmo. Era minha idade.
Em 1.994 ele publicou A Bíblia do Caos (Millôr Definitivo). Eu estava à beira dos 50 anos.

Um pouco de Millôr, colhido ao acaso:
Deus criou o sol. E as árvores, e os animais, e os minerais. Mas de repente, para absoluta surpresa sua, olhou e viu, maravilhado, que cada coisa tinha uma sombra. Nessa, francamente, ele não tinha pensado. (A verdadeira história do paraíso. 1958. Aliás, essa história lhe custou o emprego...)
Jamais aceite conselho - a começar por este.
Fé é o medo de ser descrente.
Meu ideal político é - um governo que não se meta na minha vida.
Desconfio sempre de todo idealista que lucra com seu ideal.
Lula - um líder aspirando cada vez mais pompa e tropeçando cada vez mais nas circunstâncias. (1989)
Certos pais têm a pretensão de preparar os filhos pra vida: outros têm a megalomania de preparar a vida pros filhos.
Filosofia é uma coisa que discute filosofia.
Você pode crer:
O pior cego
É o que quer ver.
(1956. Hai-kai)
terça-feira, 27 de março de 2012
Mistério sem mistérios
Ontem, um amigo nos punha a par das novidades de um caso banal, mas nem por isso desinteressante.
Um cidadão bem situado socialmente, casado há muitos anos com uma mulher daquelas de deixar os amigos com inveja, descobriu recentemente que era corneado havia já um par de anos, ou mais.
Nas suas confissões a esse nosso amigo, confissões destinadas a aliviar a dor de corno, mostrava sua perplexidade diante da insensibilidade da (ex-)mulher:
- Eu sempre lhe dei de tudo. Comprava-lhe vestidos e mais vestidos. Nunca nada lhe faltou!
O final da história parece demonstrar que, sim, algo faltou.
Hoje, ao pequeno-almoço, pensava eu no infeliz. Meu cérebro ainda boiava em sonolência quando tive um insight:
Volta e meia leio informações a respeito da impotência masculina e os números são assustadores. Fala-se sempre em percentuais de 25 a 50% de indivíduos com disfunção eréctil.
Ora, já vivi 67 anos. Isso é tempo pacas. Já ouvi relatos de segredos de alcova de vários amigos.
Pois bem: não me recordo de ninguém ter confessado a mim, fora uma ou outra desculpável brochada, que padecia de impotência.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Menas dúvidas
No Brasil, Lula é largamente conhecido como O Apedeuta. E não é por não ter estudado. É por vangloriar-se disso.
Por isso, causou certa perplexidade no Brasil a atribuição a Lula do título de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra, ano passado.
Hoje descobri: não é verdade que Lula não tenha estudado. Ele estudou aqui em Portugal. Começa a ganhar sentido a homenagem da Universidade de Coimbra. Vê só a nota desta semana na revista Visão, uma das duas mais lidas revistas semanais portuguesas:

quinta-feira, 22 de março de 2012
Diabetes em Bragança
Enquanto eu morei no Brasil, em São Paulo, o máximo a que os médicos chegaram foi me catalogar como pré-diabético. Meus níveis de glicemia eram, sim, um tanto acima do normal. Mas era só eu começar a fazer caminhadas diárias e logo os índices baixavam.
Bastou que eu chegasse a Bragança com uma infecção urinária, nos finais de 2.010, para ouvir de uma médica, na Urgência:
- Não existe isso de pré-diabético! Você é diabético!
Daí em diante recebi uma carteirinha de diabético, medicação adequada e isenção das tais taxas moderadoras, ou seja, as consultas ao médico de família, para mim, passaram a ser gratuitas.
Descobri, também, que Bragança, certamente como resultado de tantos privilégios, tem três vezes mais diabéticos que a média do país.

Como sou chegado a uma teoria conspiratória, tenho a impressão de que, assim como parece que a maçonaria manipula os cordéis do poder lá em Lisboa, cá em Bragança quem domina é a máfia dos diabéticos. E o exercício desse poder é tão disfarçado que a coisa mais difícil é você encontrar produtos light e/ou diet nas gôndolas dos mercados.
Como é evidente, isso é a forma que encontraram os diabéticos de se colocarem fora do alcance dos holofotes. Todos parecem normais, à primeira vista. Mas basta picar-lhes algum dos dedinhos para constatar níveis alarmantes de sede de poder.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Ausência
Não apareci ontem no blog por estar muito ocupado com os preparativos do início da primavera.
É um tal de providenciar flores, cores e tudo o mais que caracteriza essa estação.
Que é que tenho a ver com isso? Se sou deus?
Não. Apenas preciso tratar disso, caso contrário nada acontece. Ninguém providencia nada.
Fora o dever de passear a Doga. Ela não abre mão (ou seria abrir pata?...) de seu passeio diário. A ela não interessa qual a estação do ano que está a começar ou a terminar.
Chova, neve, ou faça sol, ela quer e exige rua!
Algumas árvores já floriram. Outras, talvez ocupadas com a crise, continuam só galhos. Mas tudo há de arranjar-se.
Muda a estação mas a seca persiste. Volta e meia passam no céu algumas nuvens negras, ameaçadoras. Tudo bazófia. De concreto, nem um pingo.
Amanhã preciso tratar disso.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Serendipity
Hoje fui ao Feira Nova procurar iogurte grego desnatado.
(detalhe: aqui em Bragança existia um mercado, na zona industrial, chamado Feira Nova. Mais recentemente passou a ser do grupo Pingo Doce. Vai daí que os moradores de Bragança ainda se referem ao Pingo Doce como "Feira Nova". No início, quando eu perguntava a alguém onde ficava alguma loja e calhava de ser loja da zona industrial, recebia como explicação: vá até o Feira Nova e... Claro que eu ficava sem entender nada. Que diabo de feira nova era essa? Por fim, aprendi que quando se quer dar a entender que se é bragançano de velha cepa é preciso falar Feira Nova para referir-se ao Pingo Doce. Ou seja, Pingo Doce, aqui, é coisa de neófitos.)
Mas volto ao iogurte grego. Ou ao Feira Nova.
Buscava um iogurte grego desnatado porque meu filho me repreendeu, por telefone, por entender que eu o estava a enrolar com a história de que em Bragança não havia iogurte grego desnatado. Resolvi conferir em todos os mercados da cidade.
Como, à entrada do Pingo Doce (ou melhor, Feira Nova) há uma loja de livros/discos/eletrodomésticos e por aí vai, entrei para ver se encontrava algum DVD com filme interessante.
Deus seja louvado! Encontrei os sete DVD das quatro séries do Flying Circus do Monty Python (em Portugal: Os Malucos do Circo).

Ah! Iogurte grego desnatado, ao menos no Feira Nova, no Lidl e no Modelo, não se encontra em Bragança. Falta procurar no Intermarché. Não o fiz pois corri para casa a ver os primeiros episódios do Monty Python.
domingo, 18 de março de 2012
Quem manda em quem?
A Alemanha elegeu hoje seu novo presidente. O outro renunciou em face de suspeitas de corrupção. Estranho país, a Alemanha.
O jornal Público, em sua versão on line, salienta paradoxos na trajetória pessoal e política do presidente eleito.
Mas paradoxo mesmo, a meu ver, é o facto de a Alemanha ser cotidianamente acusada pelos portugueses de mandar em Portugal e, agora, eleger um presidente chamado Joaquim.
sábado, 17 de março de 2012
A ideologia e o vinho
Tentaram quebrar a calma deste sábado com duas páginas do jornal Público, a discutir o lançamento do vinho Memórias de Salazar.
Há os que o apoiam, como o presidente da Câmara de Santa Comba Dão, terra do ditador. Afinal, a crise aumenta, o turismo é uma das poucas maneiras - senão a única - de combatê-la. Criar um vinho com esse nome pode ajudar.
A outros, o lançamento é indiferente. Ou melhor, não dão importância ao nome. Esperam é que o vinho seja bom.
E há sempre o Bloco de Esquerda (BE. Para os brasileiros: qualquer coisa do tipo Psol, tipo Heloísa Helena): Fernando Rosas, historiador e ex-dirigente do BE, ao receber a notícia do lançamento do tal vinho, reagiu com expressões do tipo “é uma ideia oportunista”, “vulgar” e “saloia”, “lamentável”, “imbecil”, “bacoca”, ”patética”. “Em suma, uma palhaçada”.
Por pouco não me torno um entusiasta da marca...
Mas prefiro que indivíduos do tipo BE não moldem minhas opiniões. Nem mesmo por oposição.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Milagre
Não acredito em milagres. Mas, vez ou outra, eles ocorrem.
Estava a saborear um cair de noite na companhia de um fantástico dry martini, preparado por mim (modéstia às favas).
Para ficar tudo perfeito, tratei de ler dois poemas de José Carlos Barros: Os Investimentos, 1 e Os Investimentos, 2.
Estava a relê-los quando soa o telemóvel.
Atendo e é ele. Em carne e osso. Ou, ao menos, em telecarne e teleosso.
Fiquei quase sem ação. Consegui articular algumas palavras e penso ter sido minimamente polido. Na verdade, estava desnorteado. Isso, apesar de eu estar no norte e ele no sul, Bragança e Algarve.
Haja milagre.
quinta-feira, 15 de março de 2012
Desejo
Ando a buscar a maneira de construir um post em que caiba utilizar-me do termo aldrabice. É um dos mais atraentes entre os que aprendi até agora neste meu curso intensivo de português-português-mesmo.
Pensei, por exemplo, no seguinte:
Não sei se toda a gente sabe, mas os cognacs têm a sua hierarquia, tal qual os exércitos. Assim, um, digamos, Rémy Martin, tem o VS, o VSOP, o XO etc. Em um exército, seriam o tenente, o capitão, o coronel etc.

Cá em Bragança só se encontra o nível VS. Raramente, um VSOP. Jamais um XO. O forte desta terra, decididamente, não são os cognacs.
Graças a tal fatalidade, temos de consumir cognacs VS. E deixar guardado um XO para ocasiões muito especiais.
Veio-me, então, a ideia: depois que a Léa fosse dormir, eu trocaria o conteúdo de um VS pelo de um XO. Passaria a tomar o XO, servindo-o de uma garrafa de VS. Quando, no dia seguinte, ela quisesse tomar um cognac, iria, naturalmente, buscar a garrafa de VS. Nesse momento, eu jogaria a ela meu charme:
- Meu amor, hoje sinto que mereces um XO!
Pois bem. Isso seria uma tremenda aldrabice.
Mas (como se diz por aqui) atenção! Seria uma aldrabice, mas não conteria a palavra aldrabice.
Não satisfaria meu desejo.
Mas não é que acabo de realizá-lo?
quarta-feira, 14 de março de 2012
Desertificação de Portugal
O autor do blog Branco Leone, meu amigo, que infelizmente parece ter desistido de continuar a postar, me manda e-mail com uma porção de notícias (que não vêm ao caso) mas com um final digno de reprodução:
E comentando uma coisa que tenho reparado no blog. As fotos. Impressionam-me muito. Olhando daqui, pela sua câmera, tenho a impressão de que Portugal é um país deserto. A maioria das suas fotos de lugares públicos, abertos, não mostra ninguém ou quase ninguém (exceto a Léa, numa ou noutra). Seja o casino, ou um restaurante, ou uma praça. Na maioria dos casos, quando se vê alguém, está láááááá longe. É seu olho, que põe a câmera assim, nesses lugares e horas vazias? É sua agenda de aposentado, que permite que vá aos lugares em horas de menor bichice (no sentido português, claro), ou está sempre mesmo tudo vazio?
E outra: todos os carros das pessoas que vão ao casino vazam óleo? Em vez de gastarem o dinheiro todo lá, não valia a pena guardarem um pouco pra trocarem-lhe as juntas ao cárter??
Para relembrar, aí vai a foto do Casino de Chaves:

Quando conseguir parar de rir, respondo ao Branco Leone.
terça-feira, 13 de março de 2012
Vamos orar
Nos EUA, Pat Robertson está convencido de que tornados podem ser evitados com muita oração (aqui em inglês, aqui em português).
Em Portugal, o bispo de Beja acha que a seca é resultado da falta de oração dos agricultores.
Vou orar ardentemente para que indivíduos como esses dois parem de nascer.
segunda-feira, 12 de março de 2012
A mulher mais...
...bonita do mundo era um génio.
Dia internacional da mulher pra cá, dia internacional da mulher pra lá, e eu nunca havia ouvido falar de Hedy Lamarr. Que será que fiquei a fazer nesses últimos 67 anos?!
Se você é o felizardo possuidor do último número da revista Sábado, não deixe de ler a matéria de Pedro Marta Santos.
Dia internacional da mulher pra cá, dia internacional da mulher pra lá, e eu nunca havia ouvido falar de Hedy Lamarr. Que será que fiquei a fazer nesses últimos 67 anos?!
Se você é o felizardo possuidor do último número da revista Sábado, não deixe de ler a matéria de Pedro Marta Santos.

domingo, 11 de março de 2012
Almoço do domingo
Fomos hoje à serra de Bornes, conhecer o hotel que fica lá no alto. E almoçar no restaurante do hotel, claro.
A sugestão foi de minha prima Isabel, que nos acompanhou, junto com o marido António.
A ideia não poderia ter sido melhor. A Léa e eu nos maravilhámos com o hotel, sim, mas imensamente mais com a paisagem.
Deve ser muito bom passar uns dias nesse hotel:



Mas a visão que se tem de Trás-os-Montes lá do alto é que é o grande encanto:








Se puder, não deixe de visitar.
sábado, 10 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
Fim de semana
O fds (como se escreve em feicebuquês), para o aposentado, é aquele par de dias em que quase todo mundo se junta a ele no exercício do ócio.
É a oportunidade que ele tem de passar desapercebido. Fingir-se de trabalhador em recesso.
Pois, mais que o poeta, o aposentado é um fingidor. Vai para a fila do banco, reclama que o atendimento é lento, mas intimamente exulta pois não saberia o que fazer se fosse logo atendido.
Ao chegar a segunda-feira, o aposentado volta a sua situação de excepção. Se acorda cedo, vê seus vizinhos sairem para o trabalho enquanto lhe resta passear o cão. Se dorme até mais tarde, acaba por tomar o pequeno almoço enquanto toda a gente almoça.
Definitivamente, o fds é seu ponto de encontro com o tal de mundo real.
Vamos a ele.
quinta-feira, 8 de março de 2012
O banho
Era o início de dezembro, 1.992. Minha mãe, que se acabaria no dia 13, suavemente, descansava em seu quarto, esquelética e fraca. O cancro iria vencer, desta vez.
Na sala, os três irmãos discutiam a respeito da necessidade de dar à mãe um banho. Ela , por si mesma, já não era capaz de tanto.
Eu era o primeiro excluído. Por ser homem.
Minhas irmãs também eram interditas. Nunca haviam levantado o véu da intimidade da mãe. Não o conseguiriam fazer agora.
Estávamos nesse impasse quando soa a campainha. Era minha filha, a primogênita, que chegava a visitar a avó. Avó que dela cuidara na infância, nos períodos em que a mãe assistia a suas aulas de filosofia.
Posta a par do problema, não hesitou um instante.
Foi ao quarto, levou minha mãe ao banho, lavou-a meticulosamente.
A avó, feliz, voltou à cama limpa, de corpo e alma.
quarta-feira, 7 de março de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
Laranja de Pobre
Desde que contei ao chefe de cozinha do A Gôndola, o António, que era diabético e não devia abusar dos doces, ele passou a me oferecer sobremesas diferentes. Dia desses serviu-me o que disse chamar-se laranja-de-pobre.
Corta-se em fatias uma laranja descascada. e distribuem-se circularmente as rodelas em um prato.
Sobre as fatias salpica-se um bocadinho de sal grosso e um quase nada de alho. Por fim, derrama-se um tantinho de azeite sobre o conjunto.
Pronto. Saboreie.
O António ainda colocou no centro do prato um morango. O enfeite, assim como o equilíbrio entre os ingredientes, fica a seu critério.
segunda-feira, 5 de março de 2012
domingo, 4 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
Viseu - detalhes de uma visita
Quando viajo, não gosto de ficar muito ocupado com fotos. Sendo assim, ficam alguns lugares mais fotografados que outros, sem critério algum. Mas fizemos algumas fotos em Viseu que, penso, podem dar uma ligeira ideia da cidade e de suas atrações.
Diga-se, antes do mais, que Viseu é a cidade portuguesa de melhor qualidade de vida. Confesso não saber como se mede isso, mas que Viseu é linda e excelente para se viver não resta dúvida.
Vamos às fotos:
Comecemos pela Catedral, como não poderia deixar de ser. Ao escolher o hotel em que ficaríamos, percebi que todos se referiam à distância a que ficavam da Catedral. No segundo piso, fica o Museu Grão Vasco. Não me apeteceu subir as escadas, além do que entre museus, bares e restaurantes fico com os últimos. Diga-se: o museu deve ser interessante, pois uma respeitável professora de Aveiro mo recomendou vivamente. Que ela me perdoe o ignominioso desinteresse.

Em frente à Catedral fica a Igreja da Misericórdia, cujo interior é digno de uma visita:

Ao lado da Igreja da Misericórdia fica o funicular. Além de se ter uma bela vista de parte da cidade.

Vejam só: era dia de meu aniversário (23/02). Havíamos almoçado naquele que é considerado o melhor restaurante de Viseu. O Cortiço. Não tirei nenhuma foto do dito cujo. Ele fica próximo à Catedral, em uma viela chamada Augusto Hilario (antiga rua Judiaria). Por ter comido fartamente, lá fomos nós caminhar pelas ruas do centro da cidade. Essa, abaixo, é só para peões (/pedestres). Ruas assim são chamadas calçadões, no Brasil (ou, ao menos, em São Paulo):

Já em outra rua, encontrámos a entrada para essa esplanada:

Pra não ficar apenas no elogio, vamos a uma crítica: no final de um dos calçadões do centro, há uma parte do chão feita de vidro, teoricamente para permitir que se veja, lá no subsolo, um pedaço de uma muralha romana, de 260 D.C..
Se você fizer algum esforço consegue perceber algumas das pedras da muralha. Mas, mesmo estando pessoalmente no local (e fomos lá à noite pra verificar se era possível ver melhor a tal muralha) é muito difícil enxergar a descoberta arqueológica. E, segundo nos informaram, foi gasto muito dinheiro para construir esse espaço (quase) inútil...

Saindo do centro da cidade uns 8 km, chega-se às termas de Alcafache. A água sai à superfície a 50ºC. As termas estavam fechadas. Só iriam reabrir em 1º de março.

Mas consegui uma bela foto do riacho que passa junto ao edifício no qual funcionam as Termas. Ainda voltaremos aí, para uns banhos. A poucos quilômetros do centro da cidade há ainda outras termas.

Agora os parques. Viseu tem inúmeros parques. Esse abaixo nem sei como se chama, mas a garotada se espalha nele com suas bicicletas. Os cães passeiam à vontade. Os adultos fazem suas caminhadas ou sentam-se na esplanada.



Já o Parque do Fontelo tem as piscinas municipais, inúmeros campos de futebol nos quais a garotada disputa partidas a sério, com juiz, assistentes, uniformes etc etc., o estádio municipal de futebol, parque infantil, bosque.
O parque é tão agradável que só nos ocorreu bater algumas fotos já ao sair, junto ao Pórtico do Fontelo. Atrás da Baixinha e da Doga o edifício branco que se vê é uma pousada de juventude.


Last but not least, restaurantes. Já disse que no dia 23 almoçámos em O Cortiço. No dia seguinte, almoçámos no impecável Muralha da Sé. Sem fotos. Fica ao pé da Igreja da Misericórdia.
No sábado, 25, fomos almoçar perto do autódromo. Clube dos caçadores. O lugar, retirado, é encantador. Mas... só fotografei a cortesia que é servida a todos os clientes logo após o cafezinho: bagaço com sumo de frutas vermelhas. Tudo a baixíssima temperatura.

A Baixinha não resistiu:

Domingo, 26, fomos almoçar no Santa Luzia. Enquanto a reforma no endereço tradicional não termina, eles atendem aqui. Não há como não gostar.



Em frente ao Santa Luzia fica este templo da Congregação Cristã. A julgar pelas grades ostensivas, eles não confiam muito na proteção divina...

Enfim, no dia 27 deixámos Viseu. Conseguimos almoçar no Escorropicha, Ana!, em Carrapichana. E lá fomos nós, rumo a Bragança, pelo IP2:

É preciso voltar mais vezes a esse paraíso chamado Viseu.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Missão cumprida
Aposentava-se depois de quase 50 anos de trabalho na Rede Ferroviária Federal.
Fora sempre funcionário irrepreensível.
Os colegas o cumularam de homenagens.
Acabou por ser entrevistado por um jornalista à procura de matéria para seu jornal:
- O senhor passou todos esses anos a martelar as rodas dos trens que paravam nesta estação. Explique às novas gerações qual a razão dessa sua função.
E o velho servidor:
- Ora, não sei. Quando comecei a trabalhar na Rede, deram-me um pequeno martelo e me disseram que, a cada trem que aqui parasse, eu deveria bater levemente com o martelo em todas as rodas da composição. Foi a missão que cumpri religiosamente.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Escolhas
Aviso já: este não é um texto de auto-ajuda. É, isto sim, um texto em que procuro ajuda.
Sobre a escolha de produtos no mercado.
Conheço pessoas que receberam dos pais ensinamentos preciosos a respeito de como escolher carne, por exemplo.
Quanto a mim, estou a fazer progressos na arte de escolher frutas. Penso que consigo escolher boas clementinas e boas laranjas, para citar meus melhores êxitos.

Já recebi algumas lições importantes de outros compradores. Outro dia, estava a escolher melões. A meu lado um senhor fazia também suas escolhas. A certa altura confidenciou:
- Não adianta apertar o olho do melão. Como toda a gente faz isso, os melões ficam artificialmente com olhos moles. É melhor apertar o melão em outros lugares.
Mais não disse.
Embora haja gente que conta seus truques, há também quem os oculte. Ou talvez ignore as razões dos métodos que emprega.
É o caso da escolha de laranjas. Parece ser universal, ao menos em Portugal, a técnica de colocar a laranja na palma da mão e jogá-la levemente ao ar, repetidas vezes, a verificar se serve ou não. Como se estivesse a querer avaliar o peso da fruta.
Alguém pode me explicar a razão desse procedimento?
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