sexta-feira, 27 de abril de 2012

Serviços consulares


Parece que consulados e embaixadas, mundo afora, têm especial prazer em humilhar seus utentes(/usuários).

Ontem fomos ao Porto. Mais um Ministério lá do Brasil quer que os documentos que devo enviar a ele sejam chancelados pelo Consulado brasileiro.
E não adianta argumentar que a Junta de Freguesia à qual pertenço, cá em Bragança, pode fornecer chancela muito mais pertinente do que a do Consulado. Por exemplo, um comprovativo de residência: a Junta de Freguesia da Sé, em Bragança, sabe quem sou e onde moro. No Consulado brasileiro, para fornecer-me um comprovante de residência (como se diz no Brasil) eles me exigem... o comprovativo fornecido pela Junta de Freguesia. Eles mesmos não têm a mínima ideia de onde resido.
Da última vez em que tive necessidade de solicitar tais chancelas, fui ao Consulado em horário de gente e consegui - é verdade que depois de longa espera - aquilo que buscava.
Desta vez, ao chegar pouco antes das dez da manhã ao Consulado, fui informado que as senhas já se haviam esgotado. Antes, senhas para esse tipo de procedimento não tinham limite. Agora têm. E o funcionário nos dispensa com indisfarçável sorriso de satisfação. Aquela conhecida satisfação do exercício do poder. Quando alegámos que vínhamos de longe, de Bragança, retrucou:
- Há os que vêm de Lisboa...
Ao argumentarmos que não era necessário ir de Lisboa ao Consulado do Porto (há, em Lisboa, a Embaixada do Brasil), grunhiu algo ininteligível e pronto.

Terei de voltar outro dia ao Consulado, chegar lá pelas 3 da madrugada, ficar à espera da distribuição de senhas, às oito e trinta, para - tendo sorte de ser um dos agraciados com senha - ser atendido a partir das nove.

Nada que não tenha enfrentado no Consulado português em São Paulo, nos tempos em que buscava minha dupla nacionalidade. É verdade que, hoje, o Consulado português em São Paulo está muito mais amigável e organizado do que naqueles tempos (lá por 2.002). Mas parece que o Consulado brasileiro do Porto terá de aguardar mais algumas décadas até civilizar-se.

Resolvemos, para salvar nossa ida ao Porto, ir até aos consulados de EUA e Canadá. Como queremos ir a esses países no final do ano para visitar os filhos, precisamos saber como obter visto para a Baixinha em seu passaporte brasileiro.
Eu anotara, nos sites da Internet das embaixadas desses países, os endereços dos respectivos consulados no Porto.
O do Canadá constava ficar no hotel Meridien, na Av. Boa Vista, 1.466. Quando lá chegámos, constatámos tratar-se do Hotel Tiara, no qual já ficámos algumas vezes (eles aceitam cães). O porteiro nos informou que o consulado jamais funcionou lá (penso que, ao menos, desde que o hotel passou a ser o Tiara). Mais: não há mais consulado do Canadá no Porto.
Partimos para o consulado dos EUA: av. Boa Vista, 3.523. O porteiro que nos atendeu no edifício comercial com esse número nos sugeriu que fizéssemos uma reclamação junto à embaixada dos EUA:
- Quase todo dia vêm cá pessoas à procura do consulado americano, orientadas pelo endereço que consta na Internet. Acontece que o consulado já não é aqui há mais de dez anos.
E, agora, onde fica o consulado?
- Já não há consulado dos EUA cá no Porto.

Vou acabar por concluir que embaixadas e consulados têm por função evitar que pessoas de outras plagas consigam aproximar-se dos territórios dos países que representam.

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