sexta-feira, 20 de abril de 2012

Jeitinho brasileiro


Quase toda a gente sabe que o Brasil pratica os juros mais altos do mundo.
Portanto, quando alguém é forçado pelas circunstâncias a utilizar-se de empréstimos bancários já pode esperar por dias difíceis pela frente.
Mas os brasileiros são dados a jeitinhos. E descobrem mil maneiras de amenizar seus infortúnios.

Aí vai um exemplo:
Lá pela década de 70 comprei um terreno em Cotia, arredores de São Paulo. Por muitas e variadas razões, o loteamento em que fica o dito cujo terreno desvalorizou-se. Como se diz no Brasil: micou.
Há uns dois anos, comecei a tentar vendê-lo. Nada. O terreno foi avaliado em 30 mil reais (uns 12 mil euros) mas ninguém se prontificava a pagar qualquer coisa semelhante para ficar com ele.
Até que no início de 2.011 lá se foi o terreno, vendido a alguém que acabou por pagar uns 34 ou 35 mil reais. Algo assim.
Quando eu já me aprontava para mudar de mala e cuia para Portugal, chegou-me o imposto anual que se deve pagar por imóveis (IPTU). Tratei de ir a Cotia para mostrar à Prefeitura que já não era mais eu o proprietário. Para fazer prova disso, passei pelo Registro de Imóveis e tirei uma Certidão. Nela constava todo o histórico de transações referentes ao terreno.
Soube, então, que o terreno que eu vendera em Janeiro fora, logo a seguir, em Fevereiro, vendido a outra pessoa. Por 150 mil reais.

Moral (?) da história: o cidadão precisa de dinheiro. Por exemplo, para tocar seu negócio. O empréstimo para aquisição de imóveis é muito mais camarada do que um empréstimo para capital de giro ou outra coisa qualquer. Evidentemente com a conivência do gerente da instituição financeira (que leva algum troco), faz-se a venda do terreno por um valor irreal, levanta-se um empréstimo no banco para esse fim e usa-se a maior parte dele para outra finalidade.

Convenhamos que é bem bolado.

1 comentário:

Léa, a irmã. disse...

Por essas e por outras, nossos juros não baixam...