quarta-feira, 14 de novembro de 2012

História do Brasil segundo Emir Sader

Nosso doutor em Lênin começa a contar essa história a partir de 1930. Até então, segundo ele, “a direita brasileira dispunha a seu bel prazer do Estado”. Tal como agora, diria eu, faz o PT.

A primeira maldadezinha vem logo no primeiro parágrafo. “Washington Luiz, carioca adotado pela elite paulista, como FHC – que afirmava que 'Questão social é questão de polícia' . Ou seja, como FHC (Fernando Henrique Cardoso) também é carioca que fez sua carreira política em São Paulo, tal qual Washington Luiz, tornou-se co-autor da famosa frase do presidente que ganhou mas não levou.

Como se verá adiante, o golpe de 1.964 instaurou uma ditadura. Já quanto ao Estado Novo, Emir passa batido: “Com o surgimento da primeira grande corrente de caráter popular, a direita passou a ficar acuada. A democratização econômica e social foi seguida da democratização politica, com o processo eleitoral consagrando as candidaturas com apoio popular.”

Mais de uma década de ditadura getulista transforma-se em “democratização econômica e social (…) seguida da democratização política.” Então, poder-se-ia dizer do golpe de 64 que foi um período – sei lá – de algumas vitórias no futebol seguido de abertura política, com anistia.

Sobre o período subsequente, o autor parece afirmar que as eleições de Dutra, Getúlio e Juscelino foram vitórias “populares”. Não deixa de ser verdade, já que a maior fatia dos votos conferia ao vitorioso a chancela do tal “povo”. Mas também é verdade que na eleição de Dutra havia um adversário do Partido Comunista que ficou em terceiro lugar. É de supor-se que o candidato do PC não representava a “direita”. Também na eleição de JK tivemos o eleito com 35,68% dos votos, contra 64,32% dos representantes da “direita”. A menos que o doutor Emir resolva estabelecer vínculo entre os demais candidatos e as “forças populares”: o general Juarez Távora (30,27% dados ao candidato da UDN, símbolo máximo da tal “direita”), o populista Adhemar de Barros (25,77% dados ao criador da tradição do “rouba mas faz”) e, last but not least, Plínio Salgado (8,28% dados ao candidato integralista, versão tupiniquim do fascismo).

Curioso, o que vem a seguir: Emir afirma que a “direita” só poderia ganhar caso conseguisse que prosperasse sua tese de que o voto de um médico ou de um engenheiro valesse dez vezes o voto de um cidadão qualquer. A tese, é óbvio, não resultou e – no entanto – a “direita” ganhou... Janio foi eleito.


O texto de Emir é mesmo um primor:

cada parágrafo desmente o anterior.

A direita, muito eclética, utiliza-se da ditadura militar, em seguida se vale de um “híbrido de ditadura e democracia” e instrumentaliza seus avatares Sarney (que Emir docemente constrangido evita citar por ser, agora, unha e carne com Lula), Collor e FHC.

Segundo nosso atilado analista, FHC levou o país a uma situação tão terrível que, a partir daí, o “povo” acordou de sua letargia e passou a eleger os baluartes de tudo que é bom e gostoso.

Sem outra saída, a “direita” passa de sua velha estratégia golpista, calcada nos militares, para uma estratégia que se baseia na tal de mídia e... em quem?, em quem?: no Judiciário.

O Judiciário passa a ser, empurrado pela mídia, instrumento das intenções golpistas da “direita” e – crime dos crimes! - condena os herois do PT à cadeia.

Como dizem meus conterrâneos: Valha-me deus! Esse Emir não conhece limites?
Vai passear na terra do ridículo até quando? 

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