
sábado, 10 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
Fim de semana
O fds (como se escreve em feicebuquês), para o aposentado, é aquele par de dias em que quase todo mundo se junta a ele no exercício do ócio.
É a oportunidade que ele tem de passar desapercebido. Fingir-se de trabalhador em recesso.
Pois, mais que o poeta, o aposentado é um fingidor. Vai para a fila do banco, reclama que o atendimento é lento, mas intimamente exulta pois não saberia o que fazer se fosse logo atendido.
Ao chegar a segunda-feira, o aposentado volta a sua situação de excepção. Se acorda cedo, vê seus vizinhos sairem para o trabalho enquanto lhe resta passear o cão. Se dorme até mais tarde, acaba por tomar o pequeno almoço enquanto toda a gente almoça.
Definitivamente, o fds é seu ponto de encontro com o tal de mundo real.
Vamos a ele.
quinta-feira, 8 de março de 2012
O banho
Era o início de dezembro, 1.992. Minha mãe, que se acabaria no dia 13, suavemente, descansava em seu quarto, esquelética e fraca. O cancro iria vencer, desta vez.
Na sala, os três irmãos discutiam a respeito da necessidade de dar à mãe um banho. Ela , por si mesma, já não era capaz de tanto.
Eu era o primeiro excluído. Por ser homem.
Minhas irmãs também eram interditas. Nunca haviam levantado o véu da intimidade da mãe. Não o conseguiriam fazer agora.
Estávamos nesse impasse quando soa a campainha. Era minha filha, a primogênita, que chegava a visitar a avó. Avó que dela cuidara na infância, nos períodos em que a mãe assistia a suas aulas de filosofia.
Posta a par do problema, não hesitou um instante.
Foi ao quarto, levou minha mãe ao banho, lavou-a meticulosamente.
A avó, feliz, voltou à cama limpa, de corpo e alma.
quarta-feira, 7 de março de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
Laranja de Pobre
Desde que contei ao chefe de cozinha do A Gôndola, o António, que era diabético e não devia abusar dos doces, ele passou a me oferecer sobremesas diferentes. Dia desses serviu-me o que disse chamar-se laranja-de-pobre.
Corta-se em fatias uma laranja descascada. e distribuem-se circularmente as rodelas em um prato.
Sobre as fatias salpica-se um bocadinho de sal grosso e um quase nada de alho. Por fim, derrama-se um tantinho de azeite sobre o conjunto.
Pronto. Saboreie.
O António ainda colocou no centro do prato um morango. O enfeite, assim como o equilíbrio entre os ingredientes, fica a seu critério.
segunda-feira, 5 de março de 2012
domingo, 4 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
Viseu - detalhes de uma visita
Quando viajo, não gosto de ficar muito ocupado com fotos. Sendo assim, ficam alguns lugares mais fotografados que outros, sem critério algum. Mas fizemos algumas fotos em Viseu que, penso, podem dar uma ligeira ideia da cidade e de suas atrações.
Diga-se, antes do mais, que Viseu é a cidade portuguesa de melhor qualidade de vida. Confesso não saber como se mede isso, mas que Viseu é linda e excelente para se viver não resta dúvida.
Vamos às fotos:
Comecemos pela Catedral, como não poderia deixar de ser. Ao escolher o hotel em que ficaríamos, percebi que todos se referiam à distância a que ficavam da Catedral. No segundo piso, fica o Museu Grão Vasco. Não me apeteceu subir as escadas, além do que entre museus, bares e restaurantes fico com os últimos. Diga-se: o museu deve ser interessante, pois uma respeitável professora de Aveiro mo recomendou vivamente. Que ela me perdoe o ignominioso desinteresse.

Em frente à Catedral fica a Igreja da Misericórdia, cujo interior é digno de uma visita:

Ao lado da Igreja da Misericórdia fica o funicular. Além de se ter uma bela vista de parte da cidade.

Vejam só: era dia de meu aniversário (23/02). Havíamos almoçado naquele que é considerado o melhor restaurante de Viseu. O Cortiço. Não tirei nenhuma foto do dito cujo. Ele fica próximo à Catedral, em uma viela chamada Augusto Hilario (antiga rua Judiaria). Por ter comido fartamente, lá fomos nós caminhar pelas ruas do centro da cidade. Essa, abaixo, é só para peões (/pedestres). Ruas assim são chamadas calçadões, no Brasil (ou, ao menos, em São Paulo):

Já em outra rua, encontrámos a entrada para essa esplanada:

Pra não ficar apenas no elogio, vamos a uma crítica: no final de um dos calçadões do centro, há uma parte do chão feita de vidro, teoricamente para permitir que se veja, lá no subsolo, um pedaço de uma muralha romana, de 260 D.C..
Se você fizer algum esforço consegue perceber algumas das pedras da muralha. Mas, mesmo estando pessoalmente no local (e fomos lá à noite pra verificar se era possível ver melhor a tal muralha) é muito difícil enxergar a descoberta arqueológica. E, segundo nos informaram, foi gasto muito dinheiro para construir esse espaço (quase) inútil...

Saindo do centro da cidade uns 8 km, chega-se às termas de Alcafache. A água sai à superfície a 50ºC. As termas estavam fechadas. Só iriam reabrir em 1º de março.

Mas consegui uma bela foto do riacho que passa junto ao edifício no qual funcionam as Termas. Ainda voltaremos aí, para uns banhos. A poucos quilômetros do centro da cidade há ainda outras termas.

Agora os parques. Viseu tem inúmeros parques. Esse abaixo nem sei como se chama, mas a garotada se espalha nele com suas bicicletas. Os cães passeiam à vontade. Os adultos fazem suas caminhadas ou sentam-se na esplanada.



Já o Parque do Fontelo tem as piscinas municipais, inúmeros campos de futebol nos quais a garotada disputa partidas a sério, com juiz, assistentes, uniformes etc etc., o estádio municipal de futebol, parque infantil, bosque.
O parque é tão agradável que só nos ocorreu bater algumas fotos já ao sair, junto ao Pórtico do Fontelo. Atrás da Baixinha e da Doga o edifício branco que se vê é uma pousada de juventude.


Last but not least, restaurantes. Já disse que no dia 23 almoçámos em O Cortiço. No dia seguinte, almoçámos no impecável Muralha da Sé. Sem fotos. Fica ao pé da Igreja da Misericórdia.
No sábado, 25, fomos almoçar perto do autódromo. Clube dos caçadores. O lugar, retirado, é encantador. Mas... só fotografei a cortesia que é servida a todos os clientes logo após o cafezinho: bagaço com sumo de frutas vermelhas. Tudo a baixíssima temperatura.

A Baixinha não resistiu:

Domingo, 26, fomos almoçar no Santa Luzia. Enquanto a reforma no endereço tradicional não termina, eles atendem aqui. Não há como não gostar.



Em frente ao Santa Luzia fica este templo da Congregação Cristã. A julgar pelas grades ostensivas, eles não confiam muito na proteção divina...

Enfim, no dia 27 deixámos Viseu. Conseguimos almoçar no Escorropicha, Ana!, em Carrapichana. E lá fomos nós, rumo a Bragança, pelo IP2:

É preciso voltar mais vezes a esse paraíso chamado Viseu.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Missão cumprida
Aposentava-se depois de quase 50 anos de trabalho na Rede Ferroviária Federal.
Fora sempre funcionário irrepreensível.
Os colegas o cumularam de homenagens.
Acabou por ser entrevistado por um jornalista à procura de matéria para seu jornal:
- O senhor passou todos esses anos a martelar as rodas dos trens que paravam nesta estação. Explique às novas gerações qual a razão dessa sua função.
E o velho servidor:
- Ora, não sei. Quando comecei a trabalhar na Rede, deram-me um pequeno martelo e me disseram que, a cada trem que aqui parasse, eu deveria bater levemente com o martelo em todas as rodas da composição. Foi a missão que cumpri religiosamente.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Escolhas
Aviso já: este não é um texto de auto-ajuda. É, isto sim, um texto em que procuro ajuda.
Sobre a escolha de produtos no mercado.
Conheço pessoas que receberam dos pais ensinamentos preciosos a respeito de como escolher carne, por exemplo.
Quanto a mim, estou a fazer progressos na arte de escolher frutas. Penso que consigo escolher boas clementinas e boas laranjas, para citar meus melhores êxitos.

Já recebi algumas lições importantes de outros compradores. Outro dia, estava a escolher melões. A meu lado um senhor fazia também suas escolhas. A certa altura confidenciou:
- Não adianta apertar o olho do melão. Como toda a gente faz isso, os melões ficam artificialmente com olhos moles. É melhor apertar o melão em outros lugares.
Mais não disse.
Embora haja gente que conta seus truques, há também quem os oculte. Ou talvez ignore as razões dos métodos que emprega.
É o caso da escolha de laranjas. Parece ser universal, ao menos em Portugal, a técnica de colocar a laranja na palma da mão e jogá-la levemente ao ar, repetidas vezes, a verificar se serve ou não. Como se estivesse a querer avaliar o peso da fruta.
Alguém pode me explicar a razão desse procedimento?
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Um dia a mais
Hoje é um dia que nos é oferecido graciosamente. Uma espécie de bônus.
Ou não.
Depende da vida que se leva.
Quanto a mim, já o encarei como nefasto. Ocorreu que o único ano de minha vida passado inteiramente em uma prisão foi bissexto: 1.972. Resultado: paguei um dia a mais.
Hoje, vejo este 29 de fevereiro como bênção. Por mim, se o tempo parasse seria o ideal. Não sendo possível, que me dêem o brinde de um dia.
Em uma altura em que se discute, em Portugal, quais os dias que devem ser feriados ou de tolerância de ponto, gostaria que 29 de fevereiro fosse um dia de exaltação ao supérfluo, ao desregramento. Dia resultante de arredondamentos na contagem do tempo, deveria ser saudado como o resultado de um erro salutar.
E comemorado com espalhafato.
(e que a troika não me ouça)
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
O rio Sabor
Na ida para Viseu (em 22/02), apesar da pressa para chegar ao Escorropicha, Ana! antes das 15 horas, não pudemos deixar de parar por uns poucos minutos e fotografar o rio Sabor, já perto de sua foz.
Diga-se, a bem da verdade, que eu achei que já era o Douro...


Tanto na ida quanto na volta não entendi o facto de se atravessar duas vezes o rio. Ao examinar o mapa, o porquê ficou claro: atravessa-se o Sabor e, mais abaixo, o Douro.
O mapa abaixo mostra a chegada, pelo IP2, à foz do Sabor. Começa nas imediações de Estevais, a aldeia de morada de J. Rentes de Carvalho em Portugal. Depois de se atravessar o Sabor, percorre-se um trecho de estrada que corre paralelo ao rio, até seu desembocar no Douro. Mais adiante atravessa-se o Douro, junto a Pocinho, e prossegue-se em direção a Celorico da Beira. Carrapichana fica um pouco ao sul de Celorico.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Ida a Viseu
Pois é. Acabou o carnaval. Começou o meu. Saímos hoje de Bragança em direção a Viseu. Fomos pelo IP4, cheio de desvios por causa das obras, até a entrada para Macedo, pelo IP2.
Fomos até Celorico da Beira e, de lá, até Carrapichana, pra almoçar no Escorropicha Ana.
Ledo engano. Como abrira na terça gorda, fechou hoje...
Mas eu já tinha preparado o plano B. O Zé das Iscas, mesmo em Celorico.
Antes, a passagem pelo Douro é deslumbrante. Tirei duas fotos, que depois vejo se merecem ser publicadas (a máquina anda ruim). Estávamos com pressa para não perder o almoço e parámos pouco.
Afinal, cá estamos. Em Viseu. Apenas saímos do hotel pra dar umas voltinhas com a Doga.
Amanhã saberei mais.
Até.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
O carnaval do Papa
Há, segundo dizem, uma conspiração para assassinar Bento 16. Ou, ao menos, para que renuncie em abril, quando completa 85 anos.
Por falar em B16, por onde andará Georg Gaenswein?
Em toda essa conversa sobre complôs no Vaticano, gostei mesmo foi da história que uns atribuem a João Paulo II e outros a João XXIII:
Perguntado a respeito de quantas pessoas trabalhavam no Vaticano respondeu com ironia:
- Mais ou menos a metade.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
O carnaval de Passos Coelho
O primeiro ministro (PM) de Portugal, Pedro Passos Coelho, foi vaiado ontem em Gouveia onde foi visitar a Feira do Queijo da Serra da Estrela.
Até aí, isso é a não-notícia: o cão mordeu o homem.
Mas a atitude adoptada pelo PM é do tipo o homem mordeu o cão. Em meus quase 70 anos, jamais soube de político que tenha assim procedido.
Já li a respeito de políticos que enfrentaram, em plena rua, adversários exaltados. Mas não me lembro de algum que tenha ido até os manifestantes para realmente ouvi-los e dialogar com eles.
Minhas experiências com a política já não me concedem o prazer de iludir-me com políticos.
Mas as posturas de Passos Coelho ao longo da actual crise me agradam. Não menosprezo a dificuldade, vivida por ele, de convencer um país inteiro da necessidade de sacrifícios enquanto é preciso conviver com os falastrões do Bloco de Esquerda e milagreiros outros.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
O carnaval de José Dirceu
O jornal Público, de hoje, traz uma matéria de duas páginas sobre as amizades de José Dirceu em Portugal. Infelizmente, a leitura é apenas para assinantes (ou para quem comprou o jornal em banca).
Arrisco um resumo: as amizades portuguesas do Zé são resultado de suas amizades com o poder no Brasil.
Sem grandes novidades, ao menos para brasileiros que conhecem a figura há tempos, o que é dito no jornal não fará Zé Dirceu perder qualquer minuto de sono. Ele está acostumado a ser acusado de coisas bem mais graves.
E sempre tirou tudo de letra.
Afinal, no Brasil, é carnaval o ano inteiro.
Reproduzo, abaixo, o quadro de suas amizades lusitanas, publicado pelo Público de hoje:

sábado, 18 de fevereiro de 2012
Baba de camelo
Cá em Bragança, a meu ver, o melhor doce para sobremesa é a baba de camelo. A receita não foge muito disto. Mas se você é tão ruim na cozinha quanto eu, é melhor ver o vídeo:
Eu gosto muito de baba de camelo. O problema é que sou diabético.
Vai daí, descobri um jeito de fingir que estou a saborear uma baba de camelo sem prejudicar minha saúde. E ingerindo menos calorias.
A coisa funciona assim (como não tenho balança de cozinha, a receita vai no mais ou menos):
Se na sua cidade existe um supermercado Lidl, melhor. Você vai lá e compra esse baldinho de 1 kg aí nas figuras abaixo. Iogurte grego Eridanous.


Caso não conheça nenhum Lidl próximo, procure um iogurte grego de boa qualidade em algum supermercado. De preferência puro (o iogurte, não o supermercado).
Se você mora aqui pra estes lados brigantinos, prefira o mel do Armindo Alves, de Vinhais.

Caso contrário, descubra um mel bom. Mel mesmo. No Brasil, em geral, os meles vendidos em supermercados são uma enganação total. Fuja deles.
Aí você pega uma taça do tamanho de sua gula, tasca o quanto você pretende comer do iogurte. Lembrando que ainda vai mel aí. Vá colocando o mel aos poucos e misturando tudo. Quando a cor chegar a um caramelo não muito escuro já está bom. Sem falar que você pode ir experimentando ao longo da inclusão do mel.
Pronto. Pode comer que é quase igual à baba de camelo tradicional.
Talvez melhor.
Bom apetite!
Ah! Esqueci-me de informar sobre as calorias disso tudo. Então vamos lá:
Baba de camelo mesmo: 323 kcal/100 gr
Mel: 155 kcal/ 50 gr
Iogurte Eridanous: 127 kcal/100 gr
Baba de camelo minha: 282 kcal/100 gr
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Demissão do presidente alemão
Em minha infância ouvi, algumas vezes, minha mãe contar o folclórico caso do Marechal Deodoro (primeiro presidente da República brasileira): durante uma visita à Alemanha, ficara fortemente impressionado pela disciplina alemã ao presenciar um comandante do exército, na revista às tropas, determinar a um soldado que desse um tiro na própria cabeça. O soldado obedeceu imediatamente.
Retornado ao Brasil, o marechal passava em revista tropas na Bahia. Resolveu imitar o comandante alemão.
O soldado escolhido por ele não teve dúvidas e retrucou:
- Tu tá pensan'o que eu sô alemão!?
Agora há pouco o presidente da Alemanha pediu demissão em função de seu envolvimento em um caso de corrupção.
Lembrei-me de minha mãe e de suas histórias pitorescas.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
LINcrível
Já faz tempo que quase tudo que se consome, nos EUA, é produzido na China.
Mas não faz nem um mês que se consome um novo ídolo: Jeremy Lin.

Californiano descendente de chineses (Taiwan)(o Diário de Notícias on line diz ser ele descendente de tailandeses. É a pressa dos jornais on line...), foi dispensado de dois outros times da NBA há pouco, em dezembro. Admitido no New York Knicks, ficou no banco até outro dia.
Agora virou febre. Todos os possíveis trocadilhos com seu nome já foram explorados.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Ainda sobre o A.O.
Ainda não consegui achar essa história nas obras de Rui Barbosa, nem em obras sobre o próprio. Mas meu pai a repetia às vezes:
Ao discursar no Parlamento, certa vez, foi interpelado por um colega:
- Por que Vossa Excelência diz inquérito e não inqüérito?
Ao que Rui teria respondido:
- Eu não digo inqüérito porque não qüero.
Independente da veracidade ou não dessa história e considerando que em Portugal o trema já não era utilizado, como eu a contaria obedecendo ao Acordo Ortográfico?
Alguém sabe me dizer?
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
O país do carnaval
A notícia do assassinato de dois jornalistas, no Brasil, em apenas uma semana, parece só ter recebido destaque na imprensa... espanhola.
Não encontrei nada no portal G1 (Globo), nem na UOL (Folha), nem no R7 (TV Record).
Um texto de Juan Arias, em El País, fala da preocupação do governo Rousseff com o facto de em apenas 2 meses de 2.012 já terem sido assassinados 2 jornalistas no Brasil, enquanto que em 2.011 foram 5 os jornalistas assassinados durante o ano inteiro.
Mas a preocupação principal parece ser o reflexo desses assassinatos no turismo carnavalesco:
El hecho de que en menos de dos meses en este 2012 ya hayan sido asesinados dos está preocupando al Gobierno de Rousseff, porque un aumento de dichas muertes podría empañar la buena imagen internacional del país, en plenas festividades del Carnaval.
Ah! Bom.
Se o poder executivo pensa assim, o legislativo parece não deixar por menos. É o que verbalizam dois deputados ouvidos por El País:
Dos diputados del Congreso de Brasil han informado a este diario que después de los carnavales, el Parlamento va a estudiar y analizar este recrucedimiento de atentados y asesinatos perpetrados contra periodistas...
Depois do carnaval. Até lá, os corpos que apodreçam.
Todo poder aos lunáticos
Um antigo assessor de Eisenhower afirmou que o ex-presidente americano manteve encontros com extraterrestres, em 1.954.
A julgar por algumas recentes declarações do presidente Cavaco Silva, também ele anda a aconselhar-se com seres de outros planetas.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Chove chuva!
Para quem não sabe, o inverno - cá em Bragança - é a época das chuvas. O verão é que é seco.
Por mais que os dias de sol que reinam absolutos desde o início do ano sejam lindos, agradáveis e propícios ao caminhar, a ausência de chuva começa a preocupar.
Hoje, das janelas de casa, foi-nos possível acompanhar vários pequenos incêndios ao norte de Bragança. Incêndios que são algo típico de verão.
Desde sexta-feira última, começou a utilização de sistemas alternativos de abastecimento de água para a região de Bragança.
Já ao final de janeiro a preocupação com a estiagem começou a se fazer sentir, mas havia a esperança de um fevereiro com chuvas. Afinal, costuma ser o mês de maior precipitação pluviométrica na região. Mas fevereiro chega à metade sem que caia sobre Bragança uma mísera gota d'água.
E, como se vê na previsão acima, vamos continuar sem chuva por algum tempo.
Será que reza brava resulta?
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Whitney Houston
Passámos um dia muito agradável em Vinhais, em casa de parentes e amigos.
Muita comida, da melhor qualidade, excelente vinho, conversa cativante.
Ao chegar em casa, a notícia da morte dela.
A mãe, Cissy Houston, tem uma voz excepcional:
As duas juntas, fantástico:
É triste perder uma voz dessas.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
O amanhã de cada um
Um dos melhores escritores que já li, J. Rentes de Carvalho - do alto de seus quase 82 anos - escreve hoje em seu blog:
Gostaria, mas não me é dado esperar amanhãs.
De minha parte, gostaria que Rentes estivesse errado. E que continuasse a escrever durante muitos anos.
Lembrei-me, então, de meu cunhado, o matemático Maurício Matos Peixoto, de quem já falei aqui neste blog algumas vezes.
Na época em que completava seus 80 anos, Maurício começou a construir, com minha irmã de cúmplice, uma casa em seu sítio de Petrópolis, Rio de Janeiro.
Na ocasião, pensei:
Incrível, um homem resolver construir uma casa, para nela morar, aos 80 anos!
Ele a construiu e a utiliza prazerosamente há 10 anos, pois já comemorou seus 90 anos, na mais absoluta lucidez e trabalhando intensamente.
E se o cálculo de probabilidades não estiver errado, tem tudo para curtir sua casa de Petrópolis durante mais tempo do que eu terei para me deliciar com Bragança.
Eu, que não pretendo bater as botas tão cedo.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
A Feira do Fumeiro, Vinhais
Tivemos a excelente ideia de ir hoje à tarde visitar a Feira do Fumeiro de Vinhais. Afinal, numa sexta à tarde quase toda a gente está a trabalhar. A Feira fica tranqüila, com pouco movimento.
Parámos o carro a uma certa distância do centro do evento e fomos até lá a pé.
O evento oficial, digamos assim, ocorre em alguns galpões próximos uns dos outros. Mas nas ruas adjacentes a esse miolo, barracas se instalam como em uma feira livre, ao longo das calçadas. Vendem de um tudo: roupas, calçados, potes, quadros e mais uma infinidade de itens.
O primeiro pavilhão em que entrámos foi o dos espectáculos e das tasquinhas:

Em uma dessas tasquinhas comemos alguma coisa e bebemos um tinto, um excelente reserva Cabeça de Burro, do Douro. Os preços são convidativos.

Do lado oposto, no interior do mesmo pavilhão, há algumas barracas que vendem licores e outras bebidas, além de doces e que tais.

Não podia faltar uma barraca brasileira. Aliás, quando é que alguma alma caridosa começará a exportar do Brasil para cá cachaças de alto nível?! Seleta, Boazinha, coisas assim...

Do lado de fora desse pavilhão, diversões variadas (além de providenciais casas de banho, aliás limpíssimas):

Vendem-se, lá no fundo dessa foto, até máquinas agrícolas:

Mas vamos ao Pavilhão do Fumeiro, que é o que mais me interessa:



Claro, eu tinha de comprar minhas alheiras e chouriças na lojinha de Passos:


Por fim, uma foto do protagonista de toda essa festa, de organização complexa mas impecável: o porco.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Educação no lar
Leio hoje, em El País, artigo a respeito dos prós e contras de educar os filhos em casa e não na escola.
E fico admirado em ver essa discussão estender-se aos dias de hoje. E no mundo todo.
Quando tive a intenção de educar meus filhos em casa, longe das escolas, fui bombardeado por todos os meus amigos. Eles não eram apenas contra a ideia. Ficavam raivosos só em ouvir falar dela.
Até hoje não entendo esse sentimento forte de contrariedade. O que não quer dizer que continue a defender a ideia, da qual - diga-se - desisti logo.
Os argumentos contra a educação no lar continuam, ao que parece, os mesmos da década de 70.
O mais freqüente deles refere-se à questão da socialização da criança. Fora da escola, nossos filhos não teriam contato com outras crianças. Não se socializariam.
Ora, antes mesmo de nascer meu terceiro filho, fomos morar em um sobrado situado em uma rua de apenas uma quadra, com sessenta daqueles sobrados, nos quais moravam 120 crianças entre zero e sete ou oito anos. A rua era de terra e as crianças brincavam todas juntas, sujando-se pra valer e desenvolvendo amores e rancores entre elas.
Se isso não é socialização, não sei o que significa essa palavra. Não creio que a escola seja o único meio para socializar a criança.
Outro argumento, segundo em importância no combate à ideia da educação no lar, era - e ainda é - o de que as crianças educadas no lar ficariam muito diferentes das demais. Isso não seria nada bom, considerando-se a necessidade de pertinência a grupo, típica - principalmente - dos adolescentes.
Como desisti da ideia, não sei como teriam ficado meus filhos caso os tivesse educado no lar. Lembro-me das várias vezes em que fui buscar, lá pelas 3 ou 4 da manhã, minha primogênita na saída de bailes de adolescentes no clube sírio-libanês, em São Paulo. Ficava, de dentro de meu carro, a olhar os adolescentes a sair. Às centenas. As meninas - todas, sem absolutamente nenhuma exceção - vestidas inteiramente de preto. Penso que é a coisas assim que se referem ao falar de pertinência a grupos.
Não vejo razão para que adolescentes educados em casa não possam vestir-se de preto e participar de bailes desse tipo. Concordo que - naquela época - o contato com outros da mesma idade era um bocadinho mais difícil. Hoje, com a Internet...
Um argumento, para mim novo, é o de que essa ideia costuma ser posta em prática por fundamentalistas religiosos. Pode ser. Mas o facto de um fundamentalista religioso gostar de, digamos, melancia, não me parece que torne a melancia menos apetitosa.
Apenas fico feliz por ter desistido da ideia ao imaginar os enormes problemas em que me meteria graças a ela.
Meus filhos acabaram por formar-se em escolas regulares, com todos os defeitos e virtudes que essas instituições têm. E tornaram-se adultos que me deixariam orgulhoso se fossem meus filhos. E são!
Quanto a mim, já sou suficientemente criticado por eles por tê-los educado como toda a gente. Não sem algumas razões, diga-se.
Calcule como seria, caso me decidisse por educá-los por minha única conta e risco.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Composibares
Até a década de 60 funcionou, em São Paulo, o João Sebastião Bar. Apesar do nome, a música que rolava lá era a popular. Por lá passaram artistas em início de carreira, como Chico Buarque.
Já em Lisboa, o João Sebastião Bar durou até a década de 80.

Surge, agora, seguindo a ordem histórica dos compositores, um novo bar no qual se pode ouvir música erudita enquanto se bebe. Também em Lisboa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
E agora?
Hoje recebi meu Cartão Europeu de Seguro de Doença, para os íntimos: CESD.
Ele me permite acesso a cuidados de saúde em: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslovénia, Estónia, Grécia, Espanha, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Letónia, Listenstaina, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Países Baixos, Polónia, Reino Unido, República Checa, República Eslovaca, Roménia, Suécia e Suíça.
Estou preocupado. Não sei se vou conseguir ficar doente em tantos lugares.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Menos piegas
O primeiro ministro português pediu hoje aos portugueses que sejam menos piegas.
Quanto a mim, pediria a toda gente, não só aos portugueses, que se torne o mais possível não piegas. Particularmente, exortaria ao não-pieguismo todos aqueles que me enviam powerpoints abarrotados de flores e pássaros.
Hoje mesmo recebi um e-mail a alertar - alerta urgentíssimo - para uma criança abandonada que precisava reencontrar os pais.
Com uma rápida pesquisa na Internet fiquei a saber que a criança realmente foi abandonada, só que isso ocorreu há quatro anos e há muito sua mãe já o reencontrou.
Pediria, isso sim, aos portugueses e a toda gente que pensassem (e se possível fizessem alguma coisa) na ameaça que paira sobre a humanidade em razão do esforço iraniano para construir a bomba atômica.
E deixo claro que concordo com a posição israelense de atacar o Irão antes que seja tarde.
Justo eu, que tenho cada vez menos convicções...
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Contributo à história da Aduana no Brasil
Em suas Notas Dominicais, L.F.Tollenare fala, em sua chegada a Pernambuco, 1.816:
É nas pequenas angras que bordam a costa nas vizinhanças de Itamaracá até a Paraíba, que se faz o contrabando de pau-brasil; dizem-no fácil, não havendo ali quase nenhuma tropa, ou antes, asseguram, sendo os oficiais acessíveis à sedução."
(Notas Dominicais, L.F.Tollenare, pág. 18, Livraria Progresso Editora, 1956)
Jesus no Facebook

Jesus
foto em quintos-beja.blogspot.com
SERMÃO DA MONTANHA
E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Ver mais...
Pedro, André e outros 10 apóstolos gostam disto.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Lemas (2)
A julgar pelos powerpoints que insistem em me enviar por e-mail, cheios de pássaros a voar, flores a baloiçar ao vento, frases de incentivo, músicas das quais escorre algo parecido com mel etc etc, julgo que agora o dito popular passa a ser:
Mais vale um pássaro a voar do que dois na mão
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Acordo Pornográfico
Depois do Acordo Ortográfico, vem aí o Acordo Pornográfico. De facto, ou de fato, com roupa ou sem roupa, não se pode continuar com a situação actual, nem com a atual: Portugal e Brasil, em particular, pra não falar dos outros países lusófonos, usam termos chulos diferentes. Um brasileiro em Portugal (por exemplo, eu) ou um português no Brasil (mesmo algum ainda não atingido por bala perdida) não podem injuriar ninguém e serem compreendidos!
Por exemplo, se um português xingar alguém em São Paulo ou no Rio de Janeiro de aldrabão (vamos ficar no chulo light) vai apanhar do mesmo jeito. Mas quem estiver a arrebentá-lo não vai saber por que o faz.
As trocas culturais ficam demasiado prejudicadas. Vejam: foi composto e gravado, no Brasil, um novo forró.
Pois bem: os portugueses não conseguirão compreender a inebriante mensagem de duplo sentido que ele encerra.
Por não conhecerem a fruta tropical chamada Umbu?
Não.
É porque em Portugal o correspondente chulo de vagina é outro.
Os avecs
Meu aprendizado a respeito de Portugal segue em ritmo lento mas seguro. Infelizmente, mais lento que seguro. Mas segue.
Dia desses, ouvi falar, pela primeira vez, nos avecs.
E achei deliciosa, a ironia (jamais comi uma ironia, nem por isso sou interditado de entender alguma como saborosa).
Se você jogar o título deste post no Google, encontrará descrições minuciosas dos avecs, além de ferrenhas discussões a respeito.
De minha parte, vou apenas comentar alguns poucos aspectos dessas, como direi, aves de arribação.
Os avecs são emigrantes portugueses que foram ganhar a vida em França. Já começo por não perceber o porquê de toda gente só implicar com os emigrantes que foram para a França. E os que foram para a Alemanha, para a Suiça, para os EUA etc etc? São muito diferentes? Não sei. O facto é que lá por julho e agosto de cada ano vêm a Portugal para... e aí começam as discordâncias.
Os mais simples – ou simplórios como eu – entendem que vêm cá a visitar a família. Os mais ladinos garantem que baixam a estas terras do sul por puro prazer de exibir suas conquistas.
Seja lá qual for o motivo desse vôo periódico ao mundo lusitano, o de que mais gostei nessa história toda foi o nome que receberam: esse os avecs, ou les avecs, como dizem alguns (eu gostaria mais de os aveques), é expressão de uma ironia de maldade infinita, ainda que – felizmente – não mortal.
Ironia que se deleita em descrições divertidíssimas como esta.
De resto, não tenho ainda a vivência indispensável para contribuir com a descrição da espécie. Sou imigrante recém chegado a Portugal, numa época em que até os governantes sugerem aos portugueses que emigrem. Aliás, sou acostumado a andar na contramão. Lutei por uma revolução socialista quando o marxismo-leninismo já se desmanchava em cinzas.
De qualquer modo, vou providenciar uns calções largos e preparar-me para, no verão, entrar em uma pastelaria e comentar displicentemente a crise portuguesa:
- Je suis desolé!
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
O espírito político
O historiador brasileiro Oliveira Lima, no prefácio às Notas Dominicais, de L.F.Tollenare:
...espírito político que é o espírito de intriga combinado com o de mando...
(L.F. de Tollenare, Notas Dominicais tomadas durante uma viagem em Portugal e no Brasil em 1.816, 1.817 e 1.818, Livraria Progresso Editora, 1.956 - o prefácio de Oliveira Lima não está datado nessa edição, que não inclui as Notas sobre Portugal).
Aniversário ou nascimento
Hoje, além de Iemanjá, este blog também faz anos.
8 anos.
De algum modo, mais adequado seria dizer que ele começa agora.
Só agora ele tornou-se minha actividade principal, ao lado – é claro – das visitas periódicas ao médico de família, à farmácia, às análises etc etc.
E, passados os primeiros meses de adaptação a esta vida em terras portuguesas, começo a perceber um bocadinho do estilo de vida que Bragança proporciona. Ou seja, este blog ameaça tornar-se português. E do nordeste. Como me informou certa vez o José Carlos Barros: acima do Marão nada funciona.
Espero que essa sina não alcance meu blog.
É verdade que a ortografia complicou-se. Eu, que aguardava a mudança para Portugal para começar a escrever como português, fui atacado covardemente por um acordo ortográfico que me deixou um tanto sem parâmetros.
Não terá sido minha primeira desilusão com os modismos na ortografia. Muitos anos atrás vi destruído meu orgulho por conhecer detalhes tão preciosos quanto inúteis a respeito da acentuação diferencial das homógrafas não homófonas.
O Renato Santos Passos também está a ensaiar uma despedida. Mas não já. Ainda não me decidi a respeito de seu assassinato.
Aproveito para deixar registada, aqui, minha saudade do Re21, Adolfo José Romão Louro, o primeiro blogueiro de que tomei conhecimento em Portugal.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Hackers cumprem promessa
Os hackers do grupo Anonymous haviam dito que iriam deixar indisponíveis, ao longo desta semana, os sites de grandes bancos brasileiros. Um por dia.
Todos os bancos atingidos até agora, negam que isso esteja a acontecer.
Por incrível coincidência, o Itaú ficou um bom tempo indisponível na segunda-feira, o Bradesco ontem e, hoje, o Banco do Brasil.
Para os que gostam de dividir o mundo em bons e maus, a situação é pitoresca: os bons mentem e os maus falam a verdade e cumprem suas promessas.
Agora mesmo, às 16:10 (14:10 de Brasília), a situação era esta:

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