Penso já ter ficado evidente - para os
que não têm interesse direto na questão – que o dilema político
entre PT e PSDB (e adjacências) é absolutamente falso.
Mas quais são os reais polos que
disputam o poder de orientar o futuro do Brasil?
A meu ver, tais forças opostas são o
PT e sua franja sindical e intelectual [risos] de um lado. De outro
as seitas religiosas, cada vez mais subordinadas doutrinariamente aos
neopentecostais. Neste segundo grupo, incluam-se os espiritistas,
ainda que professem ideias diversas em questões de doutrina.
A Igreja Católica, apesar de dispor de
grande número de adeptos, tem-nos divididos entre os dois polos
especificados. Por isso, vem a ter influência diminuta nessa
disputa, ou – no máximo – influência desproporcional a seu
tamanho na sociedade.
Não digo, com isso, que tais correntes
já sejam claramente opostas nos dias de hoje. Nem mesmo tem – a
corrente religiosa – uma unidade que se expresse politicamente de
modo uníssono. Aliás, tampouco o PT e suas franjas apresentam tal
unidade.
Falo de tendências. E que não são de
longo prazo. Há, em curso, um claro processo de condensação de
cada um desses polos.
Quem, como eu, não participar de um
desses polos tende inexoravelmente a ficar à margem do processo
político brasileiro.
A inauguração recente do tal Templo
de Salomão pode confundir o observador. Afinal, quase todas as
forças político-institucionais acorreram pressurosas ao evento.
Natural. Em época eleitoral não se
desprezam fontes de votos.
Mas essa inauguração talvez fique
como marco da constituição de um bloco político que, aos poucos,
ganhará homogeneidade.
É certo que tal homogeneidade dar-se-á
à custa da qualidade. Também do lado petista esse nivelamento por
baixo se completará. Já anda adiantado o estado de putrefação
desse polo.
Mas também isso deve ser lançado à
conta do crescimento dos dois polos. O nível de cada um deles será
mais ou menos (se possível menos) o nível que se percebe na disputa
eleitoral deste ano da graça de 2014.
Alguém fatalmente dirá: e a luta de
classes?
Como não sou médico legista, nada
entendo de cadáveres.
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