segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Espiritismo e Antroposofia - 04


A comunicação com o mundo espiritual

Para a Antroposofia, o que descrevemos até aqui constitui o primeiro passo na cognição por iniciação.
“Pois bem, o que primeiro se vivencia dessa maneira é o verdadeiro autoconhecimento. (…) Tudo aquilo que vivenciamos no passado – e que normalmente só pode ser ressuscitado como representação mental – se nos oferece como um panorama atual, onde acontecimentos há muito tempo esquecidos se tornam presentes. Situações idênticas são descritas por pessoas que sofreram um choque devido a um perigo de morte, em caso de afogamento, etc. (…) Tal panorama coloca-se de fato, à frente de quem ativou seu pensar, qual um quadro abrangendo todo o período desde que se aprendeu a pensar até o presente momento. O tempo se transforma em espaço, o passado em presente. Estamos diante de uma imagem. A característica nesta situação (…) é ter-se ainda uma espécie de sensação de espaço (já que a visão se parece com um quadro), mas apenas uma sensação – pois a esse espaço que se vivencia nesse instante falta a terceira dimensão. (…) em toda parte esse espaço é percebido em duas dimensões apenas, de forma que o conhecimento é pictórico. Por isso chamo essa cognição de imaginativa (…) É uma cognição em imagens, e que se apresenta em duas dimensões.”
“A verdade é que, ao se progredir do físico para o espiritual, não é uma quarta dimensão que nasce, mas é a terceira que desaparece. (…) para penetrar no espiritual, não se acrescenta uma quarta dimensão às três já existentes, mas volta-se à segunda. E veremos que se acabará voltando à primeira dimensão.”
“O que está ligado a essa cognição imaginativa é um sentimento subjetivo de imensa bem-aventurança.”
“Quando se chega a essa experiência, torna-se necessário progredir mais um passo, que ninguém gosta de dar”.

“Quando se quer dar o próximo passo, essa sensação de felicidade deve primeiro ser esquecida, pois nessa altura, depois de se ter ativado voluntariamente o pensar por meio da meditação e da concentração do pensar, e de ter, a partir daí, chegado à visão da própria vida, mister se torna eliminar tudo isso da pr´pria consciência com toda a energia. (…) Os Senhores certamente sabem que um indivíduo acaba adormecendo quando o privamos, pouco a pouco, de todas as impressões sensoriais, escurecendo e silenciando o ambiente para que ele nada ouça – enfim, suprimindo todas as impressões da vida cotidiana. Mas essa consciência vazia, que normalmente conduz ao sono, deve ser provocada voluntariamente – e todavia o homem, depois de apagar todas as impressões gravadas em sua consciência, deve permanecer acordado. (…) Essa é a obtenção da consciência vazia, mas de uma consciência vazia plenamente vigilante.”
“Ora, quando é estabelecida a consciência vazia, graças à supressão de tudo o que nela foi introduzido mediante energia redobrada, essa consciência não permanece vazia, concretiza-se a segunda etapa da cognição, a qual, em contraste com o conhecimento imaginativo, pode ser chamada de inspiração. Depois desses preparativos, o mundo espiritual pode apresentar-se diante de nossa alma da mesma forma como o mundo visível se oferece à vista, ou o audível ao ouvido. Passamos a ter, diante de nós, não a própria vivência, mas o mundo espiritual, que investe contra nós. (…) então aquilo que primeiro penetra em nossa consciência vazia é nossa existência pré-terrestre, aquela que tivemos antes de descermos, por meio da concepção, a um corpo terrestre.”
“(...) nãp chegamos à imortalidade, isto é, à negação da morte, mas à inatalidade, isto é, à negação do nascimento. Ser inato faz parte da essência humana tanto quanto ser imortal. (…) Todas as línguas modernas possuem a palavra 'imortalidade'; mas a 'inatalidade', que as línguas antigas possuíam, foi perdida.”


[continua]

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