A comunicação com o mundo espiritual
Para a Antroposofia, o que descrevemos
até aqui constitui o primeiro passo na cognição por iniciação.
“Pois bem, o que primeiro se vivencia
dessa maneira é o verdadeiro autoconhecimento. (…) Tudo aquilo que
vivenciamos no passado – e que normalmente só pode ser
ressuscitado como representação mental – se nos oferece como um
panorama atual, onde acontecimentos há muito tempo esquecidos se
tornam presentes. Situações idênticas são descritas por pessoas
que sofreram um choque devido a um perigo de morte, em caso de
afogamento, etc. (…) Tal panorama coloca-se de fato, à frente de
quem ativou seu pensar, qual um quadro abrangendo todo o período
desde que se aprendeu a pensar até o presente momento. O tempo se
transforma em espaço, o passado em presente. Estamos diante de uma
imagem. A característica nesta situação (…) é ter-se ainda uma
espécie de sensação de espaço (já que a visão se parece com um
quadro), mas apenas uma sensação – pois a esse espaço que se
vivencia nesse instante falta a terceira dimensão. (…) em toda
parte esse espaço é percebido em duas dimensões apenas, de forma
que o conhecimento é pictórico. Por isso chamo essa cognição de
imaginativa (…) É uma cognição em imagens, e que se apresenta em
duas dimensões.”
“A verdade é que, ao se progredir do
físico para o espiritual, não é uma quarta dimensão que nasce,
mas é a terceira que desaparece. (…) para penetrar no espiritual,
não se acrescenta uma quarta dimensão às três já existentes, mas
volta-se à segunda. E veremos que se acabará voltando à primeira
dimensão.”
“O que está ligado a essa cognição
imaginativa é um sentimento subjetivo de imensa bem-aventurança.”
“Quando se chega a essa experiência,
torna-se necessário progredir mais um passo, que ninguém gosta de
dar”.
“Quando se quer dar o próximo passo,
essa sensação de felicidade deve primeiro ser esquecida, pois nessa
altura, depois de se ter ativado voluntariamente o pensar por meio da
meditação e da concentração do pensar, e de ter, a partir daí,
chegado à visão da própria vida, mister se torna eliminar tudo
isso da pr´pria consciência com toda a energia. (…) Os Senhores
certamente sabem que um indivíduo acaba adormecendo quando o
privamos, pouco a pouco, de todas as impressões sensoriais,
escurecendo e silenciando o ambiente para que ele nada ouça –
enfim, suprimindo todas as impressões da vida cotidiana. Mas essa
consciência vazia, que normalmente conduz ao sono, deve ser
provocada voluntariamente – e todavia o homem, depois de apagar
todas as impressões gravadas em sua consciência, deve permanecer
acordado. (…) Essa é a obtenção da consciência vazia, mas de
uma consciência vazia plenamente vigilante.”
“Ora, quando é estabelecida a
consciência vazia, graças à supressão de tudo o que nela foi
introduzido mediante energia redobrada, essa consciência não
permanece vazia, concretiza-se a segunda etapa da cognição, a qual,
em contraste com o conhecimento imaginativo, pode ser chamada de
inspiração. Depois desses preparativos, o mundo espiritual pode
apresentar-se diante de nossa alma da mesma forma como o mundo
visível se oferece à vista, ou o audível ao ouvido. Passamos a
ter, diante de nós, não a própria vivência, mas o mundo
espiritual, que investe contra nós. (…) então aquilo que primeiro
penetra em nossa consciência vazia é nossa existência
pré-terrestre, aquela que tivemos antes de descermos, por meio da
concepção, a um corpo terrestre.”
“(...) nãp chegamos à imortalidade,
isto é, à negação da morte, mas à inatalidade, isto é, à
negação do nascimento. Ser inato faz parte da essência humana
tanto quanto ser imortal. (…) Todas as línguas modernas possuem a
palavra 'imortalidade'; mas a 'inatalidade', que as línguas antigas
possuíam, foi perdida.”
[continua]
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