No meu tempo de criança surgiu o liquidificador. E, em casa, uma discussão a respeito da possível utilidade dele.
Não me lembro dos argumentos favoráveis ou contrários à utilização de tão notável modernidade. O facto é que meu pai abalou-se até à loja da Sears em Santos e comprou um.
Para nós, os filhos, foi uma festa. Era um tal de jogar lá laranjas, maçãs, bananas etc etc, um bocado de água ou sumo de laranja ou leite e pronto!
Mas nosso pai não apreciou nada daquilo.
- Se é para meter aí laranjas, bananas, maçãs e coisas assim, então isso não serve para nada! Tudo isso se come da mesma maneira sem necessidade dessa estrovenga. Comprei o liquidificador para que se tornem agradáveis alimentos que normalmente não o são. Esse aparelho é útil para que nele misturem-se couves, repolhos, nabos, quiabos com um tanto de sumo de laranja e o resultado se torne aceitável ao paladar.
Pronto. Ninguém mais quis saber do tal aparelho.
Passados alguns dias de abandono do artefacto, meu doce pai levou-o de volta à Sears e o trocou por um jogo de lençóis.
Sem comentários:
Enviar um comentário