As religiões metem-se nesse assunto
sem perceber o sarilho que as espreita.
Vejam a biblioteca infinita citada por
Borges. Nela os livros são compostos ao acaso. As letras de todos os
alfabetos são neles lançadas sem nenhum critério. O número de
páginas de cada livro é também obra do Acaso. Isso parece
prenunciar uma balbúrdia. Mas ela é infinita.
Nela estão infinitos livros sem
sentido algum.
Mas em suas prateleiras estão,
igualmente, todas as obras primas da literatura mundial. Traduzidas
para todas as línguas.
Lá estão todos os manuscritos dos
textos bíblicos, inclusivamente os originais, desconhecidos para
nós.
Todos os livros já escritos e todos
que ainda a capacidade humana produzirá.
Deixem, portanto, de falar em deuses.
Ou, ao menos, de lhes atribuir caracteres absolutos, infinitos, e –
ao mesmo tempo – querer decifrar suas vontades e decisões.
Quem somos nós para entender o
infinito?
Entre dois pontos de uma reta há uma
infinidade de outros pontos. Por mais próximos que eles estejam, um
do outro, sempre haverá uma infinidade de outros pontos entre eles.
Se preferir, pense em números. Entre
dois números reais sempre haverá uma infinidade de outros números
reais.
Quando eu era menino, olhava o rótulo
da lata de Toddy. Nesse rótulo havia um garoto que segurava uma lata
de Toddy. E nessa lata de Toddy que ele segurava havia um garoto que
segurava uma lata de Toddy na qual havia um garoto que segurava uma
lata de Toddy na qual...
Tenham cuidado, crianças. O infinito é
algo a ser tratado apenas pela Matemática e pelas Artes.
1 comentário:
Eu me lembro muito bem dessa sua pergunta perante uma lata (naquele tempo era lata...) de Toddy: Quantas latas você está vendo?
Pena que você não tenha continuado sua carreira na Matemática!
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