sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Novembro 28

O dia 28 de Novembro de 1.975 talvez tenha sido o dia mais importante de minha vida. Digo “talvez” porque houve um dia, cuja data não sei precisar, lá pelos meus sete anos de idade, em que comprei cromos para um álbum de jogadores e me saiu uma “figurinha substitutiva”. Era um cromo vinculado a uma determinada página do álbum e que podia ser utilizado para substituir qualquer cromo faltante na página. Troquei-o por quarenta figurinhas que até então não tinha e levei uma descompostura de minha irmã. Garantiu-me ela que eu era um péssimo negociador de cromos. Até hoje não vislumbrei critérios que me permitam saber se ela estava certa. Quanto a mim, certo ou errado, fiquei feliz.
Também naquele ano da graça de 75, ao sair lá pelo meio-dia da Maternidade São Paulo para ir até minha casa buscar roupas para a recém promovida a mãe que me aguardava em um dos quartos daquele enorme edifício que servia de entrada do Mundo para um bando de novos seres humanos, liguei o rádio do carro na rádio Jovem Pan, que mandava ao ar seu noticiário da hora de almoço, e ouvi a voz cheia e redonda do locutor a dizer:
28 de Novembro de 1.975.
E essa data, assim sonora, grudou em algum lugar de meu cérebro para nunca mais dali sair.

Nascia uma menina avessa à técnica da tentativa e erro. Que nunca falou tatibitáti. Que só andou quando já sabia fazer curva. Que faz tudo que planeou para a própria vida, dentro dos prazos que se concedeu.

Vivemos, já há um bom tempo, separados por grande distância.

Para mim, ela está sempre pertinho. Defino as minhas próprias topologias.

E hoje dou-lhe um beijo. Um entre os muitos que ela receberá da família e d@s amig@s.
Mas o meu é especial. Afinal, quando o dr. Roberto quis me mostrar a placenta eu preferi fixar minha atenção nela.
A placenta que se dane.


1 comentário:

Alcilea disse...

Lembro-me muito bem desse dia. Fui visitá-la quando completava 12 horas de vida e ouvi você, por 1 hora, falando das coisas que ela já fazia, começando, claro, por mamar! Desta vez, você foi mais conciso! Agora, que ela é maravilhosa, isso é!