Um dos grandes causadores de guerras e
morticínios, através da História, tem sido o conflito entre as
diversas religiões.
Como todas elas reivindicam a posse da
Verdade, fica mesmo difícil impedir que elas se esmurrem até jorrar
sangue.
Mas tudo tem solução.
Inventei uma teoria que poderá acabar
com todas essas disputas.
Vivemos em um mundo no qual impera a
Realidade. Muitos pretendem ignorá-la, mas ela sempre acaba por
impor-se.
É verdade que os seres humanos (não
sei se também os animais e mesmo as plantas) têm momentos de fuga à
Realidade, por meio da Imaginação. São breves momentos, sem
maiores consequências, mas que proporcionam quase sempre um certo
prazer.
Percebi, a partir disso, que depois da
morte, o que nos espera é esse mundo já entrevisto no exercício
fugaz da Imaginação.
Depois de mortos, abandonamos o mundo
da Realidade e ingressamos no mundo da Imaginação.
É verdade que alguns grupos,
particularmente alguns sul-americanos vinculados à Esquerda já
conseguem vivenciar o mundo da Imaginação antes mesmo de morrer.
Ou, quem sabe, já morreram e ninguém os alertou em relação a
isso.
Quanto à maioria dos seres humanos, o
reino do Imaginário só será acessível depois da morte.
Ou seja, o indivíduo morre e ingressa
no terreno da Imaginação.
Que significa viver no mundo da
Imaginação?
Significa que o indivíduo irá viver
naquilo que ele imaginava, quando vivo, como sendo a vida após a
morte.
Desde logo, adianto já, um ateu como
eu deixará de existir. Era o que ele, em vida, imaginava como sendo
seu estado após a morte.
Já um homem-bomba muçulmano, por
exemplo, terá o desfrute de suas 21 virgens prometidas por Alá.
Um católico passará uma temporada no
Purgatório e, caso a família que lhe restou no mundo da Realidade
pague as devidas missas post mortem, ingressará depois no Paraíso.
Paraíso que, para evangélicos de
todos os matizes será imediatamente franqueado. Sentar-se-ão junto
aos anjos e entoarão hinos de louvor a Deus e a Jesus. Este estará
sentado à direita do Eterno, caso o crente tenha sido, em vida, um
neoliberal, ou à esquerda do Criador, caso se trate de algum adepto
da Esquerda.
Quanto ao judeus, talvez tenham de
curtir o Sheol por algum período.
O importante nisso tudo é que – de
algum modo – todas as religiões se mostrarão verdadeiras. Tudo o
que os fiéis de qualquer uma delas imaginar tornar-se-á efetivo na
vida após a morte.
Só ainda não sei muito bem aonde irá
parar o bispo Macedo.
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