quinta-feira, 31 de julho de 2014

O Reino do Imaginário


Um dos grandes causadores de guerras e morticínios, através da História, tem sido o conflito entre as diversas religiões.
Como todas elas reivindicam a posse da Verdade, fica mesmo difícil impedir que elas se esmurrem até jorrar sangue.
Mas tudo tem solução.
Inventei uma teoria que poderá acabar com todas essas disputas.

Vivemos em um mundo no qual impera a Realidade. Muitos pretendem ignorá-la, mas ela sempre acaba por impor-se.
É verdade que os seres humanos (não sei se também os animais e mesmo as plantas) têm momentos de fuga à Realidade, por meio da Imaginação. São breves momentos, sem maiores consequências, mas que proporcionam quase sempre um certo prazer.

Percebi, a partir disso, que depois da morte, o que nos espera é esse mundo já entrevisto no exercício fugaz da Imaginação.
Depois de mortos, abandonamos o mundo da Realidade e ingressamos no mundo da Imaginação.

É verdade que alguns grupos, particularmente alguns sul-americanos vinculados à Esquerda já conseguem vivenciar o mundo da Imaginação antes mesmo de morrer. Ou, quem sabe, já morreram e ninguém os alertou em relação a isso.

Quanto à maioria dos seres humanos, o reino do Imaginário só será acessível depois da morte.
Ou seja, o indivíduo morre e ingressa no terreno da Imaginação.

Que significa viver no mundo da Imaginação?
Significa que o indivíduo irá viver naquilo que ele imaginava, quando vivo, como sendo a vida após a morte.
Desde logo, adianto já, um ateu como eu deixará de existir. Era o que ele, em vida, imaginava como sendo seu estado após a morte.
Já um homem-bomba muçulmano, por exemplo, terá o desfrute de suas 21 virgens prometidas por Alá.
Um católico passará uma temporada no Purgatório e, caso a família que lhe restou no mundo da Realidade pague as devidas missas post mortem, ingressará depois no Paraíso.
Paraíso que, para evangélicos de todos os matizes será imediatamente franqueado. Sentar-se-ão junto aos anjos e entoarão hinos de louvor a Deus e a Jesus. Este estará sentado à direita do Eterno, caso o crente tenha sido, em vida, um neoliberal, ou à esquerda do Criador, caso se trate de algum adepto da Esquerda.
Quanto ao judeus, talvez tenham de curtir o Sheol por algum período.

O importante nisso tudo é que – de algum modo – todas as religiões se mostrarão verdadeiras. Tudo o que os fiéis de qualquer uma delas imaginar tornar-se-á efetivo na vida após a morte.


Só ainda não sei muito bem aonde irá parar o bispo Macedo.

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