Já agora, desculpem o desabafo.
É que acabo de ocupar algum tempo a
ler “Os Fluidos”, quarenta páginas que compõem o capítulo 14
do livro “A Gênese – os milagres e as predições segundo o
Espiritismo”.
Para Kardec, tudo é “fluido”. É
fluido elétrico, fluido magnético, fluido sonoro, fluido cósmico,
fluido espiritual etc etc.
Para a ciência, fluido é uma
substância que, quando em repouso, não oferece resistência a uma
força de cisalhamento.
Os
tais “fluidos” do século 19 são os “campos” da ciência.
Algum
apressadinho burgesso dirá: ora, é só uma nomenclatura diferente.
Não.
Não é “só” isso.
A
ciência não tem pretensões ontológicas. Em miúdos: a ciência
não busca “o que é” isso ou aquilo. A ciência contenta-se com
o “como é”, “como funciona”.
Quando
se trata, por exemplo, de um campo magnético, fala-se de algo que se
traduz por um certo número de equações matemáticas. Com elas,
posso calcular os exatos valores do campo magnético em qualquer
ponto.
Já
o fluido espiritual ou o fluido cósmico são conversa de boteco
depois da décima cerveja.
Ou,
se preferem uma imagem mais culinária, são pastéis de vento.
Quanto
a mim, já que é pra viver do passado, escolheria a expressão
típica do romantismo do século XVIII: “um não sei que de...”.
Alguns
definem uma pessoa desagradável pela característica de que, quando
tem tosse, ao invés de ir ao médico vai ao teatro.
Se
me permitem a ousadia de um conselho, se quiserem falar em ciência,
ao invés de sessão espírita procurem um bom curso de Física, por
exemplo.
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