quinta-feira, 24 de julho de 2014

CONVERSA DE BOTECO


Já agora, desculpem o desabafo.
É que acabo de ocupar algum tempo a ler “Os Fluidos”, quarenta páginas que compõem o capítulo 14 do livro “A Gênese – os milagres e as predições segundo o Espiritismo”.

Para Kardec, tudo é “fluido”. É fluido elétrico, fluido magnético, fluido sonoro, fluido cósmico, fluido espiritual etc etc.
Para a ciência, fluido é uma substância que, quando em repouso, não oferece resistência a uma força de cisalhamento.
Os tais “fluidos” do século 19 são os “campos” da ciência.
Algum apressadinho burgesso dirá: ora, é só uma nomenclatura diferente.
Não. Não é “só” isso.
A ciência não tem pretensões ontológicas. Em miúdos: a ciência não busca “o que é” isso ou aquilo. A ciência contenta-se com o “como é”, “como funciona”.
Quando se trata, por exemplo, de um campo magnético, fala-se de algo que se traduz por um certo número de equações matemáticas. Com elas, posso calcular os exatos valores do campo magnético em qualquer ponto.
Já o fluido espiritual ou o fluido cósmico são conversa de boteco depois da décima cerveja.
Ou, se preferem uma imagem mais culinária, são pastéis de vento.
Quanto a mim, já que é pra viver do passado, escolheria a expressão típica do romantismo do século XVIII: “um não sei que de...”.

Alguns definem uma pessoa desagradável pela característica de que, quando tem tosse, ao invés de ir ao médico vai ao teatro.

Se me permitem a ousadia de um conselho, se quiserem falar em ciência, ao invés de sessão espírita procurem um bom curso de Física, por exemplo.



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