quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sobre corrupção - 1


É. Começo com “1” porque acho que vou escrever vários posts sobre isso.
Mas vamos devagar.
Por enquanto, vou ressaltar apenas um aspecto da corrupção:

A corrupção exige talento do corrupto.

Pode reparar. Todo mundo (todo mundo, em termos. Só o pessoal pequeno burguês ressentido que escreve pra jornais, faz comentários em blogs, manda e-mails pra meio mundo etc), todo mundo, como eu dizia, fala cobras e lagartos contra a corrupção. É sempre aquilo de “assim não é possível”, “que falta de vergonha” etc etc.

Acontece que – esses mesmos caras – se pudessem, seriam corruptos. Com uma honrosa exceção: a dos cagões. É.

Há muita gente que não pratica corrupção porque se caga de medo.

Então, chegamos a uma brilhante taxonomia: há os corruptos, os cagões e alguns poucos loucos desvairados.

Entre os corruptos, há toda uma subdivisão. Mas, por hora, ficaremos com os cagões.

Esses, ou realmente têm um medo imenso de serem repreendidos pelo sistema ou – simplesmente – não se corrompem por falta de talento para tanto.

Pois é isso: ser corrupto não é pra qualquer um. Tem gente que, ao criticar algum corrupto exposto à execração pública, afirma coisas tais como:

- Assim até eu! Roubando desse jeito!

Acontece que se você conseguisse colocar o tal crítico em situação de poder corromper-se, na grande maioria dos casos ele não conseguiria consumar o ato de corrupção.

Corromper-se exige engenho e arte.

E isso, essa verdade simples e elementar, jamais será acatada por um moralista.

A primeira lição acaba aqui. O aprendizado tem de ser lento. Afinal, a contra informação é gigantesca e esmagadora.

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