segunda-feira, 19 de julho de 2004

Argumentum Ornithologicum


Ontem, folheando livros de Borges pra escrever o spasso abaixo, esbarrei com o texto que traz o título acima e que passo a traduzir. Assim, pretendo dar 'trabalho' a meus amigos virtuais do Diário de uns ateus:


Fecho os olhos e vejo um bando de pássaros. A visão dura um segundo ou talvez menos; não sei quantos pássaros vi. Era definido ou indefinido seu número? O problema envolve o da existência de Deus. Se Deus existe, o número é definido, porque Deus sabe quantos pássaros vi. Se Deus não existe, o número é indefinido, porque ninguém pôde contá-los. Neste caso, vi menos de dez pássaros (digamos) e mais de um, mas não vi nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três ou dois pássaros. Vi um número entre dez e um, que não é nove, oito, sete, seis, cinco, etcétera. Esse número inteiro é inconcebível; ergo, Deus existe. (Jorge Luiz Borges, in El Hacedor)

Divirtam-se, crianças.

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