sábado, 24 de abril de 2004

De Armandos


Ontem de manhã ouvi entrevista do senhor Armando Nogueira na Rádio Bandeirantes. Na conversa com Salomão Ésper, José Paulo de Andrade etc etc – pelo visto preparando a contratação do dito cujo – falaram a respeito de Pelé e Maradona. O senhor Armando Nogueira dissertou a respeito das raízes familiares de Edson Arantes, em contraposição ao caráter “menino de rua” de Diego. Disse que Diego era “indiozinho” e coisa e tal.

Tudo bem. Sou de Santos. Sei algumas coisinhas sobre o lado “família” do senhor Edson. Mas deixa isso pra lá.

O duro é ter de ouvir o senhor Armando Nogueira pontificando sobre caráter etc e tal. Dá uma espiadinha em Notícias do Planalto (Mario Sergio Conti, Companhia das Letras) pra ter uma idéia da atuação desse diretor do Jornal Nacional durante a ditadura.

AN veio do Acre, começou em esportes na imprensa do Rio porque nada sabia de jornalismo (pg 31). Contando com o fator sorte (como diria Galvão Bueno) chegou ao jornalismo político. De 1.966 a 1.988 (presta atenção nas datas, no que elas representam e vai sentindo o drama) foi diretor da Central Globo de Jornalismo, levado por Walter Clark (tudo isso está ainda na pg. 31). Pra dar uma idéia de como apitava o AN na direção do jornalismo da Globo, o Conti diz (pg. 33): “ ’Estou conversando com você porque não consegui achar o Walter’, dizia Roberto Marinho a Armando Nogueira toda vez que telefonava para discutir alguma notícia que deveria, ou não, ser levada ao ar.”.

Depois tem o episódio da Proconsult (pgs. 35 e 36), ridículo.

E o lance das Diretas, Já!. Mais ridículo. A manifestação reuniu um milhão de pessoas no Anhangabaú. “Boni imaginou uma maneira de mencioná-la, ao mesmo tempo que cumpria a ordem de não noticiá-la. Numa reunião em sua sala com Armando Nogueira, determinou que uma repórter falasse da Praça da Sé, em menos de vinte segundos, que ali estava sendo comemorado com um show o aniversário de São Paulo.” (pg. 38). E o douto AN engolindo tudo. Estava lá pra isso.

Enjoei.

Se quiser leia o resto do livro do Conti.

Agora, senhor Armando. Lava a boca (e a alma) pra falar do Dieguito.


É. É melhor ouvir certas coisas do que ser surdo.

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