quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Generation gap

Antigamente, no Brasil, os petistas eram os Catões da República.
Hoje são os catões do Erário.

Passeio de fim de ano - Andorra

O Principado de Andorra fica nos Pirineus. Aqui só tem montanha grande. Nada de morros ou colinas. Como se costuma dizer quando algo é de grandes proporções, isto aqui é briga de cachorro grande.

As fotos seguintes são da capital, Andorra a Velha.







Até a Doga está agasalhada. A temperatura até que é positiva, mas o vento é gelado.



Essa foto é para mostrar como alguns automóveis circulam com restos de neve em cima.




Agora estamos em Encamp, cidade em que há um transporte funicular para passear-se sobre estações de esqui. Essa história de passear em um cesto de vidro pendurado em cordas eu passo.



O frio aqui em Encamp já é mais rigoroso.





O Hotel Plaza é dos raros hotéis bons que aceitam cães. E nele os há, nestes dias, até grandes.





Até 2015! Que seja um bom ano para todos.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Passeio de fim de ano - Logroño


Hoje fomos andar por Logroño. Só no entorno do hotel, claro. Mas parece ser o centro da muvuca.
Tiramos algumas fotos durante o dia, outras à noite.
O almoço foi em El Rey del Jamon. Eu não tinha fome alguma, por ter feito o pequeno almoço bastante tarde. Mesmo assim, era imprescindível que se escolhesse um primeiro e um segundo pratos. Tive de comer uns chorizos acompanhados de batatas (batatas que abandonei, em troca de selecionar os chorizos) para depois mergulhar em um muslo de pollo (perna de frango) bem razoável (pra quem não tem fome, nada pode ser muito bom...). Tudo regado a um muy rico tinto de Rioja.
Deixo algumas fotos.
Até Andorra.


Algumas imagens de Logroño durante o dia:







Catedral de  Logroño:


Mais imagens de Logroño durante o dia:







Há lugares com wi-fi na rua. Não testei.


Logroño à noite:



sábado, 27 de dezembro de 2014

Passeio de fim de ano


Vamos até Andorra a Velha a passar lá a entrada de ano.
Tanto a ida quanto a volta foram planeadas em duas etapas, que ninguém é de ferro.

A ida é: Bragança a Logroño. Um dia em Logroño para conhecer um bocadinho da Capital do Vinho. Aliás, capital da província de Rioja. Depois, Logroño a Andorra a Velha.
As duas viagens nos fazem percorrer 450 km cada.

A volta será pelo mesmo caminho mas com parada em Burgos. Se Logroño fica bem no meio do percurso, Burgos já fica um bocadinho mais próxima de Bragança. Ficaremos também um dia em Burgos.

Em Andorra ficaremos de 29 de Dezembro a 2 de Janeiro.

Hoje chegámos a Logroño. Em exatíssimas 4 horas. Sem (quase) desrespeitar o limite máximo de velocidade. Estradas perfeitas e quase sem movimento. Apenas algum trânsito nas proximidades de Valladolid.

Depois de instalados no hotel, fomos a pé, já com alguma chuva, jantar no La Abuela Encarna.
Encantaram-nos as ruas abarrotadas de gente. Inclusivamente muitos casais com bebés em carrinhos. Todos a passear e a lotar restaurantes e cafés, mesmo com algum frio e chuva.
Isso é aproveitar os espaços que a cidade proporciona.

Instalados no restaurante, saboreámos pão torrado com molhos: um de tomate, outro de alho.
Lulas maravilhosas enquanto aguardávamos a paella de pulpo, gambas e calamares (polvo, camarões e lulas).
Tudo acompanhado, claro, de um crianza de Rioja.


Fotos? Só amanhã.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Dia de Natal


Para falar a respeito deste dia de Natal de 2014 é preciso dizer algumas coisinhas antes.

Meu pai nasceu em Passos, aldeia de Vinhais, no nordeste de Portugal. Teve um único irmão, meu tio Agripino Santelmo.
Aos catorze anos meu pai entendeu que era hora de ir em busca do pai, um homem que havia deixado a minha avó dois filhos e se despachara pro Brasil.
Lá se foi Alberto Augusto em busca de reconhecimento paterno. Cá ficou seu irmão Agripino.
Meu pai, no Brasil, depois de desprezado pelo pai, deu voltas à vida, tornou-se pastor batista e teve três filhos. Dos quais sou o mais novo.
Meu tio Agripino manteve-se fiel às origens de agricultor. Viveu toda a vida na aldeia e teve duas filhas: Zelinda Bela e Dora da Caridade.
Passaram-se os anos, como costumam passar.
Morreram meu pai e meu tio.
Um dia vim a Portugal e conheci Zelinda e Dora. Nem sabia – até então - que elas existissem.
Aos poucos, bem devagarinho como deve ser, fomos construindo um vínculo.
Hoje, como no ano passado, nos reunimos em minha casa em Bragança. Zelinda, Dora, seus maridos, e a filha de Zelinda com o marido e a filha. Várias gerações de uma mesma estirpe.
Em Portugal, sabe-se, a comida é sempre o centro de tudo.
Mas, depois do almoço, na conversa entre primos, minha Dora confessou:
Queria que cá viesse, não sei de onde, meu pai. E visse cá reunidos suas filhas com o filho de seu irmão Alberto Augusto.


Também eu queria, Dora.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Brasil, meu Brasil brasileiro


O senso de humor dos governantes brasileiros.

Assisti ao depoimento da sra. Venina ao Fantástico.
Agora sou avisado de que verei no Jornal Nacional (que cá em Portugal vai ao ar lá pela uma da madrugada) a presidente da Petrobrás, Graça Foster, a dizer que Venina não foi clara em suas denúncias.
Quanto a mim, concordo com Millôr:
Foi tão clara como a gema.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Dúvida socrática


No Brasil, “pessoas utilizadas como intermediárias em fraude ou negócio suspeito” (Dicionário Priberam) são popularmente conhecidas como “laranjas”. São os testas de ferro. A legislação, mais formal, as trata por “interpostas pessoas”.
O ex-primeiro-ministro português José Sócrates é defendido em processos anteriores à sua prisão pelo famoso causídico Daniel Proença de Carvalho.
Para surpresa geral, resolveu agora apresentar-se perante a Justiça por intermédio do ilustre desconhecido advogado João Araújo.

Dito isso, pergunto: terá sido o ex-PM Sócrates o inventor da figura do advogado-laranja?

Ou apenas deu-lhe na gana prestigiar os simples pois deles é o reino dos céus?

domingo, 21 de dezembro de 2014

Convicções


Todo ano, já lá se vão uns vinte e tal, ia eu ao Colégio Rio Branco, uma instituição dos rotarianos em São Paulo, para assistir à entrega do prêmio Rotary aos melhores alunos, entre eles meu filho.
Encontrava sempre meu amigo Armando Kagueyama, muito ocupado a fotografar os dois filhos que também invariavelmente ganhavam o prêmio.

Ao fim de uma dessas cerimônias comentei com Armandinho em tom de brincadeira:
- Parece que o grande mérito dos prêmios de teus filhos é teu e de tua mulher. Afinal sempre os dois são premiados. Já em meu caso o mérito maior é mesmo de meu filho. Minhas filhas não dão importância a isto. Logo, a culpa não é minha. É só dele.

Lembro esse episódio ao constatar a satisfação de muitos pais ao verem todos os seus filhos a seguirem seus passos. Ou ao menos os passos por eles recomendados...
Todos com profissões que os pais admiram. Todos com as mesmas crenças religiosas.


De quem é a culpa? Ou o mérito, tanto faz.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Campeonato Mundial de Clubes


O Real Madrid acaba de vencer a equipa do Papa Paco.
Duas bolas a zero. Mas poderiam ter sido cinco ou seis.
(Falamos de futebol).
Esse torneio não faz sentido. Não é à toa que ninguém lhe dá importância cá na Europa.

A Copa do Mundo de seleções nacionais coloca frente a frente os grupos de jogadores de cada nacionalidade (vários naturalizados, é verdade). Faz sentido.
Quanto a clubes, toda gente sabe que qualquer jogador que se destaque em seu país de origem é logo “puxado” para algum clube europeu.
O desnível entre o campeão europeu e os demais campeões continentais torna-se gigantesco.
Recentemente, o meu Santos F.C. foi humilhado pelo Barcelona em uma final desse torneio.
Hoje o Real Madrid ao fazer seu segundo golo logo no início da segunda fase do jogo desistiu da disputa e a partida transformou-se em treino.

A comemoração ao fim da partida foi quase tão festiva quanto um velório.


Até que o equilíbrio se restabeleça entre os clubes dos diversos continentes, seria melhor interromper a disputa desse torneio.

Para um ano que se vai


As pessoas que comparam o Português praticado no Brasil com o exercido em Portugal costumam enfatizar pitorescos desencontros de linguagem.
A “fila” do Brasil torna-se “bicha” em Portugal, que por sua vez volta ao Brasil como “viado”, que embarca de volta a Portugal como “paneleiro”.
Prefiro ficar em outros desencontros.
Os portugueses não têm xará. “Xará” é o homônimo.
O caqui, aquela fruta deliciosa, em Portugal continua uma delícia mas chama-se “dióspiro”. Só que toda gente o chama de “diospiro”, assim, paroxítona.
Aliás, não se fala “todo mundo” cá em Portugal. É mesmo “toda gente”.
E já que 2014 está no fim, diga-se que ninguém em Portugal deseja um “bom final de semana”, nem “um bom final de ano”. Diz-se apenas “bom fim de semana” e “bom fim de ano”.
Mais curto. Melhor.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ciência das ciências


Jovem, eu acreditava que a Matemática era a Ciência das ciências.
Na cimeira dela reinava a Lógica.


Tempos depois descobri que a Ciência das ciências é a Química entre os amantes.


Futuro do pretérito (condicional, para os íntimos)

O analfabetismo parece que já ocupa todas as funções nas redações da imprensa brasileira.
O jornalista Carlos Brickmann, esse sim, jornalista dos tempos em que nas redações se sabia ler e escrever, não se cansa de enumerar absurdos nas manchetes dos jornais e dos portais da Internet.
É um tal de chamar uma mulher esquartejada e enfiada aos pedaços em uma sacola de "suposta vítima" e outras pérolas do mesmo calibre.
Pois o Estadão acaba de anunciar uma lista de políticos acusados por Paulo Roberto Costa de receberem recursos desviados da Petrobrás.
Como quase toda gente sabe, Paulo Roberto Costa é ex-diretor da Petrobrás e - depois de preso - fez acordo de delação premiada e abriu o bico.
Pois. Quando ele disse que - por exemplo - o senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, recebeu um milhão de reais, ele certamente não disse que o senador "teria recebido" um milhão de reais.
Veja o que nossos valorosos jornalistas escreveram. Aí vai uma pequena amostra.


Leituras habituais


Todas as quintas-feiras recebo as revistas Visão e Sábado.
Em ambas minha leitura começa pela última página (e às vezes se restringe a isso).
Divirto-me com o texto de Ricardo Araújo Pereira, na última página de Visão.
O que ele escreve tem sempre piada, mesmo quando faz contorcionismo em defesa do Sócrates, aquele.
Meu preferido é mesmo Alberto Gonçalves, que preenche a última página da Sábado com seu Juízo Final.
Seus méritos, a meu ver: ironiza as Esquerdas e satiriza qualquer que seja o governo de plantão em Portugal. Acima de tudo, escreve muitíssimo bem. Algo não tão incomum em Portugal mas raríssimo no Brasil. O restante são coincidências: temos o mesmo nome, habitamos ambos as duas extremidades da autoestrada A4. Ambos gostamos bastante das interpretações de António Zambujo.


Do Brasil, recebo mensalmente a revista Piauí. O primeiro que leio é o Diário da Dilma, do ghostwriter Renato Terra. Talvez a única vantagem decorrente da reeleição da “presidenta” seja que poderemos ter mais algum tempo de monólogos como esse aí, na imagem.


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Hoje não é mais assim


Acho curioso o argumento de muitos cristãos. Dizem que isso de matar hereges em fogueiras e tal é coisa de séculos atrás. Que hoje já nada disso se faz.

É como se alguém se dissesse favorável à escravidão. Quando um outro alguém se espantasse diante de tal opinião, diria que já vai pra lá de um século que não existe escravidão no mundo. Ao menos patrocinada por Estados, abertamente.

Ora, o Cristianismo que mandava hereges à fogueira tinha basicamente os mesmos princípios que mantém até hoje. É o caso de perguntar a um cristão: fosse você cristão na Idade Média, seria favorável à execução de hereges?

Não? Então você seria um deles.


Bem-vindo ao clube.

Reatamento EUA e Cuba

Sempre achei Barack Obama um bom exemplo de pastel de vento.

Mas algo como o fim do embargo americano a Cuba e a normalização das relações entre os dois países constitui – sem dúvida – aquilo que se costuma chamar de “data histórica”.

É claro, algumas cabecinhas de papel da Esquerda levaram o assunto para o ramo da galhofa.
Emir Sader falou em fracasso dos EUA.
Outros delirantes menores fizeram ironias e piadinhas.
É o que se pode esperar dessa gente.

Mas a data passará à História, e essa gente irá para o lixo.

Como, de resto, todos nós...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Um novo Chaves

Quando era prefeito da cidade de São Paulo, Maluf construiu o túnel Ayrton Senna com um enorme superfaturamento.

Foi condenado por isso.

Mas considerou-se que ele superfaturou sem querer, querendo.

Graças a isso, vai tomar posse como deputado federal pelo Estado de São Paulo, mesmo sendo procurado pela Interpol e, portanto, sem poder sair do país.


Eu disse “país”?


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Tortura



Em minha opinião, um dos melhores textos de 2014 na imprensa brasileira.
Quando eu estava no DOI-Codi e já naquela fase em que a tortura era menos violenta (só alguns choques com curta duração) e quando já era possível trocar algumas palavras com os carrascos, ouvi várias vezes deles:
- Nós não iríamos conseguir acabar com vocês se não fosse a tortura. Caso não a utilizássemos vocês não diriam nada.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Graça Foste


Moro há cinco meses em casa de um amigo.
É que fui visitá-lo uma noite e toda vez que eu dizia que era hora de ir-me, ele retrucava:
- Fica mais um pouco!
Falou isso duas vezes.

O tempo voa



Jesus já vai nascer e eu nem comprei ainda as fraldas.

Bolsonaro, o álibi


Os defensores incondicionais do (des)governo brasileiro estavam um bocadinho sem assunto.
O descalabro na Petrobrás é mesmo difícil de defender.
Eis que surge Bolsonaro, o anti-herói das Esquerdas.
E com mais uma de suas asneiras fornece pauta para os lambe-botas do Planalto.

Absolutamente nada justifica o estupro.”
Não diga!

Há corruptos explícitos que possuem mais respeitabilidade do que Bolsonaro”.
Ufa! Por enquanto escapamos.


Até quando?

sábado, 13 de dezembro de 2014

Quem bebeu?

Parece que os jornalistas de O Globo é que beberam.

Quanto à presidente Dilma, coitada, merecia uma garrafa inteira de Havana para esquecer um bocadinho dos problemas.
Quando perguntada sobre a conjuntura atual, Dilma não se fez de rogada:
- Não tem Graça nenhuma!

(isso é informação confiável de minhas fontes. Apenas não sei se minhas fontes beberam ou não)

Tolerância


Fui educado em uma família profundamente religiosa. Meu pai era pastor batista, em um tempo em que os pastores não eram ladrões e enganadores, como a quase totalidade deles o é, nos dias de hoje.
Em minha casa respirava-se cristianismo. Não esse cristianismo de TV que percebo ser o que hoje se pratica. Meus pais seguiam uma doutrina, não modismos.

Por isso, ao me perceber ateu, duas conclusões a mim se impuseram:
A primeira: a religião é construção humana destinada ao papel de placebo para as angústias, aflições e interrogações humanas.
A segunda: os que não pensam como eu não são – ipso facto – pessoas desprezíveis. Meu universo mais íntimo era constituído por pessoas que eu sabia serem íntegras e, no entanto, religiosas.

Aprendi a lição: não pensar da mesma forma que eu não desqualifica ninguém.

Quando já ia eu pelo menos mau caminho do anarquismo, surgiu-me a segunda religião: o marxismo-leninismo.
Embarquei nessa nau de corpo e alma. Não estava ainda suficientemente vacinado.

Uns poucos anos de minha juventude dedicados à tal “luta revolucionária” e a um bom tempo de cadeia na companhia da nata da Esquerda brasileira me tornaram imune a essas crenças.

Percebo, com tristeza mas com resignação, que os que nunca saíram dos espaços das seitas cristãs ou os que foram sempre alimentados – desde a infância – pelas concepções da Esquerda, enxergam ateus, uns, e liberais, outros, como representantes do Mal.

E vomitam argumentos decorados há tempos.
Gritam para que se ouçam.

Não há racionalidade que os atinja.
(nem diabo que os carregue)



sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Adeus! Boletim Carta Maior


Passei a receber há vários anos o Boletim Carta Maior a pedido de uma amiga, simpatizante do PT A amiga deixou de ser amiga - se é que alguma vez o foi - quando lhe enviei por e-mail um vídeo que circulou durante muito tempo na Internet em que Hitler é dublado como sendo Lula. Achava eu que - apesar de ser petista - essa amiga não havia perdido totalmente seu senso de humor. Ledo engano.

Durante todo o tempo em que recebi o Boletim, diverti-me bastante com os textos nele publicados. Os de Emir Sader, os de Samuel Leblon etc etc. Eles têm mesmo piada.

Recebi hoje uma proposta para que me torne doador. Eles querem - no mínimo - R$ 100,00 mensais. Mesmo que fosse apenas um real eu não daria meu rico dinheirinho para essa turma. Dar-lhes alguma audiência era o máximo de concessão a que eu me permitia.

O que me assombra é a falta de noção dessa gente. Assino a Folha de SPaulo digital e O Globo digital, no Brasil. Cada uma dessas assinaturas me custa R$ 29,90 por mês. Cá em Portugal assino o jornal Público, versão também digital, que me sai por algo em torno de uns trinta reais mensais (54,90 euros semestrais).

Eles detestam tanto o "mercado" que não reconhecem o valor de suas leis.



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Pés no chão




Os funcionários da TAP, empresa aérea estatal portuguesa, decidiram entrar em greve entre o Natal e o Ano Novo.
Exigem que a TAP não seja privatizada.

Alguém me explica por que cargas d'água o Estado deve possuir uma empresa de aviação?!

Um representante do sindicato dos funcionários apareceu, agora à noite, no noticiário da TV, a dizer que nada têm contra os que compraram viagens pela empresa. Apenas defendem os interesses do país.
Quais interesses do país esses crápulas defendem?
Defendem apenas suas sinecuras.
Isso que estão a premeditar é um crime.

Ao invés dos aviões, coloquem os pés no chão.

Marx amenizado


Religião e adjacências, diga-se.

NATAL


Ele nasceu de uma virgem.
Uma luz celestial anunciou seu nascimento.
Nasceu entre animais, em 25 de Dezembro.
O rei mandou matá-lo, mas a família conseguiu fugir a tempo e salvá-lo da morte.
Durante a vida, operou milagres, como transformar água em vinho.
Teve doze discípulos.
Morreu para expiar os pecados da humanidade.
Três dias depois de sua morte ressuscitou.

Com algumas características a mais ou a menos, Ele foi Hórus, ou Mitra, ou Xiva, ou Baco, ou Adónis, ou Dioníso, ou Átis, ou Krishna ou etc.
Deuses solares.

Domingo. Sunday.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Pretensões


Enquanto Rentes de Carvalho manda às favas James Joyce, eu me satisfaria a entender os vídeos de minha neta..


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Presunção de inocência


É antiga, aquela historinha do coronel do nordeste brasileiro que dava a seus “súditos” a cédula de votação já fechadinha para que o coitado a colocasse na urna.
Um mais espertinho ousou perguntar:
- Mas coronel! Em quem eu vou votar?
E o coronel:
- Não posso dizer, meu filho. O voto é secreto!

É mais ou menos isso que ocorre hoje com a presunção de inocência.
No caso do escândalo da Petrobrás, no Brasil, e no caso do “engenheiro” Sócrates, em Portugal, há montanhas de informações que levam à inevitável conclusão da culpabilidade de várias figuras.

Do ponto de vista jurídico, todas são inocentes até o trânsito em julgado de seus respectivos processos penais.

Mas nem só de “jurídico” vive o ser humano.

Que se cumpram todas as formalidades legais. Mas não se queira abolir o senso comum.



segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Mesmo


Façamos justiça: não foi o Facebook que inventou a estupidez.
Ele apenas propiciou a exposição democrática da mesma.

Aliás, a Mesma deve ser a mulher do Mesmo, aquele que sempre nos ameaça quando estamos diante da porta de um elevador, no Brasil:
“Antes de entrar no elevador, verifique se o Mesmo se encontra nesse andar.”
Medo!
No meu tempo de criança havia o Bicho Papão. Agora há o Mesmo.

E por falar nisso. As pessoinhas, no Facebook, gostam de ficar em zona de conforto. Todas aconchegadinhas naquilo que as dispensa de pensar. Gostam do Mesmo.

Um cristão não se pergunta por que guarda o domingo.
Domingo, Sunday. Dia do Sol.
As principais características do Jesus construído pela Santa Igreja – e reverenciado até hoje por todos os cristãos – foram copiadas dos deuses pagãos.
O nascimento no dia 25 de Dezembro, por exemplo.

Há os socialistas que nasceram socialistas e planejam morrer como tais. O Muro caiu, a humanidade acordou do pesadelo soviético, mas na crença deles ninguém mexe. Sempre o Mesmo. E brincam de tentar redefinir seu sonho.

Para gozar da companhia do Mesmo é preciso fechar os olhos e entrar no elevador. Esteja ele naquele piso ou não. Para tanto, acredita-se em qualquer coisa. Levam-se a sério artigos do Diário Pernambucano, do Piauí Herald e do Sensacionalista. Tudo dá no Mesmo.
Chico Buarque é pai de Eduardo Campos. Deu no Diário Pernambucano.
Levam-se a sério os textos que vieram a compor aquilo que atende pelo nome de Bíblia.
“(...) e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. (…) Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.”
Aconteceu? Não. Mas dá no Mesmo.

Os Espiritistas são outro capítulo curioso. Há pouco, tive a ideia de colocá-los não em confronto com minhas ideias, mas comparar as ideias deles (ou seja, as ideias de Kardec) com as ideias da Antroposofia de Steiner. Afinal, ambos acreditam na existência de um “mundo dos espíritos”. Acontece que são mundos muito distintos entre si. Das duas uma: ou um deles está errado ou os dois. Gastei meu latim à toa. Os espiritistas, se leram o que escrevi, não quiseram dizer nada. Afinal, esse Steiner é um bocadinho complicado. Kardec é mais fácil.

Já tive momentos de tristeza graças a essa inércia dominante. Hoje me divirto com isso.

Mesmo.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Condenação


O eurodeputado Silva Pereira visitou o ex-Primeiro-ministro José Sócrates na cadeia.

O eurodeputado foi ministro da Presidência durante os governos de José Sócrates.
Diz "acreditar em sua inocência".
Ora, alguém que conviveu tão intimamente com um Primeiro-Ministro ou é parvo integral ou sabe se o PM é ou não é inocente.
Penso ser a primeira vez em minha já longa existência em que "acreditar na inocência" funciona como acusação.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Paradoxos


No Brasil as empresas podem fazer doações para os partidos políticos.
Vai daí, o Partido dos Trabalhadores (PT), ao cobrar das empreiteiras uma “comissão” para lhes conceder contratos com as empresas estatais, resolveu receber a tal comissão por meio de doações (legais) ao PT.
Essa de receber suborno por meio de doações legais, convenhamos, é muito bem bolada. O PT está a sofisticar-se.
Ironias: o Collor acabou com o cheque ao portador; o PT quer acabar com as doações legais de empresas.

Quem sabe, o PT queira acabar com as doações legais de empresas assim como o menino a quem o padre dissera que a masturbação era pecado passava pimenta nas mãos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Formas antigas de amor


Thomas Cahill, em seu excelente The Gifts of the Jews (1.998, tradução portuguesa de 1.999 – A Herança Judaica, editora Contexto), trabalha a tese de nossa total imersão na cultura criada por “uma tribo de nómadas do deserto”.

Para poder criar o fundo sobre o qual construirá sua forma, começa por uma reconstrução da mentalidade primeva, da civilização suméria. E para tanto, faz-nos retroceder pouco mais de cinco milênios, com a criação da escrita e o consequente início da História.

Não é o caso, aqui, de nem mesmo resumir as características da civilização suméria, plantada junto aos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia. Fico na Epopeia do herói Gilgamesh. Dele o que se sabe são os fragmentos contidos em pequenas tábuas de argila.
Por exemplo:
Filho de Lugalbanda, Gilgamesh, perfeito em força,
Filho da soberba vaca, a vaca selvagem Ninsun.
Ele é Gilgamesh, perfeito em esplendor,
Que rasgou passagens nas montanhas,
Que era capaz de abrir fossos até nos flancos dos montes,
Que atravessou o oceano,
os vastos mares, até onde o Sol nasce.”

Os deuses criam alguém para enfrentá-lo:
Aruru – a mãe universal - “pega  'num pedaço de barro, lança-o para o campo aberto', onde ele se transforma em 'Enkidu, o guerreiro, filho do silêncio e raio de Ninurta' ”.

Enkidu é o “homem natural”, mais próximo dos animais do que dos humanos. E será por seu envolvimento com a meretriz Shamhat que ele fará a inversão:
As gazelas viram Enkidu e fugiram,
O gado do campo aberto afastava-se do seu corpo.
Porque Enkidu tornara-se suave, o seu corpo estava demasiado limpo.
As suas pernas, que costumavam acompanhar o passo do gado, estavam imóveis.
Enkidu estava diminuído, já não podia correr como antes.
No entanto adquirira discernimento, tornara-se mais sensato.”

Afinal, a luta entre Gilgamesh e Enkidu:
Bateram-se na rua, na praça pública.
Os umbrais das portas tremiam, as paredes vacilavam.”

Um deus interrompe a luta. Gilgamesh faz um discurso que o estado das tabuinhas de argila não permite compreender. Em seguida:
Enkidu, de pé, ouviu-o falar,
Pensou, e então sentou-se, começou a chorar.
Os seus olhos toldaram-se de lágrimas.
Os seus braços penderam, a sua força […]
Então agarraram-se um ao outro,
Abraçaram-se e deram-se as mãos.”.

Gilgamesh e Enkidu, “agora grandes amigos, mais estreitamente unidos do que marido e mulher, tendo jurado defenderem-se um ao outro até à morte (...)”:
"Segura a minha mão, meu amigo, e vamos!
O teu coração em breve arderá por combater; esquece a morte e pensa apenas na vida.”

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Cony e a propagação de bobagens


O imortal Carlos Heitor Cony, escritor brasileiro que foi seminarista na juventude, gosta de alardear que nada sabe.
Aqui não se desmente ninguém. Ele deve ter toda razão.
Mesmo em relação a assuntos dos quais deveria entender qualquer coisinha, consegue difundir asneiras.
Em seu artigo de ontem na Folha de SPaulo, fala do Evangelho de João como tendo sido escrito pelo apóstolo de mesmo nome. E revela certo espanto por “um humilde pescador” iniciar “seu depoimento com um intróito filosófico que até hoje não foi completamente entendido”.



Já não é de agora que se sabe que nenhum dos evangelhos canônicos é de autoria de pessoas que tenham tido contato direto com Jesus. Como lembra Bart D. Ehrman em seu “Jesus, interrupted” (tradução Ediouro “Quem Jesus foi? Quem Jesus não foi?”) “Os autores dos Evangelhos eram cristãos altamente educados, falantes de língua grega, que provavelmente viviam fora da Palestina”.
Já em relação aos discípulos contemporâneos de Jesus:
“(...) eram camponeses de classe baixa da Galileia rural. A maioria deles – certamente Simão Pedro, André, Tiago e João – era diarista (pescadores e assemelhados); Mateus seria coletor de impostos, mas não é clara sua posição na organização desse trabalho: se era uma espécie de empreiteiro que trabalhava diretamente com as autoridades governamentais para garantir o faturamento dos impostos ou, mais provavelmente, o tipo de pessoa que esmurrava sua porta para obrigá-lo a pagar. Nesse último caso, nada indica que ele pudesse ter precisado de muita educação.
O mesmo certamente pode ser dito dos outros. Temos algumas informações sobre o que era ser um camponês de classe baixa nas regiões rurais da Palestina no século I. Significava, para começar, que você quase certamente era analfabeto. O próprio Jesus era altamente excepcional, no sentido de que é claro que sabia ler (Lucas 4:16-20), mas nada indica que soubesse escrever. Na Antiguidade, essas eram habilidades distintas, e muitas pessoas que sabiam ler eram incapazes de escrever.”.


É isso, Cony. Não há contradição nenhuma em João apóstolo ser um “humilde pescador” e João evangelista ser um refinado escritor. Eles eram pessoas distintas.

O SporTv e eu


Em um retrospecto dos jogos do campeonato português de futebol deste fim de semana, o narrador de um jogo (salvo engano, Paços de Ferreira e Estoril) perpetrou:
Foi um jogo com muitas ocasiões.
Mais não disse nem lhe foi perguntado.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O Bloco de Esquerda e a Cartografia de Borges


Um célebre conto de Borges refere-se a um país em que a cartografia era muito cultivada.
Os cartógrafos dessa nação esmeravam-se em elaborar mapas cada vez mais detalhados.
O ápice foi atingido quando conseguiram produzir um mapa de todo o território pátrio em escala 1x1.
Até hoje, relata Borges, quem viaja pelo tal país encontra aqui e ali pedaços do tal mapa, sobrepondo-se à paisagem.

O Bloco de Esquerda (BE), em Portugal, tinha uma liderança marcante na figura de Francisco Louçã.
Há pouco tempo, preferiu entronizar um comando bicéfalo. Assumiram o leme da embarcação João Semedo e Catarina Martins.
Agora, o BE ampliou sua direção para cinco elementos. Catarina passa a ser apenas a porta-voz do grupo dirigente.
O próximo passo, presumo, será o de transformar em Direção do BE todo o conjunto de militantes.

Ter-se-á alcançado a democracia radical. Em escala 1x1.