Fui educado em uma
família profundamente religiosa. Meu pai era pastor batista, em um
tempo em que os pastores não eram ladrões e enganadores, como a
quase totalidade deles o é, nos dias de hoje.
Em minha casa
respirava-se cristianismo. Não esse cristianismo de TV que percebo
ser o que hoje se pratica. Meus pais seguiam uma doutrina, não
modismos.
Por isso, ao me
perceber ateu, duas conclusões a mim se impuseram:
A primeira: a religião
é construção humana destinada ao papel de placebo para as
angústias, aflições e interrogações humanas.
A segunda: os que não
pensam como eu não são – ipso facto – pessoas desprezíveis.
Meu universo mais íntimo era constituído por pessoas que eu sabia
serem íntegras e, no entanto, religiosas.
Aprendi a lição: não
pensar da mesma forma que eu não desqualifica ninguém.
Quando já ia eu pelo
menos mau caminho do anarquismo, surgiu-me a segunda religião: o
marxismo-leninismo.
Embarquei nessa nau de
corpo e alma. Não estava ainda suficientemente vacinado.
Uns poucos anos de
minha juventude dedicados à tal “luta revolucionária” e a um
bom tempo de cadeia na companhia da nata da Esquerda brasileira me
tornaram imune a essas crenças.
Percebo, com tristeza
mas com resignação, que os que nunca saíram dos espaços das
seitas cristãs ou os que foram sempre alimentados – desde a
infância – pelas concepções da Esquerda, enxergam ateus, uns, e
liberais, outros, como representantes do Mal.
E vomitam argumentos
decorados há tempos.
Gritam para que se
ouçam.
Não há racionalidade
que os atinja.
(nem diabo que os
carregue)
Sem comentários:
Enviar um comentário