quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Dia de Natal


Para falar a respeito deste dia de Natal de 2014 é preciso dizer algumas coisinhas antes.

Meu pai nasceu em Passos, aldeia de Vinhais, no nordeste de Portugal. Teve um único irmão, meu tio Agripino Santelmo.
Aos catorze anos meu pai entendeu que era hora de ir em busca do pai, um homem que havia deixado a minha avó dois filhos e se despachara pro Brasil.
Lá se foi Alberto Augusto em busca de reconhecimento paterno. Cá ficou seu irmão Agripino.
Meu pai, no Brasil, depois de desprezado pelo pai, deu voltas à vida, tornou-se pastor batista e teve três filhos. Dos quais sou o mais novo.
Meu tio Agripino manteve-se fiel às origens de agricultor. Viveu toda a vida na aldeia e teve duas filhas: Zelinda Bela e Dora da Caridade.
Passaram-se os anos, como costumam passar.
Morreram meu pai e meu tio.
Um dia vim a Portugal e conheci Zelinda e Dora. Nem sabia – até então - que elas existissem.
Aos poucos, bem devagarinho como deve ser, fomos construindo um vínculo.
Hoje, como no ano passado, nos reunimos em minha casa em Bragança. Zelinda, Dora, seus maridos, e a filha de Zelinda com o marido e a filha. Várias gerações de uma mesma estirpe.
Em Portugal, sabe-se, a comida é sempre o centro de tudo.
Mas, depois do almoço, na conversa entre primos, minha Dora confessou:
Queria que cá viesse, não sei de onde, meu pai. E visse cá reunidos suas filhas com o filho de seu irmão Alberto Augusto.


Também eu queria, Dora.

1 comentário:

Alcilea disse...

Espero que eles já estejam vendo as coisas boas que acontecem por aqui...