Só a conhecera pequenina, criança.
Um dia a viu, já moça. Mocinha.
E a achou linda, deslumbrante mesmo.
Aproximou-se dela. Conversaram. E a
paixão, nele, aumentou.
Além de linda era muito inteligente.
Ela o atendia com delicadeza, por
educação. Mas não mostrava grande interesse por ele.
Já seus pais, esses queriam o
relacionamento. Questões de famílias.
Julgavam o rapaz a partir do conceito
que tinham dos pais dele.
E incentivavam a filha a aproximar-se
dele.
Ela deixou-se levar pelos estímulos
paternos. E a relação começou a nascer.
Foi quando ele parou para pensar nos
desdobramentos.
Ele iniciara já havia algum tempo uma
caminhada sem volta para um universo totalmente diferente da
atmosfera que ela respirava. E se perguntou se fazia sentido
arrastá-la consigo.
Ainda tentou conversar com ela sobre
tudo isso, mas não era possível que ela percebesse a que novo mundo
se referia ele.
Resolveu romper o relacionamento antes
que o apego entre ambos crescesse demais.
Resolveu poupá-la.
Passado algum tempo, sentiu que não
conseguiria ficar sem ela. E lhe telefonou.
Quis a sorte que fosse o pai a atender
a seu chamado. O homem ficou atônito com a ligação e explicou que
ela viajara.
Ficou sem saber se fora viagem para
esquecê-lo ou porque o rompimento em quase nada a afetara.
Mas concluiu que fora melhor assim. Sua
fraqueza não faria bem a ela. A decisão que tomara mostrava-se
caminho sem volta. Melhor.
Os rumos que escolheu para sua vida de
facto o levaram a grande distância do universo dela. Sentiu que
afastá-la fora o certo. Um certo que às vezes doía. Mas o certo
muitas vezes dói mesmo.
Às vezes ouvia notícias dela. E
ficava contente ao sabê-la feliz.
Quase cinquenta anos depois a viu. Sem
que fosse visto.
E sentiu emoções misturadas. Saudade,
tristeza, admiração, uma quase alegria.
E ficou entre um sorriso leve e uma
lágrima contida.
5 comentários:
post autobiográfico? ass .Danilo Melo (comento como anônimo por estar lendo no celular )
Pode ser. Aliás, todo texto tem um bocadinho de autobiográfico.
Quem seria ela?
Que amor arrebatador.
Ela era a prima de Passos de Lomba, a Zelinda kkkkkkkkkkkkkkkk
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