segunda-feira, 14 de abril de 2014

Crença e coincidência

Há muito me intriga a coincidência: muita gente pensa que a verdadeira crença - seja religiosa, política, estética etc - é aquela na qual foi criado.
Sorte danada, não é mesmo?


Pois!
Mas há também quem não se sinta tão sortudo assim. Poucos, é certo.

Estou a ler o livro Caught in the Pulpit: Leaving Belief Behind (uma tradução canhestra seria: Presos ao Púlpito: Deixando a Crença para trás). Ele trata de ministros religiosos que perderam a fé. Alguns abandonaram seu ministério. Outros equilibram-se com um pé na fé e outro na descrença. Afinal, é preciso providenciar o pão de cada dia.
O livro traz a transcrição de muitas entrevistas com ministros religiosos (ou ex-ministros) em tal condição.
Uma delas é a de um ministro mórmon. Ele descreve como se desenvolveu nele a dúvida.
A certa altura da entrevista diz o que segue:

Para os Mórmons, a ideia de como você chega a saber que alguma coisa é verdade envolve ter uma experiência espiritual na qual o espírito atesta a você ou conta a você que algo é verdade. 
Eu já tive algumas experiências realmente especiais - eu diria que para mim elas transcendem a mera emoção. É algo que não sei explicar, necessariamente. Mas então, por meio de minha curiosidade na Internet, eu comecei a descobrir que os Mórmons não são os únicos. Pessoas que são Católicas, Protestantes, Muçulmanas, Budistas, têm experiências espirituais também. 
Se Deus quer que todos sejam Mórmons porque o Mormonismo é a verdadeira Igreja, por que concederia Ele a outras pessoas experiências espirituais que confirmariam suas próprias tradições de fé e as colocariam em outras trajetórias? É confuso, sabe?

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